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Texto da aula

1. Indústria cultural
Uma editora é uma empresa que fabrica livros, tenham eles o formato que
tiverem. É também um canal que produz e divulga cultura. É ainda uma
empresa que vende ideias, entretenimento, informação.
É um pouco estranha essa combinação porque, apesar de ser uma empresa e
ter produtos, a editora trabalha com algo imaterial. Existe um campo de
estudos que justamente foca nas particularidades desse tipo de empresa,
chamada de indústria cultural.
Uma das características de empresas de produtos culturais é que há etapas
muito distintas na sua produção:

 O início, a escrita do livro, é artesanal e depende da criatividade de uma


pessoa.
 O meio, a formatação do conteúdo – a etapa de que tratamos nesse
curso – é profissional, não requer o mesmo foco e envolvimento que a
escrita mas ainda varia muito conforme o livro.
 O final, a venda do livro, é industrial, sendo um exemplar idêntico a
outro.

Isso significa o oposto da uniformização que a maioria das indústrias está


acostumada a ter. Um livro é sempre diferente de outro. Mesmo um livro de
matemática para o terceiro ano do fundamental é diferente de outro, escrito por
autor diferente, para o mesmo ano.
Uma empresa que fabrique sabonetes terá talvez trinta diferentes tipos de
sabonetes em sua linha, todos bem parecidos, e de cada qual deles vai
produzir vários milhões de unidades. Já uma editora "fabrica" um livro
completamente diferente a cada vez, e de cada título produz apenas alguns
milhares de exemplares, quando não apenas algumas centenas. É uma
dinâmica bem diferente, que exige muito mais flexibilidade.
Cada livro tem um estilo, um tipo de linguagem, uma lógica de organização.
Cada autor se comunica de um jeito, e cada obra apresenta tarefas e
problemas diferentes a resolver pela produção editorial.

2. Mercado sem padrões


Para contribuir para o panorama de extrema flexibilidade, cada editora se
organiza de forma própria, distribuindo tarefas e presumindo responsabilidades
conforme sua lógica interna. Uma editora didática pode ter nomes e funções
superestabelecidos e tradicionais, completamente diferentes de outra editora
didática sua concorrente, que faz livros para o mesmo exato segmento. A
produção editorial é um dos setores mais diversos e menos uniformizados de
todas as atividades culturais do país.
Vou repetir: o mesmo nome tem significados diferentes conforme a editora.
Assim, para navegar nessas águas, é preciso entender os conceitos gerais,
que valem para todas as editoras do mundo, e aceitar que eles sejam aplicados
de formas particulares cá e lá.
Os nomes que utilizo, portanto, não são os de títulos de cargos, mas de
descrição de funções. Quando falo de edição, refiro-me a um conjunto de
atividades que podem ser exercidas por uma pessoa denominada editor, como
podem também ser exercidas pelo dono, pela esposa do dono, por um conjunto
de diretores.
Quando separo produção editorial de edição, isso não quer dizer que
necessariamente esses trabalhos sejam executados por pessoas distintas. Em
muitas editoras, é comum que a mesma pessoa ora trabalhe como editora, ora
como produtora editorial, ora como marqueteira, ora ainda como
administradora das contas. Nas editoras pequenas as funções são
acumuladíssimas, às vezes segundo a aptidão do profissional e não em
obediência a um organograma.
Isso posto, vamos às funções que caracterizam uma editora.

3. Editorial: a concepção do livro


O trabalho de edição
Quem trabalha na função editorial toma as decisões mais estratégicas da
editora, como por exemplo a linha editorial da casa.
A que público a editora pretende dirigir-se? Com que tipo de obras? Qual é o
perfil dos autores desejados pela casa? O quanto a editora está preparada
para investir em adiantamentos? Em procurar autores conhecidos? Em arriscar
em desconhecidos?
Além da direção geral que a editora deve seguir, o editor, ou grupo de editores,
decide também sobre cada obra individualmente.
Decide se vai publicar ou não determinada obra, se ela precisa de alterações
significativas para ser publicada, resolve em que coleção vai entrar, quando
será lançada.
Determina se a obra vai acompanhar alguma efeméride (100 anos de
nascimento ou morte de alguém importante), se vai sair em algum grande
evento cultural (bienais do livro, feira literária de Paraty ou Porto Alegre,
congresso profissional que tenha a ver com o tema do livro), se precisa de
algum tratamento diferenciado (prefácio de fulano, ilustrações internas
assinadas por um grande artista, índice remissivo).

