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Ministério Público:
Atuação Especializada em
Entidades de Interesse Social
SUMÁRIO
I. Introdução .............................................................................................. 05
II. Das Associações ....................................................................................06
II. a) Da existência legal ............................................................... 06
II. b) Dos atos constitutivos .......................................................... 07
II. c) Das disposições estatutárias obrigatórias ............................. 08
II. d) Do controle exercido pelo Ministério Público ..................... 09
II. e) Da extinção ........................................................................... 11
III. Das Fundações ..................................................................................... 12
III. a) Da definição ......................................................................... 12
III. b) Da natureza ........................................................................... 12
III. c) Do instituidor ....................................................................... 15
III. d) Dos atos constitutivos .......................................................... 15
III. e) Da vontade do instituidor e dos objetivos do ente
fundacional ............................................................................................. 17
III. f) Do estatuto............................................................................ 18
III. g) Do patrimônio, sua constituição e utilização ....................... 20
III. h) Das fundações de apoio ........................................................ 24
III. i) Das fundações de previdência privada ................................. 25
III. j) Das fundações partidárias .................................................... 26
III. l) Do velamento ....................................................................... 27
III. l.a) Dos instrumentos de atuação do curador de fundações ... 29
III. m) Da prestação de contas ......................................................... 31
III. n) Da extinção ........................................................................... 32
III. o) Exposição sintética das atribuições do Curador de
Fundações .............................................................................................. 35
IV. Da Estrutura Orgânica das Entidades sem Fins Lucrativos ................. 40
IV. a) Introdução ............................................................................ 40
IV. b) Do órgão deliberativo ........................................................... 40
IV. c) Do órgão executivo .............................................................. 41
IV. d) Do órgão de controle interno ................................................ 42
APRESENTAÇÃO
EQUIPE TÉCNICA
Coordenadoria
Leo Charles Henri Bossard II
Promotor de Justiça
Apoio Jurídico
Liana de Souza Neto Gonçalves
Técnica Ministerial
Apoio Contábil
Tarcísio Farias de Melo
Técnico Ministerial
I. INTRODUÇÃO
4 Princípio da convivência das liberdades, que não “permite que qualquer delas seja exercida de modo danoso à
ordem pública e às liberdades alheias” (GRINOVER, Ada Pellegrini, As Nulidades no Processo Penal, 6ª ed., São Paulo:
RT, p. 127).
5 Relevante ressaltar a prescrição do art. 2.031 do Código Civil, modificado pela Lei nº 11.127/05, o qual fixa o
dia 11/01/2007 como termo final para a adequação das disposições estatutárias às novas regras introduzidas pelo diploma.
6 Art. 127, caput – “defesa... dos interesses sociais”.
7 PAES, José Eduardo Sabo, Fundações, Associações e Entidades de Interesse Social – Aspectos Jurídicos,
Administrativos, Contábeis, Trabalhistas e Tributários, 6ª ed., Brasília: Brasília Jurídica, 2006, p. 526.
Art. 1º. Toda sociedade civil de fins assistenciais que receba auxílio ou
subvenção do Poder Público ou que se mantenha, no todo ou
em parte, com contribuições periódicas de populares, fica
sujeita à dissolução nos casos e forma previstos neste decreto-
lei.
Art. 2º. A sociedade será dissolvida se:
I. deixar de desempenhar efetivamente as atividades assistenciais
a que se destina;
II. aplicar as importâncias representadas pelos auxílios,
subvenções ou contribuições populares em fins diversos dos
previstos nos seus atos constitutivos ou nos estatutos sociais;
III. ficar sem efetiva administração, por abandono ou omissão
continuada dos seus órgãos diretores.
Art. 3º. Verificada a ocorrência de alguma das hipóteses do artigo
anterior, o Ministério Público, de ofício ou por provocação de
qualquer interessado, requererá ao juízo competente a
dissolução da sociedade.
§ ún. O processo de dissolução e da liquidação reger-se-á pelos arts.
655 e seguintes do Código de Processo Civil.8
Art. 4º. A sanção prevista neste decreto-lei não exclui a aplicação de
quaisquer outras, porventura cabíveis, contra os responsáveis
pelas irregularidades ocorridas.
Art. 5º. Este decreto-lei entra em vigor na data de sua publicação,
revogadas as disposições em contrário. (sem grifos no original)
Ora, se o Ministério Público pode instaurar inquérito civil e
propor a ação civil pública à vista de ilicitudes ou desvios perpetrados em prejuízo
de associações, pode, igualmente, adotar medidas preventivas com o propósito de
evitar que tais males se consumem ou, em outras palavras, exercer o controle social 9
de tais entidades.
