Você está na página 1de 9

Pesquisar em NotasGeo

Utilidades Instituições Relatórios Mapas Eventos

#SePuderFiqueEmCasa, mas não deixe de comprar o que precisa. Movimente


Seguir por e-mail
o Comércio. Informe-se. Até o boteco da esquina está entregando em casa.
Email address... Submit

5 de agosto de 2018

A Terra pulsante - Parte I: O Ciclo de Wilson Publicação em destaque

Por Marco Gonzalez


Amazônia Legal: a geologia e a
A história geológica da Terra tem se repetido ciclicamente? mineração e seus impactos

Já em 1968, o geólogo canadense John Tuzo Wilson refletia: "Se a deriva


continental tem ocorrido por uma parte considerável do tempo geológico... então
uma sucessão de bacias oceânicas podem ter nascido, crescido, decrescido e se
fechado novamente".
Por Marco Gonzalez São
apresentadas as diversas Amazônias,
especialmente a Amazônia Legal, e
sobre esta são relatados dados
referentes aos...

Seguidores (67) Próxima

Seguir

Publicações mais visitadas nos


últimos 12 meses

O Brasil se move para a


esquerda, uma área de
atritos

O ciclo da mineração no
Brasil colonial

V is ualizaç ão es quemátic a da c ros ta oc eânic a da Terra (parte de poste r da N O A A ). A s c ores mais avermelhadas indic am idade mais A mineração e a Primeira
jovem da c ros ta.
Revolução Industrial

O Ciclo de Wilson
A Terra pulsante - Parte I:
Procurando sistematizar esses processos de abertura e fechamento de bacias O Ciclo de Wilson
oceânicas, em 1968, Wilson estabeleceu o que passou a ser conhecido como Ciclo
de Wilson.

O Ciclo de Wilson se inicia com uma pluma ascendente de magma que provoca o Alumínio: produção e
mercado
afinamento da crosta continental sobrejacente com a consequente atuação de
forças tectônicas distensivas. Forma-se uma bacia oceânica que continua
crescendo a ponto de que uma de suas margens, em processo de subducção,
passa a, progressivamente, provocar seu fechamento. Ocorre, a seguir, a colisão Remineralizando o solo
com pó de rocha
dos blocos continentais que, unificados e montanhosos, acabam com o tempo
(geológico) sendo erodidos. Então, novamente, outro ciclo se inicia.

Não sendo interrompido, estima-se que um Ciclo de Wilson leve cerca de 400 Níquel: aplicações,
a 500 milhões de anos para ser concluído. reservas e produção

As três primeiras minas


brasileiras de cobre nos
séculos XIX e XX: suas
histórias

A Terra pulsante - Parte


II: Os ciclos dos
supercontinentes

Amazônia Legal: a
geologia e a mineração e
seus impactos

ago 2018 (3)

Estágios do C iclo de W ilson, com a localização de e x e m plos atuais (por Hanne s Grobe - adaptado)

Os estágios do Ciclo de Wilson incluem uma fase de abertura (estágios 1 a 3) e


outra de fechamento (estágios posteriores) de uma bacia oceânica, podendo ser
sumarizados da seguinte forma:

1. Embrionário: inicia-se o desmembramento da crosta continental, até então


estável, como no sistema de rifte do nordeste da África.
2. Juvenil: a abertura iniciada se conecta com oceano já existente, como no mar
Vermelho.
3. Maduro: forma-se o oceano maduro, como no oceano Atlântico.
4. Em Declínio: inicia-se o encolhimento da bacia oceânica através de zonas de
subducção, como no oceano Pacífico.
5. Terminal: a bacia se torna estreita e irregular, como no mar Mediterrâneo.
6. Em Sutura: os blocos continentais colidem e é construída uma cadeia de
montanhas, como no Himalaia.
7. Em Peneplano: a cadeia de montanhas é erodida, como nas planícies do
cráton Norte Americano.

