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Livro Eletrônico

Aula 08

Português p/ PG-DF (Todos os Cargos) Com Videoaulas - Pós-Edital

Décio Terror Filho


Décio Terror Filho
Aula 08

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE


GÊNEROS VARIADOS. RECONHECIMENTO DE TIPOS E
GÊNEROS TEXTUAIS.
Sumário

– Interpretação de dados explícitos e implícitos ................................................................................................ 2

1 – Dados explícitos ....................................................................................................................................... 2

2 – Dados implícitos ........................................................................................................................................


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2 – Tipologia textual ........................................................................................................................................ 12

1 – Descritivo ................................................................................................................................................ 12

2 – Narrativo ................................................................................................................................................ 13

3 – Dissertativo ............................................................................................................................................. 17

1 – Dissertativo-expositivo ........................................................................................................................ 17

2 – Dissertativo-argumentativo ou opinativo ............................................................................................ 18

3 – O que devo tomar nota como mais importante? ........................................................................................ 68

4 – Lista de questões ........................................................................................................................................ 69

5 – Gabarito .................................................................................................................................................... 98

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– INTERPRETAÇÃO DE DADOS EXPLÍCITOS E IMPLÍCITOS


Olá, pessoal!

Vamos trabalhar tudo o que é importante na abordagem do texto, conforme é cobrado pela banca
CESPE. Tudo o que veremos nesta aula será confirmado nas aulas extras com provas comentadas na íntegra.

Devemos entender que, quando se interpreta um texto para realizar um concurso, temos, na
realidade, duas interpretações a serem feitas. A primeira é a compreensão do texto em si, entender as
expressões ali colocadas, tirar conclusões, compreender as entrelinhas, o contexto; a outra é a compreensão
do pedido da questão.

Às vezes até compreendemos bem o texto, mas não entendemos o pedido da questão.

Portanto, devemos comparar dois textos: o propriamente dito e o enunciado da questão. Após isso,
devemos confrontá-los e julgar se possuem ideias semelhantes ou não.

Isso é a interpretação.

É importante notarmos que, dentro de um texto, há informações implícitas e explícitas.

1 – Dados explícitos

Em um texto podemos encontrar os dados explícitos, isto é, aquilo que o pedido da questão informou
é encontrado literalmente no texto. Didaticamente, representamos os dados explícitos com o sinal “xxx”:

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Este é o tipo de questão mais simples e muitas vezes a banca CESPE tem cobrado em prova. Veja
nestas questões-modelo:

(CESPE / MPU Técnico)


Segundo a doutrina nacional, os crimes cibernéticos (também chamados de eletrônicos ou virtuais)
dividem-se em puros (ou próprios) ou impuros (ou impróprios). Os primeiros são os praticados por meio de
computadores e se realizam ou se consumam também em meio eletrônico. Os impuros ou impróprios são
aqueles em que o agente se vale do computador como meio para produzir resultado que ameaça ou lesa
outros bens, diferentes daqueles da informática.
É importante destacar que o art. 154-A do Código Penal (Lei n.º 12.737/2012) trouxe para o
ordenamento jurídico o crime novo de “invasão de dispositivo informático”, que consiste na conduta de
invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação
indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem
autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo, ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem
ilícita. Quanto à culpabilidade, a conduta criminosa do delito cibernético caracteriza-se somente pelo dolo,
não havendo a previsão legal da conduta na forma culposa.

1. (CESPE / MPU Técnico)


Depreende-se das informações do texto que, nos crimes cibernéticos chamados impuros ou
impróprios, o resultado extrapola o universo virtual e atinge bens materiais alheios à informática.

Comentário: Apesar de a questão pedir a depreensão das informações, o que sugere uma interpretação
implícita, na realidade, a interpretação é literal. Basta confirmarmos o que está previsto no primeiro
parágrafo. Lá é informado que o crime cibernético próprio ou puro é o praticado por meio de computadores
e se realiza ou se consuma também em meio eletrônico. A diferença desse crime para o impuro ou impróprio
é justamente a extrapolação do universo virtual, produzindo dano a diferentes bens, alheios à informática.
Compare o pedido da questão e o trecho do texto, por meio da numeração para facilitar sua interpretação:

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Depreende-se das informações do texto que, nos crimes cibernéticos chamados impuros ou impróprios¹, o
resultado extrapola o universo virtual² e atinge bens materiais alheios à informática³.

Os impuros ou impróprios¹ são aqueles em que o agente se vale do computador como meio para produzir
resultado que ameaça ou lesa outros bens², diferentes daqueles da informática³.

Assim, a afirmação da questão está correta.

Gabarito: C

2. (CESPE / MPU Técnico)


Infere-se dos fatos apresentados no texto que a consideração de crime para os delitos cibernéticos foi
determinada há várias décadas, desde o surgimento da Internet.

Comentário: A questão aponta como inferência, isto é, interpretação implícita, mas ela é literal.

Fica claro no segundo parágrafo que a consideração de crime para os delitos cibernéticos é algo novo
(datado de 2012): “É importante destacar que o art. 154-A do Código Penal (Lei n.º 12.737/2012) trouxe para
o ordenamento jurídico o crime novo de ‘invasão de dispositivo informático’”.

Assim, não é uma consideração de várias décadas, mesmo porque a internet não tem muitas décadas
de vida.

Gabarito: E

3. (CESPE / Anatel Analista)

A mensagem veiculada nesse texto centra-se no descompasso existente entre a alta tecnologia empregada
nos aparelhos celulares e a baixa qualidade dos serviços oferecidos pelas operadoras de telefonia celular.

Comentário: A interpretação é literal, concorda?! No primeiro quadrinho, fala-se da quantidade de


aplicativos, das várias opções do aparelho, observa-se a imagem feliz do usuário. No segundo, vê-se uma
imagem de um homem das cavernas indicando um serviço ultrapassado, antigo, sem recursos. O conectivo

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de contraste “Já” marca ainda mais a ideia contrastante ao avanço da tecnologia marcado no quadrinho
anterior.

Assim, realmente a afirmativa está correta.

Gabarito: C

(CESPE / Anatel Analista)

ANATEL. Internet: <http://www.anatel.gov.br>.

Em 2013, a ANATEL divulgou resultados comparativos de pesquisas de satisfação realizadas em 2002 e em


2012 e cujo objetivo era avaliar o índice de satisfação do consumidor brasileiro em relação aos serviços de
telefonia, de Internet e de TV por assinatura. No gráfico acima, são apresentados os índices de satisfação do
consumidor brasileiro em relação à TV por assinatura. Esses índices, em porcentagem, variam de 0
(consumidor insatisfeito com o serviço) a 100 (consumidor muito satisfeito com o serviço).
Com base nas informações do texto e do gráfico acima, julgue os itens subsecutivos.

4. (CESPE / Anatel Analista)


Os resultados comparativos entre os anos de 2002 e 2012 demonstram que o índice de satisfação do
consumidor brasileiro em relação à TV por assinatura via satélite (DTH) registrou aumento.

Comentário: Basta analisar a terceira expressão, a qual literalmente nos mostra que o índice de satisfação
do ano de 2002 era de 71,6. Em 2013, esse índice subiu para 72,1. Veja:

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Assim, realmente a afirmativa está correta.

Gabarito: C

5. (CESPE / Anatel Analista)


Em 2012, o consumidor brasileiro mostrou-se menos satisfeito com os serviços de TV a cabo e com a TV por
assinatura via micro-ondas (MMDS).

Comentário: Observando-se literalmente as duas primeiras expressões do quadro, percebemos que o índice
de satisfação em relação à TV a cabo, no ano de 2002, era de 68,2. Em 2013, esse índice caiu para 51,6.

Em relação à TV por assinatura via micro-ondas (MMDS), percebemos que o índice de satisfação, no
ano de 2002, era de 72. Em 2013, esse índice caiu para 57,9.

Veja:

Assim, realmente a afirmativa está correta.

Gabarito: C

6. (CESPE / Anatel Analista)


A maior queda observada no que se refere ao índice de satisfação comparativo nos anos de 2002 e 2012 diz
respeito à satisfação do consumidor brasileiro com o serviço de TV a cabo.

Comentário: O índice de satisfação em relação à TV a cabo, no ano de 2002, era de 68,2. Em 2013, esse índice
caiu para 51,6. Assim, houve uma queda de 16,6.

Em relação à TV por assinatura via micro-ondas (MMDS), o índice de satisfação, no ano de 2002, era
de 72. Em 2013, esse índice caiu para 57,9. Assim, houve uma queda de 14,1.

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Veja:

Com isso, realmente, a maior queda observada no que se refere ao índice de satisfação comparativo
nos anos de 2002 e 2012 diz respeito à satisfação do consumidor brasileiro com o serviço de TV a cabo.

Gabarito: C

2 – Dados implícitos

Toda informação implícita do texto é “carregada” de vestígios. Como em uma investigação, o


criminoso não está explícito, mas ele existe. Um bom investigador é um excelente leitor de vestígios. Os
vestígios podem ser: uma palavra irônica, as características do ambiente e do personagem, a época em que
o texto foi escrito ou a que o texto se refere, o vocabulário do autor, o rodapé do texto, as figuras de
linguagem, o uso da primeira ou terceira pessoa verbal etc. Tudo isso pode indicar a intenção do autor ao
escrever o texto, daí se tira o vestígio que nos leva à boa interpretação.

Neste tipo de interpretação, a questão não possui literalmente o mesmo trecho do texto. Nela há um
entendimento, uma conclusão (xxx), a qual podemos chamar de inferência, com base nos vestígios (...), que
são os vocábulos no texto. Para saber se a questão está correta, basta confrontar esses dois textos e observar
se há semelhança de sentido.

Muitas vezes, nesse tipo de questão, vemos expressões categóricas que eliminam a possibilidade de
semelhança no sentido. Por exemplo:

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Podemos dizer que o Brasil vem crescendo economicamente e que o brasileiro está melhorando sua
qualidade de vida e aumentando seu poder de compra. Mas isso não quer dizer que todo brasileiro
aumentou seu padrão de compra, concorda? Por isso, chamamos de palavra categórica aquela que especifica
demais ou amplia demais o universo a que se refere o termo. Perceba que a palavra “todo” ampliou muito
(todo brasileiro aumentou seu poder de compra) um referente tomado de maneira geral (o brasileiro
aumentou seu poder de compra).

Assim, palavras como só, somente, apenas, nunca, sempre, ninguém, tudo, nada etc têm papel
importante nas afirmativas das questões. Essas palavras categóricas não admitem outra interpretação e
normalmente estão nas questões para que o candidato a visualize como errada.

Vale lembrar que essas palavras categóricas são encontradas nos diversos tipos de interpretação (literal ou
implícita).

Vamos exercitar tomando como exemplo a seguinte frase:

É preciso construir mísseis nucleares para defender o Ocidente de ataques de


extremistas.

Marque (C) para informação de possível inferência do texto e (E) como informação equivocada do texto.

1. O Ocidente necessita construir mísseis.


2. Há uma finalidade de defesa contra ataques de extremistas.
3. Os mísseis atuais não são suficientes para conter os ataques de extremistas.
4. Uma guerra de mísseis vai destruir o mundo inteiro e não apenas os extremistas.
5. A ação dos diplomatas com os extremistas é o único meio real de dissuadi-los de um ataque ao Ocidente.
6. Todo o Oriente está contra o Ocidente.
7. O Ocidente está sempre sofrendo invasões do Oriente.
8. Mísseis nucleares são a melhor saída para qualquer situação bélica.
9. Os extremistas não têm bom relacionamento com o Ocidente.
10. O Ocidente aguarda estático um ataque do Oriente.

Vamos às respostas com base nos vestígios!

1. O Ocidente necessita construir mísseis.


(C) (Inferência certa, pois o vestígio é “É preciso”.)

2. Há uma finalidade de defesa contra o ataque de extremistas.


(C) (Inferência certa, pois o vestígio é a oração subordinada adverbial de finalidade “para defender o Ocidente
de ataques de extremistas”.)

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3. Os mísseis atuais não são suficientes para conter os ataques de extremistas.


(E) (Inferência errada, pois não há evidência no texto de que já havia mísseis anteriormente. Note a expressão
“É preciso construir”. Se houvesse a expressão “É preciso ampliar a quantidade”, aí sim isso poderia
confirmar a declaração da questão, mas isso não ocorreu.)

4. Uma guerra de mísseis vai destruir o mundo inteiro e não apenas os extremistas.
(E) (Inferência errada, pois a expressão “destruir o mundo inteiro” é uma suposição com base em expressão
categórica. Não há certeza de que os mísseis destruirão por completo o mundo, mas é certo que vão abalar
o mundo inteiro.)

5. A ação dos diplomatas com os extremistas é o único meio real de dissuadi-los de um ataque ao Ocidente.
(E) (Inferência errada, pois novamente há expressão categórica. Pode haver outros meios, outras
negociações, não só pelos diplomatas.)

6. Todo o Oriente está contra o Ocidente.


(E) (Inferência errada, pois novamente há expressão categórica. Não se sabe se todo o Oriente está contra o
Ocidente. Pelo texto, são apenas os extremistas.)

7. O Ocidente está sempre sofrendo invasões do Oriente.


(E) (Inferência errada, pois novamente há expressão categórica: “sempre”. Além disso, houve uma palavra
que extrapolou o texto: “invasões”. Nada foi afirmado sobre invasão no texto.)

8. Mísseis nucleares são a melhor saída para qualquer situação bélica.


(E) (Consideração sem fundamento no texto. Veja as palavras categóricas.)

9. Os extremistas não têm bom relacionamento com o Ocidente.


(C) (Inferência possível, pois é vista a preocupação de possível ataque.)

10. O Ocidente aguarda estático um ataque do Oriente.


(E) (Consideração sem fundamento no texto.)

Assim, quando você for realizar as questões de interpretação, verá muitas dessas expressões
categóricas ou palavras que extrapolam o conteúdo do texto. Normalmente, já consideramos as questões
erradas já na primeira leitura, por estarem bem fora do contexto. Mas, logicamente, sempre devemos voltar
ao texto para confirmar. Aí vem o “burilamento”. Deve-se ter paciência para encontrar os vestígios que
comprovem sua resposta como a correta.

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Vamos confirmar com algumas questões-modelo:

(CESPE / MPU Analista)


Na organização do poder político no Estado moderno, à luz da tradição iluminista, o direito tem por
função a preservação da liberdade humana, de maneira a coibir a desordem do estado de natureza, que, em
virtude do risco da dominação dos mais fracos pelos mais fortes, exige a existência de um poder institucional.
Mas a conquista da liberdade humana também reclama a distribuição do poder em ramos diversos, com a
disposição de meios que assegurem o controle recíproco entre eles para o advento de um cenário de
equilíbrio e harmonia nas sociedades estatais. A concentração do poder em um só órgão ou pessoa viria
sempre em detrimento do exercício da liberdade. É que, como observou Montesquieu, “todo homem que
tem poder tende a abusar dele; ele vai até onde encontra limites. Para que não se possa abusar do poder, é
preciso que, pela disposição das coisas, o poder limite o poder”.
Até Montesquieu, não eram identificadas com clareza as esferas de abrangência dos poderes
políticos: “só se concebia sua união nas mãos de um só ou, então, sua separação; ninguém se arriscava a
apresentar, sob a forma de sistema coerente, as consequências de conceitos diversos”. Pensador francês do
século XVIII, Montesquieu situa-se entre o racionalismo cartesiano e o empirismo de origem baconiana, não
abandonando o rigor das certezas matemáticas em suas certezas morais. Porém, refugindo às especulações
metafísicas que, no plano da idealidade, serviram aos filósofos do pacto social para a explicação dos
fundamentos do Estado ou da sociedade civil, ele procurou ingressar no terreno dos fatos.
Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do Ministério Público em função da proteção dos direitos humanos. Tese de
doutorado. São Paulo: USP, 2010, p. 18-9. Internet: <www.teses.usp.br> (com adaptações).

7. (CESPE / MPU Analista)


Montesquieu busca a explicação dos fundamentos do Estado ou da sociedade civil de forma análoga à dos
metafísicos.

Comentário: Basta lermos o último parágrafo, especificamente na expressão “refugindo às especulações


metafísicas”, além da dualidade “plano da idealidade” X “terreno dos fatos”.

O verbo “refugindo” significa “distanciando, recuando”, sentido contrário ao adjetivo “análoga” do


pedido da questão, cuja afirmação está errada. Assim, percebemos que Montesquieu procurou o terreno
dos fatos, diferente das especulações metafísicas, que serviram aos filósofos do pacto social no plano da
idealidade.

Gabarito: E

8. (CESPE / MPU Analista)


No Estado moderno, cabe ao Ministério Público a função da preservação da liberdade humana, de forma a
proteger os mais fracos da dominação dos mais fortes.

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Comentário: No primeiro período do texto, é afirmado que “Na organização do poder político no Estado
moderno, à luz da tradição iluminista, o direito tem por função a preservação da liberdade humana, de
maneira a coibir a desordem do estado de natureza, que, em virtude do risco da dominação dos mais fracos
pelos mais fortes, exige a existência de um poder institucional.”

Já a questão afirma que cabe ao Ministério Público a função da preservação da liberdade humana, de
forma a proteger os mais fracos da dominação dos mais fortes.

Assim, a questão quis induzir o candidato a pensar que esse “poder institucional” pudesse ser
unicamente o “Ministério Público”, mas sabemos que não é só ele que age em função da liberdade humana.
Assim, a afirmação está errada.

Gabarito: E

9. (CESPE / MPU Analista)


A conquista da liberdade humana pressupõe a distribuição do poder em ramos diversos.

Comentário: A questão trabalha a interpretação com base no sentido dos vocábulos “reclama” e
“pressupõe”.

No texto foi afirmado que “a conquista da liberdade humana também reclama a distribuição do poder
em ramos diversos”.

O verbo “reclama”, neste contexto, significa necessita, precisa, depende. Assim, para haver conquista
da liberdade humana, deve-se lutar, exigir a distribuição do poder em ramos diversos.

Porém, com a troca do vocábulo “reclama”, que traduz um valor de exigência, pelo vocábulo
“pressupõe”, o qual traduz uma ideia de simples suposição, subentendimento, há uma divergência de
sentido. É como se não precisasse lutar por essa distribuição do poder em ramos diversos, é como se isso
fosse algo intrínseco e naturalmente parte da conquista da liberdade humana, pois se diz que simplesmente
a conquista da liberdade humana pressupõe a distribuição do poder em ramos diversos.

Esta questão causou muita polêmica, pois, numa leitura rápida, sem o devido aprofundamento,
parece realmente que as duas ideias são análogas, mas a original traduz uma exigência e a segunda, uma
simples suposição, algo como se já fizesse parte intrinsecamente, o que não é verdade.

Gabarito: E

10. (CESPE / MPU Analista)


Segundo Montesquieu, aquele que não encontra limites para o exercício do poder que detém tende a agir
de forma abusiva.

Comentário: A questão aborda diretamente a observação de Montesquieu: “todo homem que tem poder
tende a abusar dele; ele vai até onde encontra limites. Para que não se possa abusar do poder, é preciso que,
pela disposição das coisas, o poder limite o poder”.

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Assim, na visão dele, se não há limites, é natural o homem agir de forma abusiva. Portanto, a
afirmação está correta.

Gabarito: C

Todo texto é veiculado com base em três tipos básicos: descritivo, narrativo e dissertativo. A banca
CESPE cobra a diferença entre os tipos de texto.

2 – TIPOLOGIA TEXTUAL
Veremos apenas o essencial da tipologia, noções que são cobradas nas provas da banca CESPE.

1 – Descritivo

O texto descritivo enfatiza o estático, é um retrato, um recorte de uma paisagem, uma ação, um
costume. O texto descritivo vai induzindo o leitor a imaginar o espaço, o tempo, o costume, isto é, tudo que
ambienta a história, a informação.

“Luzes de tons pálidos incidem sobre o cinza dos prédios. Nos bares, bocas cansadas conversam, mastigam e
bebem em volta das mesas. Nas ruas, pedestres apressados se atropelam. O trânsito caminha lento e
nervoso. Eis São Paulo às sete da noite.”

(em Platão e Fiorin)

Podemos notar no texto muitos adjetivos, juntamente com a enumeração de substantivos e verbos.
Não há interpretação de movimento neste texto. Tudo é recorte de instantes, por isso poderíamos pintar um
quadro com base na imagem que ele nos sugere.

Assim, descrever é enumerar características, ações e elementos que produzem uma imagem
“congelada” do instante ou da rotina.

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Dentre a variedade de textos descritivos, ressaltam-se os textos instrucionais, injuntivos. Veja um exemplo:

INSTRUÇÕES
Verifique se este caderno:
- corresponde a sua opção de cargo.
- contém 70 questões, numeradas de 1 a 70.
- contém a proposta e o espaço para o rascunho da Prova Discursiva. Caso contrário,
reclame ao fiscal da sala outro caderno.
Não serão aceitas reclamações posteriores.
- Para cada questão existe apenas UMA resposta certa.
- Leia cuidadosamente cada uma das questões e escolha a resposta certa.

- Essa resposta deve ser marcada na FOLHADE RESPOSTAS que você recebeu.

Capa de uma prova de concurso

Este texto é uma capa da prova de concurso. Nele se observa uma ordenação lógica, uma interlocução
direta com o leitor (o candidato ao cargo). Assim, a característica fundamental do texto instrucional é levar
o receptor a modificar comportamento, a agir de acordo com os preceitos emanados do texto, seguir a
sequência. Este tipo de texto é também chamado de injuntivo ou prescritivo. Apresenta em sua estrutura
procedimentos a serem seguidos.

O texto descritivo pode se manifestar por meio de vários gêneros textuais, como manual de
instrução, bula, capa de uma prova de concurso, os fragmentos enumerativos de um edital, receita etc.

2 – Narrativo

Diferentemente do texto descritivo, o narrativo é aquele que trabalha o movimento, as ações se


prolongam no tempo, sendo esta a característica principal. Narrar é contar uma história, baseando-se na
ótica do narrador (aquele que conta), sobre uma ou mais ações de personagem(ns), numa sequência
temporal, em determinado lugar. A história pode ser imaginária (ficção) ou real (fato). Pode ser contada por
alguém que é o pivô da história (narrador-personagem), ou por alguém que está testemunhando as ações
(narrador-observador). Quando há o narrador-personagem, há verbos ou pronomes em primeira pessoa do
singular. Quando há narrador-observador, há verbos e pronomes em terceira pessoa.

Muitas vezes, quando o autor de um texto quer considerar um problema relevante na sociedade,
parte de um fato (narra uma pequena história real) e a partir dela tece suas considerações. Assim, pode-se
dizer que a primeira parte do texto é narrativa e a segunda é dissertativa, a qual será vista adiante.

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O texto narrativo pode se manifestar por meio de vários gêneros textuais, como piada, fábula,
parábola, conto, novela, crônica, romance, entrevista etc.

Eis um bom exemplo deste tipo de texto encontrado na prova do CESPE (médico perito INS), em que
os elementos da narrativa se fazem presentes.

A Revolta da Vacina

O Rio de Janeiro, na passagem do século XIX para o século XX, era ainda uma cidade de ruas estreitas
e sujas, saneamento precário e foco de doenças como febre amarela, varíola, tuberculose e peste. Os navios
estrangeiros faziam questão de anunciar que não parariam no porto carioca e os imigrantes recém-chegados
da Europa morriam às dezenas de doenças infecciosas.

Ao assumir a presidência da República, Francisco de Paula Rodrigues Alves instituiu como meta
governamental o saneamento e reurbanização da capital da República. Para assumir a frente das reformas,
nomeou Francisco Pereira Passos para o governo municipal. Este, por sua vez, chamou os engenheiros
Francisco Bicalho para a reforma do porto e Paulo de Frontin para as reformas no centro. Rodrigues Alves
nomeou ainda o médico Oswaldo Cruz para o saneamento.

O Rio de Janeiro passou a sofrer profundas mudanças, com a derrubada de casarões e cortiços e o
consequente despejo de seus moradores. A população apelidou o movimento de o “bota-abaixo”. O objetivo
era a abertura de grandes bulevares, largas e modernas avenidas com prédios de cinco ou seis andares.

Ao mesmo tempo, iniciava-se o programa de saneamento de Oswaldo Cruz. Para combater a peste,
ele criou brigadas sanitárias que cruzavam a cidade espalhando raticidas, mandando remover o lixo e
comprando ratos. Em seguida o alvo foram os mosquitos transmissores da febre amarela.

Finalmente, restava o combate à varíola. Autoritariamente, foi instituída a lei de vacinação


obrigatória. A população, humilhada pelo poder público autoritário e violento, não acreditava na eficácia da
vacina. Os pais de família rejeitavam a exposição das partes do corpo a agentes sanitários do governo.

A vacinação obrigatória foi o estopim para que o povo, já profundamente insatisfeito com o “bota-
abaixo” e insuflado pela imprensa, se revoltasse. Durante uma semana, enfrentou as forças da polícia e do
exército até ser reprimido com violência. O episódio transformou, no período de 10 a 16 de novembro de
1904, a recém-reconstruída cidade do Rio de Janeiro em uma praça de guerra, onde foram erguidas
barricadas e ocorreram confrontos generalizados.

Internet: <www.ccs.saude.gov.br> (com adaptações).

Observe os traços temporais que marcam a evolução dos acontecimentos, ao mesmo tempo em que
as ações vão sendo desenvolvidas num cenário (Rio de Janeiro). Veja os elementos temporais: “na passagem
do século XIX para o século XX”; “Ao assumir a presidência da República”; “Ao mesmo tempo”; “Em seguida”;
“Finalmente”; “Durante uma semana”; “no período de 10 a 16 de novembro de 1904”.

Com isso, observa-se que há uma história sendo contada por alguém que não participou dela
(narrador-observador). Ele não tem necessidade de se posicionar diante de alguma situação, o que se

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pretende com o texto é narrar um fato que ocorreu no Rio de Janeiro. Como o texto se fundamenta na
informação, diz-se que há um ponto de vista objetivo.

Com base no texto acima, resolva as questões a seguir:

11. (CESPE / Médico Perito INSS nível superior)


O texto faz um histórico da Revolta da Vacina, ocorrida no Rio de Janeiro, mostrando explicitamente o ponto
de vista do autor acerca do tema.

Comentário: Realmente houve um histórico sobre a Revolta Vacina, pois foram narrados os fatos que a
cercaram. Mas o erro está em dizer que houve ponto de vista explícito do autor acerca do tema. Houve
apenas a narrativa do fato, o narrador não faz considerações, por isso não toma nenhum ponto de vista
explicitamente.

Gabarito: E

12. (CESPE / Médico Perito INSS nível superior)


O texto apresenta marcadores que evidenciam a progressão da narrativa, tais como “Ao mesmo tempo” e
“Finalmente”.

Comentário: Estas são algumas das expressões que marcam a evolução do tempo, típica estrutura de texto
narrativo.

Gabarito: C

13. (CESPE / MPU Técnico)


A partir de uma ação do Ministério Público Federal (MPF), o Tribunal Regional Federal da 2ª Região
(TRF2) determinou que a Google Brasil retirasse, em até 72 horas, 15 vídeos do YouTube que disseminam o
preconceito, a intolerância e a discriminação a religiões de matriz africana, e fixou multa diária de R$
50.000,00 em caso de descumprimento da ordem judicial. Na ação civil pública, a Procuradoria Regional dos
Direitos do Cidadão (PRDC/RJ) alegou que a Constituição garante aos cidadãos não apenas a obrigação do
Estado em respeitar as liberdades, mas também a obrigação de zelar para que elas sejam respeitadas pelas
pessoas em suas relações recíprocas.
Predomina no texto em apreço o tipo textual narrativo.

Comentário: O texto realmente é narrativo, pois conta um fato passado. Isso é confirmado por meio de
verbos no tempo pretérito perfeito do indicativo, como “determinou”, “fixou”, “alegou”. Além disso,
conseguimos perceber os personagens das ações, como “Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2)” e
“Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC/RJ)”.

Assim, conseguimos entender uma evolução temporal, ações, personagens e lugar (Brasil), elementos
importantes para observarmos o predomínio do texto narrativo.

Gabarito: C

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Veja outro exemplo de narrativa, agora com o ponto de vista subjetivo, pois o narrador se coloca na
história:

"O pungente amor"

A descoberta da poesia de Carlos Drummond de Andrade, em 1949, atingiu-me de maneira


contraditória: chocou-me e obrigou-me a mudar de rumo.

Para que se entenda melhor o que ocorreu, devo esclarecer que a poesia que fazia até ali nascera da
leitura dos parnasianos, com os quais aprendera a compor sonetos rigorosamente rimados e metrificados.
Ignorava a poesia moderna. Alguns "sonetos brancos" de Murilo Mendes publicados num jornal da cidade
impressionaram-me, mas não me ganharam. Foi a leitura de Poesia até agora, de Drummond, que provocou
o choque. Havia no livro um poema intitulado "Lua diurética". Fiquei perplexo: aquilo não podia ser poesia,
disse-me, pois poesia para mim era, por exemplo, "Ora direis, ouvir estrelas, certo/ perdeste o senso..." ou
"Hão de chorar por ela os cinamomos...". Lua diurética não tinha nada a ver...

Mas não conseguia largar o livro de Drummond. Lia e relia alguns dos poemas que mais me
perturbavam. E terminei tomando uma decisão: ler os críticos modernos para entender o que era de fato
aquela poesia antipoética.

E assim, na Biblioteca Pública, descobri O empalhador de passarinhos, de Mário de Andrade, As cinzas


do purgatório, de Otto Maria Carpeaux. Não sei se entendi direito o que diziam, não me lembro. Mas terminei
por admitir que havia uma nova poesia, distinta da que conhecia, cujo mérito era exatamente estar ligada
ao cotidiano. Em breve rendia-me ao fascínio de poemas como "Onde há pouco falávamos" e "Viagem na
família" ("Fala fala fala fala/ Puxava pelo casaco/ que se desfazia em barro"). Uma outra dimensão da
realidade se revelava a meus sentidos.

É verdade que passei a ler ao mesmo tempo todos os poetas modernos que me caíam nas mãos:
Bandeira, Jorge de Lima, Murilo Mendes, Mário de Andrade. E poetas estrangeiros, como Rilke, Eliot e, mais
tarde, Rimbaud, Lautréamont, Mallarmé e Artaud... O que bebi neles amontoou-se dentro de mim, fundiu-
se, virou sangue, fala, fogo - um magma que me temperou e me fez nascer de novo.

A verdade é que, agora, quando releio alguns dos poemas de Drummond daquela época, me
reconheço neles, percebo que sua fala está entranhada na minha, que aprendi com ele o "o pungente amor"
da vida.

