Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Identificação da proposta
Grupo de pesquisa Currículo, Espaço, Movimento (CEM/CNPq)
Resumo
O grupo de pesquisa Currículo, Espaço, Movimento (CEM/CNPq) está vinculado à
pesquisa “O currículo em espaços escolares e não escolares no Brasil e na Colômbia:
diferentes relações com o aprender e o ensinar”, do Mestrado em Ensino do Centro
Universitário Univates e ao sub-projeto “Espaços e movimentos do currículo: entre o
escolar e o não escolar e o escolarizado e o não escolarizado”, aprovado pelo Edital
Universal MCTI/CNPq Nº 14/2013. Com início em 2013, o grupo de pesquisa busca
investigar as especificidades curriculares em espaços escolares e não escolares e suas
relações e cruzamentos com os movimentos escolarizados e não escolarizados, tomando
como aporte teórico o pensamento pós-nietzschiano da diferença, tal como é proposto
por autores como Gilles Deleuze, Michel Foucault e Roland Barthes. Neste sentido, ao
perguntar pelos modos através dos quais se constitui o currículo em determinados
espaços escolares e não escolares, questionando-se sobre suas semelhanças, diferenças e
rupturas, a pesquisa, além de pensar um currículo rizomático e transversal em
contraposição à concepção disciplinar e linear de currículo criada como modelo para a
escola moderna, também se propõe a uma investigação das condições de possibilidade
dos referidos espaços, assim como dos marcadores sociais, políticos e econômicos que
operam em sua constituição. O campo empírico da pesquisa é constituído por dois
espaços escolares e dois não escolares. Trata-se, pois de buscar compreender como se
constituem esses currículos e que efeitos eles produzem, contribuindo para os estudos e
discussões do tema da pesquisa. Tais discussões estão sendo apresentadas em eventos
nacionais e internacionais e publicadas em periódicos científicos.
Referencial teórico
O grupo de pesquisa Currículo, espaço, movimento (CEM/Cnpq) está vinculado
à pesquisa “O currículo em espaços escolarizados e não escolarizados no Brasil e na
Colômbia: diferentes relações com o aprender e o ensinar”, do Mestrado em Ensino do
Centro Universitário Univates e ao sub-projeto “Espaços e movimentos do currículo:
entre o escolar e o não escolar e o escolarizado e o não escolarizado”, aprovado pelo
Edital Universal 14/2013. Com início em 2013, o grupo de pesquisa busca investigar as
especificidades curriculares em espaços escolares e não escolares e suas relações e
cruzamentos com os movimentos escolarizados e não escolarizados. Tal estudo articula-
1
se ao pensamento pós-nietzschiano da diferença, tal como é proposto por autores como
Gilles Deleuze, Michel Foucault e Roland Barthes. Por essa via, os movimentos, são
arquitetados em meio a questões sabidamente centrais a qualquer teorização curricular
pós-estruturalista (CORAZZA; TADEU, 2003, p.37), quais sejam: a discussão sobre o
conhecimento e a verdade, o sujeito e a subjetividade, os valores e o poder. Assim, a
questão sobre o que é ou deve ser ensinado não se separa da problematização sobre o
que, em determinado tempo e espaço, constitui-se como conhecimento válido,
verdadeiro, ou, em outras palavras, o que “quer” (CORAZZA, 2001) determinada
organização curricular: ora, todo currículo carrega alguma noção de subjetivação e de
sujeito, capaz de ser compreendida através da análise daquilo que ele pensa ser e no que
busca tornar aqueles que são por ele envolvidos. Tal reflexão sobre as motivações,
escolhas e juízos curriculares não se faz a não ser em meio à análise das relações de
poder aí implicadas, ou seja, a genealogia dos valores morais que movimentam este ou
aquele currículo: por que estes (e não outros) conhecimentos são considerados certos e
verdadeiros? Por que determinado tipo de formação e não outra? Por que esse sujeito e
não outro? Longe de qualquer crença em fundamentos primeiros e verdades
transcendentes, esta pesquisa está implicada com a pergunta sobre as forças por trás de
todo processo valorativo:
2
Propõe-se, então, um estranhamento do currículo, entendido como forma de
governamento, de regulação dos sujeitos e coisas, como programa com função
educativa, pois tomado nesse sentido, o currículo conecta-se a um movimento
escolarizado ou escolarizante, delimitando fronteiras.