Como se relaciona com a produção editorial


O editor é o cérebro que fica sempre responsável pelas decisões mais
importante da obra e, portanto, dá ordens e diretrizes à produção editorial.
Se alguém descobre um erro de sentido gigantesco numa obra de autor morto,
por exemplo, é o editor quem resolve se o preparador pode mexer ou não no
texto. Se a obra faz referências pouco elogiosas a alguém vivo ou famoso, é o
editor quem decide se o texto deve ser alterado ou não.
O editor ainda aprova capas, aprova textos de orelhas e contracapas e tudo o
que for entendido como importante no processo de produção do livro.
O editorial é a cabeça pensante da editora.

4. Produção editorial: a definição do conteúdo


Os produtores editoriais, também chamados de editores executivos, editores
externos, editores contratados (quando freelancers), editores assistentes,
editores juniores, assistentes editoriais, estagiários (quando internos), são
subordinados aos editores.
Note que, para grande confusão de terminologia, há muitos assim chamados
editores que passam a maior parte do tempo exercendo a função de produtores
editoriais. Isso porque a produção editorial é uma das etapas mais necessárias
e trabalhosas para o livro virar livro, o processo que transforma e adequa o
texto do autor até sua forma final, que será levada ao público.

O trabalho de produção editorial


A produção editorial faz uma série grande de atividades que vou detalhar mais
à frente, já que é objeto de nosso curso, mas aqui adianto o essencial para
entendermos sua posição dentro do fluxo de trabalho da editora.
Os produtores editoriais tomam decisões apenas em escala menor, dentro do
contexto estabelecido pelo editor. Precisam necessariamente seguir o tom
dado pelo editorial, ou o trabalho ficará desalinhado com a posição estratégica
da casa.
Todas as decisões de texto precisam seguir o público-alvo definido pelo editor,
o propósito da obra também estabelecido pelo editorial, assim como os prazos
e objetivos definidos.
Não é o produtor editorial quem resolve se um capítulo é supérfluo ou não,
esse profissional resolve questões menores e encaminha as dúvidas mais
impactantes, que possam interferir na imagem da editora ou do autor, para o
editorial resolver.
A produção editorial tem duas responsabilidades grandes: acompanhar a
qualidade de todas as etapas de produção de texto – tradução, revisão de
tradução, edição de texto, preparação, revisão de provas e o que mais precisar
ser feito no texto –, decidindo quais são necessárias, e controlar os prazos de
sua execução.
Nos dias de hoje, em que os prazos estão cada vez mais encolhidos e muitas
decisões editoriais são tomadas à revelia do que se é possível fazer com
cuidado, essa tensão entre prazos e qualidade define o trabalho dos produtores
editoriais. Trata-se de um jogo de cintura difícil, que requer habilidade e
decisões sobre o que fazer internamente, o que mandar fazer, o que deixar de
lado, ainda que com dor no coração.
O departamento de produção editorial é ainda quem responde pela integridade
da obra: se ela contém tudo o que deveria, e se todos os seus detalhes estão
corretos.
Esse departamento se relaciona com a produção gráfica em nível de igualdade,
fornecendo a este outro departamento o texto que será diagramado. Se formos
continuar a alegoria do corpo humano, a produção editorial compõe o tronco e
os braços da editora.

