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TEMA SECUNDÁRIO
Meio ambiente
PROBLEMA SOLUCIONADO
O assentamento rural Horto de Aimorés, localizado na divisa dos municípios de Bauru e Pederneiras,
distante 15 Km da Unesp de Bauru, possui cerca de 350 famílias assentadas pelo Incra desde 2007.
A inexistência de um espaço físico comunitário e de um grupo organizado dificultavam ações
coletivas e a comunicação, devido à separação física entre os lotes. Inicialmente os agricultores
buscam a sua subsistência alimentar, e a comunidade, que tem por característica básica o trabalho
com a terra, vem buscando alternativas de sustentabilidade, fixação ao campo e geração de renda - já
que grande parte recorre a empregos na cidade, devido à dificuldade de gerar renda no campo.
Ocorre ainda reduzido apoio de órgãos públicos, referente a elementos básicos de estruturação local.
A tecnologia do bambu desenvolvida na Unesp e implementada inicialmente em pequena escala no
assentamento tem contribuído para amenizar o problema à medida que vai se fixando e expandindo
localmente. Com grande potencial de crescimento e envolvimento locais a tecnologia pode ainda
agregar benefícios à comunidade advindos de contatos e parcerias efetuados, servindo como
instrumento de educação e exemplo aos jovens.
OBJETIVO GERAL
Implantação da cultura do bambu e sua cadeia produtiva em assentamento rural, buscando a fixação
ao campo e a geração de renda com desenvolvimento sustentável.
OBJETIVO ESPECÍFICO
- Capacitação dos agricultores na cadeia produtiva do bambu, através de oficinas práticas,
envolvendo: Plantio, produção de mudas, colheita de colmos, manejo de moitas, tratamento,
secagem, processamento e confecção de produtos e estruturas leves - Conscientizar os assentados
por meio de palestras sobre a importância, os benefícios e as oportunidades advindas do uso do
bambu - Plantio de espécies de interesse tecnológico e comercial para produção da matéria prima
localmente - Projeto e construção de uma unidade de produção/oficina em bambu - Desenvolver uma
gama de produtos com valor agregado adaptados à capacidade produtiva local - Comercialização dos
produtos confeccionados - Formalização de parcerias para concretização da tecnologia - Formação,
organização e formalização de um grupo de agricultores responsáveis pela gestão e capacitação local
buscando agregar novos membros - Formação de um grupo de alunos para atuar na extensão do
projeto à comunidade
SOLUÇÃO ADOTADA
O bambu é uma cultura perene, renovável, de rápido crescimento, com produção anual de colmos
sem a necessidade de replantio e com milhares de possibilidades de uso e geração de renda (desde o
broto comestível, artesanatos, mobiliários, construções até produtos processados com maior valor
agregado). Intensivo em mão de obra, a cultura do bambu proporciona inúmeras possibilidades de
exploração e geração de renda, podendo contribuir para a geração de emprego e fixação ao campo.
Pequenos, médios ou grandes empreendimentos são possíveis com o bambu, que pode ainda ser
utilizado em reflorestamento e como regenerador ambiental. A exploração da cultura do bambu
possui aspecto sustentável, já que uma mesma área de plantio pode ser utilizada por muitos anos. A
utilização do bambu para a confecção de produtos pode contribuir na redução do uso e,
consequentemente, da extração de madeira, principalmente nativa. Em termos ambientais, por
crescer rapidamente (até 1 metro por dia), o bambu é considerado um excelente sequestrador de
carbono, além de protetor do solo contra erosão. A cultura do bambu é de rápida implantação, sendo
possível iniciar sua exploração comercial entre o quarto e quinto anos após o plantio, quando os
colmos atingem dimensões de uso. O Projeto Bambu desenvolvido na Unesp de Bauru desde 1994,
possui plantio experimental de espécies de interesse com produtividade média anual de 8 colmos por
moita, ou cerca de 1600 colmos por hectare/ano. É uma cultura pouco exigente em solo e clima
podendo, inclusive, ser cultivada em áreas marginais. Muito utilizado no oriente, o bambu, embora
comum em nosso meio, é pouco conhecido em suas características e potencial de utilização. No
entanto, gradativamente tem recebido maior atenção no Brasil, seja através de pesquisas em
universidades ou mesmo em editais governamentais como o do CNPq (Edital CT-
AGRONEGÓCIO/MCT/CNPq Nº25/2008–Projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação com
bambu) criando a Rede Nacional de Pesquisa do Bambu e ainda com a sanção da lei Nº 12.484, de 8
de setembro de 2011, que dispõe sobre a Política Nacional de Incentivo ao Manejo Sustentado e ao
Cultivo do Bambu, fornecendo diretrizes para o estudo e a implantação da cultura no Brasil,
especialmente voltada para a agricultura familiar, como consta em seu artigo 3º: “I - a valorização do
bambu como produto agro-silvo-cultural capaz de suprir necessidades ecológicas, econômicas,
sociais e culturais; II - o desenvolvimento tecnológico do manejo sustentado, cultivo e das
aplicações do bambu; III - o desenvolvimento de polos de manejo sustentado, cultivo e de
