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1 SCHEDULING E MANUTENÇÃO PREVENTIVA

1.1 OPERAÇÕES DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA EM MÁQUINA ÚNICA

Para o caso de máquina única, que é base para todos os outros ambientes de produção,
as operações de manutenção preventiva (PM) podem ser vistas de modo mais simples.
Supondo que os valores de tempos de processamento dos jobs e tempos de manutenção são
dados conforme a Tabela X.

Tabela X – Valores dos tempos de processamento e variáveis de manutenção para o caso de


máquina única
Constantes Valores (Unidades de tempo – u.t.)
Job 1 (J1) 3
Job 2 (J2) 45
Job 3 (J3) 84
Job 4 (J4) 24
Job 5 (J5) 39
Tempo de Operação Médio (Top) 120
Manutenção 1 (T PM 1) 31
Manutenção 2 (T PM 2) 43

Adotando-se a sequência {J1, J2, J3, J4, J5}, tem-se como resultado a programação
mostrada na Figura 1.
Máquina

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200


Tempo
J1 J2 J3 J4 J5

Figura 1. Programação para o exemplo apresentado na Tabela 1


Para qualquer programação do exemplo da Tabela 1, sem considerações dos tempos de
manutenção, Cmax (Makespan) é de 195 u.t. Já Cj para este caso é de 525 u.t. Se considerarmos
que a máquina está sujeita a falhas a um dado período de utilização da máquina, ou seja,
possui um tempo médio entre falhas ( MTTF ) pode-se estimar o número médio de
manutenções preventivas (PM) necessárias para cumprir a programação. Para o caso de
máquina única o tempo de operação de uma máquina pode ser determinado pela somatória
dos tempos de processamento (ti) dos n jobs ( 1 < i ≤ n ) na máquina, ou seja,

n
(1)
T op = ∑ t i
i=1

então, o número mínimo de operações de PM pode ser calculada como:

Top (1)
PM = ⌈ ⌉
MTTF

195
Para o exemplo da Tabela 1, temos que PM= ⌈ ⌉ = 2. Portanto, para cumprir a
120
programação, seria necessário realizar no mínimo duas PM (veja a Figura 2).
Máquina

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260


Tempo
J1 J2 M1 J3 J4 M2 J5

Figura 2. Ilustração do resultado da programação após a aplicação da manutenção preventiva

Com o primeiro job processado (J1) (Veja Figura 2), pode-se analisar a necessidade de
realizar uma PM na máquina para processamento do job posterior (J2). Logo, a inclusão e J2
poderá ou não exceder o MTTF estimado. Em outras palavras, se a soma dos tempos de
processamento dos i jobs até então analisados for maior que o MTTF da máquina, então será
necessário realizar uma manutenção preventiva imediatamente após o job (i – 1), de modo a
restaurar o sistema a um estado que garanta o processamento do job subsequente. Por
exemplo, na Figura 2, nota-se que com um MTTF de 120 u.t., pode-se processar os jobs 1 e 2
sem interrupção, porém, o processamento do job 3 despenderia um tempo maior que o MTTF,
o que poderia resultar em interrupção durante a operação para manutenção corretiva da
máquina. Para evitar problemas futuros, uma manutenção preventiva (M1) foi realizada, de
modo a assegurar o processamento contínuo do job 3. Por fim, o mesmo ocorre para o
processamento do job 5.
Para este caso, a realização de duas operações de manutenções preventivas (M1 e M2)
gerou um Cmax de 269 u.t. resultando em um aumento de cerca de 37,95% em relação a
solução original e Cj = 670 u.t. o que resultou em um aumento de aproximadamente
27,62% em relação ao Cj da programação que não considera a hipótese de PM.
Considerando que um total de cinco jobs geram 5! = 120 sequências diferentes de
combinação, a programação ótima encontrada para o exemplo da Tabela 1 foi {J1, J4, J5, J2,
J3} (Figura 3).
Máquina

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200


Tempo
J1 J4 J5 J2 J3

Figura 3. Programação ótima para o exemplo da Tabela 1, sem considerações de manutenção