Ferreira Gullar. In: http://revistacult.uol.com.br/website/dossie

Fica fácil perceber o ponto de vista subjetivo, pois notamos no texto expressões que marcam um
posicionamento do narrador em primeira pessoa e um envolvimento emocional no que menciona, como se
vê em “atingiu-me de maneira contraditória: chocou-me e obrigou-me a mudar de rumo”, “devo esclarecer
que”, “Fiquei perplexo”, “não conseguia largar o livro de Drummond”, “Lia e relia alguns dos poemas que
mais me perturbavam. E terminei tomando uma decisão: ler os críticos modernos para entender o que era de
fato aquela poesia antipoética.”.

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3 – Dissertativo

Dissertar é um processo em que o emissor transmite conhecimento, relata, expõe ideias, discorre
sobre determinado assunto, argumenta. De certa maneira, o texto mostra o ponto de vista que o autor tem
de determinado assunto, fundamentado em argumentos e raciocínios baseados em sua vivência,
conhecimento, posturas.

É certo dizer que ele engloba um conjunto de juízos. É próprio de temas abstratos e usado em textos
críticos, teses, exposição, explanação e argumentação.

Dependendo do ponto de vista, da organização e do conteúdo, a dissertação pode simplesmente


relatar saberes científicos, dados estatísticos, etc ou pode também buscar defender um princípio, uma visão
parcial ou não de um assunto, apresentando argumentos precisos, exemplos, contradições, comparações,
causas etc, para defender suas ideias. Sua estrutura normalmente é a seguinte:

1) Introdução: é o parágrafo que abre a discussão ou simplesmente expõe a informação principal, da


qual se partirá nos próximos parágrafos à exemplificação, explicação, etc. Neste parágrafo normalmente se
encontra o tópico frasal, o qual também é entendido como tese, cuja função é transmitir a opinião do autor,
o centro da informação.

2) Desenvolvimento: pode ser composto de um ou mais parágrafos, os quais servem para ampliar e
analisar o conteúdo informado na introdução. Nele, encontramos os procedimentos argumentativos, que
podem conter a relação de causa e consequência, exemplificações, contrastes, citações de autoridades no
assunto. Enfim, é o debate ou simplesmente o mergulho nas implicações do tema.

3) Conclusão: é o fechamento da informação, seja ela crítica ou não. Muitas vezes iniciadas por
elementos como “Portanto”, “Em suma”, “Enfim”, etc. Nela há normalmente a ratificação, confirmação da
tese, tomando por base os argumentos dos parágrafos de desenvolvimento.

O texto dissertativo pode se manifestar por meio de vários gêneros textuais, como editorial, artigo
de opinião, carta de leitor, os diversos discursos políticos, de defesa, de acusação, resenhas, relatórios, textos
publicitários etc.

Com base nisso, a dissertação se divide em dois tipos:

1 – Dissertativo-expositivo

Quando o autor apenas transmite os saberes de uma comunidade (como em livros didáticos,
enciclopédias etc), não colocando sua opinião sobre o assunto, mas apenas os dados objetivos.

Veja alguns exemplos de texto dissertativo-expositivo:

Ferramenta que devolve spam ao emissor já é realidade

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Uma nova ferramenta para combater a praga do spam foi recentemente desenvolvida. O sistema é
capaz de devolver os e-mails inconvenientes às pessoas que os enviaram, e está estruturado em torno de uma
grande base de dados que contém os números de identificação dos computadores que enviam spam. Depois
de identificar os endereços de onde procedem, o sistema reenvia o e-mail ao remetente.

A empresa que desenvolveu o sistema assinalou que essa ferramenta minimiza o risco de ataques de
phishing, a prática que se refere ao envio maciço de e-mails que fingem ser oficiais, normalmente de uma
entidade bancária, e que buscam roubar informação como dados relativos a cartões de crédito ou senhas.

Internet: <http://informatica.terra.com.br>. Acesso em mar./2005 (com adaptações).

(Prova: ANS / 2005 / superior/ CESPE)

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

(Excerto da CF/88. In: http://www.planalto.gov.br)

Não se nota em nenhum dos dois textos a intervenção do autor, sinalizando sua opinião. Houve
apenas a exposição de fato (no primeiro) e de dado conceitual (no segundo).

Note que nesses dois textos não houve a opinião do autor. A base deles foi a transmissão do saber, a
informação. Por isso são textos dissertativo-expositivos.

2 – Dissertativo-argumentativo ou opinativo

Quando o autor transmite sua opinião dentro do texto. Geralmente é o que a banca CESPE cobra nos
concursos, tanto em interpretação de textos quanto na elaboração de redações.

Veja alguns exemplos de texto dissertativo-argumentativo:

Existe, por certo, um abismo muito largo e profundo entre a cosmovisão dos médicos em geral
(fundada em sua leitura dos fenômenos biológicos) e as concepções de vida da vasta maioria da população.
Salta à vista, na abordagem do assunto (a ética e a verdade do paciente), que se fica, mais uma vez, diante
da pergunta feita por Pôncio Pilatos a Jesus Cristo, encarando, como estava, um homem pleno de sua
verdade, “O que é a verdade?” E é evidente que um e outro se cingiam a verdades díspares.

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Dalgimar Beserra de Menezes. A ética médica e a verdade do paciente. In: Desafios éticos, p. 212-5 (com
adaptações). (Prova: ANS / 2005 / superior)

Note a opinião do autor logo na declaração inicial do texto: “Existe, por certo, um abismo muito largo
e profundo entre a cosmovisão dos médicos em geral...”. A expressão “por certo” é chamada de
modalizadora, tendo em vista que sugere uma visão, um posicionamento do autor. No fechamento do texto
(“E é evidente que um e outro se cingiam a verdades díspares.”), também encontramos o modalizador: “é
evidente”.

Assim, notamos no texto anterior um texto dissertativo-argumentativo ou opinativo.

Vamos a mais um exemplo:

Com pouco mais de meio século de atividade da indústria automobilística no Brasil, de acordo com
registros, foram vendidos 2,5 milhões de carros. Contraposto aos sucessivos recordes de congestionamentos
nas grandes cidades brasileiras, esse resultado expõe as fragilidades de um modelo de desenvolvimento e
urbanização que privilegia o transporte motorizado individual, prejudica a mobilidade e até a produtividade
das pessoas. O carro, no entanto, não é o único vilão. A solução para o problema da mobilidade passa pela
criação de alternativas ao uso do transporte individual.

“Como as opções alternativas ao transporte individual são pouco eficientes, pela falta de conforto,
segurança ou rapidez, as pessoas continuam optando pelos automóveis, motocicletas ou mesmo táxis, ainda
que permaneçam presas no trânsito”, afirma S. G., profissional da área de desenvolvimento sustentável.
Contudo, restringir o uso do carro não resolve o problema. De acordo com consultores em transportes, a
tecnologia é uma das ferramentas para equacionar o problema do trânsito, desde que escolhida e
implementada com competência.

Enfrentamento do problema da mobilidade determinará futuro das grandes metrópoles.

In: Revista Ideia Socioambiental. São Paulo. Internet: <www.ideiasocioambiental.com.br>. (com adaptações). (Prova:
DETRAN 2010 Médio)

Uma situação clara de posicionamento do autor se encontra na expressão “Contudo, restringir o uso
do carro não resolve o problema.”.

Vamos explorar mais um pouco os pontos de vista do autor:

Ponto de vista:

Os diversos tipos de texto são expressos por um emissor, que orienta o leitor sobre o que se quer
defender, criticar, contrastar. Esse ponto de vista pode ser objetivo ou subjetivo.

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Subjetivo:

É subjetivo (intimista) o texto em que a impressão do autor extrapola a razão, a informação do texto.
Logicamente todo texto possui de alguma forma a opinião do autor, aquilo em que ele acredita. Mas isso
pode se dar de forma velada (mascarada) ou enfática. No texto subjetivo, o autor se mostra pelo uso de
verbos e pronomes em primeira pessoa, com vocabulário depreciativo ou demasiado valorativo. A intenção
é mostrar sua insatisfação, supervalorização, baseado na emoção, no sentimento.

Como a linguagem é dinâmica e é por meio dela que o texto se veicula, não se pode ser categórico ao
se analisar o tipo de texto, nem mesmo seu ponto de vista; pois tudo depende da intenção do autor. Um
texto pode ser objetivo, mas com alguns traços de subjetividade, assim como um texto altamente subjetivo
pode possuir traços de objetividade. Leia o texto a seguir, extraído do blog de Diogo Mainard, colunista da
Revista Veja. Perceba nele os verbos e pronomes em primeira pessoa, certos vocábulos que mostram a
liberdade expressiva de sua opinião altamente pessoal. Isso caracteriza o texto dissertativo-argumentativo,
com ponto de vista subjetivo:

O leitor de VEJA já sabe o que esperar de mim: em matéria de prognósticos eleitorais, eu erro
fatalmente, eu erro teimosamente, eu erro rumorosamente. Nos primeiros meses de 2008, prognostiquei que
a candidata petista chegaria em quinto lugar. Dois anos e meio depois, estou aqui reivindicando meu erro.
Errei, errei, errei.

É bom errar. É bom repetir que errei. Só há um aspecto de meu trabalho de que realmente me orgulho:
eu nunca tentei compreender a mente ou o comportamento de meus compatriotas. Eu me atormentaria se
um dia, mesmo que por engano, acabasse acertando um resultado eleitoral. Os valores aos quais sou mais
apegado ruiriam. Quem compreende a mente e o comportamento dos brasileiros é Valdemar Costa Neto.
Quem compreende a mente e o comportamento dos brasileiros é a Mulher Melancia. Quem compreende a
mente e o comportamento dos brasileiros é Chico Buarque. Eles sabem o que os brasileiros querem. Eu só sei
o que os brasileiros repelem. Eles repelem Antonello da Messina e Memling. Eles repelem Pitágoras e
Empédocles.

De todos os nossos escritores, o único que conseguiu compreender a mente e o comportamento dos
brasileiros foi Euclides da Cunha. Eu sempre recorro a ele quando tenho de tratar do assunto. Ele é meu
Valdemar Costa Neto particular. Euclides da Cunha podia interpretar o caráter de uma pessoa a partir do
formato e da medida de suas orelhas ou de sua testa. Eu me pergunto como ele teria interpretado o formato
e a medida das orelhas de um eleitor do PT, como Chico Buarque.

http://veja.abril.com.br/blog/mainardi/

A repetição de palavras, o emprego da primeira pessoa e a escolha vocabular marcam uma evidência
de uma postura altamente subjetiva no texto, como se observa em “eu erro fatalmente, eu erro
teimosamente, eu erro rumorosamente”; “Errei, errei, errei.”; “É bom repetir que errei.”, “eu nunca tentei
compreender a mente ou o comportamento de meus compatriotas”.

Aqui apenas marquei alguns, mas o texto é recheado de postura subjetiva.

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Objetivo:

O ponto de vista objetivo procura basear-se em fatos, argumentos, informações, evitando


transparecer a opinião pessoal do autor. O texto continua sendo opinativo, mas o autor mascara sua opinião
para ganhar credibilidade. Para isso se baseia em argumentos de autoridade (especialistas entendidos no
assunto, leis, regulamentos), pensamentos filosóficos, máximas, etc. Tudo para fugir da impressão, do “eu
acho”. Quanto mais dados para consubstanciar a opinião “velada” do autor, melhor para a sustentação dos
argumentos, tornando o texto objetivo, com verbos e pronomes normalmente em terceira pessoa.

Veja um exemplo de trecho dissertativo-argumentativo, com ponto de vista objetivo.

O homem e a natureza

A ideia de que a natureza existe para servir o homem seria apenas ingênua, se não fosse
perigosamente pretensiosa.

Essa crença lançou raízes profundas no espírito humano, reforçada por doutrinas que situam
corretamente o homo sapiens no ponto mais alto da evolução, mas incidem no equívoco de fazer dele uma
espécie de finalidade da criação. Pode-se dizer com segurança que nada na natureza foi feito para alguma
coisa, mas pode-se crer em permuta e equilíbrio entre seres e coisas. A aquisição de características muito
específicas como a linguagem, raciocínio lógico, memória pragmática, noção de tempo e capacidade de
acumular não fizeram do homem um ser superior no sentido absoluto, mas apenas mais bem dotado para
determinados fins.

Isso não lhe confere autoridade para pretender que todo o resto do universo conhecido deve prestar-
lhe vassalagem, como de fato ainda pretende a maioria das pessoas com poder decisório no mundo.

Lisboa, Luiz Carlos. Olhos de ver, ouvidos de ouvir. Rio de Janeiro, Difel, 1977.

Note que o texto é iniciado por uma ideia geral (a natureza não existe para servir o homem) que será
desenvolvida em seguida. Há várias inserções do autor, que provam sua opinião, em terceira pessoa. São os
chamados modalizadores:

“Pode-se dizer com segurança...”; “pode-se crer em permuta e equilíbrio...”; “Isso não lhe confere
autoridade...”; “...como de fato ainda pretende a maioria das pessoas com poder decisório no mundo...”.

É claro que um texto não terá apenas uma tipologia textual. Muitas vezes terá as três num só texto,
mas vale o que predomina, aquele que transmite a ideia central, o objetivo.

Vamos a mais algumas questões-modelo:

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14. (CESPE / Antaq Técnico)


Um dos principais desafios para o Brasil é conhecer a Amazônia. Sua vocação eminentemente hídrica
impõe, ao longo dos séculos, a necessidade do deslocamento de seus habitantes através dos rios. Muito
antes da chegada dos colonizadores na Amazônia, os nativos já utilizavam canoas. Ainda hoje, grande parte
da população amazônica vive da pesca. Além disso, o deslocamento do ribeirinho se faz através da infinidade
de rios que retalham a grandeza territorial.
Mas para conhecer a Amazônia de verdade é preciso entender sua posição estratégica para o país.
Os rios são a chave para esse conhecimento. São as estradas que a natureza construiu e em cujas margens
se desenvolveram inúmeras povoações. Portanto, é impossível pensar em Amazônia sem associar a
importância que os rios têm para o desenvolvimento econômico e social. Eles devem ser vistos como os
grandes propulsores do desenvolvimento sustentável da região.
Domingos Savio Almeida Nogueira. In: Internet: <www.portosenavios.com.br/artigos> (com adaptações).

Predomina no texto a narração, já que nele se identificam um cenário e uma ação.

Comentário: É fácil perceber que o texto não é narrativo. Ele é dissertativo. Note que o autor lança uma tese
“Um dos principais desafios para o Brasil é conhecer a Amazônia.”. Em seguida, discorre sobre algumas
considerações a respeito da Amazônia.

Para confirmar que o texto é dissertativo, veja os tempos verbais: os verbos estão
predominantemente no presente (“é”, “impõe”, “vive”, “faz”, “são”), o que confirma algumas considerações
do autor a respeito do tema. Já a narrativa se baseia em contar uma história. Assim, deve-se utilizar de verbos
no passado, o que pouco ocorreu neste texto. Com isso, notamos que a afirmativa está errada.

Gabarito: E

15. (CESPE / Antaq Técnico)


Alexandria, no Egito, reinou quase absoluta como centro da cultura mundial no período do século III
a.C. ao século IV d.C. Sua famosa Biblioteca continha praticamente todo o saber da Antiguidade em cerca de
700.000 rolos de papiro e pergaminho e era frequentada pelos mais conspícuos sábios, poetas e
matemáticos.
A Biblioteca de Alexandria estava muito próxima do que se entende hoje por Universidade. E faz-se
apropriado o depoimento do insigne Carl B. Boyer, em A História da Matemática: “A Universidade de
Alexandria evidentemente não diferia muito de instituições modernas de cultura superior. Parte dos
professores provavelmente se notabilizou na pesquisa, outros eram melhores como administradores e
outros ainda eram conhecidos pela sua capacidade de ensinar.”
Em 47 a.C., envolvendo-se na disputa entre a voluptuosa Cleópatra e seu irmão, o imperador Júlio
César mandou incendiar a esquadra egípcia ancorada no porto de Alexandria. O fogo se propagou até as
dependências da Biblioteca, queimando cerca de 500.000 rolos.

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Em 640 d.C., o califa Omar ordenou que fossem queimados todos os livros da Biblioteca, utilizando o
seguinte o argumento: “ou os livros contêm o que está no Alcorão e são desnecessários ou contêm o oposto
e não devemos lê-los.”
A destruição da Biblioteca de Alexandria talvez tenha representado o maior crime contra o saber em
toda a história da humanidade.
Se vivemos hoje a era do conhecimento é porque nos alçamos em ombros de gigantes do passado. A
Internet representa um poderoso agente de transformação do nosso modus vivendi et operandi.
É um marco histórico, um dos maiores fenômenos de comunicação e uma das mais democráticas
formas de acesso ao saber e à pesquisa. Mas, como toda inovação, a Internet tem potencial cuja dimensão
não deve ser superdimensionada. Seu conteúdo é fragmentado, desordenado e, além disso, cerca de metade
de seus bites é descartável.
Jacir J. Venturi. Internet: <www.geometriaanalitica.com.br> (com adaptações).

Nesse texto, que pode ser classificado como artigo de opinião, identificam-se trechos narrativos e
dissertativos.

Comentário: Esta questão abordou o gênero textual, conforme previa o edital deste concurso. O artigo de
opinião se baseia, como o próprio nome sugere, na expressão da opinião livre de seu autor. Com base em
alguns fundamentos (legais, de especialistas, ou dados técnicos), o autor fica livre para dar sua opinião, às
vezes, recomendando ações, chamando a atenção do leitor a determinada situação etc.

Bom, importa observar que a questão também se baseou na tipologia textual, pois podemos verificar
no texto um histórico, passagens como o terceiro e quarto parágrafos, em que os verbos aparecem no
passado, marcando ações, movimentos. Além disso, fica fácil perceber os elementos da narrativa, como
tempo, cenário, personagens, falas, isto é, tudo que percebemos numa história. Veja:

Em 47 a.C., envolvendo-se na disputa entre a voluptuosa Cleópatra e seu irmão, o imperador Júlio
César mandou incendiar a esquadra egípcia ancorada no porto de Alexandria. O fogo se propagou até as
dependências da Biblioteca, queimando cerca de 500.000 rolos.

Em 640 d.C., o califa Omar ordenou que fossem queimados todos os livros da Biblioteca, utilizando o
seguinte o argumento: “ou os livros contêm o que está no Alcorão e são desnecessários ou contêm o oposto
e não devemos lê-los.”

Resta claro perceber os trechos dissertativos, como os dois parágrafos seguintes à narrativa acima.
Veja:

A destruição da Biblioteca de Alexandria talvez tenha representado o maior crime contra o saber em
toda a história da humanidade.

Se vivemos hoje a era do conhecimento é porque nos alçamos em ombros de gigantes do passado. A
Internet representa um poderoso agente de transformação do nosso modus vivendi et operandi.

É um marco histórico, um dos maiores fenômenos de comunicação e uma das mais democráticas
formas de acesso ao saber e à pesquisa.

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O quinto parágrafo já se inicia com uma consideração do autor, ao afirmar que a destruição de tal
biblioteca representaria, segundo ele, o maior crime contra o saber em toda a história da humanidade. Isso
é uma opinião. Pode haver gente que concorde, pode haver gente que discorde. Perceba os verbos no
presente, o que reforça o discurso argumentativo.

Dessa forma, realmente, o texto possui passagens narrativas e dissertativas.

Gabarito: C

Como as questões partem sempre de um texto grande e há apenas uma questão de


tipologia textual (quando há), vamos, a partir de agora, misturar as questões de
interpretação e tipologia textual, para que você tenha um ritmo melhor de estudo.

Texto CG3A3-I 1
O dito popular que defende a prevenção como melhor remédio tem tanta afinidade com o dia a dia
da administração pública que, ouso afirmar, poderia ser tido como princípio implícito de nosso ordenamento
constitucional.
Em outros termos, quando se trata da coisa pública, o “errar é humano” não vale, não pode valer. E
não porque o ser humano não possa errar, mas porque, direta ou indiretamente, o erro custa muito caro à
sociedade.
O contrato superfaturado, a obra malfeita ou inacabada e o serviço mal prestado constituem enorme
desrespeito ao contribuinte. Além de causarem grande prejuízo a toda a coletividade, acabam sendo
também os grandes responsáveis pelo sentimento de ausência do Estado.
Diversas são as demandas da sociedade, e o administrador, preso às limitações de um orçamento, ao
eleger determinado investimento como prioridade, naturalmente relega outros. Por isso, cautela e
planejamento devem ser as palavras de ordem para o gasto público, sob todos os enfoques, especialmente
nas contratações.
A matemática é simples: quantos gestores, no exercício de suas administrações, conseguiram
ressarcir os prejuízos de contratos considerados irregulares pelos tribunais de contas, por superfaturamento,
deficiência na execução ou qualquer outra ilegalidade? A prática mostra que, uma vez executado e pago o
serviço, feito está, pois não se recupera todo o dinheiro público gasto irregularmente. Ao contrário, o
dispêndio público só aumenta: são abertos procedimentos de apuração interna de responsabilidades,
inquéritos civis, ações civis públicas... enfim, movimenta-se ainda mais a máquina pública, e pouco, muito
pouco, é recuperado.

Dimas Ramalho. É melhor prevenir que remediar. Internet: https://www.tce.sp.gov.br/ (com adaptações).

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16. (CESPE / MPC-PA Conhecimentos básicos nível médio 2019)


Infere-se do texto CG3A3-I que, com relação aos gastos da administração pública, é melhor prevenir do que
remediar porque
A) a administração pública não dispõe de verba para ressarcir eventuais prejuízos causados ao cidadão.
B) o erro custa muito caro à sociedade.
C) erros não são admitidos na administração pública.
D) gastos indevidos refletem ausência de cautela e planejamento.
E) o dinheiro público gasto irregularmente nunca é recuperado.

Comentário: A alternativa (A) está errada, pois contraria o texto ao afirmar que a administração pública não
dispõe de verba para ressarcir eventuais prejuízos causados ao cidadão, uma vez que, no texto, há a
afirmação de que o dinheiro não é completamente recuperado, consegue-se recuperar muito pouco.
Confirme:

A prática mostra que, uma vez executado e pago o serviço, feito está, pois não se recupera todo o dinheiro
público gasto irregularmente. Ao contrário, o dispêndio público só aumenta: são abertos procedimentos de
apuração interna de responsabilidades, inquéritos civis, ações civis públicas... enfim, movimenta-se ainda
mais a máquina pública, e pouco, muito pouco, é recuperado.

A alternativa (B) é a correta, pois o texto afirma literalmente que o erro custa muito caro à sociedade.
Confirme:

E não porque o ser humano não possa errar, mas porque, direta ou indiretamente, o erro custa muito caro à
sociedade.

A alternativa (C) está errada, pois a afirmativa traz uma certeza, a de que erros não são admitidos na
administração pública, enquanto o texto traz uma possibilidade, afirmando que o erro não pode valer.
Confirme:

Em outros termos, quando se trata da coisa pública, o “errar é humano” não vale, não pode valer.

A alternativa (D) está errada, pois extrapola o conteúdo do texto quando afirma que gastos indevidos
refletem ausência de cautela e planejamento, em que o autor afirma que planejamento e cautela devem
fazer parte na hora de se pensar o gasto público. Confirme:

Diversas são as demandas da sociedade, e o administrador, preso às limitações de um orçamento, ao eleger


determinado investimento como prioridade, naturalmente relega outros. Por isso, cautela e planejamento
devem ser as palavras de ordem para o gasto público, sob todos os enfoques, especialmente nas
contratações.

A alternativa (E) está errada, pois contraria o texto ao afirmar que o dinheiro público gasto
irregularmente nunca é recuperado, quando, na verdade, pouco se recupera desse dinheiro. Confirme:

... enfim, movimenta-se ainda mais a máquina pública, e pouco, muito pouco, é recuperado.

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Gabarito: B

17. (CESPE / MPC-PA Conhecimentos básicos nível médio 2019)


No texto CG3A3-I, a palavra “ressarcir” (linha 15) foi empregada com o mesmo sentido de
A) confiscar.
B) indenizar.
C) evitar.
D) transferir.
E) reduzir.

Comentário: A palavra “ressarcir” foi empregada no sentido de devolver, compensar, indenizar. Comprove
relendo o trecho: conseguiram ressarcir os prejuízos de contratos considerados irregulares pelos tribunais de
contas.

Portanto, a alternativa (B) é a correta.

Gabarito: B

Texto CG3A3-II 1
Nascido em 1902, nos Estados Unidos da América, Theodore Schultz foi o primeiro acadêmico que
efetivamente sistematizou a relação existente entre aumento de investimentos em educação e aumento de
produtividade e salários no setor agrícola — e, claro, na economia como um todo.
Em seus estudos, o economista comparou a situação de desequilíbrio entre países pobres, cuja
capacidade de produção agrícola é baixa, e países ricos, de alta capacidade produtiva. Nessa análise,
percebeu-se que os países desenvolvidos possuíam muito mais dinheiro investido no chamado capital
humano, mais especificamente em educação.
Notavelmente, educação traz desenvolvimento econômico e social, além de gerar, em um contexto
micro, habilidades para o indivíduo que possam ser aproveitadas tanto por ele quanto por outros ao seu
redor — fato já conhecido por Schultz. Contudo, o pesquisador foi além e sistematizou a influência da
educação sobre a riqueza de uma nação. Ele analisou a economia norte-americana e percebeu que a maior
parte do crescimento econômico do país estava associada ao capital humano, materializado em
investimentos em educação, e não no capital físico.
Ainda nesse estudo, Schultz analisou os custos da educação. Além do óbvio custo material
(professores, infraestrutura e material escolar), há outros custos que envolvem, principalmente, tempo:
pessoas que trabalhariam passam a estudar — não produzindo, nem ganhando salários. Assim, Schultz
concluiu que há custos para as pessoas (deixar de ganhar dinheiro com trabalho para estudar) e
eventualmente para o governo (pagar a educação das pessoas sem que elas produzam).
Seu trabalho o levou à conclusão de que países que investem mais em educação tendem a ser mais
ricos. Segundo ele, mesmo que isso tenha um custo, quanto mais se investir na capacitação das pessoas,
mais produtiva e rica uma nação será, de modo que os efeitos tendem a ser mais positivos que negativos.
Internet: https://www.tce.sp.gov.br/ (com adaptações).

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18. (CESPE / MPC-PA Conhecimentos básicos nível médio 2019)


De acordo com o texto CG3A3-II, os países desenvolvidos, em comparação com os países pobres,
A) gastam mais com capital físico do que com capital humano.
B) despendem mais capital na área de educação.
C) demandam da população mais gastos com educação.
D) contam com um passado histórico de alta produtividade no setor agrícola.
E) estão mais aptos a enfrentar as mudanças econômicas do mundo atual.

Comentário: A alternativa (A) está errada, pois menciona o oposto do que está no texto. Os EUA investem
mais em capital humano do que em capital físico. Confirme:

Ele analisou a economia norte-americana e percebeu que a maior parte do crescimento econômico do país
estava associada ao capital humano, materializado em investimentos em educação, e não no capital físico.

A alternativa (B) é a correta, pois o texto afirma que os países desenvolvidos investem mais em
educação. Confirme:

os países desenvolvidos possuíam muito mais dinheiro investido no chamado capital humano, mais
especificamente em educação.

A alternativa (C) está errada, pois contraria o texto, uma vez que o governo é que gasta com a
educação e não a população. O prejuízo da população que estuda é que ela não trabalha e,
consequentemente, não ganha dinheiro. Confirme:

Assim, Schultz concluiu que há custos para as pessoas (deixar de ganhar dinheiro com trabalho para estudar)
e eventualmente para o governo (pagar a educação das pessoas sem que elas produzam).

A alternativa (D) está errada, pois extrapola o texto ao mencionar o passado histórico dos países ricos,
visto que no texto o autor não menciona o passado desses países.

A alternativa (E) está errada, pois extrapola o texto ao mencionar que os países desenvolvidos estão
mais aptos a enfrentar as mudanças econômicas do mundo atual.

Gabarito: B

19. (CESPE / MPC-PA Conhecimentos básicos nível médio 2019)


Infere-se do texto CG3A3-II que o investimento em educação
A) é condição necessária para o crescimento socioeconômico de países pouco desenvolvidos.
B) envolve mais custos materiais, como gastos com professores e infraestrutura, que custos de outra
natureza.
C) provoca, em curto prazo, aumento de salário para o indivíduo em processo de capacitação.
D) garante a inserção dos melhores profissionais no mercado de trabalho em diversos setores da economia.

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E) contribui positivamente para a riqueza de uma nação, apesar de eventuais impactos negativos que
possam dele decorrer

Comentário: A alternativa (A) está errada, pois extrapola o conteúdo do texto, visto que o autor conclui que
os países que investem em educação tendem a ser mais ricos, mas não podemos afirmar que isso é condição
necessária para o crescimento socioeconômico de países pouco desenvolvidos, pois o autor fez apenas uma
comparação e analisou a economia dos países ricos. Confirme:

Nessa análise, percebeu-se que os países desenvolvidos possuíam muito mais dinheiro investido no chamado
capital humano, mais especificamente em educação.

A alternativa (B) está errada, pois especifica muito os custos do investimento em educação, uma vez
que o autor afirma que Além do óbvio custo material (professores, infraestrutura e material escolar), há
outros custos que envolvem, principalmente, tempo: pessoas que trabalhariam passam a estudar — não
produzindo, nem ganhando salários.

A alternativa (C) está errada, pois extrapola o texto, visto que o autor não faz menção ao aumento de
salário do indivíduo em curto prazo. O que o autor menciona é que a educação traz desenvolvimento
econômico e social, além de gerar, em um contexto micro, habilidades para o indivíduo que possam ser
aproveitadas tanto por ele quanto por outros ao seu redor.

A alternativa (D) está errada, pois extrapola o texto, visto que o autor não comenta que o
investimento em educação garante a inserção dos melhores profissionais no mercado de trabalho em
diversos setores da economia.

A alternativa (E) é a correta, pois podemos depreender do trecho a seguir que, apesar de alguns
impactos negativos devido ao custo, o investimento em educação contribui positivamente para a riqueza de
uma nação. Confirme:

Seu trabalho o levou à conclusão de que países que investem mais em educação tendem a ser mais ricos.
Segundo ele, mesmo que isso tenha um custo, quanto mais se investir na capacitação das pessoas, mais
produtiva e rica uma nação será, de modo que os efeitos tendem a ser mais positivos que negativos.

Gabarito: E

20. (CESPE / MPC-PA Conhecimentos básicos nível médio 2019)


No texto CG3A3-II, a palavra “principalmente” (linha 18) foi empregada com o mesmo sentido de
A) inevitavelmente.
B) especialmente.
C) frequentemente.
D) realmente.
E) possivelmente.