Estágio Embrionário

O estágio Embrionário é precedido por um cráton estável com um baixo nível


global do mar. A crosta continental está em equilíbrio isostático (em um nível
constante no topo do manto). Não há atividade vulcânica nem terremotos até que,
sob o cráton estável, surge um hotspot. Acontece, então, o adelgaçamento e o
fraturamento da crosta continental, com o desenvolvimento de um rifte.
Tal processo divide o continente em dois, com a criação de um novo limite
divergente entre as duas placas tectônicas que passam a se separar.
Esque m a do e stágio Em brionário e x e m plificado atravé s do rifte da África O rie ntal e ntre as placas te ctônicas Africana e

Som ali (Fonte s: placas e foto)

O rifte Africano Oriental é um exemplo clássico do estágio Embrionário, mas há


outros exemplos como o Midland Valley da Escócia, o graben do Reno e o graben
de Oslo.

Estágio Juvenil

No estágio Juvenil, o magma ascendente faz evoluir a dilatação e o fraturamento


das rochas acima dele. Progride a ruptura do continente com o afastamento das
placas tectônicas, formando-se um corpo de água.

Com a criação de uma bacia oceânica jovem (interior), o nível global do mar passa
a se elevar . Essa elevação acontece porque a nova bacia, com crosta quente e
rasa, surge às custas de outras mais antigas e precisa acomodar tanta água do
mar quanto a das que vão sendo substituídas.

Esque m a do e stágio Juve nil e x e m plificado atravé s do m ar Ve rm e lho e ntre as placas te ctônicas Africana e Árabe (Fonte :

placas e foto)

O resultado do estágio Juvenil é um mar estreito, como o mar Vermelho, aberto


entre o nordeste da África e o sudoeste da Arábia.

Estágio Maduro

A medida que se afastam os continentes, a crosta oceânica próxima a eles vai


envelhecendo, esfriando e se tornando mais pesada, com consequente
afundamento do fundo do mar. O nível do mar está em queda.
No estágio Maduro, uma grande bacia oceânica se completa entre as margens
continentais, com uma dorsal oceânica bem desenvolvida ao longo do limite
divergente das placas tectônicas. A medida que essas placas se afastam, o
magma ascendente vai produzindo uma trilha de vulcanismo.

E s quema do es tágio M aduro exemplific ado através do oc eano A tlântic o entre as plac as tec tônic as N orte A meric ana e Sul A meric ana, à

oes te, e as plac as E uras iana e A fric ana, à les te (Fonte: placas e foto ). N a parte inferior, à es querda, as c ores indic am as idades da

c ros ta oc eânic a c om gradaç ão des de vermelho (idades menores ) até azul (idades maiores ). N a parte inferior, à direita, a foto regis tra

trec ho da dors al M es o- A tlântic a (não s ubmers a) na I s lândia.

O estágio Maduro tem, como exemplo atual, o oceano Atlântico. A constatação da


abertura do oceano Atlântico foi decisiva na formulação da teoria do Ciclo de
Wilson.

Estágio em Declínio

No estágio em Declínio, zonas de subducção se formam, como características dos


limites convergentes entre placas tectônicas, e a bacia oceânica inicia seu
fechamento. Essas zonas de subducção podem se formar em qualquer parte da
bacia e em qualquer direção, subjugando-a ao longo do tempo geológico e, assim,
condenando-a ao desaparecimento.

Enquanto a subducção está consumindo o fundo oceânico antigo, o nível do mar


se eleva. Ao alcançar o fundo oceânico jovem e a passar a consumi-lo também, o
nível do mar torna a cair.
Esque m a do e stágio e m De clínio e x e m plificado atravé s do oce ano Pacífico e nvolve ndo a placa te ctônica do Pacífico e m

vizinhança com dive rsas outras (Fonte : placas e foto )

O estágio em Declínio segue mantendo o ciclo em andamento com zonas de


subducção ativas, como é o caso do oceano Pacífico e seu conhecido Anel de Fogo.

Estágio Terminal

No estágio Terminal, os continentes estão prestes a colidir e o corpo de água se


torna estreito e irregular. Enquanto ocorre o metamorfismo nas zonas de
subducção, nas profundezas dessas zonas o magma continua sendo gerado, como
no estágio anterior, formando vulcões e um relevo montanhoso.

