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Museu Histórico Fernando Ferrari

São Pedro do Sul


Rio Grande do Sul
Brasil
1º Mapa de São Pedro do Sul, de 1895.
Acervo do Museu Histórico Fernando Ferrari

Este livreto foi criado como produto do Mestrado Profissional em


Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Santa Maria, pela meste
Luiza Gutheil Bayer, com a orientaçãoda Profª. Dr.ª Heloísa Helena
Fernandes Gonçalves da Costa, utilizando informações documentais e
fotografias do acervo do Museu Histórico Fernando Ferrari, de São Pedro do
Sul, a partir da compreensão de que uma das missões deste museu é valorizar
e divulgar seu acervo, sua história e a cultura local.
Praça Crescêncio Pereira em São Pedro do Sul, ano não informado.
Homens e animais atravessando a Praça Crescêncio Pereira em São Pedro
Fonte: Acervo do Museu Histórico Fernando Ferrari
do Sul, ano não informado.
Fonte: Acervo do Museu Histórico Fernando Ferrari

Já a formação de São Pedro do Sul, como é conhecida hoje, data de 1865/66, quando o
português Crescêncio José Pereira e sua esposa Zelinda Maria de Souza, doaram 14 hectares
de terra para edificação de uma capela e distribuíram gratuitamente terrenos para quem
quisesse residir e trabalhar no local. A partir de 1870, com a chegada dos imigrantes alemães
e posteriormente os italianos, o território teve crescente desenvolvimento, principalmente na
área da agricultura, comércio e mais tarde na pecuária. (LEAL, 1996).
Ao longo de sua história a cidade possuiu vários nomes, como: ‘‘São Pedro do Rincão’’,
‘‘Rincão de São Pedro’’; devido à proteção natural formada pela Serra Geral e os Rios Toropi e
Ibucuí (LEAL, 1996, p.24), ‘‘São Pedro’’, este último enquanto era vila, até finalmente ser
O município de São Pedro do Sul está localizado a aproximadamente 358 km de Porto Alegre e 45 km de conhecida como ‘‘São Pedro do Sul’’. O local pertenceu a Santa Maria até 22 de março de 1926
Santa Maria, na região central do Rio Grande do Sul. Possui segundo o censo de 2010, uma população de 16.368 quando conseguiu sua emancipação político-administrativa. O personagem são-pedrense
habitantes. A cidade tem grande relevância para os estudos paleontológicos da região e do mundo, tendo em vista mais conhecido nacionalmente é Fernando Ferrari, por este fato o Museu Histórico do
que no local foram encontrados vários fósseis especialmente a partir dos anos 1920, alguns destes, segundo Beltrão município chamasse Museu Histórico Fernando Ferrari em sua homenagem.
(1965) nunca haviam sido descritos em outro local, destacando-se entre eles os animais triássicos Stahleckeria
Potens e Prestosuchus Chiniquensis. Festa de imigrantes alemães no “Mato do Niederauer”, em São Pedro
do Sul, no início dos anos 1920.
Além disso, entre os municípios de Santa Maria, São Pedro do Sul e Mata encontra-se a maior concentração Fonte: Acervo do Museu Histórico Fernando Ferrari
de afloramentos de florestas de árvores petrificadas oriundas do período Triássico no Brasil (entre 245 a 205 milhões
de anos), dos diversos afloramentos contabilizados na região, o maior número está em São Pedro do Sul, que possui
oito destes. (SOOMER; SCHERER, 1999).
Registros arqueológicos também são encontrados em várias localidades no município. Destaca-se a Pedra
Grande, um dos maiores petroglifos do Rio Grande do Sul, localizada no interior do município, onde encontram-se
inscrições rupestres e indígenas de diversos períodos diferentes, algumas ainda não decifradas. (ROSO, ISAIA, 2006,
p.35). Os primeiros registros históricos de São Pedro do Sul são de 1626/27, quando pelo fato de ser uma habitação
indígena guarani, o padre o Roque Gonzales, visitou a região para estabelecer no local uma redução jesuítica. A
redução não se desenvolveu, mas a “Estância de São Pedro” passou a fazer parte da redução de São Miguel, e o posto
principal desta estância, segundo Leal (1996, p.23) provavelmente situa–se onde hoje é a cidade de São Pedro do Sul.
Museu Histórico Fernando Ferrari