5. Produção gráfica: a produção do objeto livro


O departamento de produção gráfica é quem acompanha os chamados
"serviços industriais" de produção do livro, basicamente a diagramação
(também chamada de paginação) e a impressão, quando se trata de livro físico,
ou a formatação em ePub e envio para livrarias ou plataformas virtuais, quando
se trata de livro digital.
Nas editoras pequenas, trata-se de uma pessoa apenas ou nem isso, já que o
produtor editorial muitas vezes assume também a produção gráfica.
Em editoras grandes ou aquelas em que o componente visual da obra seja
muito importante, o departamento de  produção gráfica (muitas vezes chamado
de arte) é tão prezado e essencial quanto o editorial, e cheio de funcionários.
São eles que transformam o texto em Word em páginas no InDesign ou ePub.
Nas mãos dos paginadores, o arquivo antes disforme toma o formato das
páginas que o livro terá quando impresso.
Os diagramadores seguem um projeto gráfico feito por um designer gráfico
para uma coleção inteira de livros daquela editora, quando então eles adaptam
o livro com o qual trabalham para o projeto já previamente existente, ou
seguem o projeto gráfico feito especificamente para o livro.
Sob a supervisão da produção gráfica é que são feitas as emendas, ou
correções, nas provas dos livros.
O departamento de produção gráfica é responsável ainda por dar forma a todos
os eventuais elementos de ilustração do texto: mapas, gráficos, tabelas,
vinhetas, quadros, ilustrações e o que mais o editorial inventar que deve ser
incluído no livro.
Assim como a produção editorial, a produção gráfica é estritamente
subordinada ao editorial, seguindo todas as suas diretrizes de conteúdo e
forma, mas de maneira geral essas diretrizes costumam ser transmitidas a eles
pela produção editorial.
As decisões gráficas mais estratégicas, como escolha do capista no caso de
editoras que prezam muito o impacto visual que terão nas livrarias, e a escolha
de ilustradores no caso de livros como os infantis, em que o impacto da
ilustração é tão importante quanto o texto, são feitas pelo editorial ou pela
produção editorial e não pela produção gráfica. Esse departamento costuma
cuidar da escolha de capas e ilustrações apenas quando a editora não
considera o impacto visual estratégico, como no caso de editoras técnicas ou
acadêmicas.
As editoras costumam funcionar com a seguinte lógica: o que tem importância
para o conteúdo da obra, que auxilia ou interfere no que o autor diz, é decidido
pelo editorial. O que é decorativo ou neutro, fazendo pouca diferença no
significado do texto do autor, é definido pelos produtores editoriais e gráficos.

Como se relaciona com a produção editorial


O departamento de produção gráfica é "irmão" do departamento de produção
editorial, em geral no mesmo nível hierárquico, mas cuidando de outras áreas.
Por conta das provas, o contato entre os dois é estreito, pelo menos em uma
parte do processo de produção do livro, e deve ser administrado com cuidado
pela produção editorial.
Como o trabalho com texto – a revisão – é decidido pelo departamento de
produção editorial mas sua execução – as emendas na prova – são executadas
pelo departamento de produção gráfica, se não houver uma comunicação
muito clara entre esses dois tipos muito diferentes de profissionais, haverá
erros sem fim. Se o departamento de produção editorial não administrar bem
essa fase, ela pode se estender em muito retrabalho e desgaste para ambos os
lados.
A produção gráfica seriam as pernas do nosso modelo, o departamento que faz
o livro ficar em pé diante do mundo.

6. Marketing: a divulgação do livro


O departamento de marketing, ou às vezes uma pessoa solitária, cuida de uma
série grande de atividades para descrever o livro ao mundo. Esse pessoal
produz o catálogo da editora, tanto em sua forma física quanto digital, atualiza
o site ou blog, posta mensagens nas mídias sociais, escreve releases sobre a
obra, o autor, o lançamento, organiza as noites de autógrafos e participações
de autores em eventos variados, inclusive feiras de livros, e por aí vai.
Em geral, quanto maior a editora, mais ativo o departamento de marketing.

Como se relaciona com a produção editorial


Em geral, o trabalho de divulgação do livro é considerado independente da
produção editorial, pelo menos em teoria. Na prática, no entanto, os produtores
editoriais necessitam, por uma questão de precisão, ler, corrigir ou mesmo
fornecer os textos que servem de base para as ações de marketing.
É muito comum, não sei bem a razão, que muitos profissionais de marketing
não sejam leitores das obras da editora. Daí resulta que não conseguem
compreender as razões de ser de cada obra, seus detalhes e sutilezas, o que
realmente diferencia um livro de outro.
Portanto, para evitar descrições que levem o leitor a pensar algo que não
corresponda à realidade a respeito da obra, os produtores editoriais são
obrigados a acompanhar os textos do marketing, e muitas vezes gerá-los.
O marketing seria a boca de nosso boneco editor.