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Comentário: A palavra “principalmente” foi empregada no sentido de apontar algo primordial, especial.
Logo, a alternativa (B) é a correta.

Gabarito: B

(CESPE / MPC-PA Analista - Ministerial Controle Interno e Externo 2019)

Texto CG2A1-I
Na década de 1960, o mundo passou por um aumento populacional inédito devido à brusca queda na
taxa de mortalidade, o que gerou preocupações sobre a capacidade dos países em produzir comida para
todos. A solução encontrada foi desenvolver tecnologia e métodos que aumentassem a produção.
Em 1981, o indiano ganhador do Prêmio Nobel de Economia, Amartya Sen, em seu livro Pobreza e Fomes,
identificou a existência de populações com fome mesmo em países que não convivem com problemas de
abastecimento. O economista indiano traçou então, pela primeira vez, uma relação causal entre fome e
questões sociais como pobreza e concentração de renda. Tirou, assim, o foco de aspectos técnicos e mudou
o tom do debate internacional sobre a questão e as políticas públicas a serem tomadas a partir daí.
As últimas décadas foram de grande evolução no combate à fome em escala global. Nos últimos 25 anos,
7,7% da população mundial superou o problema, o que representa 216 milhões de pessoas. É como se mais
que toda a população brasileira saísse da subnutrição em menos de três décadas. Contudo, 10,8% do mundo
ainda vive sem acesso a uma dieta que forneça o mínimo de calorias e nutrientes necessários para uma vida
saudável, e 21 mil pessoas morrem diariamente por fome ou problemas derivados dela.
Um estudo publicado em 2016 pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura) mostra que a produção mundial de alimentos é suficiente para atender a demanda das 7,3
bilhões de pessoas que habitam a Terra. Apesar disso, aproximadamente uma em cada nove dessas pessoas
ainda vive a realidade da fome. A pesquisa põe em xeque toda a política internacional de combate à
subnutrição crônica colocada em prática nas últimas décadas. Em vez de crescimento da produção e ajudas
momentâneas, surge agora como caminho uma abordagem territorial que valorize e potencialize a produção
local.
Embora os números absolutos estejam caindo, o tema ainda é um dos mais delicados da agenda
internacional. Um exemplo da extensão do problema está na declaração dada em 2017 pelo Fundo das
Nações Unidas para a Infância (UNICEF), segundo a qual 1,4 milhão de crianças, de quatro diferentes países
da África — Nigéria, Somália, Iêmen e Sudão do Sul —, corre risco iminente de morrer de fome. A questão é
tão antiga quanto complexa, e se conecta intrinsecamente com a estrutura política e econômica sobre a qual
o sistema internacional está construído. Concentração da renda e da produção, falta de vontade política e
até mesmo desinformação e consolidação de uma cultura alimentar pouco nutritiva são fatores que
compõem o cenário da fome e da desnutrição no planeta.

Internet:< www.nexojornal.com.br> (com adaptações).

21. (CESPE / MPC-PA Analista Ministerial – Controle Interno e Externo 2019)


Infere-se do texto CG2A1-I que uma das contribuições do estudo publicado em 2016 pela FAO foi
A) fornecer dados estatísticos inéditos acerca da situação da fome e da produção de alimentos no mundo.

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B) desconstruir a ideia de que a situação da fome no mundo decorre de escassez na produção mundial de
alimentos.
C) distinguir as consequências da política internacional de combate à subnutrição crônica em diferentes
países.
D) fortalecer as medidas de combate à fome centradas no aumento da produção mundial de alimentos.
E) propor a expansão das estratégias de combate à fome adotadas em diferentes países nas últimas décadas.

Comentário: A alternativa (A) está errada, pois contraria o texto, uma vez que o texto não traz apenas dados
estatísticos inéditos. Confirme:

As últimas décadas foram de grande evolução no combate à fome em escala global. Nos últimos 25 anos,
7,7% da população mundial superou o problema, o que representa 216 milhões de pessoas. É como se mais
que toda a população brasileira saísse da subnutrição em menos de três décadas. Contudo, 10,8% do mundo
ainda vive sem acesso a uma dieta que forneça o mínimo de calorias e nutrientes necessários para uma vida
saudável, e 21 mil pessoas morrem diariamente por fome ou problemas derivados dela.

A alternativa (B) é a correta, pois o estudo mostra que há alimento suficiente para todas as pessoas
que vivem na Terra, fato que desconstrói a ideia de que a situação da fome no mundo decorre de escassez
na produção mundial de alimentos. Confirme:

Um estudo publicado em 2016 pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura)
mostra que a produção mundial de alimentos é suficiente para atender a demanda das 7,3 bilhões de pessoas
que habitam a Terra. Apesar disso, aproximadamente uma em cada nove dessas pessoas ainda vive a
realidade da fome.

A alternativa (C) está errada, pois extrapola o conteúdo do texto, pois não são abordadas as
consequências da política internacional de combate à subnutrição crônica em diferentes países. O que o
texto comenta é que a política internacional de combate à subnutrição crônica está ameaçada, uma vez que
existem alimentos para todos, mas há uma parcela da população mundial que não possui acesso a eles.
Confirme:

A pesquisa põe em xeque toda a política internacional de combate à subnutrição crônica colocada em prática
nas últimas décadas.

A alternativa (D) está errada, pois contraria o texto, uma vez que não há necessidade de aumento da
produção de alimento, mas sim de medidas que levem esse alimento a quem precisa, uma vez que a
produção mundial de alimentos é suficiente para atender a demanda das 7,3 bilhões de pessoas que habitam
a Terra.

A alternativa (E) está errada, pois extrapola o conteúdo do texto, uma vez que o estudo não propõe
a expansão das estratégias de combate à fome adotadas em diferentes países nas últimas décadas, mas
sinaliza que deve haver uma abordagem territorial que valorize e potencialize a produção local.

Gabarito: B

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22. (CESPE / MPC-PA Analista Ministerial – Controle Interno e Externo 2019)


Embora busque chamar a atenção para o problema da fome, o autor do texto CG2A1-I reconhece que ela foi
reduzida em nível mundial. Para enfatizar no texto o que essa redução representa, o autor
A) cita diversos países africanos onde a fome assola a maioria da população pobre.
B) compara à população total brasileira a parcela da população mundial que, em menos de trinta anos,
superou a fome.
C) indica a obra Pobreza e Fomes, que rendeu ao autor indiano Amartya Sen o Prêmio Nobel de Economia
em 1981.
D) transcreve a opinião de especialistas sobre as medidas de combate à fome ao longo de anos.
E) apresenta dados estatísticos da FAO que alertam sobre a dimensão do problema da fome em nível
mundial.

Comentário: A alternativa (A) está errada, pois contraria o pedido da questão que pede a alternativa que
sinaliza a redução do problema da fome, uma vez que as crianças dos países africanos citados no texto
correm risco iminente de morrer de fome. Confirme:

Embora os números absolutos estejam caindo, o tema ainda é um dos mais delicados da agenda
internacional. Um exemplo da extensão do problema está na declaração dada em 2017 pelo Fundo das
Nações Unidas para a Infância (UNICEF), segundo a qual 1,4 milhão de crianças, de quatro diferentes países
da África — Nigéria, Somália, Iêmen e Sudão do Sul —, corre risco iminente de morrer de fome.

A alternativa (B) é a correta, pois, para enfatizar a redução do problema da fome em escala mundial,
o autor associa o percentual de pessoas que o superaram como se representassem 50% população brasileira.
Confirme:

As últimas décadas foram de grande evolução no combate à fome em escala global. Nos últimos 25 anos,
7,7% da população mundial superou o problema, o que representa 216 milhões de pessoas. É como se mais
que toda a população brasileira saísse da subnutrição em menos de três décadas.

A alternativa (C) está errada, pois tangencia o texto, uma vez que a pesquisa do indiano serve como
argumento para sinalizar que pessoas passavam fome em países que não tinham problema de abastecimento
e que a falha está nas políticas públicas para o combate à fome. Confirme:

Em 1981, o indiano ganhador do Prêmio Nobel de Economia, Amartya Sen, em seu livro Pobreza e Fomes,
identificou a existência de populações com fome mesmo em países que não convivem com problemas de
abastecimento. [...] Tirou, assim, o foco de aspectos técnicos e mudou o tom do debate internacional sobre a
questão e as políticas públicas a serem tomadas a partir daí.

A alternativa (D) está errada, pois extrapola o conteúdo do texto, uma vez que não há a transcrição
da opinião de especialistas sobre as medidas de combate à fome ao longo de anos.

A alternativa (E) está errada, pois especifica os dados do texto, sendo que o autor apresenta apenas
uma proporção feita a partir do estudo da FAO e não vários dados estatísticos. Confirme:

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Um estudo publicado em 2016 pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura)
mostra que a produção mundial de alimentos é suficiente para atender a demanda das 7,3 bilhões de pessoas
que habitam a Terra. Apesar disso, aproximadamente uma em cada nove dessas pessoas ainda vive a
realidade da fome.

Gabarito: B

23. (CESPE / MPC-PA Analista Ministerial – Controle Interno e Externo 2019)


No texto CG2A1-I, a palavra “vontade” (linha 26) foi empregada como sinônima de
A) diferença.
B) discrição.
C) dissidência.
D) dissuasão.
E) disposição.

Comentário: A palavra “vontade” foi empregada no sentido de o governo não querer investir em políticas
públicas de combate à fome, não ter disposição para isso. Dessa forma, a alternativa (E) é a correta.

Gabarito: E

24. (CESPE / MPC-PA Analista Ministerial – Controle Interno e Externo 2019)


De acordo com o texto CG2A1-I, a constatação de que a fome é resultado de problemas de cunho social, e
não simplesmente da falta de alimentos, foi feita pela primeira vez quando
A) o UNICEF emitiu, em 2017, declaração acerca do risco de crianças de países pobres da África morrerem
por fome.
B) o aumento populacional, em 1960, pôs em dúvida a capacidade dos países em produzir comida para seu
povo.
C) a queda na taxa de mortalidade, em 1960, impulsionou um aumento populacional inédito.
D) o economista Amartya Sen publicou o livro Pobreza e Fomes, em 1981.
E) a FAO publicou, em 2016, estudo sobre a produção e a demanda mundial de alimentos.

Comentário: A alternativa (A) está errada, pois em 2017 já era sabido que fome é resultado de problemas
de cunho social, e não simplesmente da falta de alimentos, uma vez que o economista Amartya Sen já havia
constatado isso em seu livro.

As alternativas (B) e (C) estão erradas, pois, em 1960, houve um grande crescimento populacional e
a solução encontrada foi desenvolver tecnologia e métodos que aumentassem a produção.

A alternativa (D) é a correta, pois o economista Amartya Sen relacionou o problema da fome a
questões sociais, como pobreza e concentração de renda, chegando à conclusão de que a fome é resultado
de problemas de cunho social, e não simplesmente da falta de alimentos. Confirme:

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Em 1981, o indiano ganhador do Prêmio Nobel de Economia, Amartya Sen, em seu livro Pobreza e Fomes,
identificou a existência de populações com fome mesmo em países que não convivem com problemas de
abastecimento. O economista indiano traçou então, pela primeira vez, uma relação causal entre fome e
questões sociais como pobreza e concentração de renda. Tirou, assim, o foco de aspectos técnicos e mudou
o tom do debate internacional sobre a questão e as políticas públicas a serem tomadas a partir daí.

A alternativa (E) está errada, pois o estudo da FAO veio a confirmar o que o economista Amartya Sen
constatou ao mostrar que a produção mundial de alimentos é suficiente para atender a demanda das 7,3
bilhões de pessoas que habitam a Terra.

Gabarito: D

(CESPE / PRF Policial Rodoviário Federal 2019)


A vida humana só viceja sob algum tipo de luz, de preferência a do sol, tão óbvia quanto essencial. Somos
animais diurnos, por mais que boêmios da pá virada e vampiros em geral discordem dessa afirmativa. Poucas
vezes a gente pensa nisso, do mesmo jeito que devem ser poucas as pessoas que acordam se sentindo
primatas, mamíferos ou terráqueos, outros rótulos que nos cabem por força da natureza das coisas.
A humanidade continua se aperfeiçoando na arte de afastar as trevas noturnas de todo hábitat humano.
Luz soa para muitos como sinônimo de civilização, e pode-se observar do espaço o mapa das desigualdades
econômicas mundiais desenhado na banda noturna do planeta. A parcela ocidental do hemisfério norte é,
de longe, a mais iluminada.
Dispor de tanta luz assim, porém, tem um custo ambiental muito alto, avisam os cientistas. Nos humanos,
o excesso de luz urbana que se infiltra no ambiente no qual dormimos pode reduzir drasticamente os níveis
de melatonina, que regula o nosso ciclo de sono-vigília.
Mesmo assim, sinto uma alegria quase infantil quando vejo se acenderem as luzes da cidade. E repito
para mim mesmo a pergunta que me faço desde que me conheço por gente: quem é o responsável por
acender as luzes da cidade? O mais plausível é imaginar que essa tarefa caiba a sensores fotoelétricos
espalhados pelos bairros. Mas e antes dos sensores, como é que se fazia? Imagino que algum funcionário
trepava na antena mais alta no topo do maior arranha-céu e, ao constatar a falência da luz solar, acionava
um interruptor, e a cidade toda se iluminava.
Não consigo pensar em um cargo público mais empolgante que o desse homem. Claro que o cargo, se
existia, já foi extinto, e o homem da luz já deve ter se transferido para o mundo das trevas eternas.
Reinaldo Moraes. “Luz! Mais luz”. Internet: (com adaptações).

25. (CESPE / PRF Policial Rodoviário Federal 2019)


Infere-se do primeiro parágrafo do texto que “boêmios da pá virada e vampiros” diferem biologicamente
dos seres humanos em geral, os quais tendem a desempenhar a maior parte de suas atividades durante a
manhã e a tarde.

Comentário: Certamente você percebeu que os boêmios (pessoas que gostam da vida noturna, de bares, de
boates) não diferem biologicamente de qualquer outro tipo de pessoa, apenas apresentam hábito diferente,

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somente isso. Assim, podemos inferir que os “boêmios da pá virada e vampiros” gostam da noite e, de acordo
com o texto, supostamente discordariam do fato de que o ser humano é um animal de hábitos diurnos.
Confirme:

Somos animais diurnos, por mais que boêmios da pá virada e vampiros em geral discordem dessa afirmativa.

Portanto, a afirmativa está errada.

Gabarito: E

26. (CESPE / PRF Policial Rodoviário Federal 2019)


É correto inferir do trecho “o homem da luz já deve ter se transferido para o mundo das trevas eternas”
(último parágrafo) que provavelmente o funcionário responsável pelo acionamento da iluminação urbana já
morreu.

Comentário: Observe que, no penúltimo parágrafo, o autor faz suposições sobre quem acende as luzes da
cidade e diz que hoje isso já é automático, mas, antigamente, uma pessoa fazia esse trabalho. Assim, como
é algo que aconteceu há muito tempo, o autor disse que esse homem que acendia as luzes já deve ter se
transferido para o mundo das trevas eternas, ou seja, ido para o mundo onde é sempre escuridão, isto é, já
morreu.

Assim, a afirmativa está correta.

Gabarito: C

(CESPE / PRF Policial Rodoviário Federal 2019)


As atividades pertinentes ao trabalho relacionam-se intrinsecamente com a satisfação das necessidades
dos seres humanos — alimentar-se, proteger-se do frio e do calor, ter o que calçar etc. Estas colocam os
homens em uma relação de dependência com a natureza, pois no mundo natural estão os elementos que
serão utilizados para atendê-las.
Se prestarmos atenção à nossa volta, perceberemos que quase tudo que vemos existe em razão de
atividades do trabalho humano. Os processos de produção dos objetos que nos cercam movimentam
relações diversas entre os indivíduos, assim como a organização do trabalho alterou-se bastante entre
diferentes sociedades e momentos da história.
De acordo com o cientista social norte-americano Marshall Sahlins, nas sociedades tribais, o trabalho
geralmente não tem a mesma concepção que vigora nas sociedades industrializadas. Naquelas, o trabalho
está integrado a outras dimensões da sociabilidade — festas, ritos, artes, mitos etc. —, não representando,
assim, um mundo à parte.
Nas sociedades tribais, o trabalho está em tudo, e praticamente todos trabalham. Sahlins propôs que tais
sociedades fossem conhecidas como “sociedades de abundância” ou “sociedades do lazer”, pelo fato de que
nelas a satisfação das necessidades básicas sociais e materiais se dá plenamente.
Thiago de Mello. Trabalho. Internet: (com adaptações).

27. (CESPE / PRF Policial Rodoviário Federal 2019)

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Conclui-se do texto que, devido à abundância de recursos, nas sociedades tribais os indivíduos não têm
necessidade de separar as práticas laborais das outras atividades sociais.

Comentário: A afirmativa está errada, pois o texto não menciona que nas sociedades tribais a concepção de
trabalho é diferente especificamente devido à abundância de recursos. Há apenas a informação de que, nas
sociedades tribais, o trabalho geralmente não tem a mesma concepção que vigora nas sociedades
industrializadas, pois nessas sociedades tribais o trabalho está integrado a outras dimensões da sociabilidade
— festas, ritos, artes, mitos etc. —, por isso não representa um mundo à parte, como na sociedade
industrializada.

Gabarito: E

O nome é o nosso rosto na multidão de palavras. Delineia os traços da imagem que fazem de nós,
embora não do que somos (no íntimo). Alguns escondem seus donos, outros lhes põem nos olhos um azul
que não possuem. Raramente coincidem, nome e pessoa. Também há rostos quase idênticos, e os nomes de
quem os leva (pela vida afora) são completamente díspares, nenhuma letra se igualando a outra.
O do autor deste texto é um nome simples, apostólico, advindo do avô. No entanto, o sobrenome, pelo
qual passou a ser reconhecido, é incomum. Sonoro, hispânico. Com uma combinação incomum de nome e
sobrenome, difícil seria encontrar um homônimo. Mas eis que um surgiu, quando ele andava pelos vinte
anos. E continua, ao seu lado, até agora — sombra amiga.
Impossível não existir aqui ou ali alguma confusão entre eles, um episódio obscuro que, logo, viria às
claras com a real justificativa: esse não sou eu. Houve o caso da mulher que telefonou para ele, esmagando-
o com impropérios por uma crítica feita no jornal pelo outro, sobre um célebre arquiteto, de quem ela era
secretária.
João Anzanello Carrascoza. Homônimo. In: Diário das Coincidências. Ed. digital. São Paulo: Objetiva, p. 52 (com adaptações).

28. (CESPE / PRF Policial Rodoviário Federal 2019)


A afirmação de que alguns nomes põem nos olhos de seus donos “um azul que não possuem” (ℓ. 2 e 3)
contradiz a ideia de que os nomes definem não as qualidades reais de cada um, mas o modo como os outros
o veem.

Comentário: Primeiro, vamos entender do início do parágrafo que o nome “delineia os traços da imagem
que fazem de nós, embora não do que somos (no íntimo)”. Dessa forma, o nome não revela o que somos no
íntimo, não revela as qualidades reais de cada um.

No período seguinte, esse entendimento é reforçado na afirmação de que “Alguns escondem seus
donos, outros lhes põem nos olhos um azul que não possuem.”, isto é, ao esconderem os seus donos,
notamos que o íntimo não é revelado; pôr nos olhos um azul que não possuem significa igualmente mascarar
a realidade íntima, a vida como é.

Assim, a afirmação está errada, pois entendemos do trecho que a afirmação de que alguns nomes
põem nos olhos de seus donos “um azul que não possuem” (ℓ. 3) reforça a ideia de que os nomes definem
não as qualidades reais de cada um, mas o modo como os outros o veem.

Gabarito: E

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29. (CESPE / PRF Policial Rodoviário Federal 2019)


Infere-se que o autor do texto é espanhol.

Comentário: O autor menciona que seu sobrenome é espanhol, herdado do avô. Entretanto, não há dados
do texto que confirmem que autor é espanhol. Confirme:

O do autor deste texto é um nome simples, apostólico, advindo do avô. No entanto, o sobrenome, pelo qual
passou a ser reconhecido, é incomum. Sonoro, hispânico.

Gabarito: E

(CESPE / SEFAZ-RS Auditor-Fiscal da Fazenda Estadual 2019)


Pixis foi um músico medíocre, mas teve o seu dia de glória no distante ano de 1837.
Em um concerto em Paris, Franz Liszt tocou uma peça do (hoje) desconhecido compositor, junto com
outra, do admirável, maravilhoso e extraordinário Beethoven (os adjetivos aqui podem ser verdadeiros, mas
— como se verá — relativos). A plateia, formada por um público refinado, culto e um pouco bovino, como
são, sempre, os homens em ajuntamentos, esperava com impaciência.
Liszt tocou Beethoven e foi calorosamente aplaudido. Depois, quando chegou a vez do obscuro e inferior
Pixis, manifestou-se o desprezo coletivo. Alguns, com ouvidos mais sensíveis, depois de lerem o programa
que anunciava as peças do músico menor, retiraram-se do teatro, incapazes de suportar música de má
qualidade.
Como sabemos, os melômanos são impacientes com as obras de epígonos, tão céleres em reproduzir,
em clave rebaixada, as novas técnicas inventadas pelos grandes artistas.
Liszt, no entanto, registraria que um erro tipográfico invertera, no programa do concerto, os nomes de
Pixis e Beethoven...
A música de Pixis, ouvida como sendo de Beethoven, foi recebida com entusiasmo e paixão, e a de
Beethoven, ouvida como sendo de Pixis, foi enxovalhada.
Esse episódio, cômico se não fosse doloroso, deveria nos tornar mais atentos e menos arrogantes a
respeito do que julgamos ser arte.
Desconsiderar, no fenômeno estético, os mecanismos de recepção é correr o risco de aplaudir Pixis como
se fosse Beethoven.
Charles Kiefer. O paradoxo de Pixis. In: Para ser escritor. São Paulo: Leya, 2010 (com adaptações).

30. (CESPE / SEFAZ-RS Auditor-Fiscal da Fazenda Estadual 2019)


Infere-se do texto que, na ocasião do concerto em Paris, em 1837,
(A) Pixis tocou uma composição de Beethoven como se fosse de sua autoria.
(B) Liszt equivocou-se na leitura do roteiro de composições que deveria executar.
(C) 0a plateia revoltou-se contra Liszt, por ele ter confundido uma composição de Pixis com uma de
Beethoven.

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(D) o público julgou as composições apenas com base nas designações equivocadas no programa do
concerto.
(E) as peças de Pixis e Beethoven foram executadas de modo tão semelhante que o público não foi capaz de
distingui-las.

Comentário: A alternativa (A) está errada, pois não foi Pixis quem tocou, mas Franz Liszt, o qual tocou uma
peça desse hoje desconhecido compositor, junto com outra, de Beethoven, como se observa em:

Franz Liszt tocou uma peça do (hoje) desconhecido compositor, junto com outra, do admirável, maravilhoso
e extraordinário Beethoven (os adjetivos aqui podem ser verdadeiros, mas — como se verá — relativos).

A alternativa (B) está errada, pois o erro não foi de Liszt, mas sim do tipógrafo. Confirme:

Liszt, no entanto, registraria que um erro tipográfico invertera, no programa do concerto, os nomes de Pixis
e Beethoven...

A alternativa (C) está errada, pois a plateia não soube do erro. Desse modo, aplaudiram a música de
Pixis como se fosse de Beethoven e desprezaram a música de Beethoven que foi atribuída a Pixis. Confirme:

A música de Pixis, ouvida como sendo de Beethoven, foi recebida com entusiasmo e paixão, e a de Beethoven,
ouvida como sendo de Pixis, foi enxovalhada.

A alternativa (D) é a correta, pois, devido ao que estava escrito no programa, o público julgou
erroneamente as músicas.

A alternativa (E) está errada, pois o público distinguiu as duas peças, mas confundiu os compositores.

Gabarito: D

31. (CESPE / SEFAZ-RS Auditor-Fiscal da Fazenda Estadual 2019)


O autor do texto apresenta a narrativa do concerto de Liszt com o propósito de
(A) reconhecer que Pixis era tão genial quanto Beethoven.
(B) criticar o modo como algumas pessoas consomem arte.
(C) dar notoriedade à carreira de Pixis.
(D) alertar o público de que não se deve confiar em tudo que se lê.
(E) incentivar o público a ampliar seu repertório musical.

Comentário: Localizamos o propósito do texto nos últimos parágrafos, quando o autor comenta: Esse
episódio, cômico se não fosse doloroso, deveria nos tornar mais atentos e menos arrogantes a respeito do
que julgamos ser arte.

Com isso ele quis criticar a forma como as pessoas consomem arte e o que elas consideram arte, uma
vez que, no episódio narrado, os espectadores claramente julgaram a arte pelo artista, ou seja, a obra que

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não era de Beethoven, mas foi atribuída a ele, foi aplaudida, pelo fato de o musicista ser conhecido. Já a obra
que era de Beethoven, mas foi atribuída a um artista desconhecido, foi desprezada por todos.

Assim, podemos concluir que as pessoas não julgaram a arte pelo que ela é, mas por quem
supostamente a fez.

Logo, a alternativa (B) é a correta.

Gabarito: B

(CESPE / SEFAZ-RS Auditor-Fiscal da Fazenda Estadual 2019)


A política tributária não se restringe ao objetivo de abastecer os cofres públicos, mas tem também
objetivos econômicos e sociais. Se fosse aumentada a tributação sobre um produto considerado nocivo para
o consumidor ou para a sociedade, o seu consumo poderia ser desestimulado. Caso a intenção fosse
promover uma melhor distribuição de renda, o Estado poderia reduzir tributos incidentes sobre os produtos
mais consumidos pela população de renda mais baixa e elevar os tributos sobre a renda da classe mais alta.
Por outro lado, se o Estado reduzisse a tributação de determinado setor da economia, os custos desse
setor diminuiriam, o que possibilitaria a queda dos preços de seus produtos e poderia gerar um crescimento
das vendas. Outro efeito viável dessa política seria o aumento do lucro das empresas, favorecendo-se, assim,
a elevação dos seus investimentos — e, consequentemente, da produção — e o surgimento de novas
empresas, o que provavelmente resultaria no crescimento da produção, bem como no acirramento da
concorrência, com possíveis reflexos sobre os preços. Em qualquer um desses cenários, o setor seria
estimulado.
Internet: (com adaptações).

32. (CESPE / SEFAZ-RS Auditor-Fiscal da Fazenda Estadual 2019)


O texto organiza-se de forma a apresentar
(A) argumentos em favor dos objetivos do Estado com relação à política tributária, para convencer o leitor.
(B) possíveis consequências sociais e econômicas da política tributária.
(C) procedimentos da atividade de tributação, destacando sua natureza fiscal.
(D) defesa de ações governamentais mais efetivas no que se refere à política tributária.
(E) razões para a diminuição de impostos ser considerada mais benéfica que o aumento destes.

Comentário: O texto se organiza em torno das possíveis consequências sociais e econômicas, caso a
tributação sobre produtos sofresse uma mudança para atender ao mesmo tempo os setores econômico e
social.

O primeiro possível ajuste, de acordo com o texto, seria aumentar a tributação sobre produtos
nocivos, o que diminuiria seu consumo (objetivo social). Veja:

Se fosse aumentada a tributação sobre um produto considerado nocivo para o consumidor ou para a
sociedade, o seu consumo poderia ser desestimulado.

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Outra possibilidade, visando à melhor distribuição de renda (objetivos social e econômico), seria
diminuir a tributação em cima de produtos consumidos por pessoas de baixa renda e aumentar a tributação
de produtos consumidos por pessoas de melhor renda, como você pode notar no fragmento a seguir:

...o Estado poderia reduzir tributos incidentes sobre os produtos mais consumidos pela população de renda
mais baixa e elevar os tributos sobre a renda da classe mais alta.

Por fim, para atender às duas demandas, o Estado poderia diminuir a tributação sobre um setor da
economia, o que acarretaria as seguintes consequências: diminuição dos custos do setor e,
consequentemente, do valor do produto final, aumentando as vendas; aumento do lucro das empresas,
acarretando mais investimentos e provável crescimento da produção, além do aumento da concorrência,
refletindo nos preços. Leia isso no último parágrafo:

Por outro lado, se o Estado reduzisse a tributação de determinado setor da economia, os custos desse
setor diminuiriam, o que possibilitaria a queda dos preços de seus produtos e poderia gerar um crescimento
das vendas. Outro efeito viável dessa política seria o aumento do lucro das empresas, favorecendo-se, assim,
a elevação dos seus investimentos — e, consequentemente, da produção — e o surgimento de novas
empresas, o que provavelmente resultaria no crescimento da produção, bem como no acirramento da
concorrência, com possíveis reflexos sobre os preços. Em qualquer um desses cenários, o setor seria
estimulado.

Portanto, notamos claramente que o texto aponta possíveis consequências sociais e econômicas da
política tributária.

Assim, a alternativa (B) é a correta.

Gabarito: B

33. (CESPE / SEFAZ-RS Auditor-Fiscal da Fazenda Estadual 2019)


Infere-se do texto que a ação do Estado, com relação à política tributária, visa
(A) ao provimento de receitas e também a finalidades econômicas e sociais.
(B) à redução de tributos sobre empresas comprometidas com o desenvolvimento social.
(C) ao aumento do lucro de empresas, com impacto sobre o crescimento do país.
(D) ao estímulo do setor empresarial pela concessão de isenção do pagamento de impostos.
(E) ao crescimento da livre concorrência, com aumento dos impostos aplicados a empresas.

Comentário: Primeiramente, devemos reler a tese do texto, isto é, a declaração inicial do texto:

A política tributária não se restringe ao objetivo de abastecer os cofres públicos, mas tem também objetivos
econômicos e sociais.

Assim, fica claro que a política tributária visa ao provimento de receitas e também a
finalidades econômicas e sociais, conforme observamos na alternativa (A), que é a correta.