II. e) Da extinção
9 Entendido o controle social como “o conjunto de meios de intervenção, quer positivos quer negativos, acionados por
cada sociedade ou grupo social a fim de induzir os próprios membros a se conformarem às normas que a caracterizam,
de impedir e desestimular os comportamentos contrários às mencionadas normas, de restabelecer condições de
conformação, também em relação a uma mudança do sistema normativo”. (BOBBIO, Norberto, MATTEUCI Nicola,
PASQUINO, Dicionário de Política, trad. Carmem C. Varriale et al, 4ª ed., Brasília, Universidade de Brasília, 1992, p.
283).
10 Art. 61, § 2º, Código Civil: “Não existindo, no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território em
que a associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer de seu patrimônio se
devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União”.
III. a) Da definição
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura
pública ou testamento, dotação especial de bens livres,
especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a
maneira de administrá-la.
§ ún. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos,
morais, culturais ou de assistência. (sem grifos no original)
Da dicção normativa, depreendem-se, como elementos
qualificadores das fundações, fim preestabelecido, patrimônio e interesse coletivo.
III. b) Da natureza
jurídica de direito público, quando criadas e mantidas pelo Poder Público, nos
moldes da disciplina administrativa.
III. c) Do instituidor
8.906/94. Entendemos, em companhia de José Eduardo Sabo Paes 18, ser dispensável
a diligência, dado que os atos constitutivos das fundações de direito privado já se
submetem à aprovação do Parquet, não se justificando a duplicidade de controle.
19 BARASSI apud SANTOS, J. M. Carvalho, Código Civil Brasileiro Interpretado, Rio de Janeiro: Freitas Bastos,
1969, p. 404.
20 DINIZ, Maria Helena, in DINIZ, Gustavo Saad, op. cit., p. 98.
proponha a fim igual ou semelhante” (art. 69). A obra, sob tal regramento, persevera
ainda que venha a ser extinta a entidade (cf. item III. n).
III. f) Do estatuto
21 Entre nós, os fins da fundação devem coligar-se ao interesse coletivo (o que se confirma pelo conteúdo do art.
11 do Decreto-Lei nº 4.657/42), diferentemente do que ocorre em outros ordenamentos, em que se admitem fundações
para atendimento de objetivos particulares
22 Com a expressão “fins de assistência”, pretendeu o legislador consignar que somente se admitem fundações com o fim
de, nos mais variados campos do interesse coletivo, colaborar, apoiar, proteger e amparar. E colaborar, apoiar, proteger,
amparar, enfim, prestar assistência não apenas no segmento da assistência social, podendo se expressar em qualquer das
áreas de interesse coletivo, tais como educação, saúde, religião, arte e cultura, investigação científica, proteção ao
patrimônio cultural, defesa de meio ambiente, defesa do consumidor, etc.
“(...) quando a lei fala em dotação de bens livres, não se refere, apenas,
a bens corpóreos móveis ou imóveis, em sentido estrito, mas a todos os
valores patrimoniais, inclusive aos direitos desta natureza que no sentido
genérico da expressão ‘bens’ se compreendem (...) ”.23
O parâmetro é, portanto, a suficiência da dotação inicial para
atender aos objetivos preestabelecidos.
23 RÁO, Vicente. O direito e a vida dos direitos, v. 2, t. 2, São Paulo: RT, p. 250.
24 O Ministério Público e as Fundações de Direito Privado, Rio de Janeiro: Freitas Barros, 1995, p. 42.
25 COSTA, Antônio Cláudio, A intervenção do Ministério Público no Processo Civil Brasileiro, p. 269.
privado” (art. 1º, caput), estatuindo, ademais, que os “entes criados sob a forma de
instituto, associação ou sociedade civil devem ser convertidos em fundação de
direito privado, nos termos e prazos da lei civil (arts. 2.031 e 2.032 do Código Civil
de 2002)”.
III. l) Do velamento
35 As fundações públicas (de direito público) sujeitam-se a um regime diferenciado de controle, sem escapar,
evidentemente, da fiscalização por parte do Ministério Público, nesse tocante exercida em concurso com o Tribunal de
Contas. Distingue-se, contudo, o foco da atuação ministerial – volta-se, aqui, à preservação do patrimônio público, à
defesa da legalidade, da impessoalidade, da transparência, da eficiência e da probidade na Administração Pública.
