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Poema Ulisses: Análise formal

Estrutura interna
É possível dividir o poema em 3 partes, sendo cada um delas uma estrofe.

A primeira parte, correspondente à primeira estrofe, é onde se define o que é o mito.

" O mito é o nada que é tudo"


É o "nada", devido à sua natureza, não existe na realidade, mas dá explicação para as coisas, e
está na origem de grandes acontecimentos.
Ou seja é algo que"esconde" a verdade mas esforça-se para a esclarecer. E se Ulisses é "o
mito que é o nada que é tudo" mostra a sua importância como lenda portadora de força que,
por sua vez, dá vida.

"O mesmo sol que abre os céus/ É um mito brilhante e mudo"


O sol e Deus crucificado também são mitos. O carácter paradoxal é reforçado pelas
metáforas. O mito surge como o sol que abre os céus e como Deus que, parecendo morto,
revela-se aos homens como vivo.

"O corpo morto de Deus/ Vivo e desnudo"


O mito é uma fonte de criação ( Deus), que se encontra "vivo e desnudo" que significa que
contém em si

A segunda parte corresponde à segunda estrofe, que fala sobre Ulisses e a sua ligação ao mar.
O mito conta que Ulisses aportou na costa portuguesa e criou a cidade Ulissipo (Ulisseia).
Um povo define-se melhor através de mitos do que a sua própria história. Ulisses, mesmo que
não tenha existido, deu razão à criação de Lisboa. Ulisses pode também ser representado
pela vocação marítima portuguesa, já que é do mar que ele chega ao território que agora é
Portugal.

A terceira parte corresponde à terceira estrofe do poema. Nesta parte evidencia o estatuto de
criador: a "fecundar" a realidade. O que verdadeiramente importa não é a existência de
Ulisses mas sim aquilo que ele representa: o futuro grandioso de Portugal que só se poderá
concretizar com a vivência do mito. Desta forma, poderá ajudar a explicar os seguintes
poemas da obra "Mensagem", onde os heróis que, apesar dos seus feitos históricos aparecem
mitificados.
Poema constituído por 15 versos divididos por 3 quintilhas
Silabas métricas:
O /mi/to é o/ na/da/ que é /tu/do. 7 sílabas métricas – Redondilha maior

O /mes/mo/ sol/ que a/bre os/ céus 7 sílabas métricas – Redondilha maior

É um/ mi/to/ bri/lhan/te e/ mu/do 7 sílabas métricas – Redondilha maior

O /cor/po/ mor/to /de/ Deus, 7 sílabas métricas – Redondilha maior

Vi/vo e/ des/nu/do. 4 sílabas métricas - Tetrassilábico

Es/te/ que a/qui /a/por/tou, 7 sílabas métricas – Redondilha maior

Foi/ por/ não/ ser/ e/xis/tin/do. 7 sílabas métricas – Redondilha maior

Sem/ e/xis/tir/ nos/ bas/tou. 7 sílabas métricas – Redondilha maior

Por/ não/ ter/ vin/do/ foi/ vin/do 7 sílabas métricas – Redondilha maior

E/ nos/ cri/oi. 4 sílabas métricas - Tetrassilábico

As/sim /a/ len/da/ se es/cor/re 7 sílabas métricas – Redondilha maior

A en/trar/ na/ re/a/li/da/de, 7 sílabas métricas – Redondilha maior

E a/ fe/cun/dá/-la/ de/cor/re. 7 sílabas métricas – Redondilha maior

Em/ bai/xo, a/ vi/da/, me/ta/de 7 sílabas métricas – Redondilha maior

De/ na/da/, mor/re. 4 sílabas métricas - Tetrassilábico

Esquema rimático e tipo de rimas

O mito é nada que é tudo a


O mesmo sol que abre os céus b

É um mito brilhante e mudo – a

O corpo morto de Deus, b

Vivo e desnudo. a

Este que aqui aportou, c

Foi por não ser existindo. d

Sem existir nos bastou. c

Por não ter vindo foi vindo d

E nos criou. c

Assim a lenda se escorre

A entrar na realidade, f

E a fecundá-la decorre. e

Em baixo, a vida, metade f

De nada, morre. e

Rima cruzada Ex: a/b/a

Recursos Expressivos ( e figuras de estilo)


O mito é o nada que é tudo.

O mesmo sol que abre os céus Metáfora

É um mito brilhante e mudo Oxímero

O corpo morto de Deus,

Vivo e desnudo.

Este que aqui aportou,

Foi por não ser existindo.

Sem existir nos bastou.

Por não ter vindo foi vindo

E nos criou.

Assim a lenda se escorre

A entrar nas realidade,

E a fecundá-la decorre.

Em baixo, a vida, metade

De nada, morre.

INTERTEXTUALIDADE - OS LUSÍADAS

“Os Lusíadas” epopeia portuguesa escrita por Luiz de Camões publicada em 1572 e “A
Mensagem” de Fernando Pessoa em 1934 possuem múltiplas semelhanças: Poemas sobre
Portugal, os heróis que concretizam uma vontade divina, a apresentação dos heróis, da
historia fragmentada, a superação dos limites pelos heróis português, exaltação do domínio
humanos pelos mares, o sacrifício pela pátria, e a evocação do passado para projetar o
futuro.
Figuras históricas também mencionadas nas duas obras: Nuno Alveres Pereira, Vasco da
Gama, D.Sebastião.

Trabalho Realizado por:


Rafael Santos nº21
Vicente Boléu n26

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