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Gabarito: A

(CESPE / SEFAZ-RS Auditor-Fiscal da Receita Estadual 2019)


O direito tributário brasileiro depara-se com grandes desafios, principalmente em tempos de
globalização e interdependência dos sistemas econômicos. Entre esses pontos de atenção, destacam-se três.
O primeiro é a guerra fiscal ocasionada pelo ICMS. O principal tributo em vigor, atualmente, é estadual, o
que faz contribuintes e advogados se debruçarem sobre vinte e sete diferentes legislações no país para
entendê-lo. Isso se tornou um atentado contra o princípio de simplificação, contribuindo para o incremento
de uma guerra fiscal entre os estados, que buscam alterar regras para conceder benefícios e isenções, a fim
de atrair e facilitar a instalação de novas empresas. É, portanto, um dos instrumentos mais utilizados na
disputa por investimentos, gerando, com isso, consequências negativas do ponto de vista tanto econômico
quanto fiscal.
A competitividade gerada pela interdependência estadual é outro ponto. Na década de 60, a adoção do
imposto sobre valor agregado (IVA) trouxe um avanço importante para a tributação indireta, permitindo a
internacionalização das trocas de mercadorias com a facilitação da equivalência dos impostos sobre consumo
e tributação, e diminuindo as diferenças entre países. O ICMS, adotado no país, é o único caso no mundo de
imposto que, embora se pareça com o IVA, não é administrado pelo governo federal — o que dá aos estados
total autonomia para administrar, cobrar e gastar os recursos dele originados. A competência estadual do
ICMS gera ainda dificuldades na relação entre as vinte e sete unidades da Federação, dada a coexistência
dos princípios de origem e destino nas transações comerciais interestaduais, que gera a já comentada guerra
fiscal.
A harmonização com os outros sistemas tributários é outro desafio que deve ser enfrentado. É preciso
integrar-se aos países do MERCOSUL, além de promover a aproximação aos padrões tributários de um
mundo globalizado e desenvolvido, principalmente quando se trata de Europa. Só assim o país recuperará o
poder da economia e poderá utilizar essa recuperação como condição para intensificar a integração com
outros países e para participar mais ativamente da globalização.
André Pereira. Os desafios do direito tributário brasileiro. In: DCI – Diário Comércio, Indústria e Serviços. 2/mar./2017. Internet:
(com adaptações).

34. (CESPE / SEFAZ-RS Auditor-Fiscal da Receita Estadual 2019)


Os três aspectos que representam desafios para o direito tributário brasileiro, na ordem em que aparecem
no texto, são
(A) a alteração de regras para benefícios e isenções, a competitividade propiciada pela interdependência
dos estados e a recuperação do poder econômico do país.
(B) o conflito fiscal proporcionado pelo ICMS, a competitividade produzida pela interdependência dos
estados e a recuperação do poder econômico do país.
(C) a alteração de regras para benefícios e isenções, a competitividade gerada pela interdependência dos
estados e a recuperação do poder econômico do país.
(D) o afinamento com outros sistemas tributários, a adoção do IVA e o conflito fiscal favorecido pelo ICMS.
(E) o conflito fiscal propiciado pelo ICMS, a competitividade gerada pela interdependência dos estados e o
afinamento com outros sistemas tributários.

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Comentário: Leia, literalmente, os três aspectos que representam desafios para o direito tributário brasileiro,
retirados do texto:

Entre esses pontos de atenção, destacam-se três. O primeiro é a guerra fiscal ocasionada pelo ICMS. [...] A
competitividade gerada pela interdependência estadual é outro ponto. [...] A harmonização com os outros
sistemas tributários é outro desafio que deve ser enfrentado.

Note que o termo “propiciado” é sinônimo de “ocasionado”; “conflito” é sinônimo de “guerra” e


“afinamento” é sinônimo de “harmonização”. Assim, a alternativa (E) é a correta.

Gabarito: E

35. (CESPE / SEFAZ-RS Auditor-Fiscal da Receita Estadual 2019)


O texto:
(A) carece de uma introdução para o assunto que aborda.
(B) é composto de três parágrafos vinculados a uma temática principal.
(C) é organizado de forma progressiva, partindo do problema menos relevante ao mais relevante.
(D) concentra no parágrafo final a conclusão geral dos argumentos apresentados.
(E) é pautado integralmente na temática da tributação excessiva.

Comentário: Uma vez que o autor propõe apresentar três aspectos que representam desafios para o direito
tributário brasileiro e, cada desafio está explicado em um parágrafo, o texto é composto de três parágrafos
vinculados a uma temática principal.

Dessa forma, o primeiro parágrafo é sobre o conflito fiscal propiciado pelo ICMS, o segundo, a
competitividade gerada pela interdependência dos estados e terceiro, o afinamento com outros sistemas
tributários.

Portanto, a alternativa (B) é a correta.

Gabarito: B

36. (CESPE / SEFAZ-RS Auditor-Fiscal da Receita Estadual 2019)


Infere-se das ideias do texto que o autor é contrário
(A) ao modelo tributário europeu.
(B) à aplicação do IVA em nível federal.
(C) ao sistema tributário do MERCOSUL.
(D) à competência estadual para o ICMS.
(E) aos padrões tributários do mundo globalizado.

Comentário: O autor inicia o texto afirmando que o direito tributário se depara com grandes desafios e o
primeiro deles é analisado ainda no primeiro parágrafo: a guerra fiscal ocasionada pelo ICMS. Confirme:

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“O primeiro é a guerra fiscal ocasionada pelo ICMS. O principal tributo em vigor, atualmente, é estadual, o
que faz contribuintes e advogados se debruçarem sobre vinte e sete diferentes legislações no país para
entendê-lo. Isso se tornou um atentado contra o princípio de simplificação, contribuindo para o incremento
de uma guerra fiscal entre os estados, que buscam alterar regras para conceder benefícios e isenções, a fim
de atrair e facilitar a instalação de novas empresas. É, portanto, um dos instrumentos mais utilizados na
disputa por investimentos, gerando, com isso, consequências negativas do ponto de vista tanto econômico
quanto fiscal.”

Assim, fica claro que se infere das ideias do texto que o autor é contrário à competência estadual
para o ICMS.

As alternativas (A), (C) e (E) estão erradas, pois fica claro que o autor não é contrário ao modelo
tributário europeu, nem ao sistema tributário do MERCOSUL, muito menos aos padrões tributários do
mundo globalizado. O que foi mencionado no texto é que é preciso integrar-se aos países do MERCOSUL,
além de promover a aproximação aos padrões tributários de um mundo globalizado e desenvolvido,
principalmente quando se trata de Europa.

A alternativa (B) está errada, pois o autor reforça no texto que a adoção do imposto sobre valor
agregado (IVA) trouxe um avanço importante para a tributação indireta, permitindo a internacionalização
das trocas de mercadorias com a facilitação da equivalência dos impostos sobre consumo e tributação, e
diminuindo as diferenças entre países. Assim, não há pensamento contrário, como afirma a questão.

Gabarito: D

(CESPE / TCE-PB Agente de documentação 2018)


O medo do esquecimento obcecou as sociedades europeias da primeira fase da modernidade. Para
dominar sua inquietação, elas fixaram, por meio da escrita, os traços do passado, a lembrança dos mortos
ou a glória dos vivos e todos os textos que não deveriam desaparecer. A pedra, a madeira, o tecido, o
pergaminho e o papel forneceram os suportes nos quais podia ser inscrita a memória dos tempos e dos
homens.
No espaço aberto da cidade, no refúgio da biblioteca, na magnitude do livro e na humildade dos objetos
mais simples, a escrita teve como missão conjurar contra a fatalidade da perda. Em um mundo no qual as
escritas podiam ser apagadas, os manuscritos podiam ser perdidos e os livros estavam sempre ameaçados
de destruição, a tarefa não era fácil. Paradoxalmente, seu sucesso poderia criar, talvez, outro perigo: o de
uma incontrolável proliferação textual de um discurso sem ordem nem limites.
O excesso de escrita, que multiplica os textos inúteis e abafa o pensamento sob o acúmulo de discursos,
foi considerado um perigo tão grande quanto seu contrário. Embora fosse temido, o apagamento era
necessário, assim como o esquecimento também o é para a memória. Nem todos os escritos foram
destinados a se tornar arquivos cuja proteção os defenderia da imprevisibilidade da história. Alguns foram
traçados sobre suportes que permitiam escrever, apagar e depois escrever de novo.
Roger Chartier. Inscrever e apagar: cultura escrita e literatura (séculos XI-XVIII). Trad.: Luzmara Curcino Ferreira. São Paulo:
UNESP, 2007, p. 9-10 (com adaptações).

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37. (CESPE / TCE-PB Agente de documentação 2018)


Infere-se do texto que a escrita é uma
(A) tecnologia ambígua, pois é capaz de, ao mesmo tempo, preservar informações úteis e contribuir para a
disseminação de textos inúteis.
(B) atividade que transforma escritos em arquivos, garantindo, assim, a integridade das informações frente
às inconstâncias da história.
(C) invenção da primeira fase da modernidade, voltada a manter vivas as memórias sociais e culturais.
(D) forma de evitar o desaparecimento de informações importantes que não deveriam ser esquecidas ou
perdidas.
(E) manifestação efêmera, que podia ser registrada, depois apagada e, mais tarde, recuperada pela reescrita.

Comentário: De acordo com o texto, os povos da primeira fase da modernidade tinham medo do
esquecimento e, para evitá-lo, decidiram marcar os acontecimentos por meio da escrita. Veja:

O medo do esquecimento obcecou as sociedades europeias da primeira fase da modernidade. Para dominar
sua inquietação, elas fixaram, por meio da escrita, os traços do passado, a lembrança dos mortos ou a glória
dos vivos e todos os textos que não deveriam desaparecer. A pedra, a madeira, o tecido, o pergaminho e o
papel forneceram os suportes nos quais podia ser inscrita a memória dos tempos e dos homens.

Dessa forma, infere-se do texto que a escrita é uma forma de evitar o desaparecimento de
informações importantes que não deveriam ser esquecidas ou perdidas.

Portanto, a alternativa (D) é a correta.

Gabarito: D

38. (CESPE / TCE-PB Agente de documentação 2018)


Predomina no texto a tipologia
(A) narrativa.
(B) prescritiva.
(C) argumentativa.
(D) descritiva.
(E) expositiva.

Comentário: Note que o autor do texto escreve dados e fatos acerca da escrita, sem expor a sua opinião
sobre o assunto. Com isso, predomina no texto a dissertação expositiva, isto é, tipologia expositiva.

Portanto, a alternativa (E) é a correta.

Gabarito: E

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39. (CESPE / TCE-PB Agente de Documentação 2018)


Quando nos referimos à supremacia de um fenômeno sobre outro, temos logo a impressão de que
se está falando em superioridade, mas, no caso da relação entre oralidade e escrita, essa é uma visão
equivocada, pois não se pode afirmar que a fala seja superior à escrita ou vice-versa. Em primeiro lugar,
deve-se ter em mente o aspecto que se está comparando e, em segundo, deve-se considerar que essa relação
não é nem homogênea nem constante. A própria escrita tem tido uma avaliação variada ao longo da história
e nos diversos povos.
Existem sociedades que valorizam mais a fala, e outras que valorizam mais a escrita. A única afirmação
correta é a de que a fala veio antes da escrita. Portanto, do ponto de vista cronológico, a fala tem precedência
sobre a escrita, mas, do ponto de vista do prestígio social, a escrita tem supremacia sobre a fala na maioria
das sociedades contemporâneas.
Não se trata, porém, de algum critério intrínseco nem de parâmetros linguísticos, e sim de postura
ideológica. São valores que podem variar entre sociedades e grupos sociais ao longo da história. Não há por
que negar que a fala é mais antiga que a escrita e que esta lhe é posterior e, em certo sentido, dependente.
Mesmo considerando a enorme e inegável importância que a escrita tem nos povos e nas civilizações ditas
“letradas”, continuamos povos orais.
Luiz Antônio Marcuschi e Angela Paiva Dionisio. Princípios gerais para o tratamento das relações entre a fala e a escrita. In: Luiz
Antônio Marcuschi e Angela Paiva Dionisio. Fala e escrita. Belo Horizonte: Autêntica, 2007, p. 26-7 (com adaptações).

Conforme as ideias do texto,


(A) o desenvolvimento da fala e o surgimento da escrita são eventos que, sob o enfoque histórico, se deram
exatamente nessa ordem.
(B) há uma ideologia compartilhada pelas sociedades contemporâneas de associar a escrita a uma
manifestação superior à fala.
(C) do ponto de vista linguístico, fala e escrita são manifestações idênticas, não havendo diferenças entre
elas nem superioridade de uma sobre a outra.
(D) ao longo da história e nas diversas civilizações, identificam-se momentos de maior e de menor
valorização da língua escrita.
(E) em sociedades letradas, a comunicação por meio da escrita supera a comunicação por meio da fala.

Comentário: A alternativa (A) é a correta, pois, de acordo com o texto, a fala precede a escrita. Comprove
lendo o seguinte trecho:

A única afirmação correta é a de que a fala veio antes da escrita.

A alternativa (B) está errada, pois a ideologia de associar a escrita a uma manifestação superior à fala
não é compartilhada pelas sociedades. De acordo com o texto, há sociedades que valorizam mais a escrita
em detrimento da fala ou vice-versa. Comprove lendo o seguinte trecho:

Existem sociedades que valorizam mais a fala, e outras que valorizam mais a escrita.

A alternativa (C) está errada, pois, de acordo com o ponto de vista linguístico, fala e escrita são
manifestações diferentes, e cada uma tem certa importância dependendo do ponto de vista. Por exemplo, a

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fala precede a escrita, mas a escrita é mais valorizada nas sociedades contemporâneas, ou seja, a valorização
de uma ou de outra depende da postura ideológica de cada sociedade. Comprove lendo os trechos a seguir:

...deve-se [...] considerar que essa relação não é nem homogênea nem constante.

Portanto, do ponto de vista cronológico, a fala tem precedência sobre a escrita, mas, do ponto de vista do
prestígio social, a escrita tem supremacia sobre a fala na maioria das sociedades contemporâneas.

Não se trata, porém, de algum critério intrínseco nem de parâmetros linguísticos, e sim de postura ideológica.
São valores que podem variar entre sociedades e grupos sociais ao longo da história.

A alternativa (D) está errada, pois, no texto, os autores não afirmam que, ao longo da história e nas
diversas civilizações, identificam-se momentos de maior e de menor valorização da língua escrita. O que eles
afirmam é que “do ponto de vista do prestígio social, a escrita tem supremacia sobre a fala na maioria das
sociedades contemporâneas.”

A alternativa (E) está errada, pois os autores não afirmam que, em sociedades letradas, a
comunicação por meio da escrita supera a comunicação por meio da fala, mas, de acordo com o texto, apesar
de a escrita ser muito importante, ainda somos povos orais, ou seja, a fala é tão importante quanto a escrita.
Comprove:

Mesmo considerando a enorme e inegável importância que a escrita tem nos povos e nas civilizações ditas
“letradas”, continuamos povos orais.

Gabarito: A

(CESPE / TCE-PB Auditor de Contas 2018)


A cada instante, a quantidade de informações disponíveis para processamento pelo cérebro é formidável:
todo o campo visual, todos os estímulos auditivos e olfativos, toda a informação relativa à posição do corpo
e ao seu estado de funcionamento.
Esses estímulos precisam ser processados em conjunto, de modo que o cérebro possa montar uma
imagem coerente do indivíduo e de seu ambiente. Isso sem contar os processos de evocação de memórias,
planejamento para o futuro e imaginação. Você realmente esperava processar todos os estímulos a cada
momento e ainda formar registros duradouros de todos eles?
O que faz com que a memória se torne seletiva não é o mundo atual, informatizado, rápido e denso em
informações. Ela o é por definição, já que sua porta de entrada é um funil poderoso: a atenção, que concentra
todo o poder operacional do cérebro sobre uma coisa só, aquela que for julgada a mais importante no
momento.
Suzana Herculano-Houzel. Por que guardar segredo é difícil? E outras curiosidades da neurociência do cotidiano. São Paulo: Amazon. Ed.
Kindle, loc. 107 (com adaptações).

40. (CESPE / TCE-PB Auditor de Contas 2018)


O efeito textual pretendido pela autora ao empregar a pergunta que encerra o segundo parágrafo do texto
é o de
(A) apontar a impossibilidade de o cérebro, ao mesmo tempo, processar estímulos e registrá-los na memória.

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(B) menosprezar os leitores que acreditam ser possível se lembrar de tudo o que lhes ocorre.
(C) obter diretamente dos leitores respostas honestas à indagação proposta.
(D) modificar o modo como os leitores lidam com os dados provenientes do mundo exterior.
(E) provocar os leitores a refletir sobre os processos de recepção de estímulos e formação de memórias.

Comentário: A alternativa (A) está errada, pois o cérebro processa todos os estímulos em conjunto e
seleciona aqueles que formam a memória. Assim, aquilo que o cérebro julgar o mais importante fica
registrado. Confirme:

...a atenção, que concentra todo o poder operacional do cérebro sobre uma coisa só, aquela que for julgada
a mais importante no momento.

A alternativa (B) está errada, pois a intenção da autora não é menosprezar seus leitores, mas fazê-los
repensar suas convicções acerca do processamento de dados e da memória.

A alternativa (C) está errada, pois não há com a autora obter diretamente as repostas de todos os
leitores, mas sim ela pretende incentivá-los a refletir sobre o assunto.

A alternativa (D) está errada, pois a pergunta pretende incentivar o leitor a refletir sobre o assunto,
e não modificar o modo como os leitores lidam com os dados provenientes do mundo exterior.

A alternativa (E) é a correta, pois a intenção da autora, ao encerrar o segundo parágrafo com uma
pergunta, é instigar, incentivar o leitor a refletir sobre como ocorre o processamento e a memorização de
estímulos. Confirme:

“Você realmente esperava processar todos os estímulos a cada momento e ainda formar registros
duradouros de todos eles?”

Gabarito: E

41. (CESPE / TCE-PB Auditor de Contas 2018)


No texto, ao utilizar a expressão “Isso sem contar” (2º parágrafo), a autora sugere que “os processos de
evocação de memórias, planejamento para o futuro e imaginação” (2º parágrafo) fazem parte do conjunto
de
(A) ações cerebrais cujo funcionamento depende do processamento conjunto de estímulos externos.
(B) processos necessários à construção de registros duradouros dos estímulos recebidos pelo cérebro a cada
momento.
(C) dados necessários para que o cérebro construa uma imagem do indivíduo e do ambiente que o cerca.
(D) atividades internas desempenhadas pelo cérebro, ao mesmo tempo que este recebe estímulos externos.
(E) estímulos advindos do cérebro de um indivíduo, imprescindíveis para a formação de novas memórias.

Comentário: Releia o trecho em que os excertos estão inseridos:

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Esses estímulos precisam ser processados em conjunto, de modo que o cérebro possa montar uma imagem
coerente do indivíduo e de seu ambiente. Isso sem contar os processos de evocação de memórias,
planejamento para o futuro e imaginação.

Entenda que os estímulos externos precisam ser processados pelos indivíduos que ainda têm que
levar em consideração os próprios estímulos como as memórias anteriores, o planejamento para o futuro e
a imaginação (as atividades internas desempenhadas pelo cérebro).

Dessa forma, o cérebro seleciona aquilo que fará parte da memória do indivíduo após analisar tanto
os estímulos externos quanto os estímulos internos, advindos do cérebro, ambos imprescindíveis para a
formação da memória, uma vez que o estímulo precisa ser relevante para que ele seja memorizado, como
se observa no seguinte trecho do texto:

“...a atenção, que concentra todo o poder operacional do cérebro sobre uma coisa só, aquela que for
julgada a mais importante no momento.”

Portanto, ao utilizar a expressão “Isso sem contar” (2º parágrafo), a autora sugere que “os processos
de evocação de memórias, planejamento para o futuro e imaginação” (2º parágrafo) fazem parte do conjunto
de atividades internas desempenhadas pelo cérebro, ao mesmo tempo que este recebe estímulos externos.
Assim, a alternativa (D) é a correta.

Com base nesse raciocínio, conseguimos eliminar as demais alternativas, concorda?

Gabarito: D

(CESPE / STM Revisor 2018)

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42. (CESPE / STM Revisor 2018)


A linguagem do texto apresenta elementos característicos de um nível de linguagem mais informal com
função comunicativa bem definida: estabelecer uma aproximação com o leitor.

Comentário: Observe que a expressão “é que a gente” remete ao uso informal da linguagem e, além disso,
o texto foi escrito se dirigindo um público específico, o de revisor e diagramador de textos. Note que os
pronomes “você” e “sua” também caracterizam uma linguagem informal.

Portanto, a afirmativa está correta (C).

Gabarito: C

43. (CESPE / STM Revisor 2018)


O público a quem a mensagem do texto se destina é específico: trata-se de revisores e diagramadores.

Comentário: A afirmativa está correta (C), pois o texto do anúncio se dirige a alguém específico, uma vez que
há os pronomes “você” e “seu” no texto. Assim, ao lermos a última frase “28 de março. Dia do Revisor e do
Diagramador”, associando-a à imagem de caneta no canto esquerdo e ao fundo com letras, entendemos que
o público a quem a mensagem do texto se destina é o de revisores e diagramadores.

Gabarito: C

(CESPE / STM Revisor 2018)


Está demonstrado, portanto, que o revisor errou, que se não errou confundiu, que se não confundiu
imaginou, mas venha atirar-lhe a primeira pedra aquele que não tenha errado, confundido ou imaginado
nunca. Errar, disse-o quem sabia, é próprio do homem, o que significa, se não é erro tomar as palavras à
letra, que não seria verdadeiro homem aquele que não errasse. Porém, esta suprema máxima não pode ser
utilizada como desculpa universal que a todos nos absolveria de juízos coxos e opiniões mancas. Quem não
sabe deve perguntar, ter essa humildade, e uma precaução tão elementar deveria tê-la sempre presente o
revisor, tanto mais que nem sequer precisaria sair de sua casa, do escritório onde agora está trabalhando,
pois não faltam aqui os livros que o elucidariam se tivesse tido a sageza e prudência de não acreditar
cegamente naquilo que supõe saber, que daí é que vêm os enganos piores, não da ignorância. Nestas
ajoujadas estantes, milhares e milhares de páginas esperam a cintilação duma curiosidade inicial ou a firme
luz que é sempre a dúvida que busca o seu próprio esclarecimento. Lancemos, enfim, a crédito do revisor ter
reunido, ao longo duma vida, tantas e tão diversas fontes de informação, embora um simples olhar nos revele
que estão faltando no seu tombo as tecnologias da informática, mas o dinheiro, desgraçadamente, não chega
a tudo, e este ofício, é altura de dizê-lo, inclui-se entre os mais mal pagos do orbe. Um dia, mas Alá é maior,
qualquer corrector de livros terá ao seu dispor um terminal de computador que o manterá ligado, noite e
dia, umbilicalmente, ao banco central de dados, não tendo ele, e nós, mais que desejar que entre esses dados
do saber total não se tenha insinuado, como o diabo no convento, o erro tentador.
Seja como for, enquanto não chega esse dia, os livros estão aqui, como uma galáxia pulsante, e as
palavras, dentro deles, são outra poeira cósmica flutuando, à espera do olhar que as irá fixar num sentido
ou nelas procurará o sentido novo, porque assim como vão variando as explicações do universo, também a
sentença que antes parecera imutável para todo o sempre oferece subitamente outra interpretação, a

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possibilidade duma contradição latente, a evidência do seu erro próprio. Aqui, neste escritório onde a
verdade não pode ser mais do que uma cara sobreposta às infinitas máscaras variantes, estão os costumados
dicionários da língua e vocabulários, os Morais e Aurélios, os Morenos e Torrinhas, algumas gramáticas, o
Manual do Perfeito Revisor, vademeco de ofício [...].
José Saramago. História do cerco de Lisboa. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 25-6.

44. (CESPE / STM Revisor 2018)


Infere-se dos sentidos do texto que, no trecho “também a sentença que antes parecera imutável para todo
o sempre oferece subitamente outra interpretação” (2§), o autor se refere à variação da língua no tempo,
ou seja, ao fato de que, com a mudança linguística, novas interpretações são atribuídas aos enunciados.

Comentário: A afirmativa está errada (E), pois o autor se refere à mudança natural do sentido das coisas,
quando adquirimos mais conhecimento sobre elas, e não com a variação da língua no tempo.

Dessa forma, quanto mais buscamos informações, mais sentidos as coisas adquirem. Assim, “também
a sentença que antes parecera imutável para todo o sempre oferece subitamente outra interpretação”, ou
seja, aquilo que parecia uma verdade absoluta adquire outro significado depois de pesquisas, leituras.

Portanto, os livros estão à disposição para atribuir sentido àquilo que não se sabe ou atribuir um
sentido novo àquilo que já se conhece. Confirme:

“Seja como for, enquanto não chega esse dia, os livros estão aqui, como uma galáxia pulsante, e as palavras,
dentro deles, são outra poeira cósmica flutuando, à espera do olhar que as irá fixar num sentido ou nelas
procurará o sentido novo”.

Gabarito: E

45. (CESPE / STM Revisor 2018)


Conclui-se do texto que é por falta de dinheiro que “o revisor” não tem ao seu dispor “as tecnologias da
informática”.

Comentário: Por meio do trecho “embora um simples olhar nos revele que estão faltando no seu tombo as
tecnologias da informática, mas o dinheiro, desgraçadamente, não chega a tudo, e este ofício, é altura de
dizê-lo, inclui-se entre os mais mal pagos do orbe.” podemos concluir que o revisor não dispõe de tecnologia,
pois não há investimento e ainda é uma das profissões mais mal pagas do orbe, que quer dizer cidade.

Assim, a afirmativa está correta (C).

Gabarito: C

46. (CESPE / STM Revisor 2018)


Na construção do texto, o autor, além de narrar fato que aconteceu com “o revisor”, explora, repetidas vezes
e de diferentes modos, a ideia de que a dúvida pode ser algo positivo.

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Comentário: No início do texto, o autor fala “Quem não sabe deve perguntar, ter essa humildade”, ou seja,
ter a humildade de perguntar o que não se sabe, pode evitar erros, como o exemplo do editor, dado no texto.

Assim, o autor continua argumentando que o redator, bem como outras pessoas, deve ter a esperteza
de não acreditar naquilo que se supõe correto, pois é daí que vêm os erros, enganos. Dessa forma, é
importante sempre esclarecer as dúvidas, por menores que elas sejam. Comprove lendo o trecho a seguir:

“[...] se tivesse tido a sageza e prudência de não acreditar cegamente naquilo que supõe saber, que daí é que
vêm os enganos piores, não da ignorância. Nestas ajoujadas estantes, milhares e milhares de páginas
esperam a cintilação duma curiosidade inicial ou a firme luz que é sempre a dúvida que busca o seu próprio
esclarecimento.

Além disso, a dúvida pode atribuir sentido novo ao desconhecido ou novo sentido àquilo que já se
conhece.

Portanto, a afirmativa está correta (C).

Gabarito: C

(CESPE / BNB Analista 2018)


Não podemos descartar a operação humana por trás dos sistemas, muito menos a presença de
analistas reais. Vamos supor que um sistema de aprendizagem de máquina perceba que todas as pessoas
com índice de massa corporal regular tomam café com açúcar, enquanto todas as pessoas com índice
elevado tomam a bebida com adoçante. A inteligência artificial poderá inferir, assim, que o adoçante é o
responsável pela obesidade dos usuários, o que nós sabemos, pela nossa inteligência humana, que não é
bem assim.
O sistema de aprendizagem de máquina diminui a ocorrência de falsos positivos e deve contribuir
para cortes de gastos. Contudo, não podemos deixar de considerar uma pessoa que esteja por trás do
sistema, pronta para lidar com casos realmente duvidosos, que mereçam ser mais bem avaliados.
Correio Braziliense, 1.º/10/2018, p. 14 (com adaptações).

Com relação às ideias do texto, julgue os itens subsequentes.


47. (CESPE / BNB Analista 2018)
De acordo com o texto, a inteligência artificial cometeria um equívoco se associasse o adoçante à causa da
obesidade das pessoas com índice de massa corporal elevado.

Comentário: A afirmativa está correta (C), pois há essa informação literalmente no texto:

“Vamos supor que um sistema de aprendizagem de máquina perceba que todas as pessoas com índice de
massa corporal regular tomam café com açúcar, enquanto todas as pessoas com índice elevado tomam a
bebida com adoçante. A inteligência artificial poderá inferir, assim, que o adoçante é o responsável pela
obesidade dos usuários, o que nós sabemos, pela nossa inteligência humana, que não é bem assim”.

Dessa forma, a inteligência artificial, ao associar o alto índice de massa corporal ao uso adoçante,
estaria cometendo um equívoco, pois sabemos que o adoçante não é responsável pela obesidade.

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Gabarito: C

48. (CESPE / BNB Analista 2018)


Considerando-se que, segundo o último parágrafo, o uso do sistema de aprendizagem de máquina deve
“contribuir para cortes de gastos”, é correto inferir do texto que esses gastos são ocasionados pelos analistas
na operação humana.

Comentário: E correto inferir do texto que esses gastos são ocasionados pelos falsos positivos, como escrito
em “O sistema de aprendizagem de máquina diminui a ocorrência de falsos positivos e deve contribuir para
cortes de gastos”.

Portanto, a afirmativa está errada (E).

Gabarito: E

(CESPE / SEEDF Monitor – 2017)


O monitor — também chamado, em algumas instituições, de inspetor e bedel — é um dos
profissionais mais atuantes na esfera educacional. Ele transita por toda a escola, em geral conhece os alunos
pelo nome e é um dos primeiros a ser procurado quando há algum problema que precisa ser solucionado
rapidamente. Contudo, ele nem sempre é valorizado como deveria. Infelizmente, muitos diretores entendem
que quem atua nessa função deve apenas controlar os espaços coletivos para impedir a ocorrência de
agressões, depredações e furtos, vigiar grupos de alunos, observar comportamentos suspeitos e até mesmo
revistar armários e mochilas.
Esse tipo de controle, além de perigoso — pois os conflitos abafados por ações repressoras acabam
se manifestando com mais violência —, contribui para reforçar a desconfiança entre a instituição e os
estudantes. E uma relação fundada na insegurança fragiliza a construção de valores democráticos, que
deveria ser um dos objetivos de todas as escolas.
Como qualquer profissional do ambiente escolar, os monitores também são educadores, e cabe à
equipe gestora realizar ações formativas para que eles saibam como interagir com as crianças e os jovens
nos diversos espaços (como o pátio, os corredores, as quadras, a cantina, o banheiro etc.). Com uma boa
formação, eles serão capazes de trazer informações importantes sobre a convivência entre os alunos e que
poderão ser objeto de análise para que o orientador educacional, juntamente com o diretor e a equipe
docente, planeje e execute intervenções.
O papel do monitor na formação dos alunos. Internet: <http://gestaoescolar.org.br> (com adaptações).

49. (CESPE / SEEDF Monitor – 2017)


A forma verbal “transita” (linha 2) foi empregada para transmitir a ideia de que o monitor muda
constantemente de função na escola.