42 ALMEIDA, Gregório Assagra, Direito Processual Coletivo Brasileiro: um Novo Ramo do Direito Processual,
São Paulo: Saraiva, 2003, p. 512.
43 Art. 130, da Constituição do Estado do Ceará. "São funções institucionais do Ministério Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
II - zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos constitucionalmente
assegurados, adotando as medidas necessárias a sua garantia;
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e
de outros interesses difusos e coletivos;
IV - promover a ação declaratória de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção do Estado em
Municípios, nos casos previstos nesta Constituição;
V - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos
para instituí-los;
VI - exercer o controle externo da atividade policial para o primado da ordem jurídica;
VII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicando os fundamentos jurídicos de
suas manifestações processuais;
VIII - exercer a fiscalização dos estabelecimentos prisionais e dos que abrigam idosos, menores, incapazes ou pessoas
portadoras de deficiência;
IX - exercer outras funções que forem conferidas por lei, compatíveis com as suas responsabilidades institucionais,
sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de órgãos e entidades públicas.
“a” e “b”), a Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1.985 (art. 8º, parágrafo 1º) e o
Provimento nº 41/2007, da Procuradoria Geral de Justiça do Estado do Ceará;
III. n) Da extinção
Código Civil
Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa
à fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do
Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a
extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição
em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra
fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou
semelhante.
Código de Processo Civil
Art. 1.204. Qualquer interessado ou o órgão do Ministério Público
promoverá a extinção da fundação quando:
I. se tornar ilícito o seu objeto;
II. for impossível a sua manutenção;
III. se vencer o prazo de sua existência.
Incomum, mas possível de ocorrer a hipótese de tornar-se
ilícito o fim perseguido por fundação (impossibilidade jurídica). Exemplo é o de
entidade predestinada ao amparo de pessoas envolvidas com o denominado “jogo do
bicho”, antes de a lei penal tratar como contravenção referida atividade. Ao
tipificar-se a conduta, o que, na origem, se reputava lícito deixou de sê-lo.
47 A extinção por acefalia (falta dos órgãos de administração) somente deve se efetivar se frustrada ou, na prática,
inviável a solução alvitrada pelo art. 49 do Código Civil: “Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a
requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á administrador provisório”.
48 GIERKE apud CAETANO, Marcello. Das Fundações: Subsídios para a Interpretação e Reforma da Legislação
Portuguesa, São Paulo: Ática, 1961, p. 81.
49 TJDFT, Proc. 48.856/98, in DINIZ, op. cit., p. 359.
IV. a) Introdução
54 A prática tem demonstrado que órgãos executivos com composição alargada tendem a burocratizar e dificultar
os atos de gestão.
55 Art. 140, caput, Lei nº 6.404/76, aplicável analogicamente à espécie.
60 TRF 1ª R., AI 200601000208256, 7ª T., rel. Des. Antônio Ezequiel da Silva, DJ 28/03/2008. Em idêntico
sentido, súmula nº 144 da jurisprudência predominante do extinto Tribunal Federal de Recursos, editada em 22/11/1983:
“Para que faça jus à isenção da quota patronal relativa às contribuições previdenciárias, e indispensável comprove a
entidade filantrópica ter sido declarada de utilidade pública por Decreto federal”.
61 STJ, RMS 22.237/DF, 1ª S., rel. Min. Humberto Martins, DJ 05/05/2008.
62 CARRAZZA, Roque Antônio, Curso de Direito Constitucional Tributário, 20ª ed., São Paulo: Malheiros,
2004, p. 766.
63 TRF 4ª R., Ap. Cív. 2000.04.01.027274-4/RS, rel. Des. Vilson Darós, DJ 08/11/2000.
64 Os riscos inerentes a toda querela forense majoram-se, in casu, diante da controvérsia jurisprudencial acerca do
tema.
65 GARCIA, Emerson, ALVES, Rogério Pacheco, Improbidade Administrativa, Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2006, 3ª ed., p. 200.
