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MINI CURSO: Conservação de acervos

08, 09 e 10 de julho de 2008

Luiz Souza
Wívian Diniz
Saulo Guths

Florianópolis – SC

Esta apostila foi desenvolvida com a intenção de divulgar o trabalho efetivo


da conservação preventiva em cooperação com os profissionais que atuam
nas instituições que abrigam acervos; como diretores, restauradores,
museólogos, educadores e responsáveis pela conservação das coleções ou
pela manutenção dos edifícios.

Elaborado por:

Wívian Diniz
Arquiteta e Urbanista
Especialista em conservação/restauração de bens culturais móveis – CECOR/EBA/UFMG
Mestre em Artes Visuais – CECOR/EBA/UFMG
e-mail: wivian@aadiniz.com

Curitiba, 2008
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MÓDULO I

1. Como ler e usar plantas arquitetônicas


2. Atuação de um edifício na alteração do clima interno
3. Onde colocar um sensor para medição de UR e T
4. Identificando modificações no clima interno causadas
pela atividade humana e recursos elétricos
5. Relatório de inspeção em um edifício
6. Identificando zonas climáticas dentro de um museu
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CAPÍTULO 1
Como ler e usar plantas arquitetônicas
O objetivo deste capítulo é familiarizar os participantes com projetos arquitetônicos –
ferramenta indispensável para um gerenciamento correto de coleções museológicas.
Sabendo como ler e usar projetos torna-se possível simplificar problemas na inspeção das
coleções, visualizar zonas climáticas dentro do museu e dialogar efetivamente com outros
especialistas.

1.1 Observações gerais


Plantas baixas, cortes e elevações, juntos, possibilitam uma representação compreensiva
para construção do prédio. A partir destes elementos é possível obter um conhecimento mais
abrangente de um prédio.
Estes elementos são caracterizados pela sua ortogonalidade, ou seja, o ponto de vista do
observador é colocado perpendicularmente em relação ao desenho representado, como mostra a
figura 1. A superfície do desenho está paralela às superfícies do prédio porque é resultado da
projeção ortogonal de cada face deste prédio.

Figura 1: perspectivas para gerar o projeto arquitetônico

Este tipo de representação ortogonal também é adequada para mostrar relações


proporcionais em uma escala reduzida, definida em função do tamanho que se quer o desenho.
Portanto, a representação arquitetônica de um prédio através de plantas, cortes e
elevações é um método abstrato de representar a realidade.

1.2 Definições
A planta e o corte de um prédio representam duas seções: a planta é uma seção
horizontal e o corte uma seção vertical.
O principal objetivo das plantas e cortes é mostrar as formas, as relações entre espaços
abertos e fechados e definir os elementos construtivos e superfícies.
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A planta
Uma planta é a projeção do piso de um edifício cortado em uma determinada altura e
com a parte superior do prédio removida, como mostra a figura 2.

Figura 2: corte para gerar as plantas do projeto arquitetônico

Em geral, a seção horizontal corta através de todos os elementos verticais presentes,


como paredes, aberturas portas e janelas. Elementos sólidos são retratados em uma altura de
cerca de 1,20 m acima do nível do piso.

Convenções para representações gráficas


A convenção é que:
• Linhas grossas são usadas para representar qualquer elemento cortado,
• linhas finas são usadas para representar um elemento abaixo do corte e
• tracejado é usado para representar elementos acima do corte.

A escala
Plantas são desenhadas em uma escala que é aplicada em todas as dimensões e
proporções do edifício.
A escala é uma convenção que permite uma representação reduzida de um edifício em
proporção às suas verdadeiras dimensões. É gerada por uma convenção de redução usada na
representação de um edifício em suas medidas. É usualmente indicada por dois números
separados por dois pontos (ex: 1:50). O primeiro número se refere a uma unidade na planta e
usualmente é 1. O segundo número indica quantas destas unidades está representada.
Assim, uma escala de 1:10 significa que cada metro na planta representa 10 metros na
realidade ou que cada milímetro na planta equivale a 10 mm na realidade. Uma escala de 1:100
significa que 1 cm na planta representa 100 cm na realidade.
Em geral, plantas são desenhadas em 1:100 ou 1:50, porém para prédios muito grandes e
conjuntos de prédios pode ser usada uma escala menor (ex 1:200). Se um prédio tem vários
pavimentos e existem diferenças entre eles, o desenho das plantas é feito sucessivamente de
baixo para cima, sempre começando pelo piso térreo ou subsolo, se existir.
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CAPÍTULO 2
Atuação de um edifício na alteração do clima interno
2.1 Diversidade climática
Em conseqüência de fatores variados, a diversidade climática do território brasileiro é
muito grande. Dentre eles destaca-se a fisionomia geográfica, a extensão territorial, o relevo e a
dinâmica das massas de ar. Este último fator é de suma importância porque atua diretamente
tanto na temperatura quanto nas chuvas, provocando as diferenciações climáticas regionais.

2.2 A relação entre os climas interno e externo


O clima dentro de um edifício é diretamente influenciado pelo clima externo. No
entanto, determinamos barreiras (através da edificação) para estabilizar o clima interno: por
exemplo, o isolamento térmico nos telhados reduz o efeito do calor originado pela radiação
solar; o isolamento pelo uso de materiais hidrofugantes nas paredes protege da chuva e do ar
úmido; reduzir o número de janelas e outras aberturas controlamos também a troca de ar; e
assim por diante. Dependendo da inércia higrotérmica e da capacidade de isolamento do prédio
as variações do clima externo serão menos sentidas internamente.
A inércia térmica de uma construção é a sua capacidade de resistência às variações extremas
de temperatura ocorridas no ambiente externo. O seja, existe um atraso no aparecimento dos
efeitos das flutuações climáticas externas nas condições internas. Por exemplo, este atraso pode
equivaler a poucas horas no caso de uma parede de concreto de 15 cm, um dia em uma parede
de pedra ou muitas semanas em um prédio bem vedado e com paredes grossas. Inércia higrométrica
é um conceito equivalente quando consideradas variações de umidade relativa.

2.3 Alterações naturais no clima interno


Efeito do sol
A estabilidade das condições climáticas geralmente observadas em um prédio pode ser
seriamente alterada em locais próximos a janelas voltadas para o sol. É importante lembrar que
cerca de 87% da energia solar (ou radiação infra-vermelha) é transmitida para dentro do prédio
em janelas com vidros comuns e portanto contribui para a alteração do clima interno. Os vidros
verdes são os mais eficientes em relação ao controle deste tipo de radiação, assim como algumas
películas específicas vendidas no mercado.