Comentário: A afirmação está errada, pois tal verbo transmite a ideia de que o monitor interage bem nos
diversos espaços da escola. Como ele é um dos primeiros contatos do aluno no dia a dia, a sua presença pode
ligar o discente aos diversos setores necessários à resolução de problemas. Assim, definitivamente, o verbo
não significa que o monitor tem mudança constante de função.

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Gabarito: E

50. (CESPE / SEEDF Monitor – 2017)


Infere-se que, para o autor do texto, muitos diretores de escolas possuem uma visão restrita sobre a função
do monitor.

Comentário: A afirmação está correta e se refere ao seguinte fragmento do texto:

“Infelizmente, muitos diretores entendem que quem atua nessa função deve apenas controlar os espaços
coletivos para impedir a ocorrência de agressões, depredações e furtos, vigiar grupos de alunos, observar
comportamentos suspeitos e até mesmo revistar armários e mochilas.”

Assim, realmente, para o autor do texto, muitos diretores de escolas possuem uma visão restrita
sobre a função do monitor.

Gabarito: C

51. (CESPE / SEEDF Monitor – 2017)


O vocábulo “suspeitos” (linha 6) foi empregado, no texto, como substantivo, no sentido de aqueles sobre os
quais recaem suspeitas.

Comentário: O sentido do vocábulo está correto, conforme o contexto. Porém, o vocábulo “suspeitos”, na
linha 9, é um adjetivo que caracteriza o substantivo “comportamentos”: “observar comportamentos
suspeitos”. E não um substantivo. Por isso a afirmação está errada.

Gabarito: E

52. (CESPE / SEEDF Monitor – 2017)


De acordo com o terceiro parágrafo do texto, os monitores têm formação profissional na área de educação.

Comentário: O terceiro parágrafo faz entender que os monitores são educadores e que por isso mesmo
devem receber formação na área da educação. Isso fica patente nos seguintes trechos que dão a noção de
futuro:

“... e cabe à equipe gestora realizar ações formativas para que eles saibam como interagir com as crianças e
os jovens nos diversos espaços (como o pátio, os corredores, as quadras, a cantina, o banheiro etc.).

(...)

“Com uma boa formação, eles serão capazes de trazer informações importantes sobre a convivência entre
os alunos e que poderão ser objeto de análise para que o orientador educacional, juntamente com o diretor
e a equipe docente, planeje e execute intervenções.”

Dessa forma, não se pode afirmar que os monitores têm formação profissional na área de educação.
Portanto, a afirmação está errada.

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Gabarito: E

(CESPE / SEEDF Monitor – 2017)


Rubião tinha vexame, por causa de Sofia; não sabia haver-se com senhoras. Felizmente, lembrou-se
da promessa que a si mesmo fizera de ser forte e implacável. Foi jantar. Abençoada resolução! Onde acharia
iguais horas? Sofia era, em casa, muito melhor que no trem de ferro. Lá vestia a capa, embora tivesse os
olhos descobertos; cá trazia à vista os olhos e o corpo, elegantemente apertado em um vestido de cambraia,
mostrando as mãos, que eram bonitas, e um princípio de braço. Demais, aqui era a dona da casa, falava mais,
desfazia-se em obséquios; Rubião desceu meio tonto.
Machado de Assis. Quincas Borba. Internet: <www.dominiopublico.gov.br> (com adaptações).

53. (CESPE / SEEDF Monitor – 2017)


As informações do fragmento de texto em questão são insuficientes para se inferir de onde ou para onde
Rubião teria descido — “Rubião desceu meio tonto” (linha 6).

Comentário: Note que realmente o texto não se refere a lugar de onde ou para onde supostamente Rubião
teria descido. Assim, as informações constantes do fragmento do texto são insuficientes, por isso a afirmação
está correta.

Gabarito: C

54. (CESPE / SEEDF Monitor – 2017)


O trecho “Sofia (...) em obséquios” (linhas 3 a 6) é predominantemente narrativo, o que se comprova pelas
formas verbais flexionadas no pretérito imperfeito, empregadas pelo narrador para apresentar ações
rotineiras de Sofia.

Comentário: A comprovação de ser um texto narrativo normalmente ocorre com verbos no pretérito
perfeito do indicativo, em que os personagens agem dentro de um determinado tempo, num cenário,
havendo, portanto, uma sequência de ações.

Já no trecho abaixo ocorrem verbos no pretérito imperfeito do indicativo, os quais demonstram a


rotina, ambientam o leitor sobre como se apresentava o personagem, o ambiente. Tal trecho é visto como
uma ambientação ao leitor, o que normalmente se dá para que em seguida haja a narrativa. Veja:

“Sofia era, em casa, muito melhor que no trem de ferro. Lá vestia a capa, embora tivesse os olhos descobertos;
cá trazia à vista os olhos e o corpo, elegantemente apertado em um vestido de cambraia, mostrando as mãos,
que eram bonitas, e um princípio de braço. Demais, aqui era a dona da casa, falava mais, desfazia-se em
obséquios.”

Como a questão especificou o trecho acima, observamos que ele é descritivo, pois a intenção não é
contar uma ocorrência, uma situação, mas caracterizá-la, ambientá-la para o leitor.

Portanto, a afirmação está errada.

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Gabarito: E

(CESPE / SEEDF Monitor – 2017)


É preciso considerar a relação entre universidade e cultura. Quais são as condições de preservação,
de apropriação da cultura, e de reflexão crítica sobre ela? Mesmo um diagnóstico superficial da época em
que vivemos é suficiente para mostrar a precariedade dessas condições. O ritmo do tempo histórico é
marcado pelo círculo produção e consumo, até mesmo daquilo que entraria na categoria dos “bens
culturais”. Os fatores de desagregação cultural incluem o imediatismo e o caráter efêmero e disperso dos
interesses que os indivíduos são encorajados a cultivar, a fragmentação e a distorção da informação, a
mercantilização extremada dos meios de comunicação.
Os acessos ao mundo da cultura são cada vez mais intensamente submetidos a mecanismos
industriais, sem que se assuma qualquer medida no sentido de garantir acesso efetivamente democrático. A
universidade pública é uma instância em que se pode resistir, de alguma maneira e por algum tempo, a esse
processo, sendo a instituição em que a cultura pode ser considerada sem as regras do mercado e sem os
critérios de utilidade e oportunidade socialmente introjetados a partir da mídia.
Para que a disseminação pública da cultura fuja a determinações pragmáticas e economicistas, é
necessário um espaço público de preservação, de apropriação e de reflexão.
As atividades que aí se desenvolvam não se podem subordinar a critérios da expectativa de retorno
de investimento. Por isso, a universidade, como instituição pública, pode assumir a função de garantir o
efetivo caráter público de que, em princípio, se revestem os bens de cultura historicamente legados ao
presente.
Faz parte da autonomia da universidade pública essa relação intrínseca com a cultura, que permite
que o acesso não seja filtrado por mecanismos de outras instâncias da vida social. É essa publicidade
desinteressada da cultura — que só na instituição pública pode-se articular em algum grau — que garante o
conhecimento, a apropriação intelectual, a reflexão, a crítica e o debate.
Franklin Leopoldo e Silva. Universidade pública e cultura. In: Estudos Avançados, v. 15, n.º 42, São Paulo (com adaptações).

55. (CESPE / SEEDF Monitor – 2017)


De acordo com as ideias do texto, o acesso ao mundo da cultura realiza-se majoritariamente mediante a
ação do Estado.

Comentário: A questão se refere ao seguinte trecho do texto:

Os acessos ao mundo da cultura são cada vez mais intensamente submetidos a mecanismos industriais, sem
que se assuma qualquer medida no sentido de garantir acesso efetivamente democrático.

Assim, com base na literalidade do fragmento acima, certamente você percebeu que o acesso ao
mundo da cultura não é realizado majoritariamente pelo Estado. Dessa forma, a afirmação está errada.

Gabarito: E

56. (CESPE / SEEDF Monitor – 2017)


De acordo com as ideias do texto, a produção de cultura no ambiente universitário garante rentabilidade em
relação aos investimentos feitos.

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Comentário: O texto se refere ao ambiente universitário das instituições públicas. No segundo parágrafo do
texto, observa-se que esse ambiente universitário pode resistir aos mecanismos industriais, pois nessa
instituição a cultura pode ser considerada sem as regras do mercado e sem os critérios de utilidade e
oportunidade socialmente introjetados a partir da mídia. Em seguida, é afirmado categoricamente no texto
que “As atividades que aí se desenvolvam não se podem subordinar a critérios da expectativa de retorno de
investimento.”

Assim, a afirmação está errada.

Gabarito: E

57. (CESPE / SEEDF Monitor – 2017)


De acordo com as ideias do texto, a relação entre mercado e cultura é benéfica para a sociedade.

Comentário: O texto nega veementemente a afirmação da questão, pois, no quarto parágrafo, é afirmado
que “As atividades que aí se desenvolvam não se podem subordinar a critérios da expectativa de retorno
de investimento.”.

Assim, notamos que a relação entre mercado e cultura, na visão do texto, não é benéfica para a
sociedade.

Gabarito: E

(CESPE / Prefeitura São Luís - MA Professor – 2017)


Vez por outra, Damião deixava-se ficar, madrugada adentro, na Casa-Grande das Minas, vendo as
danças, ouvindo as cantigas, atraído pelo bater dos tambores. A sensação íntima de derrota pessoal, que
sentia aprofundar-se na sua consciência, levava-o a isolar-se num canto do terreiro, metido consigo. Com a
morte recente do Dr. Sotero dos Reis, tinha tido a esperança de que viriam chamá-lo para ocupar-lhe o lugar
no Liceu. Esperara em vão: já outro professor fora nomeado. Agora, nem sequer com o apoio do velho
mestre, que ainda lhe tinha um pouco de amizade, podia mais contar. Por outro lado, continuava a ver os
negros maltratados, sem que nada pudesse fazer em seu favor. Não fazia duas semanas tinha ouvido na rua
um tilintar de correntes, à altura do Largo do Quartel, e vira uma fila de pretos, uns amarrados aos outros,
submissos, descendo a Rua do Sol. Nas conversas do Largo do Carmo, perto da coluna do Pelourinho,
contavam-se novos casos de mortes violentas de escravos, ali mesmo em São Luís. A Lei do Ventre Livre, que
a imprensa da Corte havia recebido com muita festa, não merecera o mais breve registro da imprensa de
São Luís. No fundo, pensando bem, que era essa lei senão uma burla? Os negros nasceriam e cresceriam nas
senzalas, debaixo do chicote dos senhores, e só aos vinte e um anos seriam livres. Ao fim de tanto tempo de
sujeição, que iriam fazer cá fora, sem saber em que se ocupar? E Damião sentia renascer no seu espírito o
impulso da revolta, querendo denunciar a burla e protestar contra o novo engodo à liberdade dos negros.
Mas vinha-lhe o desânimo. De que adiantava o seu protesto, se não dispunha de um jornal, se não tinha uma
tribuna? Ao mesmo tempo arriava os ombros, curvando a espinha, esmagado pela convicção de sua
inutilidade e de sua derrota. Se protestasse, como ia fazer depois para educar os filhos e sustentar a família?
Além do mais, embora desempregado havia muito tempo, não perdera a esperança de colocar-se a qualquer
momento, quer de novo no Liceu, quer no Seminário de Santo Antônio.
Josué Montello. Os tambores de São Luís. 5.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985, p. 374-5 (com adaptações).

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58. (CESPE / Prefeitura São Luís - MA Professor – 2017)


Depreende-se do texto que a “sensação íntima de derrota pessoal” (linha 2) que levava Damião a “isolar-se
num canto do terreiro, metido consigo” (linha 3) se devia ao fato de
a) a Lei do Ventre Livre ter sido promulgada.
b) o Dr. Sotero dos Reis, seu mestre e amigo, ter morrido.
c) ele não ser dono de jornal ou político.
d) ele ter perdido a esperança de ser professor do Liceu ou do Seminário de Santo Antônio.
e) ele estar desempregado e não ter meios para lutar contra a escravidão.

Comentário: A causa do sentimento de derrota está no fato de ele não poder denunciar a escravidão e estar
desempregado. Veja isso nos trechos abaixo:

“Com a morte recente do Dr. Sotero dos Reis, tinha tido a esperança de que viriam chamá-lo para ocupar-lhe
o lugar no Liceu. Esperara em vão: já outro professor fora nomeado.”

(...)

“E Damião sentia renascer no seu espírito o impulso da revolta, querendo denunciar a burla e protestar
contra o novo engodo à liberdade dos negros. Mas vinha-lhe o desânimo. De que adiantava o seu protesto,
se não dispunha de um jornal, se não tinha uma tribuna?”

Assim, a alternativa correta é a (E).

Gabarito: E

59. (CESPE / Prefeitura São Luís - MA Professor – 2017)


Infere-se do texto que, para Damião, a aprovação da Lei do Ventre Livre representou uma
a) possibilidade de os negros ascenderem socialmente por meio do trabalho remunerado.
b) chance de ele voltar a ministrar aulas no Liceu ou no Seminário de Santo Antônio.
c) vitória da Corte e da imprensa de São Luís na luta pela libertação dos negros.
d) falsa promessa de liberdade vindoura para os negros que nascessem a partir de então.
e) oportunidade de os negros finalmente se libertarem da escravidão.

Comentário: Conforme se apresenta no trecho abaixo, a lei do Ventre Livre não passava de uma burla
(enganar, ludibriar). Confirme:

“A Lei do Ventre Livre, que a imprensa da Corte havia recebido com muita festa, não merecera o mais breve
registro da imprensa de São Luís. No fundo, pensando bem, que era essa lei senão uma burla?”

Assim, a alternativa (D) é a correta.

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Gabarito: D

60. (CESPE / Prefeitura São Luís - MA Professor – 2017)


De acordo com o texto, Damião era um homem que
a) havia se convencido do êxito das suas lutas contra a violação dos direitos dos negros.
b) sofria preconceito racial e, por essa razão, se revoltava contra as injustiças decorrentes d regime
escravocrata.
c) se sentia impotente diante dos atos de violência e de injustiça praticados contra os negros.
d) desejava integrar um movimento político de luta pela abolição da escravatura.
e) negligenciava os assuntos relativos à escravidão.

Comentário: Na linhas 2 e 3, mostra-se o personagem com a sensação íntima de derrota pessoal. Em seguida,
observa-se que a causa disso era o fato de nada poder fazer para mudar o sistema: “De que adiantava o seu
protesto, se não dispunha de um jornal, se não tinha uma tribuna?”.

Assim, a alternativa (C) é a correta.

Gabarito: C

61. (CESPE / Prefeitura São Luís - MA Professor – 2017)


No texto, refere-se ao “Dr. Sotero dos Reis” (linha 4) a forma pronominal empregada em
(A) “lhe tinha um pouco de amizade” (linha 6).
(B) “outro professor” (linha 5).
(C) “em seu favor” (linha 8).
(D) “viriam chamá-lo” (linha 4).
(E) “para ocupar-lhe” (linha 4).

Comentário: O “Dr. Sotero dos Reis” era o professor que morreu e que Damião tinha esperança em substituí-
lo. Assim, o pronome “lhe” se refere ao “Dr. Sotero dos Reis” e a alternativa correta é a (E).

A alternativa (A) está errada, pois, na expressão “lhe tinha um pouco de amizade”, o pronome “lhe”
se refere a “Damião”.

A alternativa (B) está errada, pois “outro” não tem relação anafórica e não retoma palavra anterior.

A alternativa (C) está errada, pois, na expressão “em seu favor”, o pronome “seu” se refere aos
“negros maltratados”.

A alternativa (D) está errada, pois, na expressão “viriam chamá-lo”, o pronome “-lo” se refere a
“Damião”.

Confirme abaixo:

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“Com a morte recente do Dr. Sotero dos Reis, tinha tido a esperança de que viriam chamá-lo para ocupar-
lhe o lugar no Liceu. Esperara em vão: já outro professor fora nomeado. Agora, nem sequer com o apoio do
velho mestre, que ainda lhe tinha um pouco de amizade, podia mais contar. Por outro lado, continuava a ver
os negros maltratados, sem que nada pudesse fazer em seu favor.”

Gabarito: E

62. (CESPE / Prefeitura São Luís - MA Professor – 2017)


No texto, a oração “Mas vinha-lhe o desânimo” (linha 16) expressa uma ideia de
a) consequência.
b) finalidade.
s) conclusão.
d) adversidade.
e) condição.

Comentário: A conjunção “Mas” é coordenada adversativa. Assim, a alternativa correta é a (D).

Gabarito: D

63. (CESPE / Prefeitura São Luís - MA Professor – 2017)


No texto, a palavra “burla” (linha 15) foi empregada no sentido de
a) honra ou glória.
b) transgressão ou ofensa.
c) ilusão ou fraude.
d) compaixão ou piedade.
e) afronta ou agressão.

Comentário: A palavra “burla” tem o sentido de enganar, ludibriar. Assim, a alternativa que mais se aproxima
deste sentido é a (C).

Gabarito: C

(CESPE / TCE PE Analista – 2017)


Comecemos pelo conceito. A democracia veio dos gregos. Democracia não é só a eleição do governo
pelo povo, mas, sim, a atribuição, pelo povo, do poder — que inclui mais que o mero governo; inclui o direito
de fazer leis. Na democracia antiga, direta, isso cabia ao povo reunido na praça pública.
Um grande êxito dos atenienses, se comparados aos modernos, era o amor à política. Moses Finley,
um dos maiores conhecedores do tema, conta que, em Atenas, a assembleia popular se reunia cerca de
quarenta vezes ao ano. Pelo menos mil pessoas costumavam comparecer, às vezes dez mil, de um total de
quarenta mil possíveis (a presença não era obrigatória). Comparo esse empenho ao nosso. Quantos não

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resmungam para votar uma só vez a cada dois anos? Nesse período, o ateniense teria passado oitenta tardes
na praça, ouvindo, votando.
Mas a “falha” dos atenienses era a inexistência de direitos humanos. Não havia proteção contra as
decisões da assembleia soberana. Ela podia decretar o banimento de quem quisesse, sem se justificar: assim
Temístocles foi sentenciado ao ostracismo pelo mesmo povo que ele salvara dos persas. Desde a era
moderna, os direitos do homem, protegendo-o do Estado, se tornam cruciais. Estes são os grandes legados
das três revoluções modernas — a inglesa, a americana e a francesa: somos protegidos não só dos
desmandos do monarca absoluto, contra os quais o melhor antídoto seria a soberania popular, mas também
da tirania do próprio povo e de seus eleitos.

64. (CESPE / TCE PE Analista – 2017)


De acordo com o autor, no mundo contemporâneo há proporcionalmente mais participação política do que
havia na democracia ateniense.

Comentário: A afirmação está errada, pois o segundo parágrafo nos mostra que proporcionalmente a
participação política do ateniense é maior do que o ocorre hoje, como se observa no seguinte trecho:

Pelo menos mil pessoas costumavam comparecer, às vezes dez mil, de um total de quarenta mil possíveis (a
presença não era obrigatória). Comparo esse empenho ao nosso. Quantos não resmungam para votar uma
só vez a cada dois anos? Nesse período, o ateniense teria passado oitenta tardes na praça, ouvindo, votando.

Gabarito: E

65. (CESPE / TCE PE Analista – 2017)


O texto defende a ideia de que, com as revoluções modernas, aumentou a capacidade de defesa do indivíduo
contra o Estado.

Comentário: O terceiro parágrafo afirma que a “falha” dos atenienses era a inexistência de direitos humanos,
pois não havia proteção contra as decisões da assembleia soberana. Continua afirmando que, desde a era
moderna, os direitos do homem, protegendo-o do Estado, se tornam cruciais e que os grandes legados das
três revoluções modernas — a inglesa, a americana e a francesa — são a proteção não só dos desmandos do
monarca absoluto, contra os quais o melhor antídoto seria a soberania popular, mas também da tirania do
próprio povo e de seus eleitos.

Tudo isso reforça que, com as revoluções modernas, aumentou a capacidade de defesa do indivíduo
contra o Estado.

Gabarito: C

66. (CESPE / TCE PE Analista – 2017)


O autor emprega recursos do tipo textual narrativo para explicar o funcionamento da democracia direta
ateniense

Comentário: Ao final do primeiro parágrafo identificamos que se vai falar no próximo parágrafo sobre a
democracia direta ateniense: “Na democracia antiga, direta, isso cabia ao povo reunido na praça pública.”

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No segundo parágrafo, percebemos o discurso indireto com a presença do verbo de elocução “conta”,
o que nos mostra efetivamente uma primeira marca de narrativa. Além disso, há de se considerar que os
verbos a partir deste ponto encontram-se no pretérito imperfeito (“reunia”, “costumavam” e “era”), tendo
em vista a narrativa de um fato, como se observa em:

Moses Finley, um dos maiores conhecedores do tema, conta que, em Atenas, a assembleia popular se reunia
cerca de quarenta vezes ao ano. Pelo menos mil pessoas costumavam comparecer, às vezes dez mil, de um
total de quarenta mil possíveis (a presença não era obrigatória).

Gabarito: C

(CESPE / PC GO Delegado – 2017)


A diferença básica entre as polícias civil e militar é a essência de suas atividades, pois assim desenhou
o constituinte original: a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CF), em seu art. 144, atribui
à polícia federal e às polícias civis dos estados as funções de polícia judiciária — de natureza essencialmente
investigatória, com vistas à colheita de provas e, assim, à viabilização do transcorrer da ação penal — e a
apuração de infrações penais.
Enquanto a polícia civil descobre, apura, colhe provas de crimes, propiciando a existência do processo
criminal e a eventual condenação do delinquente, a polícia militar, fardada, faz o patrulhamento ostensivo,
isto é, visível, claro e perceptível pelas ruas. Atua de modo preventivo-repressivo, mas não é seu mister a
investigação de crimes. Da mesma forma, não cabe ao delegado de polícia de carreira e a seus agentes sair
pelas ruas ostensivamente em patrulhamento. A própria comunidade identifica na farda a polícia repressiva;
quando ocorre um crime, em regra, esta é a primeira a ser chamada.
Depois, havendo prisão em flagrante, por exemplo, atinge-se a fase de persecução penal, e ocorre o
ingresso da polícia civil, cuja identificação não se dá necessariamente pelos trajes usados.
Guilherme de Souza Nucci. Direitos humanos versus segurança pública. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 43 (com adaptações).

67. (CESPE / PC GO Delegado – 2017)


Infere-se das informações do texto que
a) o uso de fardamento pela polícia militar é o que a diferencia da polícia civil, que prescinde dos trajes
corporativos.
b) a essência da atividade do delegado de polícia civil reside no controle, na prevenção e na repressão de
infrações penais.
c) ao delegado de polícia cabem a condução da investigação criminal e a apuração de infrações penais.
d) a tarefa precípua dos delegados de polícia civil e de seus agentes é o patrulhamento ostensivo nas ruas.
e) a função de polícia judiciária concretiza-se no policiamento ostensivo, preventivo e repressivo.

Comentário: A alternativa (A) está errada, pois não é simplesmente o uso de fardamento da polícia militar
que a diferencia da polícia civil. Note o emprego do pronome demonstrativo “o”, transmitindo a noção de
que esta seria a exclusiva diferença, o que não é verdade, segundo o texto.

A alternativa (B) está errada, pois, segundo o texto, é a polícia militar a responsável pelo
“patrulhamento ostensivo”, em que recai o controle, a prevenção e a repressão de infrações penais. Isso é

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confirmado com seguinte trecho do segundo parágrafo: “A própria comunidade identifica na farda a polícia
repressiva”.

A alternativa (C) é a correta, pois é uma interpretação literal do seguinte trecho do texto do primeiro
parágrafo do texto:

“atribui à polícia federal e às polícias civis dos estados as funções de polícia judiciária — de natureza
essencialmente investigatória, com vistas à colheita de provas e, assim, à viabilização do transcorrer da ação
penal — e a apuração de infrações penais”.

A alternativa (D) está errada, pois o segundo parágrafo afirma que “não cabe ao delegado de polícia
de carreira e a seus agentes sair pelas ruas ostensivamente em patrulhamento”.

A alternativa (E) está errada, pois cabe à polícia militar, e não à polícia judiciária, o policiamento
ostensivo, preventivo e repressivo.

Gabarito: C

68. (CESPE / PC GO Delegado – 2017)


O texto é predominantemente
a) injuntivo.
b) narrativo.
c) dissertativo.
d) exortativo.
e) descritivo.

Comentário: No texto, está claro que a tipologia predominante é a dissertativa, pois ele trabalha a diferença
entre a polícia judiciária e a militar. Assim, a alternativa correta é a (C).

A alternativa (A) está errada, pois texto injuntivo é o instrucional, o qual é carregado de verbos no
imperativo e com elementos linguísticos que recorrem a uma mensagem direta ao leitor, o que não ocorreu
neste caso.

A alternativa (B) está errada, pois o texto narrativo é aquele que conta um caso, uma história, e
percebemos com muita tranquilidade que isso não ocorreu aqui.

A alternativa (D) está errada, pois o texto exortativo é aquele que tenta persuadir diretamente o leitor
em frases de efeito, como: “Como memorizar rapidamente a matéria!”.

A alternativa (E) está errada, pois o texto descritivo é aquele que basicamente enumera
características ou ações, o que certamente você percebeu não caber neste contexto.

Gabarito: C

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A persecução penal se desenvolve em duas fases: uma fase administrativa, de inquérito policial, e
uma fase jurisdicional, de ação penal. Assim, nada mais é o inquérito policial que um procedimento
administrativo destinado a reunir elementos necessários à apuração da prática de uma infração penal e de
sua autoria. Em outras palavras, o inquérito policial é um procedimento policial que tem por finalidade
construir um lastro probatório mínimo, ensejando justa causa para que o titular da ação penal possa formar
seu convencimento, a opinio delicti, e, assim, instaurar a ação penal cabível. Nessa linha, percebe-se que o
destinatário imediato do inquérito policial é o Ministério Público, nos casos de ação penal pública, e o
ofendido, nos casos de ação penal privada.
De acordo com o conceito ora apresentado, para que o titular da ação penal possa, enfim, ajuizá-la,
é necessário que haja justa causa. A justa causa, identificada por parte da doutrina como uma condição da
ação autônoma, consiste na obrigatoriedade de que existam prova acerca da materialidade delitiva e, ao
menos, indícios de autoria, de modo a existir fundada suspeita acerca da prática de um fato de natureza
penal. Dessa forma, é imprescindível que haja provas acerca da possível existência de um fato criminoso e
indicações razoáveis do sujeito que tenha sido o autor desse fato.
Evidencia-se, portanto, que é justamente na fase do inquérito policial que serão coletadas as
informações e as provas que irão formar o convencimento do titular da ação penal, isto é, a opinio delicti. É
com base nos elementos apurados no inquérito que o promotor de justiça, convencido da existência de justa
causa para a ação penal, oferece a denúncia, encerrando a fase administrativa da persecução penal.
Hálinna Regina de Lira Rolim. A possibilidade de investigação do Ministério Público na fase pré-processual penal. Artigo
científico. Rio de Janeiro: Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, 2010, p. 4. Internet : <www.emerj.tjrj.jus.br>. (com
adaptações).

69. (CESPE / MPU Analista – 2015)


A fase do inquérito policial em que são coletadas as informações e as provas que irão formar o
convencimento do titular da ação penal é denominada opinio delecti.

Comentário: Pela própria análise sintática, podemos perceber o erro na afirmação da questão, pois “opinio
delecti” é o aposto explicativo, o qual se refere ao convencimento do titular da ação penal. Isso é confirmado
no último parágrafo, quando se afirma o seguinte:

“...o convencimento do titular da ação penal, isto é, a opinio delicti”

Já a questão afirma que “opinio delecti” é a denominação de uma fase do inquérito policial.

Gabarito: E

70. (CESPE / MPU Analista – 2015)


A fase jurisdicional da persecução penal tem início após o oferecimento da denúncia pelo promotor de
justiça.

Comentário: Realizando a questão com cunho puramente interpretativo, sem os conhecimentos prévios do
direito, o que certamente já ajuda bastante nesta questão, devemos observar uma sequência de informações
do texto:

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Primeiro, foi afirmado que a “persecução penal se desenvolve em duas fases: uma fase administrativa,
de inquérito policial, e uma fase jurisdicional, de ação penal.”.

Em seguida, afirma-se que “o destinatário imediato do inquérito policial é o Ministério Público, nos
casos de ação penal pública, e o ofendido, nos casos de ação penal privada.”.

Isso é confirmado no último período do texto: “É com base nos elementos apurados no inquérito que
o promotor de justiça, convencido da existência de justa causa para a ação penal, oferece a denúncia,
encerrando a fase administrativa da persecução penal.”. Assim, ao término da primeira fase (“fase
administrativa da persecução penal”), após o convencimento do promotor de justiça, entra-se
imediatamente na próxima (“fase jurisdicional da persecução penal”).

Por tudo isso, confirmamos que a afirmação está correta, pois realmente a fase jurisdicional da
persecução penal tem início após o oferecimento da denúncia pelo promotor de justiça.

Gabarito: C

71. (CESPE / MPU Analista – 2015)


A existência de prova da materialidade delitiva é suficiente para que se considere a existência de indícios de
autoria.

Comentário: Fica fácil observar que a afirmativa está errada, pois o segundo parágrafo nos informa que a
“justa causa...consiste na obrigatoriedade de que existam prova acerca da materialidade delitiva e, ao
menos, indícios de autoria, de modo a existir fundada suspeita acerca da prática de um fato de natureza
penal.”. Assim, esses dois elementos grifados acima são paralelos e substanciais para confirmar a justa causa.

Já a questão afirma que a prova acerca da materialidade delitiva indicaria a existência de indícios de
autoria, relação esta que não se encontra no texto.

Gabarito: E

(CESPE / Anatel Técnico – 2014)


No começo dos tempos, as pessoas precisavam aproveitar o período em que o Sol estava radiante
para praticar suas atividades diárias. Com o passar dos anos, essa diferenciação entre dia para agir e noite
para dormir foi ficando menos evidente. Isso porque o advento da iluminação e, mais precisamente, da
iluminação pública, permitiu que as pessoas desfrutassem mais da noite e deixou as cidades mais seguras e
bonitas. Dos lampiões a querosene aos leds, a evolução da iluminação contribuiu para a transformação das
cidades e dos hábitos das pessoas.
Desde a Idade Média, os seres humanos vinham tentando resolver o problema da escuridão com
velas e outros artefatos. Nesse período, eram usadas tochas com fibras torcidas e impregnadas com material
inflamável. Foi, sobretudo, no século XV que a iluminação pública se tornou uma preocupação nas cidades.
A história indica que, em 1415, na Inglaterra, a iluminação surgiu como uma solução para amenizar a
violência e, principalmente, os roubos a comerciantes, que aconteciam com frequência na região.
Não é à toa que especialistas consideram a iluminação como uma grande aliada das cidades na luta
contra a violência urbana, já que é uma grande inibidora de atos de vandalismo, roubo e agressões.