Art. 2º - A concessão de utilidade pública far-se-á através de Lei Estadual, devendo a entidade interessada, com a finalidade de instruir a
respectiva proposição legislativa, fazer prova de que:
a) Possui personalidade jurídica própria, comprovada pela Certidão de Registro de Pessoas Jurídicas, fornecida pelo cartório em que se
averbou o registro;
b) Permaneceu em efetivo e contínuo funcionamento, durante um ano imediatamente anterior, com a exata observância dos estatutos, e
cujo atestado deverá ser fornecido pelo Fichário Central de Obras Sociais do Ceará - F.C.O.S.C., da Fundação Ação Social - F.A.S., ou
autoridade competente, quais sejam: Promotor de Justiça, Delegado de Polícia, Prefeito, Juiz de Direito e Pároco da Cidade, que
especificará o tempo em que a entidade está em plena atividade;
c) Pelos estatutos, legalmente reconhecidos, não são remunerados, por qualquer forma, os cargos de diretoria e conselho fiscal; não
distribui lucros, bonificações ou vantagens a dirigentes, mantenedores ou associados, sob nenhuma forma ou pretexto; e, em caso de
dissolução, seu patrimônio será incorporado ao de outra entidade congênere ou ao Poder Público;
d) As entidades, mesmo que ainda não declaradas de utilidade pública, ficam obrigadas a tornarem público os relatórios circunstanciados
dos serviços que houverem prestado à coletividade, no ano anterior à formulação do pedido, acompanhados do demonstrativo da receita e
da despesa realizadas no período, ainda que não tenham sido subvencionadas; e, se subvencionadas, apresentarem prestação de contas
das subvenções e auxílios do Poder Público recebidos no período;
e) Seus dirigentes e conselheiros fiscais sejam portadores de ilibada conduta e idoneidade moral comprovadas.
§ 1º - O Atestado de Funcionamento, exigido na Alínea "b", deverá ser anexado em original.
§ 2º - A publicação de que trata a Alínea "d" far-se-á mediante notificação ou afixação dos seus relatórios e balancetes em local habitual,
de fácil acesso ao conhecimento da comunidade representada.
§ 3º - O atestado de idoneidade deverá ser fornecido pela Secretaria de Segurança Pública - SSP, ou por um Juiz de Direito, ou por um
Promotor de Justiça, ou por um pároco.
§ 4º - Na falta de quaisquer dos documentos enumerados neste Artigo, será concedido um prazo máximo de 30 (trinta) dias para que a
entidade os apresente na sua totalidade, contados a partir de notificação dada pelo Departamento Legislativo. Findo tal prazo, em caso de
não apresentação dos documentos enumerados neste Artigo, o processo será arquivado.
Art. 3º - Denegado o pedido, não poderá ser renovado antes de decorridos 02 (dois) anos, a contar da data da publicação do despacho
denegatório.
Parágrafo Único - Do denegatório do pedido de declaração de utilidade pública caberá reconsideração, dentro do prazo de 120 (cento e
vinte) dias, contados da publicação.
Art. 4º - As sociedades, associações ou fundações declaradas de utilidade pública farão registro, em livro especial, de acesso público, da
Secretaria do Trabalho e Ação Social do Estado do Ceará, que se destinará, também, à averbação das remessas de relatórios, a que se
refere o Artigo 5º.
Art. 5º - As entidades declaradas de utilidade pública salvo motivo de força maior, devidamente, comprovado, a critério da autoridade
competente, ficam obrigadas a apresentar, até o dia 30 de abril de cada ano, à Secretaria do Trabalho e Ação Social, relatório
circunstanciado dos serviços que houverem prestado à coletividade no ano anterior, devidamente comprovado no demonstrativo das
receitas e das despesas realizadas no período, ainda que tenham sido subvencionadas pelo Poder Público.
Art. 6º - As entidades já detentoras de título de utilidade pública deverão, no prazo de 90 (noventa) dias, da publicação desta Lei, fazer
sua inscrição na Secretaria do Trabalho e Ação Social, a fim de habilitarem-se aos posteriores auxílios e subvenções concedidas pelo
Poder Público.
Art. 7º - Será cassada a declaração de utilidade pública, da entidade que:
a) Deixar de apresentar, durante 02 (dois) anos consecutivos, relatório a que se refere o Artigo 5º;
b) Negar-se a prestar serviço compreendido em fins estatutários;
c) Retribuir, por qualquer forma, os membros de sua diretoria e conselho fiscal, ou conceder lucros, bonificações ou vantagens a
dirigentes, mantenedores ou associados, sob qualquer forma ou pretexto;
d) Deixar de fazer a inscrição na Secretaria do Trabalho e Ação Social, na forma estabelecida no Artigo 6º.
Art. 8º - A cassação da utilidade pública será feita em processo, instaurado "ex offício", pela Secretaria do Trabalho e Ação Social, ou
mediante representação documentada.
Parágrafo Único - O Pedido de reconsideração do decreto que cassar a declaração de utilidade pública não terá efeito suspensivo.