Efeito de janelas abertas e portas


Em um prédio com paredes grossas (alta inércia térmica), abrir as janelas para ventilação
pode não alterar a estabilidade da temperatura, porém irá influenciar na estabilidade de umidade
relativa. Quando as janelas estiverem abertas haverá uma variação maior deste fator.

2.4 Conclusões
Os prédios podem ser divididos em duas categorias quanto a sua interação com o clima
externo:
1. Aqueles com bom isolamento e consequentemente com alta inércia térmica e
2. Aqueles com baixo isolamento e, portanto com baixa inércia térmica.

Recomendamos a leitura dos textos abaixo para uma maior compreensão do assunto.

Textos complementares
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EL EDIFICIO COMO ENVOLVENTE: CLIMA INTERIOR Y EXTERIOR
Nota Técnica - Arq. Fernando Rodríguez Romo

EDIFICIOS CONSTRUIDOS CON MATERIALES CONTEMPORANEOS:


CONDICIONES AMBIENTALES EN SU USO COMO MUSEOS
Nota Técnica - Arq. Fernando Rodríguez Romo

EDIFICIOS CONSTRUIDOS CON MATERIALES Y TECNICAS TRADICIONALES:


CONDICIONES AMBIENTALES EN SU USO PARA MUSEOS
Nota Técnica - Arq. Fernando Rodríguez Romo
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CAPÍTULO 3
Onde colocar um sensor para medição de UR e T
Escolher o melhor local para posicionar instrumentos de medição climática, seja em áreas de
armazenamento ou espaços de exibição, é mais complexo do que imaginamos.
Por razões estéticas ou devido a pouco conhecimento sobre o funcionamento destes
instrumentos, estes são frequentemente colocados em locais aonde a última coisa que irão de
fato fazer é medir as condições climáticas reais e que estão atuando nas coleções.
Um exemplo óbvio é colocar um termohigrógrafo longe das coleções em avaliação para
evitar que algum visitante venha a mexer no aparelho. Algumas vezes iremos encontrá-lo sob
uma capa, isolado das coleções. Estes são dois erros bastante comuns!
Iremos revisar rapidamente alguns critérios para posicionamento dos instrumentos.
Lembramos que o clima imediatamente ao redor do objeto é o “clima desejado” para ser
monitorado.

3.1 Coloque o objeto o mais próximo possível das coleções


Isto significa que se os objetos estão exibidos em uma vitrine, o instrumento deve ser
colocado dentro da vitrine, próximo ao objeto. Se o objeto está 10 metros acima do chão, o
instrumento deve estar também, 10 metros acima. Se os objetos estão armazenados em sacos
plásticos, não hesite em colocar o instrumento dentro do mesmo saco plástico!
Se no ambiente de exibição existir um sistema de ar condicionado, o instrumento deve
ser colocado o mais próximo possível da coleção e afastado da saída de ar do aparelho.
Mesmo os fabricantes de sistemas de ar condicionado recomendam que os instrumentos
para medição climática sejam colocados 2 metros afastados das saídas de ar e 1,50 metros acima
do chão para avaliação real das condições de conforto humano. Concluindo, instrumentos para
monitoramento climático devem medir o clima onde os objetos estão submetidos.

3.2 O instrumento deve estar acessível aos técnicos


Não devemos arriscar causar algum dano às coleções pela simples – porém regular – tarefa
de trocas os gráficos, dar corda e reiniciar os instrumentos.
• Em áreas de armazenamento, os instrumentos devem ser colocados nas prateleiras.
• Mesmo em ambientes de exibição, não tenha dúvidas em instalar uma prateleira para
colocar o instrumento se não houver um local adequado.
• Obtenha uma leitura externa através de uma varanda se o acesso ao telhado for perigoso,
mas deve proteger o instrumento da exposição direta ao sol.

3.3 Mantenha os instrumentos fora do alcance da curiosidade do público o


máximo possível.
Se os instrumentos estiverem em área pública, podem ter certeza que muitos visitantes
serão atraídos por um termohigrógrafo visível, inclusive com intenção de tocá-los. Se não houver
opção do uso de um instrumento com uma dimensão menor ou um datalogger, coloque uma
comunicação informando a proposta e o funcionamento do instrumento. Normalmente este
recurso é muito mais eficiente do que a tradicional comunicação pedindo simplesmente para
NÃO TOCAR.
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3.4 Externamente, proteja o instrumento de poeira, chuva e insolação
direta.
Monitorar variações climáticas externas é mais complicado porque o instrumento não
pode ficar exposto a chuva ou sujeira. Se o telhado do edifício for acessível este é o melhor local
para colocá-lo porque a orientação (norte, sul, leste ou oeste) não será restritiva.
O instrumento deverá está protegido da chuva e da insolação direta e isolado da poeira
por uma proteção perfurada. Umas “casinhas” pequenas, feitas para observações meteorológicas
são bastante recomendáveis.

Resumo

Ambiente externo
O instrumento deve estar voltado para a fachada sul, de preferência no telhado e deve
estar protegido da chuva e do sol.

Ambiente interno
Os termohigrógrafos devem estar no mesmo volume de ar das coleções:
O mais perto possível das coleções
O mais acessível possível aos técnicos
O mais inacessível possível ao público
Na localização mais representativa do zoneamento climático (áreas mais críticas)

CAPÍTULO 4
Identificando modificações no clima interno causadas
pela atividade humana e recursos elétricos
No capítulo anterior vimos que um edifício bem isolado climaticamente atua eficientemente
(e de forma passiva) na estabilização do clima interno. Porém, muitas vezes esta estabilidade é
perturbada por atividades humanas.

4.1 Modificações temporárias causadas por atividades humanas


Grande número de visitantes
Se em uma sala de exibição existe um grande número de visitantes, o vapor d’água que as
pessoas liberam pela respiração causa uma elevação da umidade relativa.

Limpeza
Se o piso de uma sala de exibição é lavado toda manhã é possível observamos, através do
monitoramento climático, um aumento na umidade relativa do local exatamente no horário em
que é feita a limpeza.

Abertura de janelas e portas


Se uma janela fica aberta diariamente para ventilar a sala de exibição, o termohigrômetro
irá registrar a variação causada pelo impacto das condições climáticas externas.
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Trabalhos de manutenção
A lavagem das fachadas de museus com água tem sido uma rotina comum. Em muitos
casos a água penetra na alvenaria por capilaridade e evapora para dentro das paredes, criando
eflorescência e um considerado aumento da umidade relativa.

4.2 Modificações temporárias causadas por recursos elétricos


Efeito da utilização de um desumidificador ou umidificador
Se um desumidificador ou umidificador elétrico é colocado em uma ambiente com
coleções, a alteração observada pelo termohigrógrafo pode ser imediata ou gradual, dependendo
da capacidade do aparelho e do tamanho da sala. Da mesma forma, um aparelho dimensionado
de forma incorreta pode não atender as condições de conservação pretendidas.