Os conceitos de escolar e não escolar comumente misturam-se com os conceitos
de escolarizado e não escolarizado, como se essas relações estivessem diretamente
relacionadas com o local onde ocorre o processo educacional. No entanto, sabe-se que
tais delimitações não são precisas, uma vez que outros determinantes, além do espaço
físico, devem ser considerados, tais como as relações, movimentos e disciplinamentos
em cada espaço educativo. Contudo uma vez tomada por escolarizado, a educação irá
pressupor, também, a invenção de espaços próprios, o controle do tempo em que se
desenvolvem as atividades, a seleção dos saberes aos quais se confere caráter de
universalidade, a invenção de uma relação saber-capacidade, a obrigação à frequência, a
desqualificação de outras práticas distintas, a seriação, a avaliação e a certificação (cf.
CORRÊA, 2000, p.54).
Desse modo, ao tomar o escolarizado e o não escolarizado como noções a serem
estudadas, tal pesquisa entende que o currículo deve ser pensado em razão das posturas
e das relações que engendra, ou seja, pelo modo como, em seus movimentos, o espaço é
ocupado. A simples distinção entre escolar e não escolar não parece ser suficiente para
garantir tal problematização, uma vez que carrega consigo a pressuposição de que o
escolar, com as normas que o governam, não traz consigo as forças necessárias a
possíveis transmutações – e, por via inversa, a crença de que quaisquer esforços práticos
de questionamento aos modelos escolares instituídos garantiriam a obtenção de um
espaço livre de regulações. Nesse ponto, faz-se necessário lembrar a distinção feita por
Deleuze e Guattari (1997), na esteira do compositor Pierre Boulez, entre aquilo que
denominam espaço liso e espaço estriado:
3
conforme frequências e ao longo dos percursos (logos e
nomos)” (p.187-188).
4
Os movimentos, as passagens e as trocas de saberes em currículos não
escolarizados, escolares ou não, podem configurar-se através de aprenderes
desvinculados de resultados, de significações reduzidas por ações pedagógicas. Em tal
perspectiva, a proposta de um currículo não escolarizado é também um esforço de
oposição e de luta contra a coerção de discursos teóricos, unitários, formais e
discursivos, através do reconhecimento de saberes locais, menores, ativados contra a
hierarquização científica do conhecimento e de seus efeitos intrínsecos de poder
(FOUCAULT, 2004, p.172).
Misturar esses espaços - escolares e não escolares - e os movimentos
escolarizados e não escolarizados, tem por finalidade buscarmos entender de que modo
o currículo pode se compor e se cruzar com novas práticas, tecidas por outras relações
de saber e por novas experimentações.
Sendo assim, o campo empírico da pesquisa é constituído por dois espaços
escolares e dois não escolares. Um dos espaços escolares é a Escuela Pedagógica
Experimental (EPE), em Bogotá/Colômbia, na qual já existe um convênio com o curso
de Pedagogia da UNIVATES. O segundo espaço escolar é a escola Municipal Porto
Novo, situada na cidade de Lajeado/RS, na qual também o curso de Pedagogia da
Univates estabelece parcerias através da realização de estágios curriculares. Os dois
espaços não escolares constituem-se na ONG Abaquar, situada em um bairro periférico
da cidade de Lajeado, e a Fundação Iberê Camargo, localizado em Porto Alegre/RS.