7. Comercialização: a venda do livro


O comercial é aquele que organiza as vendas das obras. É um departamento
voltado para fora da empresa, em contato intenso com livrarias, distribuidores e
outros pontos de venda, inclusive digitais.
É esse pessoal que estabelece o preço do livro, os descontos, as condições de
pagamento pelos intermediários, negocia a exposição da obra em locais
vantajosos, mostra o catálogo a eventuais compradores e promove toda uma
série de ações para que o livro seja colocado nas estantes e gôndolas.

Como se relaciona com a produção editorial


De maneira geral, o relacionamento entre departamento de produção editorial e
departamento comercial é um tanto distante, e muitas vezes caracterizado por
um certo estresse. Enquanto os primeiros querem fazer a obra mais bem
escrita e acabada possível, os vendedores focam na possibilidade de vendê-la.
De maneira semelhante a marqueteiros e gente das áreas gráficas, vendedores
de livros não costumam ser leitores, ou seja, vendem algo que não consomem.
É uma das grandes ironias da indústria, que se repete em editoras as mais
variadas.
Assim, a comunicação entre esses dois departamentos pode ser problemática,
cabendo à produção editorial fornecer elementos – textos, resumos, catálogos,
até mesmo apresentações orais – que expliquem cada livro de maneira
suficiente para que os vendedores façam seu trabalho.
Dado que as vendas são um componente essencial à sobrevivência da editora
– os pés de nosso modelo, já que é com as vendas que a obra anda pelo
mundo ou não –, em editoras mais comerciais e voltadas para lançamentos de
grande público, esse departamento tem o mesmo poder, senão maior, do que o
editorial. Cada produtor editorial precisa entender, portanto, o peso do
comercial na empresa em que trabalha e criar estratégias de relacionamento
com ele.

8. Administração: a prestação de contas


Toda empresa tem um departamento de contas a pagar, receber e que tais.
Logicamente que não cabe nos estendermos aqui sobre isso.
O que precisamos saber aqui é que alguém em algum local da burocracia da
empresa efetua os pagamentos de autores e profissionais freelancers.

Como se relaciona com a produção editorial


Visto que, dentro da rotina caótica da produção editorial, recorrer a
profissionais freelancers é prática constante, é sempre bom para os produtores
terem em mente os requisitos burocráticos de pagamento de sua empresa, de
modo a contratar apenas profissionais que os atendam (e assim não ter
problemas para pagá-los).
É sábio também conhecer quais são esses requisitos e procedimentos todos
para informá-los de maneira clara aos prestadores de serviço, já que nada
azeda mais rapidamente uma relação profissional do que atrasos de
pagamento e desacertos em relação a valores, descontos e prazos.
A relação entre a produção editorial e esse departamento administrativo é de
falsa igualdade: quem precisa sempre se adaptar é a produção, nunca a
administração.
No nosso boneco editorial, esse departamento é a carteira no bolso.
Resumo das funções dos departamentos dentro de uma editora, os
profissionais que trabalham neles e os freelancers que costumam contratar.

9. Detalhamento das funções, suas práticas e os profissionais que atuam


em cada área
Edição / A concepção do livro
Edição / Função

 Definir o escopo de assuntos a serem publicados pela editora.


 Definir o perfil dos autores que deseja contratar.
 Definir o tipo de público que deseja atingir.
 Definir estratégias de publicação.

Edição / Prática
Avaliação

 Avaliar originais espontâneos.


 Avaliar obras estrangeiras.
 Avaliar a concorrência.
 Avaliar vendas, mídia e formadores de opinião.

Contratação

 Contratar pareceristas.
 Contratar autores.
 Contratar organizadores, prefaciadores, ghostwriters.
 Negociar a compra de copyrights estrangeiros.
 Negociar a compra de direitos de autores representados por agentes
literários.