Falhas no ar-condicionado
As condições climáticas em uma sala com ar condicionado são mais ou menos estáveis em
função do sistema construtivo e da capacidade de troca com o ambiente externo. Quando ocorre
uma falha no funcionamento do sistema de controle a alteração é imediatamente sentida. Os
danos normalmente encontrados quando ocorre este tipo de falha são:
• Manchas úmidas nas paredes,
• Pingos de condensação do teto causando manchas úmidas no piso e
• Fungos em superfícies envernizadas ou envidraçadas.

Luzes temporárias dentro de vitrines


A iluminação não deve estar dentro de uma vitrine, mas sim em um compartimento
separado com ventilação. Infelizmente esta indicação quase nunca é considerada pelos projetistas
de vitrines. É possível aceitarmos a colocação de lâmpada fluorescente dentro do ambiente de
exibição (quando a tipologia do material aceita a radiação ultra-violeta e com a colocação de
filtros) pois este tipo de radiação não gera calor, mas o reator deve ficar em outro
compartimento porque este sim, produz calor. Todas as fontes luminosas termo-luminescentes,
como lâmpada de tungstênio e halógenas liberam uma quantidade razoável de calor e devem,
obrigatoriamente, ficar em um compartimento separado.

4.3 Modificações sazonais


Influência de resfriamento sazonal no clima interno
Em climas quentes os prédios são resfriados no verão através de unidades portáteis de ar-
condicionado que reduzem a temperatura do ambiente. Ao mesmo tempo a umidade relativa é
alterada, normalmente aumentando seu valor.

CAPÍTULO 5
Relatório de inspeção em um edifício
Embora muitos prédios sejam especialmente construídos para abrigar coleções, muitos
museus estão instalados em construções antigas e que foram adaptadas (perderam sua função
original). A variedade de prédios utilizados como museus é impressionante: estações de trem,
fábricas desativadas, prédios religiosos, pavilhões de exposição, palácios, mercados, cadeias, etc.
Estes prédios, construídos para outras finalidades, dificilmente possibilitam condições
satisfatórias para a adequada conservação das coleções.
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O que alguém procura em um prédio quando são colocadas coleções dentro dele? Em tese,
esperamos que, para a devida conservação destas coleções:
• Possibilite abrigo do clima;
• Proteja do vento;
• Proteja da poeira e poluentes urbanos;
• Proteja do sol e
• Promova o clima mais estável possível (temperatura e UR).

Exemplo: Citaremos como exemplo fictício uma estação de trem construída na virada do
século XX, na periferia de um centro urbano (contexto comum de ser encontrado). É muito fácil
identificar riscos envolvendo a sua adaptação para museu.
• O problema do seu ambiente
A estação, uma vez isolada, agora está localizada numa região com alta densidade urbana,
sujeita a poluição do trânsito urbano.
Os grandes prédios construídos ao redor da estação são revestidos com grandes espelhos
de vidro. Estes prédios criam grandes áreas de sombreamento e aumenta a exposição à radiação
solar devido a combinação da radiação direta e a refletida pelos vidros das suas fachadas.
• O problema dos seus materiais
Prédios do século XIX e XX geralmente incluem muito vidro, metal e concreto, no caso
específico do século XX, em suas construções. Estes materiais inorgânicos têm duas
desvantagens:
9 São fracos isolantes térmicos e possibilitam pouca proteção das variações
climáticas externa;
9 São superfícies frias que aumentam o risco de condensação de umidade.
• O problema da sua arquitetura
Estações de trem são grandes espaços com vãos muito altos, sendo difícil controlar o
clima e a poeira devido:
9 Ao grande número de aberturas e de superfícies com vidro tornando difícil o
isolamento;
9 A penetração de raios solares é prejudicial para coleções com material
orgânico especificamente e, portanto, é necessário um trabalho cuidadoso
para dividir o espaço em unidades gerenciáveis climaticamente.
Este exemplo simples mostra que estações de trem, assim como muitos outros prédios
não se transformam facilmente em museus. Porém, se as autoridades decidem o contrário e
querem criar museus nestes espaços, então é essencial haver algumas alterações fundamentais
para proteger as obras de arte de qualquer microclima indesejado, criado por paredes úmidas,
insolação direta, etc. Se estas adaptações não forem feitas, o museu será literalmente o cemitério
destas obras!
Agora aprenderemos como fazer uma inspeção preliminar que irá nos orientar com uma
primeira impressão sobre o comportamento climático dentro do museu.

5.1 Preparando o Relatório Inicial de Inspeção


O relatório deve incluir 3 etapas:
Etapa 1: descrição geral do prédio
Em cerca de 30 linhas deve ser falado quando o prédio foi construído e com qual
finalidade; o ambiente (urbano, jardim, lago, mar, etc); breve histórico desde quando foi
construído, incluindo alterações mais significativas; dimensões; materiais constritivos; orientação;
número de ambientes e pavimentos e número e tipo(s) das coleções.
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Etapa 2: projetos arquitetônicos
Desenhe uma planta ou use uma já existente mostrando os pavimentos e uso de cada
ambiente. Procure levantar o maior número de plantas que puder (cobertura, implantação, corte
e fachadas). É importante também o levantamento dos projetos complementares (hidráulico,
elétrico, combate a incêndio, telefonia, informática e outros)

Etapa 3: visualização da presença de água nas paredes do prédio


Inspeção visual
Marque, em um projeto simplificado das diferentes fachadas do prédio, todas as
informações relevantes, como tubulações rompidas, evidências de umidade nas paredes
(manchas, sais), ervas daninhas, liquens, fungos, etc. Comece por uma quina do prédio e dê a
volta até o ponto inicial.

Como a umidade penetra no prédio


Umidade pode entrar na parede por várias maneiras (figura5):
1) Pela base do prédio. A umidade vinda da base penetra na construção por ação da
capilaridade.
2) Pela superfície das paredes, através da condensação que se forma quando o ar
entra em contato com uma superfície mais fria do que ele mesmo.
3) Por cima do prédio. Esta normalmente vem de precipitação (chuva, granizo) e
normalmente penetram devido a:
9 Construções frágeis ou
9 Deterioração da construção (buracos no telhado, janelas permeáveis, canaletas
quebradas ou entupidas) ou por causas internas (vazamentos em tubulações de
água ou caixas d’água).