Esque m a do e stágio Te rm inal e x e m plificado atravé s do m ar Me dite rrâne o e ntre a placa te ctônica Africana e dive rsas

outras (Fonte : placas e foto)

O estágio Terminal é caracterizado por uma topografia de forte contraste


altitudinal entre o mar e as montanhas, como é o caso do mar Mediterrâneo. Há
um complexo de ilhas e cadeias montanhosas jovens circundando um corpo de
água em contração. Antes de desaparecer, o mar continua a se encolher na
iminência (em tempo geológico) da colisão dos continentes.

Estágio em Sutura

No estágio em Sutura, os continentes colidem, desenvolvendo-se uma cadeia de


montanhas. A bacia oceânica remanescente é completamente subduzida.
O nível do mar se torna cada vez mais baixo já que toda a crosta oceânica pré-
existente à colisão foi sendo consumida, restando apenas restos dela que serão
finalmente incorporadas ao manto.

E s quema do es tágio em Sutura exemplific ado através da c ordilheira do H imalaia entre as plac as tec tônic as I ndiana e E uras iana

(Fonte: placas e foto )

O Himalaia é um exemplo clássico de um sistema orogênico gerado através da


colisão entre continentes, evidenciando as forças tectônicas associadas ao Ciclo
de Wilson.

Estágio em Peneplano

No estágio em Peneplano é formado um cráton continental estável. Com a


evolução da cadeia de montanhas, a crosta continental aumenta de espessura
com rochas com grande diversidade e leves. A erosão que peneplaniza o relevo
rebaixa a crosta ao nível do mar e o ciclo é finalizado.

Esque m a do e stágio e m Pe ne plano e x e m plificado atravé s do Escudo C anade nse , parte e x posta do C ráton Norte

Am e ricano, localizado na placa te ctônica Norte Am e ricana (Fonte s: placa, cráton e foto)

O cráton Norte Americano, de dimensões continentais, constitui o embasamento


de grande parte da América do Norte e da Groenlândia. O escudo Canadense é a
parte exposta do cráton Norte Americano. Possui uma superfície levemente
ondulada, ou seja, uma peneplanície, formada pela erosão das antigas rochas do
cráton há cerca de 800 milhões de anos. Constitui um ótimo exemplo do estágio
Reflexões

A teoria do Ciclo de Wilson ajuda a entender a evolução geológica da Terra


contada através da deriva e da junção de placas tectônicas, fragmentando e
montando supercontinentes?

Perdemos informação quando não pensamos a geologia sob um enfoque


sistêmico, envolvendo a hidrosfera, a atmosfera e a biosfera, além da geosfera?

A movimentação das placas tectônicas é totalmente governada pelo acaso ou é


possível, em larga escala, identificar um processo cíclico regular com diversos e
específicos ciclos a ser considerados?

O que move o que se move?

Artigos relacionados

A Terra pulsante - Parte II: Os ciclos dos supercontinentes

A Terra pulsante - Parte III: O ciclo das rochas

A Terra pulsante - Parte IV: Outros ciclos da natureza

A Terra pulsante - Parte V: o ciclo geomorfológico

Postado às 14:13
Marcadores: artigo, bacia oceânica, Ciclo de Wilson, nível de CO2, nível do mar, subducção,
tectônica de placas

2 comentários:
Victor Suckau disse...
Muito interessante...Faz todo o sentido. Planeta sempre dinâmico...
6 de agosto de 2018 19:14

Unknown disse...
Marco, o Ciclo de Wilson trouxe nova luz e apoio para os modelos de desenvolvimento
do relevo , muito desacreditados pela geomorfologia quantitativa do fim do século XX,
Nas fases deste ciclo global, tem lugar para o modelo de peneplanação de Davis,
Modelo de pediplanação de Penck-King, modelo de Etchplanação de Budel e equilíbrio
dinâmico de Hack.
O teu texto sobrea Tectônica de placas é muito compreensivo e bem ilustrado.
A relação da Tectônica de Placas com oss modelos de desenvolvimento do relevo a
longo prazo é bem exposta em Global Geomorphology (M. A. Summerfield 199...).
Chamo a atenção para esta veia da Geomorfologia porque sei do pouco que a UFRGS
ofereceu para voces neste importante campo das ciências da Terra.
Forte abraço.
Lisboa
16 de agosto de 2018 18:57