5
currículo em seus atravessamentos com os jogos de poder e as suas implicações com o
saber, problematizando os modos como, em seus movimentos, os espaços são
engendrados e ocupados. Além disso, a pesquisa também busca abrir a possibilidade de
desenvolver diversos olhares sobre tais currículos, enquanto territórios coletivos e
políticos que interagem com forças diferenciadas, com dispositivos disciplinares, com
possibilidades de experimentações.
Metas
6
concepções metodológicas da 1.2. Sessões de estudos sobre a temática do projeto;
pesquisa 1.4. Reuniões de planejamento das ações da pesquisa
2. Aproximação e conhecimento 2.1. Visitas aos espaços da pesquisa;
dos espaços escolares e não 2.2. Reuniões com os responsáveis pelos espaços escolares
escolares e não escolares selecionados como campo empírico para a
pesquisa, a fim de definir objetivos e atividades;
3. Planejamento das ações da 3.1. Reuniões sobre as questões metodológicas da
pesquisa nos espaços pesquisa;
investigados 3.2. Planejamento e elaboração das estratégias
metodológicas que serão utilizadas nas investigações no
campo empírico da pesquisa;
3. Levantamento dos dados nos 3.1. Investigação nos quatro espaços selecionados para a
espaços investigados pesquisa através de observações, entrevistas semi-
estruturadas, registros em diários de bordo.
7
seminário institucional na área institucional sobre currículo, no qual serão apresentados os
da pesquisa estudos desenvolvidos pela pesquisa.
7.2. Envolvimento do Mestrado em Ensino no seminário,
sobretudo, no que se refere a apresentação de
investigações na linha de pesquisa “Formação de
professores, currículo e avaliação”.
9. Elaboração de relatório final 8.1. Elaboração de relatório parciais e final da pesquisa
da pesquisa
Metodologia
A metodologia utilizada no desenvolvimento da pesquisa é a aproximação com a
Genealogia, tomando-se como referência os estudos de Michel Foucault. O estudo
genealógico parte do presente em direção ao passado tomando a história não como um
processo evolutivo, mas cujas rupturas, impasses, reconfigurações e recorrências nos
permitem compreender as práticas pelas quais nos tornamos sujeitos de determinada
cultura, de determinados espaços e discursos. A genealogia atenta para o momento de
emergência, para as condições de possibilidade que fazem com que determinados
discursos ganhem intensidade. A análise leva sempre a novas buscas, a mudanças de
rota e não se limita ao imediatamente localizado, mas também questiona por que – em
relação ao nosso objeto de pesquisa, por exemplo – determinadas práticas curriculares
não se legitimam e não se fortalecem tais quais aquelas instituídas na modernidade. Para
Foucault (2006), a modernidade corresponde a “uma maneira de pensar e de sentir, e
também uma maneira de agir e de se conduzir que, ao mesmo tempo, marca um
pertencimento e se apresenta como uma tarefa” (Foucault, p.568).
Dessa forma, no estudo genealógico, o pesquisador poderá utilizar-se de
diferentes estratégias metodológicas, como análise de documentos, observações,
entrevistas, registros de diários de bordo buscando “cercar” o objeto de pesquisa a ser
estudado. Essas diferentes estratégias não estão definidas a priori, mas vão sendo
construídas a partir das necessidades identificadas no interior do processo, na medida
em que o estudo avança. Para Foucault (2005), a genealogia constitui-se em um modo:
8
da memória. Trata-se de fazer da história uma
contramemória e de desdobrar, consequentemente, uma
forma totalmente diferente do tempo (p. 277).