Art. 9º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
67 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella, Direito Administrativo, 15ª ed., São Paulo: Atlas, 2003, p. 422/423.
68 DI PIETRO, op. cit., p. 419.
69 Extraído, em 14/05/2008, do sítio: http://www.rits.org.br/legislacao_teste/lg_testes/lg_tmes_out99.cfm
72 TJSP, AC nº 473.161-4/4-00.
73 STF, AI-AgR nº 481.586/MG, 2ª T., rel. Min. Carlos Velloso, DJ 24/02/2006.
74 TJSP, AC nº 389.765.5/7-00, 10ª Câm.
intervenção quando não lhe são prestadas as devidas contas, para que
possa ter condições de apurar se está o patrimônio sendo utilizado para
os fins estatutários”.80
“AÇÃO CIVIL PÚBLICA - FUNDAÇÕES - FISCALIZAÇÃO -
MINISTÉRIO PÚBLICO - LEGITIMIDADE - DESTITUIÇÃO DA
DIRETORIA E CONSELHOS - PREVISÃO LEGAL - AFASTAMENTO
DEFINITIVO - PERPETUIDADE - INCOMPATÍVEL COM
ORDENAMENTO JURÍDICO. Cabe ao Ministério Público a atribuição
fiscalizatória sobre as fundações instituídas e disciplinadas segundo os
ditames do Código Civil, as quais deverão obrigatoriamente, por força
de lei, a ele prestar contas. Desde que verificada a incapacidade ou a
inconveniência dos curadores e administradores, entende-se razoável que
os interessados ou o Ministério Público possam promover as ações
judiciais cabíveis para o afastamento dos mesmos. O ordenamento
jurídico pátrio desconhece condenações sem limitação temporal de
eficácia, de caráter perpétuo, razão pela qual deve ser excluída da r.
sentença a palavra 'definitiva'”.81
VIII. e) Responsabilização de dirigentes
CAPÍTULO I
Art. 1º. A Fundação (nome) é pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, filantrópica,
com autonomia administrativa, financeira e patrimonial, regendo-se pelo presente Estatuto e pela
legislação que lhe for aplicável.
Parágrafo único. Para todos os efeitos, as denominações Fundação (nome) e Fundação
equivalem-se no texto do presente Estatuto.
Art. 2º. O prazo de duração da Fundação (nome) é indeterminado.
Art. 3°. A Fundação tem sede na cidade de ____________, Estado do _________________.
CAPÍTULO II
DAS FINALIDADES
Art.4º. Inserir o rol observando as seguintes orientações:
As finalidades da Fundação estão especificadas na escritura de constituição. Em
regra, não podem ser alteradas, sequer distorcidas, por representarem a vontade
transcendente do instituidor.
Conforme o caso concreto, admite-se a alteração estatutária das finalidades da
fundação, mas apenas “para uma melhor especificação, definição ou abrangência
no rol das finalidades originariamente concebidas pelo(s) instituidor(s)”. 98
Portanto, os fins de uma fundação são imutáveis em sua essência e qualquer
alteração não deve contrariar os fins originalmente estabelecidos.
Art. 5°. A Fundação organizar-se-á em tantas unidades de trabalho ou órgãos que se fizerem
necessários à consecução de suas finalidades, as quais serão disciplinadas por regimentos
internos específicos.
Art. 6°. A Fundação, com vistas a atingir seus objetivos, poderá firmar convênios e/ou contratos e
articular-se, pela forma conveniente, com órgãos ou entidades públicas ou privadas.
Art. 7°. No desenvolvimento de suas atividades, a Fundação obedecerá aos princípios da
legalidade, impessoalidade, moralidade, transparência, publicidade, economicidade,
razoabilidade e eficiência.
CAPÍTULO III
DO PATRIMÔNIO E DAS RECEITAS
Art. 8º. O patrimônio da Fundação é constituído pela dotação inicial, pelos bens obtidos por
aquisição regular e por todos os bens corpóreos ou incorpóreos que vier a adquirir a título
gratuito ou oneroso.
Parágrafo único - Dependerão de aprovação do Conselho Curador e de autorização do Ministério
Público (Curadoria de Fundações) os seguintes atos:
a) aceitação de doações e legados com encargo;
b) contratação de empréstimos e financiamentos;
c) alienação, oneração ou permuta de bens imóveis, para aquisição de outros mais rentáveis
ou mais adequados à consecução de suas finalidades.