Como já dito, para qualquer programação realizada para o caso de máquina única e
livre de qualquer restrição ou hipótese, o valor de makespan é sempre o mesmo, portanto,
Cmax = 195 u.t . Já o valor de flowtime pode melhorar significativamente, o que aconteceu
neste caso, uma vez que TFT = 402 u.t., resultando em uma diminuição de cerca de 30,56%
em relação a solução ilustrada na Figura 1.
Se considerarmos os valores apresentados no exemplo da Tabela 1, a inclusão da PM
na programação ótima encontrada (Figura 3), temos o resultado ilustrado na Figura 4.
Máquina

0 50 100 150 200


Tempo
J1 J4 J5 J2 Manutenção Preventiva J3

Figura 4. Programação ótima após a inclusão da manutenção preventiva

Se compararmos a programação resultante da inclusão das PM das Figuras 2 e 4 pode-


se perceber que a aplicação do sequenciamento ótimo reduziu significativamente tanto o
makespan quanto o flowtime das duas programações, uma vez que houve uma utilização mais
eficiente dos recursos disponíveis, o que possibilitou processar mais jobs antes da primeira
PM.
Na programação representada pela Figura 4, devido a utilização de apenas uma PM,
Cmax resultou em um total de 226 u.t. e um TFT de 433 u.t. A consideração de políticas da
PM aumentou em cerca de 15,9% o makespan, e um aumento de Cj aproximadamente 7,71%.
Isso comprova a importância dos estudos em scheduling e a consideração das políticas
de manutenção preventiva.
Como pode-se perceber ao decorrer do desenvolvimento deste texto, os critérios de
makespan e flowtime são afetados significativamente pela hipótese de PM, portanto, as
próximas subseções deste capítulo são dedicadas ao estudo mais detalhado da influência da
PM nas funções objetivo citadas anteriormente para o caso de máquina única.

1.1.1 Completion Time em máquina única com operações de manutenção preventiva

Nesta subseção pretende-se analisar a influência da manutenção preventiva (PM) nos


tempos de términos (Completion time) dos jobs em um sistema de máquina única. Partindo-se
do princípio que existem diversas políticas de PM na literatura pertinente, propõe-se uma
formulação que consiga cobrir as estudadas nesta pesquisa.
Para o caso de máquina única, o completion time é dado por (PINEDO, 2008):
Ci = Ci-1 + t i i = 1,…,n Eq. (15)

Onde
Ci – Tempo de término do job i;
t i – Tempo de processamento do job i.

Como já constatado anteriormente, a manutenção será realizada somente quando o


tempo parcial de operação da máquina ultrapassar seu limite de confiabilidade, representado
pelo Tempo Médio Entre Falhas da máquina j (MTTF). Em outros termos:

Ei > MTTF → Ei - MTTF > 0

Pode-se definir o tempo de esgotamento da máquina após o processamento do i-ésimo


job (Ei) como o tempo parcial de operação da máquina do job i que é determinado pelo
somatório a partir do primeiro job k processado após a operação de uma PM até o i-ésimo job
tal que Ei > MTTF.

i
Ei = ∑ t r , k ≤ r ≤ i , 1 ≤ i ≤ n , k ≥ 1
r=k

Logo, para cada completion time de um job i, faz-se necessário analisar a possibilidade
de operação de uma PM. Por se tratar de um processo de decisão, uma PM pode ou não ser
realizada para qualquer job i, tal que i ≥ 2. Podemos formular este processo como (Eq. X):

min ( max ( Ei - MTTF, 0 ) , 1 ) * T PM s , s=1 … N Eq. X

A Equação X ativa a operação de uma PM s toda vez que o tempo de degradação da


máquina após o processamento de um job i ultrapassar o MTTF.
Com a consideração de políticas de manutenção, o tempo de término de um job i pode
ser determinado como a soma entre o completion time do job anterior ( C i−1 ), a duração da PM

( T PM ), se a condição estiver ativada e o tempo de processamento do job atual ( t i ). Podemos


então descrever C i como (Eq. X):
Ci = Ci-1 + min ( max ( Ei - MTTF, 0 ) , 1 ) * T PM s + t i Eq. X

Para aplicar a Equação X, considere o exemplo da Tabela 1 e a sequência adotada {J1,


J2, J3, J4, J5} e representada na Figura 5.
O tempo de término do primeiro job (J1) é dado pelo tempo de processamento do job.
Devido a hipótese X, a máquina não necessita de operação de PM antes de processar J1. E1

1
será calculo a partir de r = k = 1 até i = 1, portanto, E1 = ∑ tr = t 1 = 3 u.t. Por fim, pode-se
r=1

calcular o tempo de término do primeiro job (J1).