Figura 5 – Fontes externas de umidade. Legenda: 1)chuva; 2)lagos, rios mar; 3)terra úmida; 4)goteiras e
tubulações rompidas; 5)capilaridade; 6)o corpo humano, pela respiração; 7)limpeza úmida; 8)condensação nas
superfícies frias. Fonte: GUICHEN, G. e TAPOL, B. Climate Control in Museums; ICCROM: Rome 1998.

Diagnóstico: Problemas de condensação, capilaridade ascendente ou vedação?


Dentro do prédio, em áreas pouco ventiladas, a umidade pode ser identificada pelo
cheiro. A descoberta de fungos atrás das telas, embaixo de objetos ou vitrines é uma prova do
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acesso da umidade ao local.
Outra prova da evidência de umidade é a diferença de cor entre paredes úmidas
(+escuras) e secas (+claras). Uma inspeção no prédio irá capacitar você a determinar se a
umidade nas paredes vem de vazamentos nas tubulações.
A seguir apresentaremos algumas dicas para distinguir entre ação da umidade por
capilaridade e da condensação do ar.

três indicadores de umidade penetrando na base • Aparece independentemente do


das paredes pela ação da capilaridade período sazonal
• Não ultrapassa 3-4 metros e
interrompe abruptamente
• Aparece em toda espessura da parede
e em ambos os lados
Se a ação da capilaridade ascendente está localizada em um setor do prédio e sua altura varia em função
do período do ano, a água do solo está vindo das chuvas e não do lençol freático.

cinco indicadores de umidade proveniente de • Aparece todo ano no mesmo período


condensação • Encontrada em toda extensão da
altura da parede
• Encontrada na uma das superfícies da
parede somente
• Pode aparecer isolada ou generalizada
em todas as paredes
• Vista em materiais impermeáveis
como gotículas e em materiais
permeáveis como manchas escuras

CAPÍTULO 6
Identificando zonas climáticas dentro de um museu
6.1 Objetivos de um estudo climático
Em uma edificação podemos observar que alguns ambientes são mais frios que outros ou
que os ambientes nos andares inferiores são mais úmidos em relação aos andares superiores.
Cada zona de um prédio tem seu próprio comportamento climático. Em alguns
ambientes a umidade relativa e a temperatura podem variar enquanto em outros podem se
manter relativamente estáveis.
Em um prédio com dez ambientes, por exemplo, não apresentará necessariamente dez
climas diferentes. Alguns dos ambientes podem reagir da mesma forma às variações climáticas
externas, enquanto outros podem ter variações individuais dependendo da sua localização dentro
do prédio. É muito importante ter uma boa compreensão do comportamento climático interno
quando um prédio abriga coleções. Se houver uma suspeita de que algum ambiente não é
adequado para uma determinada coleção, o conhecimento gerado pelo monitoramento climático
indicando a extensão das variações climáticas irá facilitar discussões construtivas com todas as
partes envolvidas:
• O conselho administrativo;
• A direção do museu;
• Arquitetos
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• Engenheiros dos setores, públicos ou prestadores de serviço, responsáveis
pelas instalações prediais.

Um estudo climático preliminar irá contribuir nas seguintes definições:


• Reconhecer em qual extensão as condições internas do prédio são afetadas
pelo clima externo.
• Selecionar as áreas mais adequadas para abrigar coleções e as áreas melhor
aproveitadas para escritórios, cafés, etc.
• Colocar as coleções mais sensíveis nos locais mais estáveis, dentre os locais
escolhidos para abrigar coleções.
• Mostrar se uma vitrine está montada adequadamente.
• Proporcionar uma base sólida para propor a estabilização, umidificação ou
desumidificação de uma ou mais zonas durante certos períodos do ano.
• Julgar quando é o melhor momento de haver uma exposição temporária a fim
de evitar mudanças climáticas abruptas, que podem colocar em risco a
coleção.
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MÓDULO II
1. Umidade absoluta e saturação
2. Condensação
3. Umidade relativa
4. Relação entre umidade relativa e temperatura

CAPÍTULO 1
Umidade absoluta e saturação
Na natureza o ar sempre contém umidade. Podemos ver isto quando, por exemplo, o ar
está saturado e existe neblina ou névoa. Em um deserto dizemos que o ar é seco, embora mesmo
no deserto, exista alguma umidade ou uma certa quantidade de vapor d’água no ar.
O vapor de água no ambiente vem da evaporação de lagos, rios, oceanos, etc. Dentro de
prédios, o vapor d’água pode vir da umidade do subsolo, tubulações rompidas, condensação,
lavagem de pisos, respiração de visitantes, etc.

Definição de umidade absoluta


A umidade absoluta é a quantidade (peso) de vapor d’água contido em um determinado
volume de ar e é normalmente expresso em gramas de vapor d’água por metro cúbico de ar
(g/m3).

Saturação
Saturação é a máxima quantidade de vapor d’água que pode ser contido em um
determinado volume de ar em uma determinada temperatura.
Os valores de saturação são os mesmos em qualquer lugar do planeta e variam somente
em função da temperatura. A seguir apresentamos alguns exemplos:
Temperatura 5oC 10oC 20oC 30oC
Saturação 7 g/m3 9 g/m3 17 g/m3 30 g/m3
Ou seja, à medida que a temperatura aumenta, o mesmo volume de ar é capaz de
absorver uma maior quantidade de umidade. Em uma determinada temperatura nunca haverá
mais vapor d’água do que o valor de saturação.
Se houver introdução de umidade em um ambiente onde o volume de ar deste local já
contenha uma quantidade de vapor d’água de saturação, haverá condensação de umidade.
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CAPÍTULO 2
Condensação
Condensação é a mudança de estado que ocorre quando uma substância passa do
estado gasoso para o líquido.
Na natureza, a condensação acontece frequentemente. Quando a temperatura cai,
pequenas gotículas de água aparecem nas superfícies sólidas.

Porque isto acontece?


Considerando um exemplo teórico em uma ambiente com 1 m3 de ar saturado a 20oC.
Segundo a tabela apresentada no tópico Saturação, sabemos que este volume de ar contem 17
gramas de vapor d’água. Agora resfriamos este ambiente para 10oC. Segundo a mesma tabela,
sabemos que nesta nova temperatura o ar pode conter em forma de vapor somente 9 gramas de
vapor d’água. Portanto, as 8 gramas restantes estarão em excesso e irão ser transformadas em
água líquida, ou irão condensar.
A condensação é um fenômeno perigoso para coleções porque a água condensada pode
molhar objetos e facilitar o desenvolvimento de fungos e microorganismos.