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Internet: <http://www.osetoreletrico.com.br> (com adaptações).

72. (CESPE / Anatel Técnico – 2014)


O texto estabelece uma relação paradoxal entre iluminação pública e aumento de segurança urbana.

Comentário: Paradoxal se configura como duas características antagônicas, isto é, opostas entre si. O texto
não marcou oposição, contraste entre iluminação pública e segurança urbana. Na realidade, a iluminação
pública ajudou na segurança urbana.

A interpretação não é literal, mas o trecho final do texto “especialistas consideram a iluminação como
uma grande aliada das cidades na luta contra a violência urbana, já que é uma grande inibidora de atos de
vandalismo, roubo e agressões” nos indica que não há relação paradoxal.

Assim, a afirmativa da questão está errada.

Gabarito: E

(CESPE / Anatel Técnico – 2014)


As cidades foram criadas para a segurança de seus habitantes. Foram elas que propiciaram, segundo
autores clássicos e contemporâneos, o desenvolvimento da cidadania, da racionalidade econômica, de um
sistema de leis válidas para todos e de novas formas de associação entre indivíduos, fora dos laços de
parentesco e de servidão. Desde o clássico de Weber (1958) até as obras mais recentes de Godbout (1997)
e Jacobs (1993), a liberdade é apresentada como uma conquista urbana. Essas novas formas de liberdade
foram saudadas porque dissolviam laços de domínio dos poderes familiares e feudais que impediam o
aparecimento de um poder público voltado para o povo (Habermas, 1994). Mas, simultaneamente, por
atraírem pessoas vindas de diferentes lugares, com diferentes culturas, religiões, compromissos políticos e
identificações, que apenas se esbarrariam nos novos espaços, as cidades teriam, então, comprometido o
estabelecimento de relações duradouras entre seus habitantes.
Alba Zaluar. A abordagem ecológica e os paradoxos da cidade. Revista de
Antropologia, São Paulo: USP, 2010, v. 53, n.º 2, p. 613 (com adaptações).

73. (CESPE / Anatel Técnico – 2014)


Infere-se da leitura do texto que as cidades propiciaram, além do fortalecimento dos laços de parentesco
entre os indivíduos, desenvolvimento da cidadania, da racionalidade econômica, de um sistema de leis
válidas para todos e de novas formas de associação pessoal.

Comentário: Note que a questão recortou literalmente expressões dos primeiros períodos do texto, porém
o advérbio “fora” é um vestígio que nos traz a informação de que as cidades não propiciaram fortalecimento
dos laços de parentesco entre os indivíduos. Houve a afirmação, no segundo período do texto, de que houve
novas formas de associação entre indivíduos, fora dos laços de parentesco e de servidão.

Isso é confirmado nos períodos seguintes, em que se afirma que as novas liberdades promovidas pela
conquista urbana dissolviam laços de domínio dos poderes familiares e feudais.

Confirme isso com os elementos grifados no texto e na afirmativa:

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Texto:

As cidades foram criadas para a segurança de seus habitantes. Foram elas que propiciaram, segundo autores
clássicos e contemporâneos, o desenvolvimento da cidadania, da racionalidade econômica, de um sistema
de leis válidas para todos e de novas formas de associação entre indivíduos, fora dos laços de parentesco e
de servidão. Desde o clássico de Weber (1958) até as obras mais recentes de Godbout (1997) e Jacobs (1993),
a liberdade é apresentada como uma conquista urbana. Essas novas formas de liberdade foram saudadas
porque dissolviam laços de domínio dos poderes familiares e feudais que impediam o aparecimento de um
poder público voltado para o povo (Habermas, 1994).

Afirmativa da questão:

Infere-se da leitura do texto que as cidades propiciaram, além do fortalecimento dos laços de parentesco
entre os indivíduos, desenvolvimento da cidadania, da racionalidade econômica, de um sistema de leis válidas
para todos e de novas formas de associação pessoal.

Assim, a afirmativa está errada.

Gabarito: E

74. (CESPE / Anatel Técnico – 2014)


De acordo com o texto, as cidades, por congregarem pessoas de diferentes classes sociais, não contribuem
para a manutenção de relações duradouras entre os habitantes.

Comentário: O último período do texto localiza a afirmação da questão. Este último período realmente
afirma que “as cidades teriam comprometido o estabelecimento de relações duradouras entre seus
habitantes”. Porém, a questão afirma que o motivo é apenas a diferença de classes sociais, mas o texto não
mostra essa simples diferença de classes sociais. A causa, segundo o texto, é a atração de “pessoas vindas de
diferentes lugares, com diferentes culturas, religiões, compromissos políticos e identificações, que apenas se
esbarrariam nos novos espaços”. Definitivamente, isso não tem relação com a diferença de classe social.

Gabarito: E

75. (CESPE / Anatel Técnico – 2014)


A palavra comunicação significa normalmente o ato de tornar comum a muitos. A partir do século
XVII (até o século XIX), ganhou projeção a expressão meio ou linhas de comunicação, designando as
facilidades trazidas pelo desenvolvimento das ferrovias, canais e rodovias no deslocamento de pessoas e
objetos. Do século XIX ao século XX, o sentido da palavra se aproximou cada vez mais daquilo que hoje pode
ser chamado de mídia (meios pelos quais se passa informação e se mantém o contato mediado, indireto).
Foi a partir desse momento que a indústria da comunicação (transporte de bens simbólicos) separou-se
semanticamente da indústria de transportes (transporte de bens físicos e pessoas).
É importante ressaltar que o termo comunicação carrega, no mundo moderno, as marcas de sua
ambiguidade original (tornar comum a muitos, partilhar, trocar). Nesse sentido, quando se fala em
comunicação face a face ou interativa, pode-se dizer que se trata de troca e partilha, mas quando se fala de

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comunicação mediada, como rádio e TV, destaca-se consideravelmente a sua função de tornar comum a
muitos.
Pierre Bordieu. Questões de sociologia e comunicação. FAPESP, ANABLUME, 2007, p. 42-3 (com adaptações).

Infere-se do texto que o termo “comunicação” adquire, no mundo moderno, interpretações distintas.

Comentário: Nota-se que o último parágrafo refere-se ao mundo moderno. A questão trabalha a inferência
por meio da estrutura comparativa e contrastante “quando se fala em comunicação face a face ou interativa,
pode-se dizer que se trata de troca e partilha, mas quando se fala de comunicação mediada, como rádio e
TV, destaca-se consideravelmente a sua função de tornar comum a muitos”.

Dessa forma, realmente, o termo “comunicação” adquire, no mundo moderno, interpretações


distintas.

Gabarito: C

(CESPE / Anatel Técnico – 2014)


As traduções são muito mais complexas do que se imagina. Não me refiro a locuções, expressões
idiomáticas, gírias, flexões verbais, declinações e coisas assim. Isso pode ser resolvido de uma maneira ou de
outra, se bem que, muitas vezes, à custa de intenso sofrimento por parte do tradutor. Refiro-me à
impossibilidade de encontrar equivalências entre palavras aparentemente sinônimas, unívocas e
univalentes. Por exemplo, um alemão que saiba português responderá sem hesitação que a palavra da língua
portuguesa “amanhã” quer dizer “morgen”. Mas coitado do alemão que vá para o Brasil acreditando que,
quando um brasileiro diz “amanhã”, está realmente querendo dizer “morgen”. Raramente está. “Amanhã”
é uma palavra riquíssima e tenho certeza de que, se o Grande Duden fosse brasileiro, pelo menos um volume
teria de ser dedicado a ela e a outras que partilham da mesma condição.
“Amanhã” significa, entre outras coisas, “nunca”, “talvez”, “vou pensar”, “vou desaparecer”, “procure
outro”, “não quero”, “no próximo ano”, “assim que eu precisar”, “um dia destes”, “vamos mudar de assunto”
etc. e, em casos excepcionalíssimos, “amanhã” mesmo. Qualquer estrangeiro que tenha vivido no Brasil sabe
que são necessários vários anos de treinamento para distinguir qual o sentido pretendido pelo interlocutor
brasileiro, quando ele responde, com a habitual cordialidade, que fará tal ou qual coisa amanhã. O caso dos
alemães é, seguramente, o mais grave. Não disponho de estatísticas confiáveis, mas tenho certeza de que
nove em cada dez alemães que procuram ajuda médica no Brasil o fazem por causa de “amanhãs” casuais
que os levam, no mínimo, a um colapso nervoso, para grande espanto de seus amigos brasileiros.
João Ubaldo Ribeiro. A vida é um eterno amanhã. In: Um brasileiro em Berlim. 1993 (com adaptações).

76. (CESPE / Anatel Técnico – 2014)


Infere-se da leitura do texto que os brasileiros, na maioria das vezes, usam a palavra “amanhã” em sentido
metafórico, e os alemães, em sentido literal.

Comentário: O sentido metafórico é o da linguagem abstrata, uma comparação ideológica, o sentido é


estendido, ampliado. Já o sentido literal é o sentido real da palavra, sentido original.

A segunda parte do primeiro parágrafo abarca essa interpretação, pois o autor começa falando que
o alemão entende literalmente amanhã como “morgen”, isto é, dia posterior ao de hoje. Já os brasileiros
estendem este sentido a tantos outros, figurativos, com várias aplicações diferentes. Confirme isso:

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Por exemplo, um alemão que saiba português responderá sem hesitação que a palavra da língua portuguesa
“amanhã” quer dizer “morgen”. Mas coitado do alemão que vá para o Brasil acreditando que, quando um
brasileiro diz “amanhã”, está realmente querendo dizer “morgen”. Raramente está. “Amanhã” é uma palavra
riquíssima e tenho certeza de que, se o Grande Duden fosse brasileiro, pelo menos um volume teria de ser
dedicado a ela e a outras que partilham da mesma condição.

Gabarito: C

77. (CESPE / Anatel Técnico – 2014)


Depreende-se da leitura do texto que, apesar de não se basear em estatísticas, o autor constrói sua
argumentação com dados advindos do sistema de saúde brasileiro.

Comentário: O autor faz uma brincadeira a respeito do uso da palavra “amanhã”. Ele não quis usar dados do
sistema de saúde brasileiro. Apenas situou em sua brincadeira uma estatística inventada, numa suposta
==177d4==

consulta a um médico brasileiro. Confirme:

Não disponho de estatísticas confiáveis, mas tenho certeza de que nove em cada dez alemães que procuram
ajuda médica no Brasil o fazem por causa de “amanhãs” casuais que os levam, no mínimo, a um colapso
nervoso, para grande espanto de seus amigos brasileiros.

Gabarito: E

78. (CESPE / Antaq Técnico – 2014)


Hidrovia é uma rota predeterminada para o tráfego aquático. Há muito tempo, o homem utiliza a
água como estrada, e a Amazônia é o maior exemplo disso. O transporte por hidrovias apresenta grande
capacidade de movimentação de cargas a grandes distâncias com baixo consumo de combustível, além de
propiciar uma oferta de produtos a preços competitivos. A ampliação do uso da hidrovia é uma tendência
mundial por uma questão ambiental.
A viabilização de uma navegação segura no rio Madeira, por exemplo, permite o escoamento da
produção de grãos de Rondônia e Mato Grosso para o Amazonas e daí para o Atlântico. Isso cria um corredor
de desenvolvimento integrado, com transporte de alta capacidade e baixo custo para grandes distâncias,
elimina um grave problema estrutural do setor primário, com a redução significativa da dependência do
modal rodoviário até os portos do Sudeste, e representa mais uma opção de integração nacional, com a
redução de trânsito pesado nas rodovias da região Centro-Sul.
Idem (com adaptações).
Infere-se das informações do texto que o transporte por hidrovia ajuda a preservar o meio ambiente, dado
o baixo consumo de combustível, e reduz a dependência do transporte rodoviário.

Comentário: O texto confirma cada expressão utilizada na afirmativa, pois realmente se pode entender do
texto que o transporte por hidrovia ajuda a preservar o meio ambiente (conforme se vê no trecho “por uma
questão ambiental”), dado o baixo consumo de combustível (conforme se vê no trecho “movimentação de
cargas a grandes distâncias com baixo consumo de combustível”, e reduz a dependência do transporte
rodoviário (como se vê no trecho “redução significativa da dependência do modal rodoviário até os portos
do Sudeste... com a redução de trânsito pesado nas rodovias da região Centro-Sul”).

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Gabarito: C

79. (CESPE / Antaq Técnico – 2014)


As obras de dragagem objetivam remover os sedimentos que se encontram no fundo do corpo d'água
para permitir a passagem das embarcações, garantindo o acesso ao porto. Na maioria das vezes, a dragagem
é necessária quando da implantação do porto, para o aumento da profundidade natural no canal de
navegação, no cais de atracação e na bacia de evolução. Também é necessária sua realização periódica para
o alcance das profundidades que atendam o calado das embarcações.
Internet: <www.antaq.gov.br> (com adaptações).

Depreende-se das informações do texto que a dragagem realizada na implantação do porto para garantir o
acesso das embarcações é definitiva, não havendo necessidade de ser refeita.

Comentário: A afirmativa está errada, pois a dragagem realizada na implantação do porto para garantir o
acesso das embarcações não é definitiva, e há necessidade de ser refeita, conforme se observa no último
período do texto: “Também é necessária sua realização periódica para o alcance das profundidades que
atendam o calado das embarcações”.

Gabarito: E

3 – O QUE DEVO TOMAR NOTA COMO MAIS IMPORTANTE?

• Entender as diferenças dos tipos de texto.


• Saber que, mesmo os dados não estando explícitos, haverá vestígios no texto que confirmem a
correta interpretação.
• Cuidado com as palavras categóricas

Até nosso próximo encontro!

Grande abraço.

Terror

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4 – LISTA DE QUESTÕES

(CESPE / MPU Técnico)


Segundo a doutrina nacional, os crimes cibernéticos (também chamados de eletrônicos ou virtuais)
dividem-se em puros (ou próprios) ou impuros (ou impróprios). Os primeiros são os praticados por meio de
computadores e se realizam ou se consumam também em meio eletrônico. Os impuros ou impróprios são
aqueles em que o agente se vale do computador como meio para produzir resultado que ameaça ou lesa
outros bens, diferentes daqueles da informática.
É importante destacar que o art. 154-A do Código Penal (Lei n.º 12.737/2012) trouxe para o
ordenamento jurídico o crime novo de “invasão de dispositivo informático”, que consiste na conduta de
invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação
indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem
autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo, ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem
ilícita. Quanto à culpabilidade, a conduta criminosa do delito cibernético caracteriza-se somente pelo dolo,
não havendo a previsão legal da conduta na forma culposa.

1. (CESPE / MPU Técnico)


Depreende-se das informações do texto que, nos crimes cibernéticos chamados impuros ou
impróprios, o resultado extrapola o universo virtual e atinge bens materiais alheios à informática.

2. (CESPE / MPU Técnico)


Infere-se dos fatos apresentados no texto que a consideração de crime para os delitos cibernéticos foi
determinada há várias décadas, desde o surgimento da Internet.

3. (CESPE / Anatel Analista)

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A mensagem veiculada nesse texto centra-se no descompasso existente entre a alta tecnologia empregada
nos aparelhos celulares e a baixa qualidade dos serviços oferecidos pelas operadoras de telefonia celular.

(CESPE / Anatel Analista)

ANATEL. Internet: <http://www.anatel.gov.br>.

Em 2013, a ANATEL divulgou resultados comparativos de pesquisas de satisfação realizadas em 2002 e em


2012 e cujo objetivo era avaliar o índice de satisfação do consumidor brasileiro em relação aos serviços de
telefonia, de Internet e de TV por assinatura. No gráfico acima, são apresentados os índices de satisfação do
consumidor brasileiro em relação à TV por assinatura. Esses índices, em porcentagem, variam de 0
(consumidor insatisfeito com o serviço) a 100 (consumidor muito satisfeito com o serviço).
Com base nas informações do texto e do gráfico acima, julgue os itens subsecutivos.

4. (CESPE / Anatel Analista)


Os resultados comparativos entre os anos de 2002 e 2012 demonstram que o índice de satisfação do
consumidor brasileiro em relação à TV por assinatura via satélite (DTH) registrou aumento.

5. (CESPE / Anatel Analista)


Em 2012, o consumidor brasileiro mostrou-se menos satisfeito com os serviços de TV a cabo e com a TV por
assinatura via micro-ondas (MMDS).

6. (CESPE / Anatel Analista)


A maior queda observada no que se refere ao índice de satisfação comparativo nos anos de 2002 e 2012 diz
respeito à satisfação do consumidor brasileiro com o serviço de TV a cabo.

(CESPE / MPU Analista)


Na organização do poder político no Estado moderno, à luz da tradição iluminista, o direito tem por
função a preservação da liberdade humana, de maneira a coibir a desordem do estado de natureza, que, em
virtude do risco da dominação dos mais fracos pelos mais fortes, exige a existência de um poder institucional.
Mas a conquista da liberdade humana também reclama a distribuição do poder em ramos diversos, com a
disposição de meios que assegurem o controle recíproco entre eles para o advento de um cenário de
equilíbrio e harmonia nas sociedades estatais. A concentração do poder em um só órgão ou pessoa viria
sempre em detrimento do exercício da liberdade. É que, como observou Montesquieu, “todo homem que

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tem poder tende a abusar dele; ele vai até onde encontra limites. Para que não se possa abusar do poder, é
preciso que, pela disposição das coisas, o poder limite o poder”.
Até Montesquieu, não eram identificadas com clareza as esferas de abrangência dos poderes
políticos: “só se concebia sua união nas mãos de um só ou, então, sua separação; ninguém se arriscava a
apresentar, sob a forma de sistema coerente, as consequências de conceitos diversos”. Pensador francês do
século XVIII, Montesquieu situa-se entre o racionalismo cartesiano e o empirismo de origem baconiana, não
abandonando o rigor das certezas matemáticas em suas certezas morais. Porém, refugindo às especulações
metafísicas que, no plano da idealidade, serviram aos filósofos do pacto social para a explicação dos
fundamentos do Estado ou da sociedade civil, ele procurou ingressar no terreno dos fatos.
Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do Ministério Público em função da proteção dos direitos humanos. Tese de
doutorado. São Paulo: USP, 2010, p. 18-9. Internet: <www.teses.usp.br> (com adaptações).

7. (CESPE / MPU Analista)


Montesquieu busca a explicação dos fundamentos do Estado ou da sociedade civil de forma análoga à dos
metafísicos.

8. (CESPE / MPU Analista)


No Estado moderno, cabe ao Ministério Público a função da preservação da liberdade humana, de forma a
proteger os mais fracos da dominação dos mais fortes.

9. (CESPE / MPU Analista)


A conquista da liberdade humana pressupõe a distribuição do poder em ramos diversos.

10. (CESPE / MPU Analista)


Segundo Montesquieu, aquele que não encontra limites para o exercício do poder que detém tende a agir
de forma abusiva.

A Revolta da Vacina

O Rio de Janeiro, na passagem do século XIX para o século XX, era ainda uma cidade de ruas estreitas
e sujas, saneamento precário e foco de doenças como febre amarela, varíola, tuberculose e peste. Os navios
estrangeiros faziam questão de anunciar que não parariam no porto carioca e os imigrantes recém-chegados
da Europa morriam às dezenas de doenças infecciosas.

Ao assumir a presidência da República, Francisco de Paula Rodrigues Alves instituiu como meta
governamental o saneamento e reurbanização da capital da República. Para assumir a frente das reformas,
nomeou Francisco Pereira Passos para o governo municipal. Este, por sua vez, chamou os engenheiros
Francisco Bicalho para a reforma do porto e Paulo de Frontin para as reformas no centro. Rodrigues Alves
nomeou ainda o médico Oswaldo Cruz para o saneamento.

O Rio de Janeiro passou a sofrer profundas mudanças, com a derrubada de casarões e cortiços e o
consequente despejo de seus moradores. A população apelidou o movimento de o “bota-abaixo”. O objetivo
era a abertura de grandes bulevares, largas e modernas avenidas com prédios de cinco ou seis andares.

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Ao mesmo tempo, iniciava-se o programa de saneamento de Oswaldo Cruz. Para combater a peste,
ele criou brigadas sanitárias que cruzavam a cidade espalhando raticidas, mandando remover o lixo e
comprando ratos. Em seguida o alvo foram os mosquitos transmissores da febre amarela.

Finalmente, restava o combate à varíola. Autoritariamente, foi instituída a lei de vacinação


obrigatória. A população, humilhada pelo poder público autoritário e violento, não acreditava na eficácia da
vacina. Os pais de família rejeitavam a exposição das partes do corpo a agentes sanitários do governo.

A vacinação obrigatória foi o estopim para que o povo, já profundamente insatisfeito com o “bota-
abaixo” e insuflado pela imprensa, se revoltasse. Durante uma semana, enfrentou as forças da polícia e do
exército até ser reprimido com violência. O episódio transformou, no período de 10 a 16 de novembro de
1904, a recém-reconstruída cidade do Rio de Janeiro em uma praça de guerra, onde foram erguidas
barricadas e ocorreram confrontos generalizados.

Internet: <www.ccs.saude.gov.br> (com adaptações).

Observe os traços temporais que marcam a evolução dos acontecimentos, ao mesmo tempo em que
as ações vão sendo desenvolvidas num cenário (Rio de Janeiro). Veja os elementos temporais: “na passagem
do século XIX para o século XX”; “Ao assumir a presidência da República”; “Ao mesmo tempo”; “Em seguida”;
“Finalmente”; “Durante uma semana”; “no período de 10 a 16 de novembro de 1904”.

Com isso, observa-se que há uma história sendo contada por alguém que não participou dela
(narrador-observador). Ele não tem necessidade de se posicionar diante de alguma situação, o que se
pretende com o texto é narrar um fato que ocorreu no Rio de Janeiro. Como o texto se fundamenta na
informação, diz-se que há um ponto de vista objetivo.

Com base no texto acima, resolva as questões a seguir:

11. (CESPE / Médico Perito INSS nível superior)


O texto faz um histórico da Revolta da Vacina, ocorrida no Rio de Janeiro, mostrando explicitamente o ponto
de vista do autor acerca do tema.

12. (CESPE / Médico Perito INSS nível superior)


O texto apresenta marcadores que evidenciam a progressão da narrativa, tais como “Ao mesmo tempo” e
“Finalmente”.

13. (CESPE / MPU Técnico)


A partir de uma ação do Ministério Público Federal (MPF), o Tribunal Regional Federal da 2ª Região
(TRF2) determinou que a Google Brasil retirasse, em até 72 horas, 15 vídeos do YouTube que disseminam o
preconceito, a intolerância e a discriminação a religiões de matriz africana, e fixou multa diária de R$
50.000,00 em caso de descumprimento da ordem judicial. Na ação civil pública, a Procuradoria Regional dos
Direitos do Cidadão (PRDC/RJ) alegou que a Constituição garante aos cidadãos não apenas a obrigação do
Estado em respeitar as liberdades, mas também a obrigação de zelar para que elas sejam respeitadas pelas
pessoas em suas relações recíprocas.
Predomina no texto em apreço o tipo textual narrativo.

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14. (CESPE / Antaq Técnico)


Um dos principais desafios para o Brasil é conhecer a Amazônia. Sua vocação eminentemente hídrica
impõe, ao longo dos séculos, a necessidade do deslocamento de seus habitantes através dos rios. Muito
antes da chegada dos colonizadores na Amazônia, os nativos já utilizavam canoas. Ainda hoje, grande parte
da população amazônica vive da pesca. Além disso, o deslocamento do ribeirinho se faz através da infinidade
de rios que retalham a grandeza territorial.
Mas para conhecer a Amazônia de verdade é preciso entender sua posição estratégica para o país.
Os rios são a chave para esse conhecimento. São as estradas que a natureza construiu e em cujas margens
se desenvolveram inúmeras povoações. Portanto, é impossível pensar em Amazônia sem associar a
importância que os rios têm para o desenvolvimento econômico e social. Eles devem ser vistos como os
grandes propulsores do desenvolvimento sustentável da região.
Domingos Savio Almeida Nogueira. In: Internet: <www.portosenavios.com.br/artigos> (com adaptações).
Predomina no texto a narração, já que nele se identificam um cenário e uma ação.

15. (CESPE / Antaq Técnico)


Alexandria, no Egito, reinou quase absoluta como centro da cultura mundial no período do século III
a.C. ao século IV d.C. Sua famosa Biblioteca continha praticamente todo o saber da Antiguidade em cerca de
700.000 rolos de papiro e pergaminho e era frequentada pelos mais conspícuos sábios, poetas e
matemáticos.
A Biblioteca de Alexandria estava muito próxima do que se entende hoje por Universidade. E faz-se
apropriado o depoimento do insigne Carl B. Boyer, em A História da Matemática: “A Universidade de
Alexandria evidentemente não diferia muito de instituições modernas de cultura superior. Parte dos
professores provavelmente se notabilizou na pesquisa, outros eram melhores como administradores e
outros ainda eram conhecidos pela sua capacidade de ensinar.”
Em 47 a.C., envolvendo-se na disputa entre a voluptuosa Cleópatra e seu irmão, o imperador Júlio
César mandou incendiar a esquadra egípcia ancorada no porto de Alexandria. O fogo se propagou até as
dependências da Biblioteca, queimando cerca de 500.000 rolos.
Em 640 d.C., o califa Omar ordenou que fossem queimados todos os livros da Biblioteca, utilizando o
seguinte o argumento: “ou os livros contêm o que está no Alcorão e são desnecessários ou contêm o oposto
e não devemos lê-los.”
A destruição da Biblioteca de Alexandria talvez tenha representado o maior crime contra o saber em
toda a história da humanidade.
Se vivemos hoje a era do conhecimento é porque nos alçamos em ombros de gigantes do passado. A
Internet representa um poderoso agente de transformação do nosso modus vivendi et operandi.
É um marco histórico, um dos maiores fenômenos de comunicação e uma das mais democráticas
formas de acesso ao saber e à pesquisa. Mas, como toda inovação, a Internet tem potencial cuja dimensão
não deve ser superdimensionada. Seu conteúdo é fragmentado, desordenado e, além disso, cerca de metade
de seus bites é descartável.
Jacir J. Venturi. Internet: <www.geometriaanalitica.com.br> (com adaptações).

Nesse texto, que pode ser classificado como artigo de opinião, identificam-se trechos narrativos e
dissertativos.

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Texto CG3A3-I 1
O dito popular que defende a prevenção como melhor remédio tem tanta afinidade com o dia a dia
da administração pública que, ouso afirmar, poderia ser tido como princípio implícito de nosso ordenamento
constitucional.
Em outros termos, quando se trata da coisa pública, o “errar é humano” não vale, não pode valer. E
não porque o ser humano não possa errar, mas porque, direta ou indiretamente, o erro custa muito caro à
sociedade.
O contrato superfaturado, a obra malfeita ou inacabada e o serviço mal prestado constituem enorme
desrespeito ao contribuinte. Além de causarem grande prejuízo a toda a coletividade, acabam sendo
também os grandes responsáveis pelo sentimento de ausência do Estado.
Diversas são as demandas da sociedade, e o administrador, preso às limitações de um orçamento, ao
eleger determinado investimento como prioridade, naturalmente relega outros. Por isso, cautela e
planejamento devem ser as palavras de ordem para o gasto público, sob todos os enfoques, especialmente
nas contratações.
A matemática é simples: quantos gestores, no exercício de suas administrações, conseguiram
ressarcir os prejuízos de contratos considerados irregulares pelos tribunais de contas, por superfaturamento,
deficiência na execução ou qualquer outra ilegalidade? A prática mostra que, uma vez executado e pago o
serviço, feito está, pois não se recupera todo o dinheiro público gasto irregularmente. Ao contrário, o
dispêndio público só aumenta: são abertos procedimentos de apuração interna de responsabilidades,
inquéritos civis, ações civis públicas... enfim, movimenta-se ainda mais a máquina pública, e pouco, muito
pouco, é recuperado.
Dimas Ramalho. É melhor prevenir que remediar. Internet: https://www.tce.sp.gov.br/ (com adaptações).

16. (CESPE / MPC-PA Conhecimentos básicos nível médio 2019)


Infere-se do texto CG3A3-I que, com relação aos gastos da administração pública, é melhor prevenir do que
remediar porque
A) a administração pública não dispõe de verba para ressarcir eventuais prejuízos causados ao cidadão.
B) o erro custa muito caro à sociedade.
C) erros não são admitidos na administração pública.
D) gastos indevidos refletem ausência de cautela e planejamento.
E) o dinheiro público gasto irregularmente nunca é recuperado.

17. (CESPE / MPC-PA Conhecimentos básicos nível médio 2019)


No texto CG3A3-I, a palavra “ressarcir” (linha 15) foi empregada com o mesmo sentido de
A) confiscar.
B) indenizar.
C) evitar.
D) transferir.
E) reduzir.

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Texto CG3A3-II 1
Nascido em 1902, nos Estados Unidos da América, Theodore Schultz foi o primeiro acadêmico que
efetivamente sistematizou a relação existente entre aumento de investimentos em educação e aumento de
produtividade e salários no setor agrícola — e, claro, na economia como um todo.
Em seus estudos, o economista comparou a situação de desequilíbrio entre países pobres, cuja
capacidade de produção agrícola é baixa, e países ricos, de alta capacidade produtiva. Nessa análise,
percebeu-se que os países desenvolvidos possuíam muito mais dinheiro investido no chamado capital
humano, mais especificamente em educação.
Notavelmente, educação traz desenvolvimento econômico e social, além de gerar, em um contexto
micro, habilidades para o indivíduo que possam ser aproveitadas tanto por ele quanto por outros ao seu
redor — fato já conhecido por Schultz. Contudo, o pesquisador foi além e sistematizou a influência da
educação sobre a riqueza de uma nação. Ele analisou a economia norte-americana e percebeu que a maior
parte do crescimento econômico do país estava associada ao capital humano, materializado em
investimentos em educação, e não no capital físico.
Ainda nesse estudo, Schultz analisou os custos da educação. Além do óbvio custo material
(professores, infraestrutura e material escolar), há outros custos que envolvem, principalmente, tempo:
pessoas que trabalhariam passam a estudar — não produzindo, nem ganhando salários. Assim, Schultz
concluiu que há custos para as pessoas (deixar de ganhar dinheiro com trabalho para estudar) e
eventualmente para o governo (pagar a educação das pessoas sem que elas produzam).
Seu trabalho o levou à conclusão de que países que investem mais em educação tendem a ser mais
ricos. Segundo ele, mesmo que isso tenha um custo, quanto mais se investir na capacitação das pessoas,
mais produtiva e rica uma nação será, de modo que os efeitos tendem a ser mais positivos que negativos.
Internet: https://www.tce.sp.gov.br/ (com adaptações).