beneficiamento de bambu, em especial nas regiões de maior ocorrência de estoques naturais do
vegetal, em regiões cuja produção agrícola baseia-se em unidades familiares de produção e no
entorno de centros geradores de tecnologias aplicáveis ao produto”. Para o envolvimento da
comunidade utilizou-se de palestras e oficinas práticas acerca das possibilidades do bambu,
buscando a formação e capacitação de um grupo organizado de agricultores, responsável pela
administração e reaplicação local da capacitação recebida na Unesp. Para a implantação da
tecnologia do bambu no assentamento foi necessário o projeto e a construção de uma unidade de
produção, devido a ausência de espaço físico adequado para instalação de maquinário de oficina. O
plantio de mudas de espécies para fornecimento de matéria prima ao projeto foi efetuado, dando
início a atividade agrícola de implantação da cultura do bambu localmente, tarefa executada pelos
próprios assentados que produziram as mudas durante sua capacitação na Unesp. Para auxiliar na
extensão universidade-comunidade foi organizado um grupo multidisciplinar de alunos, grupo
Taquara, possibilitando contato estreito com os assentados, desenvolvimento de pesquisas e de
produtos comercializáveis. Para a geração de renda e divulgação, foi elaborado um catálogo de
produtos de fácil confecção e procuradas parcerias para sua comercializa
RESULTADO ALCANÇADO
Foi estruturado e capacitado um grupo organizado de agricultores, “Associação Agroecológica
Viverde”, responsável pela administração e reaplicação local da capacitação recebida na Unesp. O
grupo tem agora a competência para serem os replicadores desta tecnologia, tanto localmente, como
em outras comunidades. A estruturação local foi iniciada com o projeto e a construção em bambu de
uma unidade de produção/oficina com 250 m², desenvolvida por alunos e professores da Unesp em
conjunto com a comunidade para, além de suprir a carência de um espaço físico, mostrar a
viabilidade e versatilidade do material. Foi realizado plantio inicial de 120 mudas de três espécies
para fornecimento inicial de matéria prima, com mudas produzidas pelos próprios agricultores
durante a capacitação, sendo inicialmente introduzidas as espécies: Dendrocalamus giganteus,
Guadua angustifolia e Bambusa oldhami. O grupo multidisciplinar “Taquara”, composto por alunos
de Design, Arquitetura, Artes, Engenharia e Comunicação foi estruturado como um projeto de
extensão universitária, possibilitando contato estreito com os assentados, desenvolvimento de
pesquisas e de produtos comercializáveis. Nesse sentido, foi elaborado em conjunto com o grupo
“Viverde”, um catálogo de produtos artesanais. Para o desenvolvimento do projeto e
comercialização dos produtos confeccionados para geração de renda, buscou-se parcerias com o
setor público, como a prefeitura de Bauru (feiras Festieco, Feimobi, Ubá e o programa
TeleCentros.BR); prefeitura de Pederneiras (serviços), Feira da Agricultura Familiar, parcerias com
o setor privado (Grupo Pão de Açúcar) e participação e premiação em editais (Proext/MEC 2009,
Santander/Unisol 2010 e 2011 e Instituto 3M do Brasil em 2012). Atualmente o grupo “Viverde”
conta com dez famílias capacitadas e, com a conclusão da unidade de produção/oficina, entregue à
comunidade em 2012, espera-se maior divulgação e alcance da tecnologia, com potencial de
abranger até 30 famílias no seu formato/dimensão atual. Além de atender encomendas locais, o
grupo firmou contrato com o Programa “Caras do Brasil” do grupo Pão de Açúcar em 2013. Com
periodicidade bimestral, na sua primeira encomenda, foi solicitada a confecção de 600 colheres e
600 espátulas de bambu, num valor de R$8,00 a unidade. Saliente-se que a tecnologia com o bambu
implementada encontra-se em fase inicial, servindo como uma célula de possível reaplicação e
envolvimento na própria comunidade ou em outras similares.
FORMA DE ACOMPANHAMENTO
Acompanhamento direto pela Unesp (professor coordenador e grupo de alunos Taquara) com visitas
ao local e contato com os agricultores participantes "Grupo Viverde", Acompanhamento dos
processos e resultados através de pesquisas de alunos, visando, além da obtenção de um registro,
correções, adequações e melhorias tanto nas etapas produtivas (engenharia de produção) quanto no
produto final (valor agregado pelo design).
FORMA DE TRANSFERÊNCIA
A transferência e reaplicação pode ser efetuada diretamente pelos agricultores já capacitados na
tecnologia, através de cursos e oficinas práticas replicando a capacitação recebida na cadeia
produtiva do bambu, envolvendo: a produção de mudas e seu plantio, o conhecimento de espécies, o
manejo e a colheita de colmos, a secagem e os cuidados pós-colheita, o armazenamento dos colmos
colhidos, o tratamento dos colmos, o processamento dos colmos e a confecção de produtos artesanais
e estruturas leves em bambu.
ANEXOS DA TECNOLOGIA
Legenda
Produtos desenvolvidos em bambu em assentamento rural
Geração de renda com artesanato em bambu em assentamento rural
Projeto social em assentamento rural
Depoimento de agricultor de assentamento