CAPÍTULO 3
Umidade relativa
Ar úmido é ar que contem vapor d’água. Saber a quantidade de vapor d’água contida no
ar, a umidade absoluta, não é o suficiente para nossa compreensão porque não determina se este
ar está saturado ou se está muito úmido, úmido ou muito seco.
A umidade relativa é determinada pela razão entre a quantidade de vapor d’água
(umidade absoluta) contida em um volume de ar e a quantidade máxima de vapor
d’água que este mesmo volume de ar pode conter em uma determinada temperatura.
Ou
UR% = Umidade absoluta x 100
Saturação

A umidade relativa se expressa em porcentagem e varia de 0% a 100%.


Se a UR é 0% significa que não existe nenhum traço de vapor d’água, condição que só é
possível de ser obtida em laboratório. Se for 60% significa que naquela temperatura o ar contem
60% da quantidade de vapor d’água necessária para saturá-lo.
Em um ambiente fechado, quando a quantidade de vapor d’água não varia, podemos
concluir que:
Quando a temperatura aumenta a umidade relativa diminui e
Quando a temperatura diminui a umidade relativa aumenta.
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MÓDULO III

1. Controle climático natural: edifícios e vitrines


2. Material tampão: sílica-gel
3. Sistemas mecânicos: desumidificadores
4. Sistemas mecânicos: umidificadores
5. Sistemas mecânicos: ar condicionado e sistemas
fechados
CAPÍTULO I
Controle climático natural: edifícios e vitrines
1.1 Climatização natural: o comportamento do prédio
No módulo I vimos os efeitos dos raios solares e da umidade nas paredes de um prédio.
O efeito destes fatores será maior se:
• Houver uma orientação inadequada do edifício (aberturas voltadas para ventos
predominantes ou paredes sem nenhuma insolação);
• Houver muitas aberturas;
• Paredes muito finas;
• Materiais construtivos que não isolem o clima interno.
Agora iremos abordar formas para reduzir a influência do clima externo através de soluções
fáceis, eficientes e de baixo custo.

Algumas maneiras de reduzir calor e frio


Intervenções externas
Reduza os raios refletidos criando um tapete de grama no piso (figura 6).

Figura 6 – formas de redução da insolação

Intervenções no telhado
• Isolamento, usando mantas de fibra de vidro ou outros tipos de mantas; ou
simplesmente criando um colchão de ar (figura 7).
• Construção de um telhado duplo, com ventilação entre eles.
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Figura 7 – formas de redução da insolação pelo telhado

Intervenções nas paredes


• Bloqueie a radiação solar antes que atinja a parede. Isto é possível utilizando um tipo de
anteparo, podendo ser um anteparo vegetal ou arquitetônico.
• Reduza a absorção de radiação pela parede utilizando coberturas reflexivas, como pintura
branca.
• Se a radiação foi absorvida, reduza o calor que atravessa a parede através do uso de
materiais isolantes térmicos.

Intervenções nas superfícies em vidro


As possibilidades aqui incluem pergolados, balcões, toldos, anteparos verticais e cortinas
ajustáveis (figura 8).

Figura 8 – formas de redução da insolação pelos vidros

É evidente que o calor e o frio penetram através do vidro das janelas. É muito comum
que as fachadas de prédio tradicionais ou antigos sejam constituídas com cerca de 25 a 35% de
área envidraçada, enquanto que prédios modernos, utilizando técnicas construtivas modernas,
possuem fachadas com até 100% em vidros. Como conseqüência este prédios apresentam clima
interno com variações extremas entre inverno e verão e muitas vezes a única solução adotada é o
ar-condicionado. Isto resulta em muita manutenção e custos de energia elétrica elevados. Para
reduzir um pouco esta situação insustentável existem os filmes refletores de infra-vermelho que
são aplicados diretamente sobre o vidro. Estes filmes têm uma função dupla: no verão reduzem a
entrada de calor e no inverno reduzem a saída do calor.
Porém, como estes vidros criam uma superfície reflexiva criam um efeito de espelho e
portanto seu uso é limitado em prédios históricos.
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1.2 Problemas específicos de fontes de umidade e possíveis soluções


Resolver o problema da umidade em paredes normalmente requer experiência e
conhecimento. É importante o acompanhamento de um engenheiro ou arquiteto especialista no
assunto.

Umidade vinda de cima


Se a umidade está vindo de cima do prédio (buracos no telhado, janelas com vazamentos,
calhas quebradas, etc.) faça os reparos adequados e depois estabeleça um calendário para as
várias operações de manutenção que devem ser feitas periodicamente.
Operações regulares ou recorrentes incluem:
• Limpeza do telhado
• Remoção de folhas das calhas antes do período de chuva
• Verificação da eficiência dos drenos e reparos, se for necessário
• Verificação do telhado após o período de chuvas ou tempestades
• Remoção de liquens e musgos das paredes
• Vedação das juntas e frestas das janelas
Alguns erros comuns quando preparamos um programa de manutenção incluem:
• Determinar um calendário não adaptado às estações do ano
• Determinar um calendário sem consultar previamente a pessoa encarregada da
manutenção
• Determinar um calendário sem especificar responsabilidades para assuntos
específicos

Umidade vinda de baixo


Se existe problemas de umidade vinda de baixo devido a lençol freático, então as
soluções técnicas provavelmente não serão fáceis nem de baixo custo.
Para barrar a capilaridade ascendente devemos:
• Criar um sistema de drenagem no local correto, respeitando as normas;
• Introduzir barreiras de umidade ao longo de toda a extensão das paredes, usando
folhas metálicas ou resinas sintéticas;
• Criar uma câmara de ar ventilada abaixo do piso para permitir a evaporação da
água no subsolo.
Para combater as conseqüências da capilaridade ascendente devemos:
• Remover qualquer vegetação aderida à parede;
• Remover rebocos e pinturas impermeáveis e colocar outros permeáveis;
• Criar painéis de exposição independentes das paredes, afastados para permitir a
ventilação;
Erros comuns de serem encontrados:
• Proteger somente uma parede com alguma proteção ou barreira, como manta de
asfalto ou borracha. A água irá encontrar outro caminho para entrar por outra
parede e a intervenção será ineficiente.
• Colocar um reboco impermeável na parede, como vernizes a prova d’água ou
tintas com base oleosa. A água não irá evaporar e subirá pela parede até o piso
acima, agravando o problema.
Maneiras de combater o crescimento de fungos e uma umidade relativa alta e constante
Umidade relativa alta e constante normalmente é encontrada em:
19
• Subsolos, tumbas, etc;
• Certos tipos climáticos;
• Áreas costeiras.
De forma geral, para que os fungos cresçam é necessário:
• Um material orgânico para utilizar como substrato (poeira é um ótimo substrato
também);
• Falta de circulação de ar;
• Escuridão;
• Temperatura entre 10o e 40oC e;
• Umidade relativa acima de 65%.
Para prevenir o crescimento de fungos em ambientes com umidade relativa
constantemente acima de 65%:
• Limpe a coleção de material orgânico cuidadosa e regularmente;
• Evite espaços confinados. Por exemplo, entre uma moldura e a parede, use
pequenas almofadas de cortiça no cantos (ou outro material isolante, como
borracha) para separar a tela da parede e para possibilitar a circulação de ar;
• Promova, através de um ventilador de teto ou de base, a circulação do ar. Neste
caso é importante a limpeza constante do ambiente.