18. (CESPE / MPC-PA Conhecimentos básicos nível médio 2019)


De acordo com o texto CG3A3-II, os países desenvolvidos, em comparação com os países pobres,
A) gastam mais com capital físico do que com capital humano.
B) despendem mais capital na área de educação.
C) demandam da população mais gastos com educação.
D) contam com um passado histórico de alta produtividade no setor agrícola.
E) estão mais aptos a enfrentar as mudanças econômicas do mundo atual.

19. (CESPE / MPC-PA Conhecimentos básicos nível médio 2019)


Infere-se do texto CG3A3-II que o investimento em educação
A) é condição necessária para o crescimento socioeconômico de países pouco desenvolvidos.
B) envolve mais custos materiais, como gastos com professores e infraestrutura, que custos de outra
natureza.
C) provoca, em curto prazo, aumento de salário para o indivíduo em processo de capacitação.
D) garante a inserção dos melhores profissionais no mercado de trabalho em diversos setores da economia.

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E) contribui positivamente para a riqueza de uma nação, apesar de eventuais impactos negativos que
possam dele decorrer

20. (CESPE / MPC-PA Conhecimentos básicos nível médio 2019)


No texto CG3A3-II, a palavra “principalmente” (linha 18) foi empregada com o mesmo sentido de
A) inevitavelmente.
B) especialmente.
C) frequentemente.
D) realmente.
E) possivelmente.

(CESPE / MPC-PA Analista - Ministerial Controle Interno e Externo 2019)

Texto CG2A1-I
Na década de 1960, o mundo passou por um aumento populacional inédito devido à brusca queda na
taxa de mortalidade, o que gerou preocupações sobre a capacidade dos países em produzir comida para
todos. A solução encontrada foi desenvolver tecnologia e métodos que aumentassem a produção.
Em 1981, o indiano ganhador do Prêmio Nobel de Economia, Amartya Sen, em seu livro Pobreza e Fomes,
identificou a existência de populações com fome mesmo em países que não convivem com problemas de
abastecimento. O economista indiano traçou então, pela primeira vez, uma relação causal entre fome e
questões sociais como pobreza e concentração de renda. Tirou, assim, o foco de aspectos técnicos e mudou
o tom do debate internacional sobre a questão e as políticas públicas a serem tomadas a partir daí.
As últimas décadas foram de grande evolução no combate à fome em escala global. Nos últimos 25 anos,
7,7% da população mundial superou o problema, o que representa 216 milhões de pessoas. É como se mais
que toda a população brasileira saísse da subnutrição em menos de três décadas. Contudo, 10,8% do mundo
ainda vive sem acesso a uma dieta que forneça o mínimo de calorias e nutrientes necessários para uma vida
saudável, e 21 mil pessoas morrem diariamente por fome ou problemas derivados dela.
Um estudo publicado em 2016 pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura) mostra que a produção mundial de alimentos é suficiente para atender a demanda das 7,3
bilhões de pessoas que habitam a Terra. Apesar disso, aproximadamente uma em cada nove dessas pessoas
ainda vive a realidade da fome. A pesquisa põe em xeque toda a política internacional de combate à
subnutrição crônica colocada em prática nas últimas décadas. Em vez de crescimento da produção e ajudas
momentâneas, surge agora como caminho uma abordagem territorial que valorize e potencialize a produção
local.
Embora os números absolutos estejam caindo, o tema ainda é um dos mais delicados da agenda
internacional. Um exemplo da extensão do problema está na declaração dada em 2017 pelo Fundo das
Nações Unidas para a Infância (UNICEF), segundo a qual 1,4 milhão de crianças, de quatro diferentes países
da África — Nigéria, Somália, Iêmen e Sudão do Sul —, corre risco iminente de morrer de fome. A questão é
tão antiga quanto complexa, e se conecta intrinsecamente com a estrutura política e econômica sobre a qual
o sistema internacional está construído. Concentração da renda e da produção, falta de vontade política e
até mesmo desinformação e consolidação de uma cultura alimentar pouco nutritiva são fatores que
compõem o cenário da fome e da desnutrição no planeta.

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Internet:< www.nexojornal.com.br> (com adaptações).

21. (CESPE / MPC-PA Analista Ministerial – Controle Interno e Externo 2019)


Infere-se do texto CG2A1-I que uma das contribuições do estudo publicado em 2016 pela FAO foi
A) fornecer dados estatísticos inéditos acerca da situação da fome e da produção de alimentos no mundo.
B) desconstruir a ideia de que a situação da fome no mundo decorre de escassez na produção mundial de
alimentos.
C) distinguir as consequências da política internacional de combate à subnutrição crônica em diferentes
países.
D) fortalecer as medidas de combate à fome centradas no aumento da produção mundial de alimentos.
E) propor a expansão das estratégias de combate à fome adotadas em diferentes países nas últimas décadas.

22. (CESPE / MPC-PA Analista Ministerial – Controle Interno e Externo 2019)


Embora busque chamar a atenção para o problema da fome, o autor do texto CG2A1-I reconhece que ela foi
reduzida em nível mundial. Para enfatizar no texto o que essa redução representa, o autor
A) cita diversos países africanos onde a fome assola a maioria da população pobre.
B) compara à população total brasileira a parcela da população mundial que, em menos de trinta anos,
superou a fome.
C) indica a obra Pobreza e Fomes, que rendeu ao autor indiano Amartya Sen o Prêmio Nobel de Economia
em 1981.
D) transcreve a opinião de especialistas sobre as medidas de combate à fome ao longo de anos.
E) apresenta dados estatísticos da FAO que alertam sobre a dimensão do problema da fome em nível
mundial.

23. (CESPE / MPC-PA Analista Ministerial – Controle Interno e Externo 2019)


No texto CG2A1-I, a palavra “vontade” (linha 26) foi empregada como sinônima de
A) diferença.
B) discrição.
C) dissidência.
D) dissuasão.
E) disposição.

24. (CESPE / MPC-PA Analista Ministerial – Controle Interno e Externo 2019)


De acordo com o texto CG2A1-I, a constatação de que a fome é resultado de problemas de cunho social, e
não simplesmente da falta de alimentos, foi feita pela primeira vez quando

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A) o UNICEF emitiu, em 2017, declaração acerca do risco de crianças de países pobres da África morrerem
por fome.
B) o aumento populacional, em 1960, pôs em dúvida a capacidade dos países em produzir comida para seu
povo.
C) a queda na taxa de mortalidade, em 1960, impulsionou um aumento populacional inédito.
D) o economista Amartya Sen publicou o livro Pobreza e Fomes, em 1981.
E) a FAO publicou, em 2016, estudo sobre a produção e a demanda mundial de alimentos.

(CESPE / PRF Policial Rodoviário Federal 2019)


A vida humana só viceja sob algum tipo de luz, de preferência a do sol, tão óbvia quanto essencial. Somos
animais diurnos, por mais que boêmios da pá virada e vampiros em geral discordem dessa afirmativa. Poucas
vezes a gente pensa nisso, do mesmo jeito que devem ser poucas as pessoas que acordam se sentindo
primatas, mamíferos ou terráqueos, outros rótulos que nos cabem por força da natureza das coisas.
A humanidade continua se aperfeiçoando na arte de afastar as trevas noturnas de todo hábitat humano.
Luz soa para muitos como sinônimo de civilização, e pode-se observar do espaço o mapa das desigualdades
econômicas mundiais desenhado na banda noturna do planeta. A parcela ocidental do hemisfério norte é,
de longe, a mais iluminada.
Dispor de tanta luz assim, porém, tem um custo ambiental muito alto, avisam os cientistas. Nos humanos,
o excesso de luz urbana que se infiltra no ambiente no qual dormimos pode reduzir drasticamente os níveis
de melatonina, que regula o nosso ciclo de sono-vigília.
Mesmo assim, sinto uma alegria quase infantil quando vejo se acenderem as luzes da cidade. E repito
para mim mesmo a pergunta que me faço desde que me conheço por gente: quem é o responsável por
acender as luzes da cidade? O mais plausível é imaginar que essa tarefa caiba a sensores fotoelétricos
espalhados pelos bairros. Mas e antes dos sensores, como é que se fazia? Imagino que algum funcionário
trepava na antena mais alta no topo do maior arranha-céu e, ao constatar a falência da luz solar, acionava
um interruptor, e a cidade toda se iluminava.
Não consigo pensar em um cargo público mais empolgante que o desse homem. Claro que o cargo, se
existia, já foi extinto, e o homem da luz já deve ter se transferido para o mundo das trevas eternas.
Reinaldo Moraes. “Luz! Mais luz”. Internet: (com adaptações).

25. (CESPE / PRF Policial Rodoviário Federal 2019)


Infere-se do primeiro parágrafo do texto que “boêmios da pá virada e vampiros” diferem biologicamente
dos seres humanos em geral, os quais tendem a desempenhar a maior parte de suas atividades durante a
manhã e a tarde.

26. (CESPE / PRF Policial Rodoviário Federal 2019)


É correto inferir do trecho “o homem da luz já deve ter se transferido para o mundo das trevas eternas”
(último parágrafo) que provavelmente o funcionário responsável pelo acionamento da iluminação urbana já
morreu.

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(CESPE / PRF Policial Rodoviário Federal 2019)


As atividades pertinentes ao trabalho relacionam-se intrinsecamente com a satisfação das necessidades
dos seres humanos — alimentar-se, proteger-se do frio e do calor, ter o que calçar etc. Estas colocam os
homens em uma relação de dependência com a natureza, pois no mundo natural estão os elementos que
serão utilizados para atendê-las.
Se prestarmos atenção à nossa volta, perceberemos que quase tudo que vemos existe em razão de
atividades do trabalho humano. Os processos de produção dos objetos que nos cercam movimentam
relações diversas entre os indivíduos, assim como a organização do trabalho alterou-se bastante entre
diferentes sociedades e momentos da história.
De acordo com o cientista social norte-americano Marshall Sahlins, nas sociedades tribais, o trabalho
geralmente não tem a mesma concepção que vigora nas sociedades industrializadas. Naquelas, o trabalho
está integrado a outras dimensões da sociabilidade — festas, ritos, artes, mitos etc. —, não representando,
assim, um mundo à parte.
Nas sociedades tribais, o trabalho está em tudo, e praticamente todos trabalham. Sahlins propôs que tais
sociedades fossem conhecidas como “sociedades de abundância” ou “sociedades do lazer”, pelo fato de que
nelas a satisfação das necessidades básicas sociais e materiais se dá plenamente.
Thiago de Mello. Trabalho. Internet: (com adaptações).

27. (CESPE / PRF Policial Rodoviário Federal 2019)


Conclui-se do texto que, devido à abundância de recursos, nas sociedades tribais os indivíduos não têm
necessidade de separar as práticas laborais das outras atividades sociais.

O nome é o nosso rosto na multidão de palavras. Delineia os traços da imagem que fazem de nós,
embora não do que somos (no íntimo). Alguns escondem seus donos, outros lhes põem nos olhos um azul
que não possuem. Raramente coincidem, nome e pessoa. Também há rostos quase idênticos, e os nomes de
quem os leva (pela vida afora) são completamente díspares, nenhuma letra se igualando a outra.
O do autor deste texto é um nome simples, apostólico, advindo do avô. No entanto, o sobrenome, pelo
qual passou a ser reconhecido, é incomum. Sonoro, hispânico. Com uma combinação incomum de nome e
sobrenome, difícil seria encontrar um homônimo. Mas eis que um surgiu, quando ele andava pelos vinte
anos. E continua, ao seu lado, até agora — sombra amiga.
Impossível não existir aqui ou ali alguma confusão entre eles, um episódio obscuro que, logo, viria às
claras com a real justificativa: esse não sou eu. Houve o caso da mulher que telefonou para ele, esmagando-
o com impropérios por uma crítica feita no jornal pelo outro, sobre um célebre arquiteto, de quem ela era
secretária.
João Anzanello Carrascoza. Homônimo. In: Diário das Coincidências. Ed. digital. São Paulo: Objetiva, p. 52 (com adaptações).

28. (CESPE / PRF Policial Rodoviário Federal 2019)


A afirmação de que alguns nomes põem nos olhos de seus donos “um azul que não possuem” (ℓ. 2 e 3)
contradiz a ideia de que os nomes definem não as qualidades reais de cada um, mas o modo como os outros
o veem.

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29. (CESPE / PRF Policial Rodoviário Federal 2019)


Infere-se que o autor do texto é espanhol.

(CESPE / SEFAZ-RS Auditor-Fiscal da Fazenda Estadual 2019)


Pixis foi um músico medíocre, mas teve o seu dia de glória no distante ano de 1837.
Em um concerto em Paris, Franz Liszt tocou uma peça do (hoje) desconhecido compositor, junto com
outra, do admirável, maravilhoso e extraordinário Beethoven (os adjetivos aqui podem ser verdadeiros, mas
— como se verá — relativos). A plateia, formada por um público refinado, culto e um pouco bovino, como
são, sempre, os homens em ajuntamentos, esperava com impaciência.
Liszt tocou Beethoven e foi calorosamente aplaudido. Depois, quando chegou a vez do obscuro e inferior
Pixis, manifestou-se o desprezo coletivo. Alguns, com ouvidos mais sensíveis, depois de lerem o programa
que anunciava as peças do músico menor, retiraram-se do teatro, incapazes de suportar música de má
qualidade.
Como sabemos, os melômanos são impacientes com as obras de epígonos, tão céleres em reproduzir,
em clave rebaixada, as novas técnicas inventadas pelos grandes artistas.
Liszt, no entanto, registraria que um erro tipográfico invertera, no programa do concerto, os nomes de
Pixis e Beethoven...
A música de Pixis, ouvida como sendo de Beethoven, foi recebida com entusiasmo e paixão, e a de
Beethoven, ouvida como sendo de Pixis, foi enxovalhada.
Esse episódio, cômico se não fosse doloroso, deveria nos tornar mais atentos e menos arrogantes a
respeito do que julgamos ser arte.
Desconsiderar, no fenômeno estético, os mecanismos de recepção é correr o risco de aplaudir Pixis como
se fosse Beethoven.
Charles Kiefer. O paradoxo de Pixis. In: Para ser escritor. São Paulo: Leya, 2010 (com adaptações).

30. (CESPE / SEFAZ-RS Auditor-Fiscal da Fazenda Estadual 2019)


Infere-se do texto que, na ocasião do concerto em Paris, em 1837,
(A) Pixis tocou uma composição de Beethoven como se fosse de sua autoria.
(B) Liszt equivocou-se na leitura do roteiro de composições que deveria executar.
(C) 0a plateia revoltou-se contra Liszt, por ele ter confundido uma composição de Pixis com uma de
Beethoven.
(D) o público julgou as composições apenas com base nas designações equivocadas no programa do
concerto.
(E) as peças de Pixis e Beethoven foram executadas de modo tão semelhante que o público não foi capaz de
distingui-las.

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31. (CESPE / SEFAZ-RS Auditor-Fiscal da Fazenda Estadual 2019)


O autor do texto apresenta a narrativa do concerto de Liszt com o propósito de
(A) reconhecer que Pixis era tão genial quanto Beethoven.
(B) criticar o modo como algumas pessoas consomem arte.
(C) dar notoriedade à carreira de Pixis.
(D) alertar o público de que não se deve confiar em tudo que se lê.
(E) incentivar o público a ampliar seu repertório musical.

(CESPE / SEFAZ-RS Auditor-Fiscal da Fazenda Estadual 2019)


A política tributária não se restringe ao objetivo de abastecer os cofres públicos, mas tem também
objetivos econômicos e sociais. Se fosse aumentada a tributação sobre um produto considerado nocivo para
o consumidor ou para a sociedade, o seu consumo poderia ser desestimulado. Caso a intenção fosse
promover uma melhor distribuição de renda, o Estado poderia reduzir tributos incidentes sobre os produtos
mais consumidos pela população de renda mais baixa e elevar os tributos sobre a renda da classe mais alta.
Por outro lado, se o Estado reduzisse a tributação de determinado setor da economia, os custos desse
setor diminuiriam, o que possibilitaria a queda dos preços de seus produtos e poderia gerar um crescimento
das vendas. Outro efeito viável dessa política seria o aumento do lucro das empresas, favorecendo-se, assim,
a elevação dos seus investimentos — e, consequentemente, da produção — e o surgimento de novas
empresas, o que provavelmente resultaria no crescimento da produção, bem como no acirramento da
concorrência, com possíveis reflexos sobre os preços. Em qualquer um desses cenários, o setor seria
estimulado.
Internet: (com adaptações).

32. (CESPE / SEFAZ-RS Auditor-Fiscal da Fazenda Estadual 2019)


O texto organiza-se de forma a apresentar
(A) argumentos em favor dos objetivos do Estado com relação à política tributária, para convencer o leitor.
(B) possíveis consequências sociais e econômicas da política tributária.
(C) procedimentos da atividade de tributação, destacando sua natureza fiscal.
(D) defesa de ações governamentais mais efetivas no que se refere à política tributária.
(E) razões para a diminuição de impostos ser considerada mais benéfica que o aumento destes.

33. (CESPE / SEFAZ-RS Auditor-Fiscal da Fazenda Estadual 2019)


Infere-se do texto que a ação do Estado, com relação à política tributária, visa
(A) ao provimento de receitas e também a finalidades econômicas e sociais.
(B) à redução de tributos sobre empresas comprometidas com o desenvolvimento social.
(C) ao aumento do lucro de empresas, com impacto sobre o crescimento do país.
(D) ao estímulo do setor empresarial pela concessão de isenção do pagamento de impostos.

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(E) ao crescimento da livre concorrência, com aumento dos impostos aplicados a empresas.

(CESPE / SEFAZ-RS Auditor-Fiscal da Receita Estadual 2019)


O direito tributário brasileiro depara-se com grandes desafios, principalmente em tempos de
globalização e interdependência dos sistemas econômicos. Entre esses pontos de atenção, destacam-se três.
O primeiro é a guerra fiscal ocasionada pelo ICMS. O principal tributo em vigor, atualmente, é estadual, o
que faz contribuintes e advogados se debruçarem sobre vinte e sete diferentes legislações no país para
entendê-lo. Isso se tornou um atentado contra o princípio de simplificação, contribuindo para o incremento
de uma guerra fiscal entre os estados, que buscam alterar regras para conceder benefícios e isenções, a fim
de atrair e facilitar a instalação de novas empresas. É, portanto, um dos instrumentos mais utilizados na
disputa por investimentos, gerando, com isso, consequências negativas do ponto de vista tanto econômico
quanto fiscal.
A competitividade gerada pela interdependência estadual é outro ponto. Na década de 60, a adoção do
imposto sobre valor agregado (IVA) trouxe um avanço importante para a tributação indireta, permitindo a
internacionalização das trocas de mercadorias com a facilitação da equivalência dos impostos sobre consumo
e tributação, e diminuindo as diferenças entre países. O ICMS, adotado no país, é o único caso no mundo de
imposto que, embora se pareça com o IVA, não é administrado pelo governo federal — o que dá aos estados
total autonomia para administrar, cobrar e gastar os recursos dele originados. A competência estadual do
ICMS gera ainda dificuldades na relação entre as vinte e sete unidades da Federação, dada a coexistência
dos princípios de origem e destino nas transações comerciais interestaduais, que gera a já comentada guerra
fiscal.
A harmonização com os outros sistemas tributários é outro desafio que deve ser enfrentado. É preciso
integrar-se aos países do MERCOSUL, além de promover a aproximação aos padrões tributários de um
mundo globalizado e desenvolvido, principalmente quando se trata de Europa. Só assim o país recuperará o
poder da economia e poderá utilizar essa recuperação como condição para intensificar a integração com
outros países e para participar mais ativamente da globalização.
André Pereira. Os desafios do direito tributário brasileiro. In: DCI – Diário Comércio, Indústria e Serviços. 2/mar./2017. Internet:
(com adaptações).

34. (CESPE / SEFAZ-RS Auditor-Fiscal da Receita Estadual 2019)


Os três aspectos que representam desafios para o direito tributário brasileiro, na ordem em que aparecem
no texto, são
(A) a alteração de regras para benefícios e isenções, a competitividade propiciada pela interdependência
dos estados e a recuperação do poder econômico do país.
(B) o conflito fiscal proporcionado pelo ICMS, a competitividade produzida pela interdependência dos
estados e a recuperação do poder econômico do país.
(C) a alteração de regras para benefícios e isenções, a competitividade gerada pela interdependência dos
estados e a recuperação do poder econômico do país.
(D) o afinamento com outros sistemas tributários, a adoção do IVA e o conflito fiscal favorecido pelo ICMS.
(E) o conflito fiscal propiciado pelo ICMS, a competitividade gerada pela interdependência dos estados e o
afinamento com outros sistemas tributários.

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35. (CESPE / SEFAZ-RS Auditor-Fiscal da Receita Estadual 2019)


O texto:
(A) carece de uma introdução para o assunto que aborda.
(B) é composto de três parágrafos vinculados a uma temática principal.
(C) é organizado de forma progressiva, partindo do problema menos relevante ao mais relevante.
(D) concentra no parágrafo final a conclusão geral dos argumentos apresentados.
(E) é pautado integralmente na temática da tributação excessiva.

36. (CESPE / SEFAZ-RS Auditor-Fiscal da Receita Estadual 2019)


Infere-se das ideias do texto que o autor é contrário
(A) ao modelo tributário europeu.
(B) à aplicação do IVA em nível federal.
(C) ao sistema tributário do MERCOSUL.
(D) à competência estadual para o ICMS.
(E) aos padrões tributários do mundo globalizado.

(CESPE / TCE-PB Agente de documentação 2018)


O medo do esquecimento obcecou as sociedades europeias da primeira fase da modernidade. Para
dominar sua inquietação, elas fixaram, por meio da escrita, os traços do passado, a lembrança dos mortos
ou a glória dos vivos e todos os textos que não deveriam desaparecer. A pedra, a madeira, o tecido, o
pergaminho e o papel forneceram os suportes nos quais podia ser inscrita a memória dos tempos e dos
homens.
No espaço aberto da cidade, no refúgio da biblioteca, na magnitude do livro e na humildade dos objetos
mais simples, a escrita teve como missão conjurar contra a fatalidade da perda. Em um mundo no qual as
escritas podiam ser apagadas, os manuscritos podiam ser perdidos e os livros estavam sempre ameaçados
de destruição, a tarefa não era fácil. Paradoxalmente, seu sucesso poderia criar, talvez, outro perigo: o de
uma incontrolável proliferação textual de um discurso sem ordem nem limites.
O excesso de escrita, que multiplica os textos inúteis e abafa o pensamento sob o acúmulo de discursos,
foi considerado um perigo tão grande quanto seu contrário. Embora fosse temido, o apagamento era
necessário, assim como o esquecimento também o é para a memória. Nem todos os escritos foram
destinados a se tornar arquivos cuja proteção os defenderia da imprevisibilidade da história. Alguns foram
traçados sobre suportes que permitiam escrever, apagar e depois escrever de novo.
Roger Chartier. Inscrever e apagar: cultura escrita e literatura (séculos XI-XVIII). Trad.: Luzmara Curcino Ferreira. São Paulo:
UNESP, 2007, p. 9-10 (com adaptações).

37. (CESPE / TCE-PB Agente de documentação 2018)


Infere-se do texto que a escrita é uma
(A) tecnologia ambígua, pois é capaz de, ao mesmo tempo, preservar informações úteis e contribuir para a
disseminação de textos inúteis.

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(B) atividade que transforma escritos em arquivos, garantindo, assim, a integridade das informações frente
às inconstâncias da história.
(C) invenção da primeira fase da modernidade, voltada a manter vivas as memórias sociais e culturais.
(D) forma de evitar o desaparecimento de informações importantes que não deveriam ser esquecidas ou
perdidas.
(E) manifestação efêmera, que podia ser registrada, depois apagada e, mais tarde, recuperada pela reescrita.

38. (CESPE / TCE-PB Agente de documentação 2018)


Predomina no texto a tipologia
(A) narrativa.
(B) prescritiva.
(C) argumentativa.
(D) descritiva.
(E) expositiva.

39. (CESPE / TCE-PB Agente de Documentação 2018)


Quando nos referimos à supremacia de um fenômeno sobre outro, temos logo a impressão de que
se está falando em superioridade, mas, no caso da relação entre oralidade e escrita, essa é uma visão
equivocada, pois não se pode afirmar que a fala seja superior à escrita ou vice-versa. Em primeiro lugar,
deve-se ter em mente o aspecto que se está comparando e, em segundo, deve-se considerar que essa relação
não é nem homogênea nem constante. A própria escrita tem tido uma avaliação variada ao longo da história
e nos diversos povos.
Existem sociedades que valorizam mais a fala, e outras que valorizam mais a escrita. A única afirmação
correta é a de que a fala veio antes da escrita. Portanto, do ponto de vista cronológico, a fala tem precedência
sobre a escrita, mas, do ponto de vista do prestígio social, a escrita tem supremacia sobre a fala na maioria
das sociedades contemporâneas.
Não se trata, porém, de algum critério intrínseco nem de parâmetros linguísticos, e sim de postura
ideológica. São valores que podem variar entre sociedades e grupos sociais ao longo da história. Não há por
que negar que a fala é mais antiga que a escrita e que esta lhe é posterior e, em certo sentido, dependente.
Mesmo considerando a enorme e inegável importância que a escrita tem nos povos e nas civilizações ditas
“letradas”, continuamos povos orais.
Luiz Antônio Marcuschi e Angela Paiva Dionisio. Princípios gerais para o tratamento das relações entre a fala e a escrita. In: Luiz
Antônio Marcuschi e Angela Paiva Dionisio. Fala e escrita. Belo Horizonte: Autêntica, 2007, p. 26-7 (com adaptações).

Conforme as ideias do texto,


(A) o desenvolvimento da fala e o surgimento da escrita são eventos que, sob o enfoque histórico, se deram
exatamente nessa ordem.
(B) há uma ideologia compartilhada pelas sociedades contemporâneas de associar a escrita a uma
manifestação superior à fala.
(C) do ponto de vista linguístico, fala e escrita são manifestações idênticas, não havendo diferenças entre
elas nem superioridade de uma sobre a outra.

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(D) ao longo da história e nas diversas civilizações, identificam-se momentos de maior e de menor
valorização da língua escrita.
(E) em sociedades letradas, a comunicação por meio da escrita supera a comunicação por meio da fala.

(CESPE / TCE-PB Auditor de Contas 2018)


A cada instante, a quantidade de informações disponíveis para processamento pelo cérebro é formidável:
todo o campo visual, todos os estímulos auditivos e olfativos, toda a informação relativa à posição do corpo
e ao seu estado de funcionamento.
Esses estímulos precisam ser processados em conjunto, de modo que o cérebro possa montar uma
imagem coerente do indivíduo e de seu ambiente. Isso sem contar os processos de evocação de memórias,
planejamento para o futuro e imaginação. Você realmente esperava processar todos os estímulos a cada
momento e ainda formar registros duradouros de todos eles?
O que faz com que a memória se torne seletiva não é o mundo atual, informatizado, rápido e denso em
informações. Ela o é por definição, já que sua porta de entrada é um funil poderoso: a atenção, que concentra
todo o poder operacional do cérebro sobre uma coisa só, aquela que for julgada a mais importante no
momento.
Suzana Herculano-Houzel. Por que guardar segredo é difícil? E outras curiosidades da neurociência do cotidiano. São Paulo: Amazon. Ed.
Kindle, loc. 107 (com adaptações).

40. (CESPE / TCE-PB Auditor de Contas 2018)


O efeito textual pretendido pela autora ao empregar a pergunta que encerra o segundo parágrafo do texto
é o de
(A) apontar a impossibilidade de o cérebro, ao mesmo tempo, processar estímulos e registrá-los na memória.
(B) menosprezar os leitores que acreditam ser possível se lembrar de tudo o que lhes ocorre.
(C) obter diretamente dos leitores respostas honestas à indagação proposta.
(D) modificar o modo como os leitores lidam com os dados provenientes do mundo exterior.
(E) provocar os leitores a refletir sobre os processos de recepção de estímulos e formação de memórias.

41. (CESPE / TCE-PB Auditor de Contas 2018)


No texto, ao utilizar a expressão “Isso sem contar” (2º parágrafo), a autora sugere que “os processos de
evocação de memórias, planejamento para o futuro e imaginação” (2º parágrafo) fazem parte do conjunto
de
(A) ações cerebrais cujo funcionamento depende do processamento conjunto de estímulos externos.
(B) processos necessários à construção de registros duradouros dos estímulos recebidos pelo cérebro a cada
momento.
(C) dados necessários para que o cérebro construa uma imagem do indivíduo e do ambiente que o cerca.
(D) atividades internas desempenhadas pelo cérebro, ao mesmo tempo que este recebe estímulos externos.
(E) estímulos advindos do cérebro de um indivíduo, imprescindíveis para a formação de novas memórias.

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(CESPE / STM Revisor 2018)

42. (CESPE / STM Revisor 2018)


A linguagem do texto apresenta elementos característicos de um nível de linguagem mais informal com
função comunicativa bem definida: estabelecer uma aproximação com o leitor.

43. (CESPE / STM Revisor 2018)


O público a quem a mensagem do texto se destina é específico: trata-se de revisores e diagramadores.