Art. 9º. Constituem rendas da Fundação:
I - rendas provenientes dos resultados de suas atividades;
II - usufrutos e fideicomissos que lhe forem constituídos;
III - rendas provenientes dos títulos, ações ou ativos financeiros de sua propriedade ou operações
de crédito;
IV - juros bancários e outras receitas de capital;
V - contribuições de pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras;
VI - subvenções, dotações, contribuições e outros auxílios estipulados em favor da Fundação pela
Administração Pública direta e indireta;
VII - rendimentos próprios dos imóveis que possuir;
VIII - doações e legados;
IX - outras rendas eventuais.
§1° - A Fundação aplicará integralmente suas rendas, recursos e eventual resultado operacional
na manutenção e desenvolvimento dos objetivos institucionais, em território nacional.
§2º - É vedada a distribuição de qualquer parcela do patrimônio ou dos rendimentos da Fundação,
sob qualquer forma, a título de lucro ou participação no seu resultado.
§3° - Os bens pertencentes à Fundação não poderão ter destinação que contrarie os objetivos
estatutários.
CAPÍTULO IV
DA ESTRUTURA ORGÂNICA
Art. 10. A Fundação tem como órgãos deliberativos, administrativo e de controle interno,
respectivamente, o Conselho Curador, o Conselho Diretor e o Conselho Fiscal.
Art. 11. Os integrantes dos Conselhos Curador, Diretor e Fiscal não serão remunerados, nem
gozarão de nenhuma vantagem ou benefício em decorrência do cargo ou função desempenhado.
§1º- Os integrantes dos Conselhos Curador, Diretor e Fiscal não responderão pelas obrigações da
Fundação, exceto quando agirem com culpa ou dolo ou, ainda, com violação da lei ou do estatuto.
§2º- Responderão, ainda, solidariamente, por todos os atos praticados pelo órgão que integram,
salvo se posição individual divergente estiver devidamente fundamentada e registrada em
documento próprio.
Art. 12. É permitido o exercício cumulativo das funções de integrante dos Conselhos Curador e
Diretor, limitado a 1/3 do número de componentes do Conselho Diretor.
CAPÍTULO V
DO CONSELHO CURADOR
Art. 13. O Conselho Curador, órgão superior de deliberação da entidade, será constituído por
(indicar número) integrantes, escolhidos dentre pessoas de ilibada reputação e identificadas com
as finalidades da Fundação, com mandato de 4 (quatro) anos, permitida uma reeleição.
§1º- Os conselheiros serão eleitos pela maioria absoluta dos membros remanescentes, em caso de
vacância, ou dos membros a serem substituídos, em caso de término de mandato.
§2º - O Presidente do Conselho Curador será eleito dentre e por seus pares, na reunião que der
posse aos conselheiros, cabendo-lhe, além de seu voto, o de qualidade em caso de empate, assim
como a indicação de secretário para as reuniões do órgão. Na ausência ou impedimento do
Presidente titular, os conselheiros elegerão, dentre eles, um Presidente ad hoc.
§3º - Em caso de vacância, o cargo vago será provido no prazo máximo de 30 (trinta) dias,
observado o quorum definido no §1º.
§4º - Os novos integrantes do Conselho Curador serão eleitos com antecedência mínima de 30
(trinta) dias a contar da expiração dos mandatos anteriores, observado o quorum definido no §1º.
§5° - Perderá automaticamente o mandato o integrante do Conselho Curador que faltar a três
reuniões consecutivas ou a cinco alternadas sem se justificar no prazo de 5 (cinco) dias,
procedendo-se à sua substituição na forma prevista no §3°.
§6° - A destituição de qualquer membro do Conselho Curador ocorrerá, a qualquer tempo, por
decisão de 2/3 (dois terços) de seus integrantes, observados os postulados do devido processo
legal, do contraditório e da ampla defesa.