Decisão

 Tirar dúvidas de redação, tradução, preparação.


 Definir formato editorial, anexos, orelhas, índices.
 Negociar mudanças com autor, editora estrangeira, agente, herdeiro.
 Aprovar capas e textos de contracapa.

Edição / Profissionais internos


Editor chefe: decidir a linha editorial, aprovar obras, autores e capas.
Editor assistente: tomar decisões a respeito de títulos individuais, coleções ou
determinada área de publicações de uma editora.
Secretário editorial: controlar a agenda, acompanhar prazos.

Edição / Profissionais externos


Autor: escrever o texto ou gerar conteúdo para que um livro seja escrito.
Agente literário: submeter obras estrangeiras ou nacionais para análise do
editor.
Ghostwriter ou redator: escrever em parceria com o autor pouco fluente na
escrita.
Parecerista ou leitor crítico: emitir opinião sobre a qualidade e a pertinência de
publicação de uma obra, literária ou não.
Prefaciador: apresentar o autor ou o tema, explicando sua importância e
pertinência ao leitor.

Produção editorial / A definição do texto


Produção editorial / Função

 Acompanhar a qualidade de todas as etapas da produção de texto.


 Controlar prazos.
 Respeitar as definições do editor.

Produção editorial / Prática


Contratar e acompanhar os serviços de:

 tradução;
 revisão de tradução;
 preparação ou copidesque;
 revisão de provas;
 produção de anexos, apêndices, índices;
 ilustração;
 produção de capas;
 requisição de ficha catalográfica e ISBN.

Produção editorial / Profissionais internos


Produtor editorial: decidir se os trabalhos de texto estão sendo executados de
forma adequada, resolver eventuais problemas, decidir quando recorrer ao
editor ou ao autor.
Assistente editorial: entrar em contato com freelancers e controlar o fluxo do
trabalho.

Produção editorial / Profissionais e serviços externos


Editor contratado: produzir índices, apêndices, pesquisa bibliografias etc.
Tradutor: verter o texto de uma língua estrangeira para o português.
Revisor de tradução: comparar o texto traduzido com o original, conferindo
clareza, fidelidade e fluência.
Preparador: ler o original e corrigir erros ortográficos, gramaticais, falta de
lógica, fluência e estilo. Padronizar o texto.
Revisor: ler a prova e corrigir erros ortográficos e gramaticais. Conferir a
padronização e a paginação.
Ilustrador: ilustrar conforme instruções de estilo e abordagem do produtor ou do
editor.
Capista: apresentar várias alternativas de acordo com briefing fornecido pelo
editor ou pelo departamento de marketing.
Câmara Brasileira do Livro: fornecer ISBN.

Produção gráfica/ A produção do objeto livro


Produção gráfica / Função

 Acompanhar a qualidade dos serviços industriais de produção do livro.


 Controlar prazos.
 Escolher o papel.
 Respeitar as definições do editor.

Produção gráfica / Prática


Contratar e acompanhar os serviços de:

 projeto gráfico;
 paginação;
 tratamento de imagens;
 fechamento de arquivos;
 impressão;
 acabamento.

Comprar o papel e controlar seu uso.


Fornecer arquivos de livro digital conforme as especificações de cada
plataforma.
Produção gráfica / Profissionais internos
Produtor gráfico: selecionar os melhores fornecedores de serviços e matéria-
prima, acompanhar a qualidade da execução, controlar prazos.

Produção gráfica / Profissionais e serviços externos


Designer: fazer um projeto gráfico de acordo com briefing do editor ou do
produtor editorial.
Diagramador ou paginador: distribuir o texto em páginas conforme o projeto.
Profissional de pré-impressão: tratar imagens, fechar o arquivo para impressão.
Fabricante de papel: fornecer a matéria-prima.
Gráfico: imprimir a obra.

Marketing / A divulgação do livro


Marketing / Função

 Adotar estratégias para comunicar a imagem da editora, dos autores e


das obras para públicos em potencial.
 Adotar estratégias de apoio à comercialização.