9
exterioridade em que se desenvolve uma rede de lugares
distintos. (Foucault, 1986, p.61-62)
10
Produções e publicações já realizadas:
EVENTOS INTERNACIONAIS
Seminário de investigação do Jogos de armar: pedagogia, currículo,
programa de doutoramento em filosofia
Filosofia da Universidade de
Évora (Évora/ Portugal)
European Conference on Curriculum 1) Schooled and unschooled places from a
Studies (Braga/Portugal) genealogical perspective
2) GENEALOGY AND IMORALITY –
discussions about curriculum in schooled
spaces
11
APRESENTAÇÃO DA PESQUISA EM EVENTOS 2014
NOME DO EVENTO TÍTULO DO TRABALHO
EVENTOS NACIONAIS
EVENTOS INTERNACIONAIS
5th International Conference on New Research as a curriculum movement:
Horizons in Education (Paris/França) teacher protagonism as a pathway to
learning
12
Questões Curriculares (Braga/Portugal) currículo:fortuna, excesso, profanação
Cronograma detalhado
investigados
Análise dos dados X X X
13
Relatório parcial da pesquisa X
25º 26º 27º 28º 29º 30º 31º 32º 33º 34º 35º 36º
Atividades do projeto em meses
Estudo e discussão do referencial teórico e X X X X X X X X X X X X
das atividades metodológicas
14
Produção de artigos sobre os resultados da X X X X X X X
pesquisa
Demais pesquisadores
Profº. Dr. Cristiano Bedin da Costa - Docente dos cursos de graduação de Pedagogia,
Licenciaturas e Psicologia - Centro Universitário Univates
Profª Dra. Suzana Schwertner – Docente dos cursos de graduação de Pedagogia e
Psicologia; Docente do Mestrado Acadêmico em Ensino – Centro Universitário
Univates
Profª. Dra. Morgana Domênica Hattge – Coordenadora do Curso de Pedagogia; Docente
dos cursos de graduação de Pedagogia e Licenciaturas - Centro Universitário Univates
Profª Dra. Mariane Ohlweiler – Docente dos cursos de graduação de Pedagogia e
Licenciaturas - Centro Universitário Univates
Pesquisadores voluntários
Profª Me. Claudia Inês Horn - Docente do curso de graduação de Pedagogia, Centro
Universitário Univates. Doutoranda em Educação Unisinos
Profª Me. Fabiane Olegário - Docente do curso de graduação de Pedagogia, Centro
Universitário Univates. Doutoranda em Educação UFRGS
Voluntários:
Ana Paula Coutinho
Maria da Glória Munhoz Roos
Aline Rodrigues
Tamara Cristina Luersen
16
O Centro Universitário UNIVATES dispõe de infraestrutura para alocação do projeto
tendo em vista que: dispõe de sala denominada “Laboratório de Didática”, local para os
bolsistas de iniciação científica realizarem suas tarefas; integrantes do projeto possuem
gabinete onde também é possível realizar seções de estudos e reuniões, bem como
alocar materiais oriundos da pesquisa; os integrantes do presente projeto de pesquisa já
faz parte da pesquisa vinculada ao Mestrado em Ensino da Instituição, aprovada em
edital interno e tem horas destinadas a essa pesquisa em seu plano de trabalho. Ainda
cabe salientar que há também, por parte da Instituição, contrapartida no que se refere à
disponibilidade de material de expediente para a realização da pesquisa.
Referências Bibliográficas
CORAZZA, Sandra. O que quer um currículo? Pesquisas pós-críticas em educação.
Petrópolis: Vozes, 2001.
CORAZZA, Sandra; TADEU, Tomaz. Composições. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
CORRÊA, Guilherme. Oficina: novos territórios em educação. In: PEY, Maria Oly.
Pedagogia Libertária: experiências hoje. Rio de Janeiro: Imaginário, 2000.
DELEUZE, G. e GUATTARI, F. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Trad. Peter Pál
pelbart e Janice Caiafa. Vol. 5. Rio de janeiro: Ed. 34, 1997
FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Tradução: Roberto Machado. 10ª ed. Rio de
Janeiro: Graal, 2004.
______. Nietzsche, a genealogia e a história. In: Manuel Barros da Motta (org.) Ditos e
escritos, vol.II. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005. p. 260 -281.
______. A Arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1986.
______. Qu’est- ce que les Lumières? In: FOUCAULT, M. Ditos e escritos IV. Paris:
Gallimard, 2006, p. 562 – 578.
17
18