Art. 14. Compete ao Conselho Curador:
I - eleger, dentre cidadãos de ilibada reputação e identificados com as finalidades da Fundação,
seus próprios membros e Presidente, bem como os integrantes dos Conselhos Diretor e Fiscal;
II - deliberar sobre o orçamento anual e sobre o programa de trabalho elaborado pelo Conselho
Diretor, ouvido previamente quanto àquele o Conselho Fiscal;
III - examinar o relatório do Conselho Diretor e deliberar sobre o balanço e as contas, após
parecer do Conselho Fiscal;
IV - deliberar sobre a destituição de seus membros;
V - destituir, por voto de 2/3 (dois terços) de seus membros, integrantes de quaisquer dos órgãos
componentes da estrutura orgânica da Fundação;
VI- pronunciar sobre o planejamento estratégico da Fundação, bem como sobre os programas
específicos a serem desenvolvidos;
VII - deliberar sobre propostas de empréstimos;
VIII - deliberar sobre a conveniência de aquisição, alienação a qualquer título, arrendamento ou
oneração dos bens móveis e imóveis da Fundação, após parecer do Conselho Fiscal;
IX - deliberar sobre proposta de incorporação, fusão, cisão ou transformação da Fundação;
X - aprovar a realização de convênios, acordos, ajustes e contratos, bem como estabelecer normas
pertinentes;
XI - apreciar e aprovar a criação e extinção das unidades de que trata o artigo 5º;
XII - aprovar o quadro de pessoal e suas alterações, bem como as diretrizes de salários, vantagens
e outras compensações;
XIII - aprovar o Regimento Interno da Fundação e suas alterações, observada a legislação
vigente;
XIV - deliberar sobre quaisquer assuntos de interesse da Fundação que lhe forem submetidos;
XV – deliberar, em conjunto com o Conselho Diretor:
a) sobre as reformas estatutárias;
b) sobre a extinção da Fundação;
XVI - contratar a realização de auditoria para adequada aferição da situação financeiro-
patrimonial da entidade;
CAPÍTULO VI
DO CONSELHO DIRETOR
Art. 20. O Conselho Diretor, órgão de administração e execução, é composto de:
I – Diretor Presidente;
II – Diretor Vice-Presidente;
III – Diretor Administrativo-Financeiro.
§1º - O Diretor Presidente é o Presidente da Fundação.
§2º - Os integrantes do Conselho Diretor serão eleitos e empossados pelo Conselho Curador, para
um mandato de 4 (quatro) anos, permitida uma recondução.
§3º - Em caso de vacância no Conselho Diretor, o Conselho Curador reunir-se-á, no prazo
máximo de 30 (trinta) dias, para eleger o substituto, que preencherá a vaga pelo tempo restante de
mandato.
§4º - Caberá ao Diretor Vice-Presidente substituir o Diretor Presidente em caso de ausência e,
enquanto não se realizar a eleição de que trata o §3°, em caso de vacância.
§5° - Os novos integrantes do Conselho Diretor serão eleitos com antecedência mínima de 30
(trinta) dias a contar da expiração dos mandatos anteriores.
§6° - Perderá automaticamente o mandato, o integrante do Conselho Diretor que faltar a 03 (três)
reuniões consecutivas ou a 05 (cinco) alternadas sem se justificar no prazo de 05 (cinco) dias,
procedendo-se à sua substituição na forma prevista no §3°.
§7° - A destituição de qualquer membro do Conselho Diretor ocorrerá, a qualquer tempo, por
decisão de 2/3 (dois terços) dos integrantes do Conselho Curador, observados os postulados do
devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa.
Art. 21. O Conselho Diretor reunir-se-á sempre que convocado pelo Presidente, pela maioria de
seus integrantes ou, ainda, pelo Conselho Curador ou pelo Conselho Fiscal, sendo as suas
decisões, ressalvados os casos expressos em Lei, neste Estatuto ou no Regimento Interno, tomadas
por voto da maioria simples.
Parágrafo único - A convocação para as reuniões do Conselho Diretor será feita com
antecedência mínima de 2 (dois) dias, mediante correspondência pessoal, fax, e-mail ou por outro
sistema de transmissão de dados, com especificação da pauta a ser tratada.
Art. 22. Compete ao Conselho Diretor:
I - elaborar e executar o programa anual de atividades, o planejamento estratégico e programas a
serem desenvolvidos pela Fundação;
II - elaborar e propor alterações no Estatuto e no Regimento Interno da Fundação, submetendo-as
à aprovação do Conselho Curador;
III - cumprir e fazer cumprir o Estatuto, o Regimento Interno e as normas e deliberações do
Conselho Curador;
IV - realizar convênios, acordos, ajustes e contratos, ouvido o Conselho Curador;
Parágrafo único - A convocação para as reuniões do Conselho Fiscal será feita com antecedência
mínima de 5 (cinco) dias, mediante correspondência pessoal, fax, e-mail ou por outro meio de
transmissão de dados, com indicação da pauta a ser tratada.
Art. 30. Perderá o mandato, o integrante do Conselho Fiscal que faltar a três reuniões
consecutivas ou a cinco alternadas sem se justificar no prazo de 5 (cinco) dias, procedendo-se à
sua substituição na forma prevista no art. 27.