Postar um comentário

Postagem mais recente Página inicial Postagem mais antiga

Alguns blogs do setor mineral

Blogosphere

Clube da Mineração

Geologou

History of Geology
Hombre Geológico

Igeológico

Ingeododo

Locos por la Geologia

minas jr

MundoGeo

O Portal do Geólogo

Sopas de Pedra

Valter Avelar – GEÓlogo 4GEOs

Written In Stone...seen through my lens

Traduzir

Selecione o idioma ▼

NotasGeo
Artigos | Notícias | Sobre este blog | Contato
Utilidades
Preços de commodities do setor mineral
Leis | Recursos | Dicionários
Tabela estratigráfica internacional
Relatórios | Mapas | Calendário de eventos
Associações
Profissionais | Temáticas | Grupos
Instituições nacionais
Órgãos | Agências | Ensino | Pesquisa | Museus
Instituições internacionais
Serviços Geológicos

Pesquisar em NotasGeo

Página Inicial

Todos os direitos reservados: NotasGeo. Tecnologia do Blogger.


em Peneplano do ciclo de Wilson.

O Ciclo de Wilson em vídeo

Geology: Wilson Cycle

O C iclo de W ilson (Por AR TEMIS@MIT - Arte : Krista Sapton - Ge ologia: Taylor Pe rron - Produção e dire ção: Viole ta

Ivanova)

Os níveis do mar e de CO₂, a vida e o clima

O ciclo de abertura e fechamento de bacias oceânicas proposto por Wilson


está relacionado às flutuações do nível global do mar, conforme mencionado. Em
resumo, supondo constante a quantidade de água na Terra desde sua formação há
cerca de 4,5 bilhões de anos, o nível global do mar tende a se elevar nas derivas
continentais e se tornar mais baixo quando os continentes estão agregados.

Uma das causas da flutuação do nível global do mar é a diferença entre as crostas
oceânicas e continentais. A crosta oceânica, com suas rochas basálticas, é mais
densa que a crosta continental, com suas rochas graníticas. A abertura das bacias
oceânicas, logicamente, aumenta a proporção das crostas oceânicas em relação às
continentais. Além disso, a densidade da crosta oceânica aumenta à medida que
esfria e, assim, vai afundando no manto sob seu próprio peso, aumentando
também a profundidade do corpo de água.

A diferença de densidade entre as crostas também faz com que as placas


continentais, por serem mais leves, cavalguem com mais facilidade as oceânicas
nos limites convergentes. Portanto, são as crostas oceânicas que são consumidas
nas zonas de subducção quando do fechamento das bacias oceânicas. Neste
processo, logicamente, diminui a proporção das crostas oceânicas em relação à
continentais.

Mas há outras causas para a flutuação do nível global do mar, que também afetam
o clima da Terra.

Estima-se que grandes quantidades de CO₂ derivadas do manto sejam


armazenadas na crosta inferior no estágio final de união dos continentes. Com a
quebra da crosta continental, aquele CO₂ é liberado na hidrosfera e,
posteriormente, devido ao calor dos fundos oceânicos jovens, segue para a
atmosfera. Assim, o clima se torna mais quente e, com o clima aquecido, as
calotas polares tendem a derreter contribuindo também para a elevação do nível
global do mar.

Com a abertura das bacias oceânicas, na dispersão dos blocos continentais,


jovens fundos oceânicos pouco profundos são formados através do rifteamento.
Mares pouco profundos criam condições mais favoráveis à vida marinha com
grande diversidade de espécies.

No fechamento das bacias oceânicas, o nível global do mar e o nível de


CO₂ continuam sendo afetados. O vulcanismo associado às zonas de subducção,
como todo vulcanismo, emite CO₂ para a atmosfera e, na montagem continental,
o nível global do mar inicialmente sobe e depois cai, conforme mencionado, com a
subducção consumindo antes o fundo antigo (mais denso) e após o jovem (menos
denso) dos oceanos. Com a colisão continental, o nível global do mar continua a
cair, os níveis atmosféricos de CO₂ declinam e o clima é resfriado.

Você também pode gostar