Com a intenção de reunir objetos que


remontassem a história do município de São Pedro
do Sul e dos são-pedrenses como um todo e levando Como forma de se manter atualizado e mais
o nome do mais renomado cidadão são-pedrense, o próximo de seu público, o Museu Histórico Fernando
Museu Histórico Fernando Ferrari foi inaugurado Fer r ari mantem juntamente com o Museu
no dia 25 de Maio de 1990 no prédio do antigo Paleontológico e Arqueológico Walter Ilha contas no
Colégio Deiflo Monteiro, atual sede da Prefeitura Facebook e no Instagram, onde publica informações e
Municipal de São Pedro do Sul, onde permaneceu imagens sobre o seu acervo e suas ações, além de
até 1996, quando foi transferido para sua atual sede divulgar os registros de algumas visitações e algumas
na Rua Fernando Ferrari, 164, esquina com a Rua datas comemorativas para São Pedro do Sul e até
Coronel Scherer, no antigo sobrado da família mesmo para o Brasil.
Ferrari.
Para reunir objetos que passariam a fazer
parte do museu, realizou-se, no ano de 1990, uma
Gincana Cultural Artística onde uma das tarefas
era arrecadar objetos históricos. A partir de então
o acervo do Museu passou a incluir doações da
família de Fernando Ferrari, de empresas, da
prefeitura, de clubes, de igrejas, dos cinemas, das
escolas, dos expedicionários, dos agricultores e dos
munícipes em geral, a fim de contar a história da
população de São Pedro do Sul e retratar as
tradições e cultura local.
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Prédio do Museu Histórico Fernando Ferrari, ano não informado.


Fonte: Acervo do Museu Histórico Fernando Ferrari
Nascido em 14 de Junho de 1921 em
Fernando Ferrari
São Pedro do Sul, Fernando Ferrari mudou-
se para Santa Maria em 1935 para estudar
no Colégio Marista Santa Maria, onde
per maneceu até a conclusão do
secundário/ginásio 1938, formando-se
técnico em Contabilidade. Ferrari então foi
para Porto Alegre onde estudou Economia
na Pontifica Universidade Católica do Rio Em 1946 Ferrari mudou-se para o Rio de
Grande do Sul (PUC-RS). Posteriormente, Janeiro, onde foi trabalhar no Serviço de Alimentação
em 1958, for mou–se em Direito na da Previdência Social (SAPS), foi neste local que
Universidade do Rio de Janeiro, já enquanto tornou-se conhecido por denunciar, em carta aos
Deputado federal. jornais da capital federal, um episódio de corrupção e
desvios econômicos no SAPS.
Após a denúncia Ferrari pediu demissão e
retornou ao Rio Grande do Sul onde filiou-se ao
Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e juntamente
com Leonel Brizola e João Goulart fundou a “Ala
Moça” do partido. Ainda no ano de 1946, Ferrari
elegeu-se, pelo PTB, aos 24 anos, com cerca de 7 mil
votos, deputado estadual.

Foi eleito em 1950, deputado federal, obtendo em torno de 22 mil votos e reeleito em 1954, com cerca de 40 mil
votos. Em 1958 foi reconduzido para a Câmara dos Deputados, ainda pelo PTB, com a mais expressiva votação de
todo o Brasil: ao redor de 148 mil votos. Em 1960 Ferrari candidatou-se à vice–presidência da República, causando
sua dissidência do PTB e originando a “Campanha das Mãos Limpas”. Fernando não logrou êxito, ficando em 3º
lugar, porém vencendo no Rio Grande do sul, o que o fez disputar em 1962 o pleito para o governo do Rio Grande do
Sul, não obtendo novamente a vitória eleitoral.

Durante sua trajetória teve algumas de suas produções publicadas, como os livros: Mas...os sinos não se
dobraram (1943), Minha Campanha (1961) e Mensagem Renovadora (1960), além do livro Escravos da terra (1963).
Já o apelido “Político das Mãos Limpas” deu-se por sua luta contra corrupção e pela aproximação de Ferrari com as
pessoas. Ferrari destacou-se por sua habilidade oratória e por seu grande número de projetos enviados ao Congresso
Nacional, sendo o autor do projeto de lei que resultou no Estatuto do Trabalhador Rural, em 1963.

No dia 25 de Maio de 1963, entretanto, o avião em que ele viajava chocou-se contra o Morro do Chimarrão, no
município de Torres/RS, causando a morte de Ferrari, de seu assessor e do piloto do Cessna, prefixo PP-BRR.
Sobrado da família Ferrari
O sobrado construído pela família Ferrari no ano de 1927, enquanto propriedade de Tito Ferrari abrigava
a residência da família, o armazém “Ferrari e Irmão” e mais tarde na década de 1940, provisoriamente em seu piso
superior, o “Clube do Comércio”.

Em 1960, o prédio foi vendido ao Sr. Valdomiro Maurer, que residiu no local onde também manteve uma
casa de comércio. Já em 1971, o local foi adquirido pelo então Prefeito Sr. Lothário Lauro Gutheil para se tornar
sede da Prefeitura Municipal, permanecendo a mesma ali instalada até 21 de março de 1996.

Com a transferência da Prefeitura, o local passou a sediar, no dia 28 de novembro de 1996, o “Centro
Cultural Fernando Ferrari” integrando os museus Histórico e Paleontológico, a Câmara de Vereadores, um
auditório e as oficinas de arte. Além destas funcionalidades o sobrado foi responsável ainda por sediar, a Rádio
Municipal são-pedrense, secretarias municipais, alguns clubes sociais, a Biblioteca Municipal, ensaios de Centros
de Tradições Gaúchas e é até hoje referência para os são-pedrenses e visitantes.

No ano de 2014 o Museu Paleontológico e Arqueológico Walter Ilha (fundado no local em 1980) foi
transferido para a localidade de Carpintaria, em São Pedro do Sul, passando assim, o Museu Histórico Fernando
Ferrari a ocupar integralmente o primeiro andar do Sobrado.

