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Adriana Knitsch Gil

Português brasileiro
Beatriz de Medeiros Silva
“Capital“ Afonso Cruz

Página 4, 6, 7
Quando eu era uma criança, eu tinha um porquinho-mealheiro. Foi meu pai que me
deu como presente: esse dia “nasceu” meu melhor amigo “Jajá”. Eu fazia tudo com
ele, dormia, brincava e também guardava dinheiro. Na minha imaginação o Jajá me
ajudava nas tarefas do dia a dia, os conselhos e as dicas dele me ajudaram ser a
pessoa que eu sou agora. Obviamente o Jajá não falava, eu só precisava de alguém
do meu lado. Normal né, mente de criança. Meu pai era pai solteiro e trabalhava
muito, só se importava por ganhar dinheiro. Eu não prestava muita atenção por o
que meu pai falava para mim, o único que importava era o que Jajá tem que dizer.
Como criança eu sempre passava minhas noites no meu quarto, Jajá acima da
minha mesa e eu pintando. Meu pai no trabalho confiando que eu me comporte, e
eu só o esperando vir do trabalho para passar tempo comigo. Isso raramente
acontecia.
Uma dessas noites eu estava pintando no meu quarto e eu jurava de ter ouvido
alguém tocando a porta da nossa casa. Estranho porque ninguém nos visitava e
meu pai tinha uma chave. Meu pai sempre dizia para não abrir a porta se ele não
estiver em casa, mas a pessoa em frente da porta a estava tocando mil vezes. Eu,
curioso que era, fui abrir a porta.
Quando a abri não tinha ninguém em frente, até eu olhar para baixo: Jajá em frente
de mim no chão. Ele não dizia nada, ele me viu e começou a caminhar em direção
da rua de baixo. Sem pensar muito eu o comecei a seguir.
Ele me mostrou muitos lugares, mas eu principalmente só vi muitas pessoas
morando na rua, sem teto e sem comida. Todo o caminho Jajá não falava, ele
passava por ruas sujas e casas abandonadas.
Quando chegamos em casa ele me perguntou o que eu achava desses lugares. Eu
achava triste, era a única coisa que eu podia dizer. Eu perguntei por que as pessoas
moravam na rua em vez de ir para casa. Ele mostrou para mim que essas pessoas
não tem casa, não tem outra opção. Ele queria mostrar o que a vida minha pode
terminar sendo se eu não ouvir para ele, acreditar nele e usar ele. Ele me ensinou
usar ele como porquinho-mealheiro, e fazer isso pelo resto da minha vida. Esse era
o meu Jajá.

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