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Resumo dos atos

5.1. Ato I - Palácio de Manuel de Sousa Coutinho

Exposição

Cenas 1 e 2
A peça inicia-se com D. Madalena, sozinha em cena, refletindo sobre a paixão de D. Pedro e de D. Inês
de Castro narrada no canto III de Os Lusíadas, obra predileta desta personagem, que afirma
que o amor cega e condena a alma ao sofrimento. As reflexões que se seguem transmitem um presságio
da desgraça que irá acontecer, presságio esse que percorre toda a obra através da atmosfera da
superstição, das apreensões e dos pressentimentos de D. Madalena.
Telmo entra em cena e é evidente a relação de proximidade e respeito entre ambos. Telmo foi o
escudeiro de D. João de Portugal, primeiro marido de D. Madalena, desaparecido em Alcácer Quibir, daí
apresentar reservas quanto ao atual marido de D. Madalena, Manuel de Sousa Coutinho. Este casal tem
uma filha, Maria, de treze anos de idade, que revela maturidade precoce e uma saúde frágil (possui
tuberculose não diagnosticada). Madalena empreendera buscas contínuas, durante 7 anos, para
encontrara D. João, acabando por casar com Manuel, sem ter tido a confirmação da morte do primeiro
marido.
Porém, Telmo nunca aceito essa segunda união, que já dura há 14 anos, pois acredita no regresso do
seu amo.
Os medos de D. Madalena em relação ao regresso do ex-marido (D. João de Portugal, que nunca
regressou da batalha de Alcácer-Quibir) refletem-se na proteção da sua filha em relação ao
Sebastianismo (se D. Sebastião voltasse, o seu ex-marido também podia), um tema na altura muito
discutido.

Cenas 3 e 4
Nestas cenas é possível detetar:
- a convicção patriótica e sebastianista de Maria;
- a angústia de Madalena face às palavras da filha e ao seu carácter precoce.
- a intuição por parte de Maria de que existe algo misterioso que envolve a mãe e a família;
- a tristeza de Maria, porque é mulher e não homem para corresponder às expectativas do pai.
Telmo e Maria eram, assim muito próximos, revelando uma cumplicidade que afligia Madalena pela
crença no mito sebastianista incentivado por Telmo.

Conflito

Cenas 5-8
Por fim chega com D. Manuel, um cavaleiro da nobreza, que informa as personagens da necessidade de
movimentação daquela casa, porque os governadores apoiantes de D. Filipe I (na altura Portugal estava
sob o domínio espanhol) querem instalar-se no palácio, o que inflamam o ardor patriótico de Maria.
Manuel de Sousa Coutinho decide mudar de residência para o palácio que fora de D. João de Portugal,
apesar da posição contrária de Madalena, que lhe implora que não a obrigue a voltar à sua antiga casa.
Manuel não cede ao pedido da sua mulher e decide avançar com o plano de deitar fogo ao seu palácio,
para que os governantes não se possam alojar aí.

Desenlace
Cena 9-12
As cenas finais deste ato constituem o seu ponto culminante, já que Manuel incendeia o palácio como
símbolo de patriotismo, tendo-se perdido o seu retrato (simboliza a destruição da família), prenúncio da
tragédia final. Para além disso, Maria fica fascinada com o ato de coragem patriótica do pai, enquanto
Madalena se sente dominada por um terror imenso. A família move-se então para o palácio de D. João
de Portugal, apesar dos agouros de D. Madalena.
5.2. Ato II- Palácio de D.João de Portugal, também em Almada

Exposição
Cena 1
O ato começa com um longo diálogo entre Telmo e Maria, que permite saber que:
> Madalena encontra-se, desde que entrou em casa de D. João de Portugal, num estado doentio de
angústia e ansiedade.
> Telmo alterou a sua opinião relativamente a Manuel de Sousa Coutinho, considerando-o agora “um
português às direitas”.
> a situação política provocada pelo incêndio é delicada.
>Maria tem um pressentimento quanto à identidade da figura representada no terceiro retrato (de D.
João), percebendo que Telmo lhe estava a mentir quando ao paradeiro desse quadro.
>Madalena refere-se à figura do retrato como “o outro”.
>Maria e Telmo acreditam na crença sebastianista do regresso do rei D. Sebastião.
> a forma enigmática como a cena termina revela que Maria pressente a verdade ou parte dela
relativamente à história de D. João de Portugal.

Cena 2 e 3
Nestas cenas, Manuel revela a Maria a identidade do cavaleiro do retrato, desaparecido na batalha de
Alcácer Quibir, para além de dar a conhecer que os governadores já não o perseguem.
Manuel repreende carinhosamente Maria pela sua imaginação demasiado fértil.
Para além disso, a cena 3 é revelante, porque as palavras de Manuel pressagiam o destino funesto da
filha, ao revelarem que a existência de um D. João implicaria a inexistência de Maria.

Conflito
Cena 4-8
O momento do conflito deste ato é marcado pelo reencontro de Madalena e de Manuel, onde este lhe
diz que vai com Maria e Telmo a Lisboa (contra a vontade de Madalena) para visitar a primar Soror
Joana, que, conjuntamente com o marido, tinham abraçado a vida religiosa.
A angústia crescente de Madalena pelo facto de o seu marido e da sua filha irem a Lisboa é evidente,
não só porque a saúde de Maria é delicada e a “viração” no rio, à tarde, pode fazer-lhe mal, mas
também porque é sexta-feira, dia fatídico.

Desenlace
Cena 9-15
O desenlace deste ato corresponde, igualmente, ao clímax da ação dramática, sendo de destacar:
> as revelações de Madalena a Frei Jorge relativamente ao seu passado marcado pelo pecado de ter
amado Manuel, ainda em vida do seu primeiro marido.
> a referência, por parte de Madalena, ao caracter fatídico da sexta feira;
>a chegada do Romeiro, que traz a noticia de que D. João de Portugal está vivo, o que mergulha
Madalena num estado de perfeito descontrolo emocional.
>a resposta do romeiro à questão de Frei Jorge sobre a sua identidade – “Romeiro (apontando com o
bordão para o retrato de D. João de Portugal) - Ninguém!”

5.3. Ato III- Parte baixa do palácio de D. João de Portugal:

Exposição
Cena 1
Longo diálogo entre o Frei Jorge e Manuel, que permite perceber a angústia que domina este segundo,
uma vez que:
>se culpabiliza pelo fim do casamento com D. Madalena e pela situação de socio-afetividade Maria.
>se mortifica pelo estado de saúde de Maria.
>apercebe-se que ele e o irmão conhecem a verdadeira identidade do romeiro.
Conflito
Cena 2-9
O desenrolar da ação dramática nestas cenas prende-se com:
> as informações sobre o estado cada vez mais débil de Maria;
>o conflito interior de Telmo, ao aperceber-se de que ama mais Maria do que D. João de Portugal.
>a tentativa de D. João, ao saber que Madalena o procurou por sete anos, de desfazer o mal que,
involuntariamente, provocou.
>o último encontro entre Madalena e Manuel, que faz ver à esposa que não lhes resta outra solução
digna a não ser a entrada no convento.

Desenlace
Cenas 10-12
As cenas finais são constituídas por uma sucessão de momentos dolorosos, em que Madalena e Manuel
tomam o hábito no momento em que Maria aparece em cena, desfigurada, dizendo que, se os pais vão
morrer, ela os acompanhará.
Assim Maria morre de vergonha (de ser filha ilegítima) nos braços da mãe, ao ouvir a voz do Romeiro,
que, escondido, pede a Telmo que reverta a situação.

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