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O RISCO DA OPÇÃO-COMPROMISSO

“Não há vento favorável para quem não sabe onde quer chegar” (Sêneca)

O “sentido da lição” que Deus inscreve no sentimento interno, é que irá


determinando a orientação que conduzirá cada pessoa a alcançar a sua
verdadeira liberdade naquilo que “Deus Nosso Senhor nos der a escolher” (EE. 135).
Na mão de nossa liberdade está a possibilidade de fazer um caminho, que só
vamos conhecer “olhando para nós mesmos”, descobrindo como é que Deus nos
conduz, sobretudo através da consolação. A pes-
soa tem que ter a capacidade de voltar sobre si mesma e perceber por onde está
sendo levada e porquê.
Relendo nossa vida, vamos ver que as “marcas” que aí se encontram são sinais indicadores do
caminho que Deus nos fez e faz andar. Isso porque cada um de nós é único. Eu sou único, original
e sagrado e, se eu não descobrir e realizar a minha vocação, algo vai ficar faltando no mundo. Curi-
riosamente, eu me realizo livremente na medida em que escolho o caminho que Deus me dá a escolher.

S. Inácio supõe que a pessoa tem a capacidade de perceber, no processo de


discernimento, qual é o “sentido”, isto é, onde Deus está querendo levar essa
pessoa, através de diferentes pensamentos, sentimentos e moções ( “moções” são
movimentos internos, que deixam uma “marca” no coração).
É na contemplação da vida de Jesus Cristo que encontramos critérios para fundamentar nossa opção
de vida. Sem o confronto das “marcas” de Deus no nosso coração com o horizonte da Vida de Jesus
Cristo, tudo torna-se um exercício de pura introspecção, que nos fecharia em nós mesmos.
Contemplando demoradamente a Vida de Jesus, a pessoa vai discernir o que deve ser a sua vida, pela
experiência de consolação e desolação, desejos e questionamentos, que a Vida de Jesus suscita nela.
Consolados ou desolados, não podemos deixar de ser confrontados e de sermos afetados por Cristo.

à medida em que se está consolado ou desolado, se pode perceber por onde


Deus quer ou não quer nos
conduzir. A consolação é a “marca” de Deus e seguindo a consolação nós não
nos enganamos.
A consolação é o sinal de que a orientação está acontecendo ou que nós
estamos caminhando no caminho de Deus.
Essa leitura das “marcas” de Deus na minha vida só é possível quando sou
capaz de ler vitalmente a Escritura. É assim que o horizonte de minha vida irá
se fundindo com o horizonte de Jesus Cristo. Assim S. Paulo podia dizer: “Não sou
eu que vive, é Cristo que vive em mim” (Gl. 2,20).
Se a contemplação for produzindo o fruto que S. Inácio espera dela, se na contemplação não vejo
apenas a vida de Jesus Cristo mas sempre vou da Vida de Cristo para a minha vida e trago minha vida
para a Vida de Cristo, chegará o momento em que não dará mais para separar a Vida de Cristo e a
minha vida.
Passos para a oração

a) Procure um lugar tranquilo e faça um exercício de pacificação interior.


b) Sinta-se na presença de Deus; tenha consciência e fé de que o Se-
nhor está com você, envolve-o com seu Amor e o ilumina.
c) Composição de lugar: “ver a mim mesmo, como estou diante do
Senhor”, dos santos, dos companheiros..., que esperam tudo de mim,
que confiam em que saberei escolher o que sinto ser a Vontade de Deus.
d) Peça o dom do discernimento e repita com confiança: “Senhor, que queres que
eu faça?”
e) Num clima de silêncio interior, medite as Bem-aventuranças (Mt 5,1-
12).
f) Num clima de recolhimento e oração, recorde:
* os momentos mais significativos de sua história pessoal (as “marcas”
de Deus);
* as constantes que se manifestaram ao longo de sua vida e que neste
retiro ficaram mais em evi-
dência;
* quais são os caminhos novos que se abrem, que preparam o seu futuro,
que lhe colocam em
situação de iniciativa e criatividade?
* formule com precisão e claridade o que você sente que deva ser seu
compromisso com Deus;
* quê meios eficazes você vai colocar para levar adiante o seu projeto?
A espiritualidade inaciana é uma espiritualidade apostólica,isto é, um modo de ser na Igreja e
no mundo. Tenho consciência de minha missão?

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