Marketing / Prática

 Produzir catálogos, banners, displays e outros materiais sobre os


lançamentos e as coleções da editora.
 Atualizar o site e alimentar as mídias sociais.
 Organizar noites de autógrafos.
 Fazer ou contratar assessoria de imprensa.
 Acompanhar a própria eficiência e da concorrência por meio de
observação e de clipping.
 Organizar participação em feiras, simpósios e similares.

Comercialização / A venda do livro


Comercialização / Função

 Adotar estratégias que garantam venda contínua e expressiva de cada


título lançado pela editora.
Comercialização / Prática

 Acompanhar o trabalho da equipe de vendas.


 Estabelecer relacionamento com livrarias, distribuidores e outros canais
de venda.
 Definir os preços dos livros.
 Definir e negociar descontos.
 Controlar estoques, consignações e devoluções.
 Gerar relatórios de vendas para subsidiar as decisões do editorial, as
ações do marketing e as prestações de contas.

Administração / A prestação de contas


Administração / Função

 Garantir que os detentores de direitos autorais sejam corretamente


remunerados.

Administração / Prática

 Calcular os valores devidos aos autores nacionais.


 Providenciar os pagamentos em reais.
 Calcular os valores devidos a editoras estrangeiras.
 Providenciar a remessa de dólares.
 Emitir relatórios aos autores, agentes e editoras.
 Manter um sistema de arquivo de todas as transações.
 Enviar um exemplar de cada livro publicado à Biblioteca Nacional para
cumprimento do obrigatório depósito legal.
Texto da aula

Existe um período da produção do livro em que o trabalho fica num pingue-pongue


entre a produção editorial e a produção gráfica, que é o momento das provas. Antes de o
livro ser paginado, o texto é tratado apenas dentro do departamento editorial, ainda que
sofra intervenções por diferentes profissionais (por exemplo, tradutor, revisor de
tradução e preparador).
Depois que a última prova é liberada, o livro fica sob poder exclusivo da produção
gráfica, para a sua impressão. Entre esses dois momentos há uma partilha.
A produção gráfica cuida da diagramação, aí o texto volta, já em formato de páginas,
para ser revisado pela produção editorial. Chama-se neste momento primeira prova e
pode inclusive ser corrigida em papel, ainda que muitas editoras façam as indicações de
correção em arquivo de pdf.
Depois de lido e correções marcadas por um revisor, o texto retorna para a produção
gráfica, para que o diagramador faça as emendas pedidas. Então, volta de novo para a
produção editorial para que um revisor confira se as emendas foram feitas conforme
pedidas.
O mesmo acontece com textos de capa, contracapa e orelhas, depois de já dispostos na
página que será a capa.
Esse período crítico em que o livro fica indo e voltando entre os dois departamentos
pode virar um pântano de dezenas de provas, grandes atrasos e muitas dores de cabeça
se não for muito bem administrado pela produção editorial.

Para a produção editorial, é bom lembrar de alguns aspectos:

1. quando se trabalha com o programa Word, os próprios profissionais mexem


nele. Todo tradutor, preparador, editor, sabe manejar esse programa e senta em
frente ao computador para fazer diretamente suas intervenções. Não há erros de
interpretação das intenções de quem quer alterar o texto, já que o próprio
profissional executa o que deseja. Essa é uma situação bem diferente de quando o
revisor assinala as alterações na prova (impressão do texto já paginado) e outra
pessoa, o diagramador, precisa entendê-las, localizá-las na página de seu arquivo
de InDesign e executá-las;
2. o Word é um programa especializado em edição de texto, criado exatamente
para este fim. É mais fácil fazer uma busca por meio do Word, substituir itens
semelhantes, colocar em maiúscula ou minúscula, tirar espaços duplos e uma
série de outras atividades que ficam bem mais complicadas num programa de
paginação;
3. quando o texto ainda está em Word, é fácil introduzir um parágrafo, cortar uma
palavra, inverter a ordem de segmentos inteiros sem que isso atrapalhe em nada o
resultado. O texto é apenas texto ali, portanto o espaço que ocupa não faz
diferença. Quando o texto é paginado, no entanto, ele toma uma forma física.
Introduzir ou retirar uma palavra, assim, faz toda diferença no formato do
parágrafo e por vezes da página, podendo gerar "viúvas" (linhas muito curtas no
alto ou no pé da página) e outros efeitos gráficos indesejáveis. O trabalho do
diagramador é justamente o de dispor o texto na página de maneira agradável e
harmônica. Cada alteração no comprimento do texto depois disso provoca
mudanças e retrabalho;
4. apesar de trabalhar com livros, a grande maioria de diagramadores é atenta
apenas para a aparência visual das páginas. Eles se preocupam com a distribuição
do texto de maneira uniforme, com o equilíbrio dos títulos, com legendas
colocadas corretamente. Eles não leem o que está escrito nos títulos e legendas, e
certamente não leem os textos. Por conseguinte, têm grande chance de errar caso
haja muitos pedidos de mudança em cada página. Quanto mais emendas forem
requisitadas, tanto maior a chance de o diagramador não entender bem e digitar
incorretamente (porque ele faz estritamente o que é pedido e não o que faz sentido
no texto).