1.3 Climatização natural: o comportamento da vitrine


O comportamento de uma vitrine dentro de um museu
Uma vitrine possibilita o acesso dos visitantes aos objetos enquanto cumpre três
principais funções:
• Proteger o objeto de roubo e vandalismo;
• Proteger o objeto de poeira e insetos e
• Promover o clima mais estável possível para as coleções, quando projetada
corretamente (tanto umidade relativa quanto temperatura).

Uma vitrine deve ser considerada como a última proteção ao objeto e também a mais
próxima. Por isso, pode danificar o objeto rapidamente se não for adequadamente elaborada.
Para assegurar a disponibilização de condições ambientais adequadas, duas regras devem ser
seguidas:
• Isolar a vitrine de fontes de calor.
• A vitrine deve estar bem construída, considerando as necessidades de
ventilação e estabilização climática.

Construindo a vitrine ideal


A vitrine “ideal” tem três compartimentos distintos (figura 9):
• Compartimento A contem a iluminação, isolado do compartimento B. Possui um
acesso independente que possibilita a manutenção da iluminação sem abertura do
compartimento B.
• Compartimento B contem todo o espaço para exibição dos objetos. Deve ser
bem vedada e ter o seu próprio acesso.
• Compartimento C contem algum material utilizado para estabilizar a umidade
relativa da vitrine, se necessário. O ar deve ser capaz de circular livremente entre
B e C, como através de vários furos na base que divide os dois compartimentos.
20
Todos os três compartimentos estão sobre suporte estável e construídos com materiais
quimicamente estáveis.

Figura 9 – esquema para uma vitrine ideal

O objetivo de dividir o espaço em três é para limitar o número de vezes em que um


compartimento é aberto. Esta atitude irá:
• Evitar distúrbios climáticos em cada abertura e
• Evitar mover objetos para acessar outros compartimentos.

Notas:
• Se for utilizada fibra ótica para iluminação da vitrine, a fonte deve ser colocada no
compartimento A, com ventilação apropriada.

Recomendações essenciais para climas úmidos


É evidente que em climas onde é úmido todo o tempo (65%<UR<100%) o ar estagnado
pode promover o crescimento de fungos, determinando a necessidade de circulação deste ar. No
entanto, é importante frisar que esta orientação contradiz o princípio que já comentamos: a
necessidade de estabilização do clima interno. Quanto maior for a troca de ar com o
ambiente onde a vitrine está, maior será a interferência deste ambiente no clima interno
da vitrine.
21
CAPÍTULO 2
A sílica-gel
Segundo Thomson (1997) a utilização de sílica gel em vitrines de museus tem duas
aplicações:
• Para secar o ambiente, e aí deve ser adicionada seca, na forma que é adquirida do
fabricante ou
• Para estabilizar as variações de umidade relativa, atuando como material tampão e
pré-condicionada anteriormente na umidade relativa em que se pretende operar.

A sílica gel ou gel de sílica


É fabricada pela indústria química também no Brasil. É uma forma porosa, granular e
não-cristalina de sílica de formulação simplificada SiO2, a mesma da areia. Vem em forma de
grãos sólidos incolores com diâmetros de 0,1 a 8mm. Possui todas as características já citadas
para ser um bom material tampão, trocando assim vapor de água naturalmente com o ar do
entorno através dos inúmeros poros que contem.
Existem diversos tipos de sílica gel, podendo variar drasticamente as suas características
em função da técnica empregada na sua fabricação; com variações nas suas características físicas.

O gel de sílica com indicador colorido


É o mesmo gel de sílica incolor impregnado com cloreto de cobalto, substância que tem
a propriedade de variar da cor azul para rosa quando passa de um ambiente seco para úmido.
Assim, se o sal de cobalto está azul significa que o ar no entorno apresenta uma UR entre 0% e
20%, se está rosa então a UR está acima de 30%.

2.1 Atuação como material tampão


Lafontaine (1984) cita o Webster`s New Collegiate Dictionary para definir o termo tampão:
“[...]como ‘Alguns dispositivos ou materiais para reduzir o impacto devido ao contato’ ”. Segundo ainda
Lafontaine (1984), no que se refere ao controle de umidade, o termo tampão possui um
significado similar: “Um material ou substância utilizado para minimizar alterações na umidade relativa de
um determinado volume de ar, as quais ocorreriam de outra forma devido às mudanças climáticas do ambiente
externo.” Um material tampão da umidade relativa troca vapor d’água com o ar que o rodeia. Esta
troca de vapor d’água é regulada pela lei do equilíbrio termodinâmico, ou seja, o material troca
vapor de água com o ar ao redor até que, em um certo momento, a mesma quantidade de vapor
de água que entra, sai do material, alcançando um equilíbrio. Ou seja, se a UR do ar cai, o
material tampão, no intuito de se manter em equilíbrio com o ar irá perder umidade para este
ambiente possibilitando assim que a UR volte a se elevar e vice-versa. Segundo Ghichen, (1981)
qualquer material denominado tampão é capaz de reduzir variações de UR ao seu redor.
Para utilizá-la como tampão devendo estar condicionada ao nível desejado de UR através
da exposição a este determinado nível em um sistema fechado, elaborado para esta finalidade.
Um sistema de monitoramento deve então ser estabelecido para confirmar que a sílica está
realmente condicionada conforme os índices necessários de umidade relativa e para que estes
índices sejam identificados quando não estiverem mais sendo correspondidos, necessitando,
portanto, de novo condicionamento para a sílica. Outro recipiente com sílica gel para
substituição deve estar sempre disponível, adequadamente condicionado e pronto para o uso
quando o outro for retirado para condicionamento.
22
Calculando a Quantia de Sílica gel necessária
A quantidade de sílica gel condicionada em uma vitrine é muito importante, pois
determina a eficiência deste sistema em manter o nível de UR adequado por longos períodos de
tempo. A sílica gel em pedaços muito pequenos não terá a capacidade necessária para
condicionar as condições de UR por longos períodos. Em contrapartida, grãos muito grandes
necessitarão de mais espaço na vitrine e sobrecarregará o volume do sistema.
Segundo Thomson, (1977) uma vitrine bem construída contendo cerca de 20 kg de
sílica gel por metro cúbico de volume de ar pode inibir variações sazonais de umidade dentro
de um limite razoável e em alguns climas tornar maiores condicionamentos de ar desnecessário.