(CESPE / STM Revisor 2018)


Está demonstrado, portanto, que o revisor errou, que se não errou confundiu, que se não confundiu
imaginou, mas venha atirar-lhe a primeira pedra aquele que não tenha errado, confundido ou imaginado
nunca. Errar, disse-o quem sabia, é próprio do homem, o que significa, se não é erro tomar as palavras à
letra, que não seria verdadeiro homem aquele que não errasse. Porém, esta suprema máxima não pode ser
utilizada como desculpa universal que a todos nos absolveria de juízos coxos e opiniões mancas. Quem não
sabe deve perguntar, ter essa humildade, e uma precaução tão elementar deveria tê-la sempre presente o
revisor, tanto mais que nem sequer precisaria sair de sua casa, do escritório onde agora está trabalhando,
pois não faltam aqui os livros que o elucidariam se tivesse tido a sageza e prudência de não acreditar
cegamente naquilo que supõe saber, que daí é que vêm os enganos piores, não da ignorância. Nestas
ajoujadas estantes, milhares e milhares de páginas esperam a cintilação duma curiosidade inicial ou a firme
luz que é sempre a dúvida que busca o seu próprio esclarecimento. Lancemos, enfim, a crédito do revisor ter
reunido, ao longo duma vida, tantas e tão diversas fontes de informação, embora um simples olhar nos revele

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que estão faltando no seu tombo as tecnologias da informática, mas o dinheiro, desgraçadamente, não chega
a tudo, e este ofício, é altura de dizê-lo, inclui-se entre os mais mal pagos do orbe. Um dia, mas Alá é maior,
qualquer corrector de livros terá ao seu dispor um terminal de computador que o manterá ligado, noite e
dia, umbilicalmente, ao banco central de dados, não tendo ele, e nós, mais que desejar que entre esses dados
do saber total não se tenha insinuado, como o diabo no convento, o erro tentador.
Seja como for, enquanto não chega esse dia, os livros estão aqui, como uma galáxia pulsante, e as
palavras, dentro deles, são outra poeira cósmica flutuando, à espera do olhar que as irá fixar num sentido
ou nelas procurará o sentido novo, porque assim como vão variando as explicações do universo, também a
sentença que antes parecera imutável para todo o sempre oferece subitamente outra interpretação, a
possibilidade duma contradição latente, a evidência do seu erro próprio. Aqui, neste escritório onde a
verdade não pode ser mais do que uma cara sobreposta às infinitas máscaras variantes, estão os costumados
dicionários da língua e vocabulários, os Morais e Aurélios, os Morenos e Torrinhas, algumas gramáticas, o
Manual do Perfeito Revisor, vademeco de ofício [...].
José Saramago. História do cerco de Lisboa. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 25-6.

44. (CESPE / STM Revisor 2018)


Infere-se dos sentidos do texto que, no trecho “também a sentença que antes parecera imutável para todo
o sempre oferece subitamente outra interpretação” (2§), o autor se refere à variação da língua no tempo,
ou seja, ao fato de que, com a mudança linguística, novas interpretações são atribuídas aos enunciados.

45. (CESPE / STM Revisor 2018)


Conclui-se do texto que é por falta de dinheiro que “o revisor” não tem ao seu dispor “as tecnologias da
informática”.

46. (CESPE / STM Revisor 2018)


Na construção do texto, o autor, além de narrar fato que aconteceu com “o revisor”, explora, repetidas vezes
e de diferentes modos, a ideia de que a dúvida pode ser algo positivo.

(CESPE / BNB Analista 2018)


Não podemos descartar a operação humana por trás dos sistemas, muito menos a presença de
analistas reais. Vamos supor que um sistema de aprendizagem de máquina perceba que todas as pessoas
com índice de massa corporal regular tomam café com açúcar, enquanto todas as pessoas com índice
elevado tomam a bebida com adoçante. A inteligência artificial poderá inferir, assim, que o adoçante é o
responsável pela obesidade dos usuários, o que nós sabemos, pela nossa inteligência humana, que não é
bem assim.
O sistema de aprendizagem de máquina diminui a ocorrência de falsos positivos e deve contribuir
para cortes de gastos. Contudo, não podemos deixar de considerar uma pessoa que esteja por trás do
sistema, pronta para lidar com casos realmente duvidosos, que mereçam ser mais bem avaliados.
Correio Braziliense, 1.º/10/2018, p. 14 (com adaptações).

Com relação às ideias do texto, julgue os itens subsequentes.

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47. (CESPE / BNB Analista 2018)


De acordo com o texto, a inteligência artificial cometeria um equívoco se associasse o adoçante à causa da
obesidade das pessoas com índice de massa corporal elevado.

48. (CESPE / BNB Analista 2018)


Considerando-se que, segundo o último parágrafo, o uso do sistema de aprendizagem de máquina deve
“contribuir para cortes de gastos”, é correto inferir do texto que esses gastos são ocasionados pelos analistas
na operação humana.

(CESPE / SEEDF Monitor – 2017)


O monitor — também chamado, em algumas instituições, de inspetor e bedel — é um dos
profissionais mais atuantes na esfera educacional. Ele transita por toda a escola, em geral conhece os alunos
pelo nome e é um dos primeiros a ser procurado quando há algum problema que precisa ser solucionado
rapidamente. Contudo, ele nem sempre é valorizado como deveria. Infelizmente, muitos diretores entendem
que quem atua nessa função deve apenas controlar os espaços coletivos para impedir a ocorrência de
agressões, depredações e furtos, vigiar grupos de alunos, observar comportamentos suspeitos e até mesmo
revistar armários e mochilas.
Esse tipo de controle, além de perigoso — pois os conflitos abafados por ações repressoras acabam
se manifestando com mais violência —, contribui para reforçar a desconfiança entre a instituição e os
estudantes. E uma relação fundada na insegurança fragiliza a construção de valores democráticos, que
deveria ser um dos objetivos de todas as escolas.
Como qualquer profissional do ambiente escolar, os monitores também são educadores, e cabe à
equipe gestora realizar ações formativas para que eles saibam como interagir com as crianças e os jovens
nos diversos espaços (como o pátio, os corredores, as quadras, a cantina, o banheiro etc.). Com uma boa
formação, eles serão capazes de trazer informações importantes sobre a convivência entre os alunos e que
poderão ser objeto de análise para que o orientador educacional, juntamente com o diretor e a equipe
docente, planeje e execute intervenções.
O papel do monitor na formação dos alunos. Internet: <http://gestaoescolar.org.br> (com adaptações).

49. (CESPE / SEEDF Monitor – 2017)


A forma verbal “transita” (linha 2) foi empregada para transmitir a ideia de que o monitor muda
constantemente de função na escola.

50. (CESPE / SEEDF Monitor – 2017)


Infere-se que, para o autor do texto, muitos diretores de escolas possuem uma visão restrita sobre a função
do monitor.

51. (CESPE / SEEDF Monitor – 2017)


O vocábulo “suspeitos” (linha 6) foi empregado, no texto, como substantivo, no sentido de aqueles sobre os
quais recaem suspeitas.

52. (CESPE / SEEDF Monitor – 2017)


De acordo com o terceiro parágrafo do texto, os monitores têm formação profissional na área de educação.

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(CESPE / SEEDF Monitor – 2017)


Rubião tinha vexame, por causa de Sofia; não sabia haver-se com senhoras. Felizmente, lembrou-se
da promessa que a si mesmo fizera de ser forte e implacável. Foi jantar. Abençoada resolução! Onde acharia
iguais horas? Sofia era, em casa, muito melhor que no trem de ferro. Lá vestia a capa, embora tivesse os
olhos descobertos; cá trazia à vista os olhos e o corpo, elegantemente apertado em um vestido de cambraia,
mostrando as mãos, que eram bonitas, e um princípio de braço. Demais, aqui era a dona da casa, falava mais,
desfazia-se em obséquios; Rubião desceu meio tonto.
Machado de Assis. Quincas Borba. Internet: <www.dominiopublico.gov.br> (com adaptações).

53. (CESPE / SEEDF Monitor – 2017)


As informações do fragmento de texto em questão são insuficientes para se inferir de onde ou para onde
Rubião teria descido — “Rubião desceu meio tonto” (linha 6).

54. (CESPE / SEEDF Monitor – 2017)


O trecho “Sofia (...) em obséquios” (linhas 3 a 6) é predominantemente narrativo, o que se comprova pelas
formas verbais flexionadas no pretérito imperfeito, empregadas pelo narrador para apresentar ações
rotineiras de Sofia.

(CESPE / SEEDF Monitor – 2017)


É preciso considerar a relação entre universidade e cultura. Quais são as condições de preservação,
de apropriação da cultura, e de reflexão crítica sobre ela? Mesmo um diagnóstico superficial da época em
que vivemos é suficiente para mostrar a precariedade dessas condições. O ritmo do tempo histórico é
marcado pelo círculo produção e consumo, até mesmo daquilo que entraria na categoria dos “bens
culturais”. Os fatores de desagregação cultural incluem o imediatismo e o caráter efêmero e disperso dos
interesses que os indivíduos são encorajados a cultivar, a fragmentação e a distorção da informação, a
mercantilização extremada dos meios de comunicação.
Os acessos ao mundo da cultura são cada vez mais intensamente submetidos a mecanismos
industriais, sem que se assuma qualquer medida no sentido de garantir acesso efetivamente democrático. A
universidade pública é uma instância em que se pode resistir, de alguma maneira e por algum tempo, a esse
processo, sendo a instituição em que a cultura pode ser considerada sem as regras do mercado e sem os
critérios de utilidade e oportunidade socialmente introjetados a partir da mídia.
Para que a disseminação pública da cultura fuja a determinações pragmáticas e economicistas, é
necessário um espaço público de preservação, de apropriação e de reflexão.
As atividades que aí se desenvolvam não se podem subordinar a critérios da expectativa de retorno
de investimento. Por isso, a universidade, como instituição pública, pode assumir a função de garantir o
efetivo caráter público de que, em princípio, se revestem os bens de cultura historicamente legados ao
presente.
Faz parte da autonomia da universidade pública essa relação intrínseca com a cultura, que permite
que o acesso não seja filtrado por mecanismos de outras instâncias da vida social. É essa publicidade

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desinteressada da cultura — que só na instituição pública pode-se articular em algum grau — que garante o
conhecimento, a apropriação intelectual, a reflexão, a crítica e o debate.
Franklin Leopoldo e Silva. Universidade pública e cultura. In: Estudos Avançados, v. 15, n.º 42, São Paulo (com adaptações).

55. (CESPE / SEEDF Monitor – 2017)


De acordo com as ideias do texto, o acesso ao mundo da cultura realiza-se majoritariamente mediante a
ação do Estado.

56. (CESPE / SEEDF Monitor – 2017)


De acordo com as ideias do texto, a produção de cultura no ambiente universitário garante rentabilidade em
relação aos investimentos feitos.

57. (CESPE / SEEDF Monitor – 2017)


De acordo com as ideias do texto, a relação entre mercado e cultura é benéfica para a sociedade.

(CESPE / Prefeitura São Luís - MA Professor – 2017)


Vez por outra, Damião deixava-se ficar, madrugada adentro, na Casa-Grande das Minas, vendo as
danças, ouvindo as cantigas, atraído pelo bater dos tambores. A sensação íntima de derrota pessoal, que
sentia aprofundar-se na sua consciência, levava-o a isolar-se num canto do terreiro, metido consigo. Com a
morte recente do Dr. Sotero dos Reis, tinha tido a esperança de que viriam chamá-lo para ocupar-lhe o lugar
no Liceu. Esperara em vão: já outro professor fora nomeado. Agora, nem sequer com o apoio do velho
mestre, que ainda lhe tinha um pouco de amizade, podia mais contar. Por outro lado, continuava a ver os
negros maltratados, sem que nada pudesse fazer em seu favor. Não fazia duas semanas tinha ouvido na rua
um tilintar de correntes, à altura do Largo do Quartel, e vira uma fila de pretos, uns amarrados aos outros,
submissos, descendo a Rua do Sol. Nas conversas do Largo do Carmo, perto da coluna do Pelourinho,
contavam-se novos casos de mortes violentas de escravos, ali mesmo em São Luís. A Lei do Ventre Livre, que
a imprensa da Corte havia recebido com muita festa, não merecera o mais breve registro da imprensa de
São Luís. No fundo, pensando bem, que era essa lei senão uma burla? Os negros nasceriam e cresceriam nas
senzalas, debaixo do chicote dos senhores, e só aos vinte e um anos seriam livres. Ao fim de tanto tempo de
sujeição, que iriam fazer cá fora, sem saber em que se ocupar? E Damião sentia renascer no seu espírito o
impulso da revolta, querendo denunciar a burla e protestar contra o novo engodo à liberdade dos negros.
Mas vinha-lhe o desânimo. De que adiantava o seu protesto, se não dispunha de um jornal, se não tinha uma
tribuna? Ao mesmo tempo arriava os ombros, curvando a espinha, esmagado pela convicção de sua
inutilidade e de sua derrota. Se protestasse, como ia fazer depois para educar os filhos e sustentar a família?
Além do mais, embora desempregado havia muito tempo, não perdera a esperança de colocar-se a qualquer
momento, quer de novo no Liceu, quer no Seminário de Santo Antônio.
Josué Montello. Os tambores de São Luís. 5.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985, p. 374-5 (com adaptações).

58. (CESPE / Prefeitura São Luís - MA Professor – 2017)


Depreende-se do texto que a “sensação íntima de derrota pessoal” (linha 2) que levava Damião a “isolar-se
num canto do terreiro, metido consigo” (linha 3) se devia ao fato de
a) a Lei do Ventre Livre ter sido promulgada.
b) o Dr. Sotero dos Reis, seu mestre e amigo, ter morrido.

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c) ele não ser dono de jornal ou político.


d) ele ter perdido a esperança de ser professor do Liceu ou do Seminário de Santo Antônio.
e) ele estar desempregado e não ter meios para lutar contra a escravidão.

59. (CESPE / Prefeitura São Luís - MA Professor – 2017)


Infere-se do texto que, para Damião, a aprovação da Lei do Ventre Livre representou uma
a) possibilidade de os negros ascenderem socialmente por meio do trabalho remunerado.
b) chance de ele voltar a ministrar aulas no Liceu ou no Seminário de Santo Antônio.
c) vitória da Corte e da imprensa de São Luís na luta pela libertação dos negros.
d) falsa promessa de liberdade vindoura para os negros que nascessem a partir de então.
e) oportunidade de os negros finalmente se libertarem da escravidão.

60. (CESPE / Prefeitura São Luís - MA Professor – 2017)


De acordo com o texto, Damião era um homem que
a) havia se convencido do êxito das suas lutas contra a violação dos direitos dos negros.
b) sofria preconceito racial e, por essa razão, se revoltava contra as injustiças decorrentes d regime
escravocrata.
c) se sentia impotente diante dos atos de violência e de injustiça praticados contra os negros.
d) desejava integrar um movimento político de luta pela abolição da escravatura.
e) negligenciava os assuntos relativos à escravidão.

61. (CESPE / Prefeitura São Luís - MA Professor – 2017)


No texto, refere-se ao “Dr. Sotero dos Reis” (linha 4) a forma pronominal empregada em
(A) “lhe tinha um pouco de amizade” (linha 6).
(B) “outro professor” (linha 5).
(C) “em seu favor” (linha 8).
(D) “viriam chamá-lo” (linha 4).
(E) “para ocupar-lhe” (linha 4).

62. (CESPE / Prefeitura São Luís - MA Professor – 2017)


No texto, a oração “Mas vinha-lhe o desânimo” (linha 16) expressa uma ideia de
a) consequência.
b) finalidade.
s) conclusão.
d) adversidade.
e) condição.

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63. (CESPE / Prefeitura São Luís - MA Professor – 2017)


No texto, a palavra “burla” (linha 15) foi empregada no sentido de
a) honra ou glória.
b) transgressão ou ofensa.
c) ilusão ou fraude.
d) compaixão ou piedade.
e) afronta ou agressão.

(CESPE / TCE PE Analista – 2017)


Comecemos pelo conceito. A democracia veio dos gregos. Democracia não é só a eleição do governo
pelo povo, mas, sim, a atribuição, pelo povo, do poder — que inclui mais que o mero governo; inclui o direito
de fazer leis. Na democracia antiga, direta, isso cabia ao povo reunido na praça pública.
Um grande êxito dos atenienses, se comparados aos modernos, era o amor à política. Moses Finley,
um dos maiores conhecedores do tema, conta que, em Atenas, a assembleia popular se reunia cerca de
quarenta vezes ao ano. Pelo menos mil pessoas costumavam comparecer, às vezes dez mil, de um total de
quarenta mil possíveis (a presença não era obrigatória). Comparo esse empenho ao nosso. Quantos não
resmungam para votar uma só vez a cada dois anos? Nesse período, o ateniense teria passado oitenta tardes
na praça, ouvindo, votando.
Mas a “falha” dos atenienses era a inexistência de direitos humanos. Não havia proteção contra as
decisões da assembleia soberana. Ela podia decretar o banimento de quem quisesse, sem se justificar: assim
Temístocles foi sentenciado ao ostracismo pelo mesmo povo que ele salvara dos persas. Desde a era
moderna, os direitos do homem, protegendo-o do Estado, se tornam cruciais. Estes são os grandes legados
das três revoluções modernas — a inglesa, a americana e a francesa: somos protegidos não só dos
desmandos do monarca absoluto, contra os quais o melhor antídoto seria a soberania popular, mas também
da tirania do próprio povo e de seus eleitos.

64. (CESPE / TCE PE Analista – 2017)


De acordo com o autor, no mundo contemporâneo há proporcionalmente mais participação política do que
havia na democracia ateniense.

65. (CESPE / TCE PE Analista – 2017)


O texto defende a ideia de que, com as revoluções modernas, aumentou a capacidade de defesa do indivíduo
contra o Estado.

66. (CESPE / TCE PE Analista – 2017)


O autor emprega recursos do tipo textual narrativo para explicar o funcionamento da democracia direta
ateniense

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(CESPE / PC GO Delegado – 2017)


A diferença básica entre as polícias civil e militar é a essência de suas atividades, pois assim desenhou
o constituinte original: a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CF), em seu art. 144, atribui
à polícia federal e às polícias civis dos estados as funções de polícia judiciária — de natureza essencialmente
investigatória, com vistas à colheita de provas e, assim, à viabilização do transcorrer da ação penal — e a
apuração de infrações penais.
Enquanto a polícia civil descobre, apura, colhe provas de crimes, propiciando a existência do processo
criminal e a eventual condenação do delinquente, a polícia militar, fardada, faz o patrulhamento ostensivo,
isto é, visível, claro e perceptível pelas ruas. Atua de modo preventivo-repressivo, mas não é seu mister a
investigação de crimes. Da mesma forma, não cabe ao delegado de polícia de carreira e a seus agentes sair
pelas ruas ostensivamente em patrulhamento. A própria comunidade identifica na farda a polícia repressiva;
quando ocorre um crime, em regra, esta é a primeira a ser chamada.
Depois, havendo prisão em flagrante, por exemplo, atinge-se a fase de persecução penal, e ocorre o
ingresso da polícia civil, cuja identificação não se dá necessariamente pelos trajes usados.
Guilherme de Souza Nucci. Direitos humanos versus segurança pública. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 43 (com adaptações).

67. (CESPE / PC GO Delegado – 2017)


Infere-se das informações do texto que
a) o uso de fardamento pela polícia militar é o que a diferencia da polícia civil, que prescinde dos trajes
corporativos.
b) a essência da atividade do delegado de polícia civil reside no controle, na prevenção e na repressão de
infrações penais.
c) ao delegado de polícia cabem a condução da investigação criminal e a apuração de infrações penais.
d) a tarefa precípua dos delegados de polícia civil e de seus agentes é o patrulhamento ostensivo nas ruas.
e) a função de polícia judiciária concretiza-se no policiamento ostensivo, preventivo e repressivo.

68. (CESPE / PC GO Delegado – 2017)


O texto é predominantemente
a) injuntivo.
b) narrativo.
c) dissertativo.
d) exortativo.
e) descritivo.

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A persecução penal se desenvolve em duas fases: uma fase administrativa, de inquérito policial, e
uma fase jurisdicional, de ação penal. Assim, nada mais é o inquérito policial que um procedimento
administrativo destinado a reunir elementos necessários à apuração da prática de uma infração penal e de
sua autoria. Em outras palavras, o inquérito policial é um procedimento policial que tem por finalidade
construir um lastro probatório mínimo, ensejando justa causa para que o titular da ação penal possa formar
seu convencimento, a opinio delicti, e, assim, instaurar a ação penal cabível. Nessa linha, percebe-se que o
destinatário imediato do inquérito policial é o Ministério Público, nos casos de ação penal pública, e o
ofendido, nos casos de ação penal privada.
De acordo com o conceito ora apresentado, para que o titular da ação penal possa, enfim, ajuizá-la,
é necessário que haja justa causa. A justa causa, identificada por parte da doutrina como uma condição da
ação autônoma, consiste na obrigatoriedade de que existam prova acerca da materialidade delitiva e, ao
menos, indícios de autoria, de modo a existir fundada suspeita acerca da prática de um fato de natureza
penal. Dessa forma, é imprescindível que haja provas acerca da possível existência de um fato criminoso e
indicações razoáveis do sujeito que tenha sido o autor desse fato.
Evidencia-se, portanto, que é justamente na fase do inquérito policial que serão coletadas as
informações e as provas que irão formar o convencimento do titular da ação penal, isto é, a opinio delicti. É
com base nos elementos apurados no inquérito que o promotor de justiça, convencido da existência de justa
causa para a ação penal, oferece a denúncia, encerrando a fase administrativa da persecução penal.
Hálinna Regina de Lira Rolim. A possibilidade de investigação do Ministério Público na fase pré-processual penal. Artigo
científico. Rio de Janeiro: Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, 2010, p. 4. Internet : <www.emerj.tjrj.jus.br>. (com
adaptações).

69. (CESPE / MPU Analista – 2015)


A fase do inquérito policial em que são coletadas as informações e as provas que irão formar o
convencimento do titular da ação penal é denominada opinio delecti.

70. (CESPE / MPU Analista – 2015)


A fase jurisdicional da persecução penal tem início após o oferecimento da denúncia pelo promotor de
justiça.

71. (CESPE / MPU Analista – 2015)


A existência de prova da materialidade delitiva é suficiente para que se considere a existência de indícios de
autoria.

(CESPE / Anatel Técnico – 2014)


No começo dos tempos, as pessoas precisavam aproveitar o período em que o Sol estava radiante
para praticar suas atividades diárias. Com o passar dos anos, essa diferenciação entre dia para agir e noite
para dormir foi ficando menos evidente. Isso porque o advento da iluminação e, mais precisamente, da
iluminação pública, permitiu que as pessoas desfrutassem mais da noite e deixou as cidades mais seguras e
bonitas. Dos lampiões a querosene aos leds, a evolução da iluminação contribuiu para a transformação das
cidades e dos hábitos das pessoas.
Desde a Idade Média, os seres humanos vinham tentando resolver o problema da escuridão com
velas e outros artefatos. Nesse período, eram usadas tochas com fibras torcidas e impregnadas com material
inflamável. Foi, sobretudo, no século XV que a iluminação pública se tornou uma preocupação nas cidades.

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A história indica que, em 1415, na Inglaterra, a iluminação surgiu como uma solução para amenizar a
violência e, principalmente, os roubos a comerciantes, que aconteciam com frequência na região.
Não é à toa que especialistas consideram a iluminação como uma grande aliada das cidades na luta
contra a violência urbana, já que é uma grande inibidora de atos de vandalismo, roubo e agressões.
Internet: <http://www.osetoreletrico.com.br> (com adaptações).

72. (CESPE / Anatel Técnico – 2014)


O texto estabelece uma relação paradoxal entre iluminação pública e aumento de segurança urbana.

(CESPE / Anatel Técnico – 2014)


As cidades foram criadas para a segurança de seus habitantes. Foram elas que propiciaram, segundo
autores clássicos e contemporâneos, o desenvolvimento da cidadania, da racionalidade econômica, de um
sistema de leis válidas para todos e de novas formas de associação entre indivíduos, fora dos laços de
parentesco e de servidão. Desde o clássico de Weber (1958) até as obras mais recentes de Godbout (1997)
e Jacobs (1993), a liberdade é apresentada como uma conquista urbana. Essas novas formas de liberdade
foram saudadas porque dissolviam laços de domínio dos poderes familiares e feudais que impediam o
aparecimento de um poder público voltado para o povo (Habermas, 1994). Mas, simultaneamente, por
atraírem pessoas vindas de diferentes lugares, com diferentes culturas, religiões, compromissos políticos e
identificações, que apenas se esbarrariam nos novos espaços, as cidades teriam, então, comprometido o
estabelecimento de relações duradouras entre seus habitantes.
Alba Zaluar. A abordagem ecológica e os paradoxos da cidade. Revista de
Antropologia, São Paulo: USP, 2010, v. 53, n.º 2, p. 613 (com adaptações).

73. (CESPE / Anatel Técnico – 2014)


Infere-se da leitura do texto que as cidades propiciaram, além do fortalecimento dos laços de parentesco
entre os indivíduos, desenvolvimento da cidadania, da racionalidade econômica, de um sistema de leis
válidas para todos e de novas formas de associação pessoal.

74. (CESPE / Anatel Técnico – 2014)


De acordo com o texto, as cidades, por congregarem pessoas de diferentes classes sociais, não contribuem
para a manutenção de relações duradouras entre os habitantes.

75. (CESPE / Anatel Técnico – 2014)


A palavra comunicação significa normalmente o ato de tornar comum a muitos. A partir do século
XVII (até o século XIX), ganhou projeção a expressão meio ou linhas de comunicação, designando as
facilidades trazidas pelo desenvolvimento das ferrovias, canais e rodovias no deslocamento de pessoas e
objetos. Do século XIX ao século XX, o sentido da palavra se aproximou cada vez mais daquilo que hoje pode
ser chamado de mídia (meios pelos quais se passa informação e se mantém o contato mediado, indireto).
Foi a partir desse momento que a indústria da comunicação (transporte de bens simbólicos) separou-se
semanticamente da indústria de transportes (transporte de bens físicos e pessoas).
É importante ressaltar que o termo comunicação carrega, no mundo moderno, as marcas de sua
ambiguidade original (tornar comum a muitos, partilhar, trocar). Nesse sentido, quando se fala em
comunicação face a face ou interativa, pode-se dizer que se trata de troca e partilha, mas quando se fala de

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comunicação mediada, como rádio e TV, destaca-se consideravelmente a sua função de tornar comum a
muitos.
Pierre Bordieu. Questões de sociologia e comunicação. FAPESP, ANABLUME, 2007, p. 42-3 (com adaptações).

Infere-se do texto que o termo “comunicação” adquire, no mundo moderno, interpretações distintas.

(CESPE / Anatel Técnico – 2014)


As traduções são muito mais complexas do que se imagina. Não me refiro a locuções, expressões
idiomáticas, gírias, flexões verbais, declinações e coisas assim. Isso pode ser resolvido de uma maneira ou de
outra, se bem que, muitas vezes, à custa de intenso sofrimento por parte do tradutor. Refiro-me à
impossibilidade de encontrar equivalências entre palavras aparentemente sinônimas, unívocas e
univalentes. Por exemplo, um alemão que saiba português responderá sem hesitação que a palavra da língua
portuguesa “amanhã” quer dizer “morgen”. Mas coitado do alemão que vá para o Brasil acreditando que,
quando um brasileiro diz “amanhã”, está realmente querendo dizer “morgen”. Raramente está. “Amanhã”
é uma palavra riquíssima e tenho certeza de que, se o Grande Duden fosse brasileiro, pelo menos um volume
teria de ser dedicado a ela e a outras que partilham da mesma condição.
“Amanhã” significa, entre outras coisas, “nunca”, “talvez”, “vou pensar”, “vou desaparecer”, “procure
outro”, “não quero”, “no próximo ano”, “assim que eu precisar”, “um dia destes”, “vamos mudar de assunto”
etc. e, em casos excepcionalíssimos, “amanhã” mesmo. Qualquer estrangeiro que tenha vivido no Brasil sabe
que são necessários vários anos de treinamento para distinguir qual o sentido pretendido pelo interlocutor
brasileiro, quando ele responde, com a habitual cordialidade, que fará tal ou qual coisa amanhã. O caso dos
alemães é, seguramente, o mais grave. Não disponho de estatísticas confiáveis, mas tenho certeza de que
nove em cada dez alemães que procuram ajuda médica no Brasil o fazem por causa de “amanhãs” casuais
que os levam, no mínimo, a um colapso nervoso, para grande espanto de seus amigos brasileiros.
João Ubaldo Ribeiro. A vida é um eterno amanhã. In: Um brasileiro em Berlim. 1993 (com adaptações).

76. (CESPE / Anatel Técnico – 2014)


Infere-se da leitura do texto que os brasileiros, na maioria das vezes, usam a palavra “amanhã” em sentido
metafórico, e os alemães, em sentido literal.

77. (CESPE / Anatel Técnico – 2014)


Depreende-se da leitura do texto que, apesar de não se basear em estatísticas, o autor constrói sua
argumentação com dados advindos do sistema de saúde brasileiro.

78. (CESPE / Antaq Técnico – 2014)


Hidrovia é uma rota predeterminada para o tráfego aquático. Há muito tempo, o homem utiliza a
água como estrada, e a Amazônia é o maior exemplo disso. O transporte por hidrovias apresenta grande
capacidade de movimentação de cargas a grandes distâncias com baixo consumo de combustível, além de
propiciar uma oferta de produtos a preços competitivos. A ampliação do uso da hidrovia é uma tendência
mundial por uma questão ambiental.
A viabilização de uma navegação segura no rio Madeira, por exemplo, permite o escoamento da
produção de grãos de Rondônia e Mato Grosso para o Amazonas e daí para o Atlântico. Isso cria um corredor
de desenvolvimento integrado, com transporte de alta capacidade e baixo custo para grandes distâncias,
elimina um grave problema estrutural do setor primário, com a redução significativa da dependência do

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modal rodoviário até os portos do Sudeste, e representa mais uma opção de integração nacional, com a
redução de trânsito pesado nas rodovias da região Centro-Sul.
Idem (com adaptações).
Infere-se das informações do texto que o transporte por hidrovia ajuda a preservar o meio ambiente, dado
o baixo consumo de combustível, e reduz a dependência do transporte rodoviário.

79. (CESPE / Antaq Técnico – 2014)


As obras de dragagem objetivam remover os sedimentos que se encontram no fundo do corpo d'água
para permitir a passagem das embarcações, garantindo o acesso ao porto. Na maioria das vezes, a dragagem
é necessária quando da implantação do porto, para o aumento da profundidade natural no canal de
navegação, no cais de atracação e na bacia de evolução. Também é necessária sua realização periódica para
o alcance das profundidades que atendam o calado das embarcações.
Internet: <www.antaq.gov.br> (com adaptações).
Depreende-se das informações do texto que a dragagem realizada na implantação do porto para garantir o
acesso das embarcações é definitiva, não havendo necessidade de ser refeita.

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5 – GABARITO

1. C 22. B 43. C 64. E


2. E 23. E 44. E 65. C
3. C 24. D 45. C 66. C
4. C 25. E 46. C 67. C
5. C 26. C 47. C 68. C
6. C 27. E 48. E 69. E
7. E 28. E 49. E 70. C
8. E 29. E 50. C 71. E
9. E 30. D 51. E 72. E
10. C 31. B 52. E 73. E
11. E 32. B 53. C 74. E
12. C 33. A 54. E 75. C
13. C 34. E 55. E 76. C
14. E 35. B 56. E 77. E
15. C 36. D 57. E 78. C
16. B 37. D 58. E 79. E
17. B 38. E 59. D
18. B 39. A 60. C
19. E 40. E 61. E
20. B 41. D 62. D
21. B 42. C 63. C

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