Para evitar então que o livro em produção fique indo e voltando em muitas provas, o
máximo do trabalho com texto deve ser feito em Word, ou seja, antes da etapa de
diagramação.
O livro deve ser enviado para a produção gráfica para diagramação apenas depois de
todos os problemas de texto terem sido resolvidos.
Isso significa que o produtor editorial precisa olhar para cada uma dessas etapas iniciais
com muita atenção. Vou comentar mais adiante os cuidados com tradução e preparação,
mas aqui adianto o seguinte: é melhor fazer duas preparações do que uma preparação
que não resolve os problemas do texto e depois três ou quatro ou seis revisões de prova.
É melhor fazer uma edição de texto mais cuidada e demorada do que uma preparação
apressada e depois três ou quatro ou seis revisões de prova.
Perca tempo antes da diagramação, refaça, normalize, reveja. Se não estiver bom,
mande fazer de novo. Todo cuidado que você tomar para resolver o texto antes da
diagramação vai encurtar o tempo total de produção, porque as provas serão limpas e
com poucas emendas.
Se a produção editorial tem recursos e tempo limitados, é melhor fazer duas preparações
de texto – antes da diagramação – e arriscar fechar o livro com apenas uma prova e uma
batida de emendas, do que passar logo o livro para a diagramação.
Se na sua editora a cultura é de tocar em frente com pressa, calcule o tempo e o custo
das muitas provas e veja se não é mais rápido e barato montar essa outra estratégia de
produção.
Evidentemente, o mesmo princípio vale para quando o livro muda de formato. Antes de
converter a obra em ePub para coloca-la numa plataforma virtual, é mais do que sábio
ter realizado todas as intervenções possíveis.
Antes de começar a gravar um audiolivro, é essencial ter todos os problemas de
conteúdo e clareza resolvidos.
Quando o texto muda de formato e passa a ser trabalhado por outros profissionais que
não os próprios editores e preparadores, qualquer intervenção se torna mais cara e
trabalhosa.
Agora assista ao vídeo da Aula 3, em que o diagramador Gledson Zifssak faz algumas
alterações nas páginas de um livro já em InDesign e alerta para o que acontece com o
texto. Veja também o que Marcelo Rocha, produtor gráfico do Estúdio Bogari, tem a
dizer sobre o excesso de emendas nas provas.

O teatro é uma linguagem que se utiliza de várias linguagens. A linguagem teatral é


inserida dentro de um espaço-tempo, onde a cena esta contextualizada e utiliza-se de
luz, música, adereços, dança e muitas outras coisas que a arte proporciona. O teatro é
o espaço onde as artes se encontram com a finalidade de se harmonizarem. O teatro
é, também, fronteira, quando dialoga com outras áreas do conhecimento. Neste
sentido o teatro, aponta para fora, denuncia, homenageia, faz referencia ao mundo
real, nos faz refletir. O Teatro é uma proposta pedagógica quando contribui para o
processo de ensino aprendizagem. Teatro é ação. Ao longo dos séculos o teatro teve
o seu lugar na história e ainda tem.

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