CAPÍTULO 3
Sistemas mecânicos: desumidificadores
3.1 Desumidificadores elétricos
Estes aparelhos devem ser utilizados quando é necessária a retirada de umidade do ar em
um determinado espaço. Como utilizam energia elétrica, estão incluídos nos sistemas ativos para
desumidificar climas internos.
Existem dois sistemas disponíveis no mercado:
1. Sistemas de desumidificação por condensação.
2. Sistemas de desumidificação por absorção.
Ainda existe um terceiro sistema consiste na redução da umidade relativa através do
aumento da temperatura. Porém, o uso deste sistema em climas quentes não é adequado, pois
eleva demasiadamente as temperaturas internas.
Portanto, a escolha de qualquer um destes sistemas dependerá da faixa de temperatura
identificada no espaço à ser desumidificado e que seja realizada por um profissional com
capacitação técnica para assumir a responsabilidade técnica desta especificação.

3.1.2 Desumidificador por condensação


Também chamado “desumidificador por refrigeração”. Funciona da seguinte forma: O ar
úmido passa através de uma superfície fria, havendo a condensação de parte do vapor d’água
contido neste ar. Uma vez que parte da umidade foi retirado o ar é aquecido para retornar ao
ambiente, agora mais seco.

Vantagens - Desvantagens - Escolha e Manutenção


Vantagens:
1. É uma máquina resistente. Semelhante a uma geladeira, funciona segundo o mesmo
princípio.
2. Uma vasta gama de opções em fornecedores pode ser facilmente encontrada no
mercado.
3. Desumidificadores por condensação são largamente utilizados em climas quentes porque
são muito eficientes em ambientes com altas temperaturas.
Desvantagens:
1. Modelos portáteis que requerem o esvaziamento manual da água acumulada no
recipiente são inconvenientes porque isto deve ser feito com freqüência.
2. Se a temperatura do ambiente baixar de 10oC a produtividade de um desumidificador por
condensação é baixo e desumidifica lentamente.
3. O ar é jogado de volta no ambiente com uma temperatura mais alta em relação a quando
23
entrou.
Seleção e manutenção
1. A dimensão do instrumento deve ser adaptada as condições climáticas e o volume de ar à
ser desumidificado.
2. Esvaziar o recipiente de água em intervalos regulares e freqüentes.
3. Limpeza do recipiente de água para evitar o crescimento de fungos e microorganismos.

3.3 Desumidificador por absorção ou dissecantes


O ar úmido é circulado pela máquina através de um ventilador. Seu vapor d’água é
absorvido por um material absorvente( normalmente cloreto de lítio ou sílica gel/titânio) e o ar
desumidificado retorna para o ambiente. O material absorvente, que está umidecido, é
regenerado por uma corrente de ar quente.

Vantagens – Desvantagens - Escolha e Manutenção


Vantagens:
1. Necessita de pouca manutenção.
2. É mais eficiente em climas frios do que o desumidificador por condensação.
Desvantagens:
1. Alguns modelos necessitam de drenos para a água condensada, outros necessitam de
tomada de ar externa.
2. Alguns modelos se aquecem bastante.
3. Normalmente são mais caros em relação aos modelos por condensação.

Seleção e manutenção
1. A dimensão do instrumento deve ser adaptada as condições climáticas e o volume de ar à
ser desumidificado.
2. Desumidificadores dissecantes não podem ser armazenados por mais de 3 semanas em
ambientes molhados. A alta umidade dissolve o material absorvente, prejudicando o
rendimento da máquina.
3. A máquina necessita de checagem a cada 6 meses.

3.4 A escolha do equipamento: absorção ou condensação?


Um desumidificador por condensação é particularmente eficiente em ambientes com
temperaturas elevadas. A condensação é acelerada sob esta condição.
Um desumidificador por absorção é mais eficiente em temperatura baixas.
Qualquer que seja o tipo, a escolha do modelo está na sua capacidade em desumidificar o
volume de ar em questão.

3.5 Conclusão
A redução da umidade relativa em ambientes fechados e manutenção desta em um
determinado nível pode ser obtida através do uso de:
• Desumidificadores por condensação controlados por umidostatos;
• Desumidificadores por absorção controlados por umidostatos ou
• Aquecimento regular controlado por umidostato.
A escolha entre os três sistemas de desumidificadores está relacionado a faixa de
temperatura do local e do nível de umidade relativa presente.
24

CAPÍTULO 4
Sistemas mecânicos: umidificação
Existem dois procedimentos que podem ser colocados em ação a fim para aumentar o
grau de umidificação do ar: umidificação isotérmica e umidificação adiabática.
No processo de umidificação isotérmica, o vapor aquoso é disperso no ambiente gerado
pela ebulição da água. Este procedimento requer uma fonte de energia externa necessária para a
mudança do estado da água. Ou seja, a temperatura do vapor é mais elevada que a do ar,
portanto a temperatura tende a aumentar.
O processo adiabático não prevê uma contribuição da energia térmica da parte externa: a
água é nebulizada e lançada no ambiente. O calor necessário para a transformação da água
líquida em vapor é fornecido pelo ar, e conseqüentemente diminui sua própria temperatura.

4.1 A escolha do equipamento


Os critérios para escolha do tipo de umidificador a ser utilizado, são em função dos seguintes
parâmetros:
1. grau de pureza requerida ao vapor produzido ou água nebulisada em conformidade com
o aparelho ou aplicação;
2. a produção requerida de vapor ou de água nebulisada;
3. os consumos (kilowatt consumido para cada kg/h de vapor/água);
4. os custos operacionais;
5. o custo da instalação, que dependerá do tipo de sistema de umidificação e das dimensões
dos aparelhos.

4.2 Resfriamento e umidificação evaporativa


O processo de umidificação evaporativa se diferencia dos processos utilizados na maioria
dos equipamentos disponíveis por ser natural, uma vez que só consegue adicionar ao ar a
quantidade máxima que este pode portar, impossibilitando a ocorrência de condensação devido a
saturação do ambiente. Os equipamentos nebulizadores e vaporizadores não tem este controle
automático determinado pela natureza do processo, e a conseqüente condensação pode causar
formação de môfo ou bolor no ambiente, prejudiciais a saúde.
Os umidificadores evaporativos convencionais tem uma superfície porosa úmida por
onde o ar é forçado a passar. Este material, que pode ser um tipo feltro ou uma colméia deve ser
substituído periodicamente, pois em seu interior forma-se um limo ou uma cultura de bactérias
que tornam o equipamento uma arma contra a saúde das pessoas caso esta substituição periódica
não seja rigorosamente cumprida. Nenhum dos três equipamentos descritos removem partículas
do ar.

