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Vários elementos estão carregados de simbologia, muitas vezes a pressagiar o desenrolar da ação e a desgraça
das personagens.
Leitura dos versos de Camões » referem-se ao trágico fim dos amores de D. Inês de Castro que, como D.
Madalena, também vivia uma felicidade aparente quando a desgraça se abateu sobre ela.
Decoração dos espaços » a decoração dos espaços vai-se tornando mais despojada, mais melancólica,
impossibilitando o contacto com o exterior.
Retratos:
Dia da semana » dia aziago para Madalena: sexta-feira, fim da tarde e noite (ver se noite é) (Ato I), sexta-
feira, tarde (Ato II), sexta-feira, alta noite (Ato III); e à sexta-feira D. Madalena casou-se pela primeira vez;
à sexta-feira viu Manuel pela primeira vez; à sexta-feira dá-se o regresso de D. João de Portugal; à sexta-
feira morreu D. Sebastião, vinte e um anos antes.
Números:
Tríades famosas:
homem/ mulher/ filho
Fé/ amor/ esperança (virtudes cristãs)
Enxofre/ sal/ mercúrio (princípios básicos da alquimia)
Nascimento/ desenvolvimento/ morte
Pai/ Filho/ Espírito Santo
Na obra, o três aparece ora associado à ideia de perfeição, de princípio totalizador (7X3= 21), ora
como meio de afastar a desgraça («Não, não, não, três vezes não» - Telmo).
Sete » Pode ser encarado positiva ou negativamente; pode ser encarado como expansão de uma
totalidade (7 igrejas; livros de 7 selos; 7 céus, etc.); também pode vir associado ao mal (7 cabeças
da besta do Apocalipse; 7 taças da ira divina; 7 demónios, etc.) Na obra, o número 7 aparece
isolado, ou associado a outros números (2 e 3), podendo ter valor positivo ou negativo.
14 anos (7X2) - Manuel e Madalena estiveram casados 14 anos. Foram 14 anos de uma relação
amorosa perfeita (aparentemente); foi uma união tão perfeita, tão bem conseguida, que até
gerou um fruto (Maria);
21 anos (7X3) - D. João de Portugal esteve ausente 21 anos. Aqui o número 7 já tem uma carga
negativa. Sendo o 3 o número da totalização, este transmite a ideia do fim de um ciclo: era
necessário que se fechasse o ciclo aberto com o desaparecimento do 1º marido de Madalena.
O povo costuma dizer que «à terceira é de vez»: D. João de Portugal não voltou ao fim de 7 anos,
não voltou ao fim de 14 anos (7X2), pelo que necessariamente teria que voltar ao fim de 21 anos
(7X3) – o prazo tinha terminado. Aqui o 7 já adquire conotação negativa, porque surge associado à
ideia de acontecimento trágico.
3 = perfeição
7 = tragédia
21 (7X3) – tragédia perfeita