C1 = C0 + min ( max ( E1 - MTTF, 0 ) , 1 ) * T PM 1 + t 1

C1 = 0 + min ( max ( 3 - 120, 0 ) , 1 ) * 31 + 3 = 0 + min ( 0, 1 ) * 31 + 3 = 3

O tempo de término de J2 ocorre de maneira similiar. Como i = 2 e como não houve

2
ativação da operação da manutenção, r = k = 1, então E2 = ∑ tr = t 1 + t 2 = 3 + 45 = 48 u.t.
r=1

Sendo assim,

C2 = C1 + min ( max ( E2 - MTTF, 0 ) , 1 ) * T PM 1 + t 2

C2 = 3 + min ( max ( 48 - 120, 0 ) , 1 ) * 31 + 45 = 3 + min ( 0, 1 ) * 31 + 45 = 48 u.t.

3
Para J3, tem-se E3 = ∑ tr = 132 u.t. Analisando E3 na Equação X, tem-se que:
r=1

C3 = 48 + min ( max ( 132 - 120, 0 ) , 1 ) * 31 + 84 = 48 + min ( 12, 1 ) * 31 + 84 = 163 u.t.

4
Como a regra foi ativada, r = k = 3 e s = 2. Incluindo J4, E4 = ∑ tr = 108 u.t. Logo,
r = 3

o tempo de término de J4 será

C4 = 163 + min ( max ( 108 - 120, 0 ) , 1 ) * 31 + 24 = 163 + min ( 0, 1 ) * 31 + 24 = 187 u.t.


5
Ao incluir J5, E4 = ∑ tr = 147 u.t., o que resulta em
r=3

C5 = 187 + min ( max ( 147 - 120, 0 ) , 1 ) * 43 + 39 = 187 + min ( 27, 1 ) * 43 + 39 = 269 u.t.

As subseções a seguir serão dedicadas ao estudo da influência das operações de


manutenção preventiva nos objetivos de makespan e total flow time para máquina única
(subseções 1.1.2 e 1.1.3 respectivamente).

1.1.2 Makespan em máquina única com operações de manutenção preventiva

O makespan ( Cmax ) em scheduling corresponde ao tempo de término do ultimo job


processado. Para o caso de máquina única sem hipóteses ou restrições adicionais, o makespan
pode ser encontrado por meio da Equação X.

n
Cmax = Cn =∑ t i ou Cmax = Cn Eq. X
i=1

Com a inclusão de manutenção preventiva (PM) ao problema estudado, Cmax também


se modifica. Como já deduzido anteriormente, pode-se adicionar a Equação X, ao cálculo do
makespan tal que haja uma soma de todas as PM realizadas durante a programação. O número
máximo N de PM pode ou não ser atingido, uma vez que com a aplicação de métodos de
scheduling há a possibilidade de redução do número de PM realizadas.

n
Cmax =∑ {t i+ min [ max ( Ei−MTTF , 0 ) , 1 ]∗T PMs }
i=1

Para o exemplo da Tabela 1, Cmax = 226 u.t.

1.1.3 Total Flow Time em máquina única com operações de manutenção preventiva
O total flow time ou tempo total de fluxo, é dado pela soma de todos os tempos de
término dos jobs programados, ou seja,

n n
TFT =∑ Ci =∑ (C i−1+ t i )
i i

Diferentemente do makespan, as operações de Manutenção Preventiva (PM) não


podem ser consideradas separadamente do cálculo do completion time dos jobs (Eq. X), ou
seja, é uma restrição intrínseca ao problema considerado, pois faz parte do cálculo do tempo
de término dos jobs. Sendo assim, o TFT pode ser expresso como:

n n
TFT = ∑ Ci = ∑ { Ci-1 + min [ max ( Ei - MTTF , 0 ) , 1 ] * T PMs + t i }
i i

Visto que o problema da máquina única é a base para outros ambientes de produção,
na próxima subseção analisa-se a influência das operações de PM em sistemas no-wait flow
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