Art. 31. Compete ao Conselho Fiscal:
I - examinar os livros contábeis, a documentação de receitas e despesas, o estado do caixa e os
valores em depósito, com livre acesso aos serviços administrativos, facultando-se-lhe, ainda,
requisitar e compulsar documentos;
II - emitir parecer sobre os aspectos econômico-financeiros e patrimoniais, do relatório anual de
atividades apresentado pelo Conselho Diretor da Fundação, bem como sobre a prestação de
contas e o balanço patrimonial, encaminhando cópia ao Conselho Curador no prazo de 05 (cinco)
dias a contar da elaboração;
III - emitir parecer sobre as questões que lhe foram submetidas pelos demais órgãos da Fundação;
IV - convocar, por voto da maioria absoluta de seus integrantes e justificadamente, reuniões do
Conselho Curador ou do Conselho Diretor;
V - requisitar livros, documentos, contratos, convênios e quaisquer dados sobre a vida da
Fundação, verificando se conformes a este Estatuto e revestidos das formalidades legais;
VI - propor ao Conselho Curador a contratação de auditoria externa e independente, quando
necessária;
VII - denunciar a existência de irregularidades ao Conselho Curador.
CAPÍTULO VIII
DO EXERCÍCIO FINANCEIRO E ORÇAMENTÁRIO
Art. 32. O exercício financeiro da Fundação (nome da fundação) coincidirá com o ano civil.
Art. 33. O Conselho Diretor apresentará ao Conselho Curador, até 31 de agosto do ano anterior, a
proposta orçamentária para o ano subseqüente.
§1º - A proposta orçamentária será anual e compreenderá:
I - estimativa de receita, discriminada por fontes de recurso;
II - fixação da despesa, com discriminação analítica.
§2º - O Conselho Curador deverá, até o dia 30 de dezembro de cada ano, discutir, emendar e
aprovar a proposta orçamentária do ano subseqüente, não podendo majorar despesas sem
consignar os respectivos recursos.
CAPÍTULO X
DA EXTINÇÃO DA FUNDAÇÃO
Art. 36. A Fundação extinguir-se-á por deliberação fundamentada de seus Conselhos Curador e
Diretor, aprovada no mínimo por 2/3 (dois terços) dos votos da totalidade de seus integrantes em
reunião conjunta, presidida pelo presidente do primeiro, quando se verificar, alternativamente:
I - a impossibilidade de sua manutenção;
II - a ilicitude ou a inutilidade dos seus fins.
Art. 37. Encerrado o processo, o patrimônio residual da Fundação será revertido, integralmente,
para fundação que se proponha a fim igual ou semelhante.
Parágrafo único - O órgão competente do Ministério Público deverá ser notificado pessoalmente
de todas as fases do procedimento de extinção da Fundação.
CAPÍTULO XI
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 38. O corpo de empregados da Fundação será admitido mediante processo de seleção, sob o
regime preconizado pela Consolidação das Leis do Trabalho, complementada pelas normas
internas da instituição.
Art. 39. O órgão competente do Ministério Público, na hipótese de fundados indícios de
irregularidades, poderá determinar, por ato devidamente fundamentado, a contratação de serviço
de auditoria independente pela Fundação, para apuração dos fatos.
Art. 40. Ao órgão competente do Ministério Público é assegurado assistir às reuniões dos
conselhos da Fundação, com direito de discutir as matérias em pauta, nas condições que tal direito
se reconhecer aos integrantes da estrutura da Fundação.
Parágrafo único. A Fundação dará ciência ao órgão competente do Ministério Público, com
antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, do dia, hora e local designados para suas
sessões ordinárias e extraordinárias.
Art. 41. As reuniões dos órgãos da Fundação serão aterradas em livros próprios, devendo ser
remetidas cópias ao Ministério Público (Curadoria de Fundações) no prazo de 15 (quinze) dias e,
após visto, levadas ao registro.
Art. 42. A Fundação manterá a escrituração contábil e fiscal em livros próprios, revestidos das
formalidades legais e capazes de assegurar a sua exatidão.
Art. 43. A Fundação poderá ser identificada por um símbolo ou logomarca à escolha da maioria
do Conselho Curador.
X. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
DINIZ, Gustavo Saad, Direito das Fundações Privadas – Teoria Geral e Exercício
de Atividades Econômicas, Porto Alegre: Síntese, 2003.
MELLO FILHO, José Celso de, Notas sobre as Fundações, Revista dos Tribunais,
nº 537, jul/1980.