Fundação do Clube do Comércio de São Pedro do Sul, no 2º


andar do sobrado da Familia Ferrari, no ano de 1940.
Fonte: Acervo do Museu Histórico Fernando Ferrari

Legenda: Tito Ferrari e alguns homens em frente ao Sobrado


da família Ferrari no fim dos anos 1920.
Fonte: Acervo do Museu Histórico Fernando Ferrari
Espaços expositivos
No Museu Fernando Ferrari há uma interessante exposição de objetos relacionados à música, tanto
instrumentos musicais, quanto partituras, discos e gramofones, que contam um pouco da história da música
relacionada aos são-pedrenses.
Diversos objetos, doados por empresas e por cidadãos são-pedrenses, relacionados à comunicação e ao
cinema em seus mais diversos formatos, como rádios, telefones, radioamadores, projetores, entre outros,
podem ser visitados no Museu histórico Fernando Ferrari

A exposição sobre Fernando Ferrari reúne doações da família do importante político são-pedrense e
também doações dos munícipes, que guardaram registros de Ferrari. Nesta sala do museu podem ser visto
de forma dividida por temas registros da vida pessoal, da vida acadêmica, da trajetória enquanto político e
também de suas produções literárias.
O Museu Fernando Ferrari tem importantes objetos que remontam a história de São Pedro do Sul
distribuídos ao longo do primeiro andar do prédio, algumas peças e imagens são reunidas também de forma
a contar a história de alguns dos responsáveis pela construção da cidade e peças doadas pela Prefeitura
Municipal de São Pedro do Sul.
No centro das exposições do Museu Histórico Fernando Ferrari pode ser visitada uma grande sala,
pensada com setores divididos por zoneamento temático, contando a partir das peças doadas por
munícipes e simpatizantes da história de São Pedro do Sul, um pouco sobre: Igreja, Educação, Cultura
Gaúcha, Armas, Expedicionários, Economia, Iluminação, Jogos regionais, Relógios e outros temas mais
amplos.

Além disso, pode ser vista no museu


uma exposição de objetos de acervo
relacionados à escrita e seus
formatos de produção ao longo do
tempo.Peças doadas pelo e x-
fotografo são-pedrense, Arthur Ilha,
unem-se a algumas outras peças
relacionadas à fotografia, no Museu
Fernando Ferrari, para uma distinta
exposição sobre o tema.
A história da saúde em São Pedro do Sul também tem espaço no Museu Histórico Muitos são os utensílios de cozinha que marcaram a memória dos são-pedrenses,
Fernando Ferrari, através da exposição de objetos dos primeiros dentistas da gaúchos e brasileiros, alguns destes podem ser vistos no Museu Histórico Fernando
cidade e algumas peças que pertenceram ao Hospital Municipal. Ferrari em uma exposição dedicada exclusivamente a eles. Além disso, algumas
ferramentas de uso geral também estão expostas entre as salas do museu.
Referências
BARBOSA, Claudia Maria Ferrari. Fragmentos e lembranças. FERRARI FILHO, Fernando
(Org.). Fernando Ferrari: ensaios sobre a vida e a obra do político das Mãos Limpas. Porto
Alegre: Tomo Editorial, p. 21-47, 2013.

BELTRÃO, R. Paleontologia de Santa Maria e São Pedro do Sul. Rio Grande do


Sul, Brasil. Boletim do Instituto de Geociências UFSM, 2:5-114, 1965.

FERRARI FILHO, Fernando. Apresentação e agradecimentos. FERRARI FILHO,


Fernando (Org.). Fernando Ferrari: ensaios sobre a vida e a obra do político das Mãos
Limpas. Porto Alegre: Tomo Editorial, p. 15-19, 2013.

IBGE. São Pedro do Sul. Disponivel em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/sao-


pedro-do-sul/panorama>. Acesso em 04/03/2020

LEAL, José Cândido Rodrigues. São Pedro do Sul, Antigo: (registros históricos):
1626–1965/José Cândido Rodrigues Leal (Zéca Leal), Santa Maria: Boca do Monte,1996.

ROSO, Maria Regina Daniel; ISAIA, Lucia. Construção da imagem turística para São Pedro
do Sul, a partir de sua singular identidade patrimonial. Revista Sociais e Humanas, CCSH,
UFSM, Santa Maria, p.33-43, 2006. Disponível em:
https://periodicos.ufsm.br/sociaisehumanas/article/view/1380/801 Acesso em 11/10/
2019

SOMMER, M.G.; SCHERER, C.M.S. 1999. Sítios Paleobotânicos do Arenito Mata nos
Municípios de Mata e São Pedro do Sul, RS. In: Schobbenhaus,C.; Campos,D.A.;
Queiroz,E.T.; Winge,M.; Berbert-Born,M. (Edit.) Sítios Geológicos e Paleontológicos do
Brasil. Disponível em: <http://sigep.cprm.gov.br/sitio009/sitio009.htm>. Acesso em:
15 out. 2019.
MUSEU HISTÓRICO
FERNANDO
FERRARI
SÃO PEDRO DO SUL - RS

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