Vantagens
• Manutenção mínima por não possuir complexos componentes mecânicos, resultando em
menores custos operacionais.
• Consumo energético de aproximadamente 10% do consumo de sistemas de refrigeração
mecânica.
• Não há recirculação de ar, promovendo dessa forma a renovação constante do ar do
ambiente climatizado e mantendo-o livre de impurezas.
• Manutenção de uma umidade relativa agradável ao conforto humano, evitando o
ressecamento provocado pelos sistemas de ar condicionado convencionais.
25
• Não agride a natureza, pois não utiliza gases refrigerantes CFC. Reduz os custos de
aquisição , instalação, operação e manutenção.

CAPÍTULO 5
Sistemas mecânicos: ar condicionado e sistemas fechados
Os ingredientes essenciais em um sistema de ar condicionado são: um ventilador para
soprar ar, uma superfície fria para esfriar e desumidificar o ar, uma superfície morna e uma fonte
de vapor de água. Em um sistema grande também haverá uma confusão de tubos para distribuir
o ar e coletá-lo novamente.
Em geral, ar condicionado consome muita energia elétrica. Também consome espaço
porque o ar tem que ser bombeado ao local através de tubulações consideravelmente grandes.
Além disso, gera um barulho de fundo perturbador se o ambiente é silencioso.
Muitos museus antigos e até mesmo modernos são reformados para serem admirados
pela sua nova arquitetura, sem considerar o comportamento climático natural do local. Esses
museus que originalmente tiveram pátios para promover a entrada de luz e circular o ar
terminam envidraçados com cúpulas e átrios. O calor e umidade não podem escapar facilmente
para o exterior: o ar então tem que ser condicionado e/ou bombeado para fora através de
sistemas mecânicos. Portanto, o uso indiscriminado de ar condicionado está difundido em cada
vez mais edifícios, sistemas que muitas vezes causarão desequilíbrio do comportamento climático
local e custarão caro à instituição, tanto para instalação quanto para manutenção.

5.1 Sistema de classificação para identificar o controle climático em


edificações
À seguir apresentamos um quadro onde resumimos diversas formas de controle
climático:
Categoria Troca de ar Limite prático de Sistemas empregados Benefícios esperados
de controle controle
climático
Sem controle Sim, naturalmente Nenhum Nenhum Nenhum
Controle Sim, com taxas Ventilação Ventiladores de Reduz os extremos de
parcial mais adequadas de exaustão, janelas abertas temperatura no verão,
renovação reduz acúmulo de umidade.
Controle Sim, com pequenas Ar condicionado Aquecimento e Reduz todos os extremos
climático taxas de renovação simples resfriamento de temperatura, mas não
controlar a umidade relativa
(UR).
Controle Sim, com pequenas Sistema central de Aquecimento e Controle preciso de
climático taxas de renovação ar condicionado resfriamento, temperatura e UR, mas
umidificação e com interferência das
desumidificação variações sazonais.

5.2 Conclusão
Para um diretor de uma instituição, um sistema central de climatização pode ser
aparentemente a solução ideal para o controle climático porque a responsabilidade de
acompanhamento e manutenção geralmente está com um terceiro, normalmente uma empresa
de engenharia. No entanto, a maioria das empresas de climatização somente conhece as diretrizes
destes sistemas visando o conforto humano, do público. Não têm consciência de quanto é
importante a estabilização da umidade relativa para a preservação de coleções e dos danos
imediatos causados por uma pane, mal funcionamento ou ajuste inadequado.
No período de 1950 a 1980 o foco da climatização em museus mudou drasticamente seu
26
foco: abandonou o uso de sistemas centrais e com controle total e passou-se a utilizar formas
de controle mais flexíveis e mais fáceis de serem estabelecidas, como por exemplo o uso de
vitrines para expor as coleções. Hoje ainda encontramos situações onde os sistemas centrais
predominam, mas aos poucos os gestores de coleções estão tomando consciência de que instalar
sistemas complexos e onerosos, na maioria das vezes, não cria efetivamente nenhuma condição
adequada de preservação para as coleções abrigadas nestes ambientes. Pelo contrário, promove
muitas vezes, condições mais drásticas para manutenção e preservação dos seus acervos.

MÓDULO IV

1. Conceitos: Preservação, Conservação e Restauração


2. Tipos de coleções
3. Manuseio, embalagem e transporte de obras de
arte: princípios básicos
CAPÍTULO I

Conceitos
Preservação é cuidar, tomar conta, perpetuar um bem que é uma referência do passado,
atuando no presente para refletir no futuro.

Conservação está à serviço da preservação. Seu papel é prevenir ou reduzir


deteriorações do Patrimônio. Pode ser realizada através do controle ambiental e da intervenção
direta. Inclui todas as medidas adotadas e todos os estudos realizados com o objetivo de
reabilitar obras deterioradas e conservar e manter em condições corretas as obras de arte.

Restauração é um trabalho técnico especializado que objetiva restituir os valores


históricos da obra, retardando sua deterioração ou envelhecimento. Tem por objetivo o
prolongamento da vida de uma obra.

A conservação e a restauração são ofícios que se utilizam de todas as ciências e


técnicas que possam prestar serviços à preservação do patrimônio.

1.1 identificando alguns profissionais do patrimônio


Conservador/Restaurador
É um profissional sério e competente que precisa ter uma sólida formação artística,
técnica e científica, ter desenvolvida sua sensibilidade e habilidade manual, conhecimentos
teóricos de materiais e técnicas artísticas e uma metodologia científica para uma atuação segura.
Geralmente atua de forma interdisciplinar, ou seja, junto a outros profissionais especializados em
outras áreas que o auxiliam na complementação de informações necessárias às tomadas de
decisão e ação (arquitetos, engenheiros, biólogos, geólogos, historiadores, etnólogos,
27
museólogos, físicos, químicos, etc.). O intercâmbio com outras áreas proporciona o
surgimento de novos conhecimentos e, como conseqüência, novas armas para a preservação do
patrimônio.

Auxiliares técnicos
São profissionais que possuem conhecimentos práticos e que atuam sob a orientação do
conservador/restaurador no trabalho de conservação e restauração.

Agentes culturais de apoio


São profissionais ou voluntários que atuam em uma instituição pública ou privada e que
são responsáveis pela guarda e manutenção das coleções. Podem atuar de forma direta ou
indireta.
CAPÍTULO II

Tipos de coleções
Existem coleções dos mais variados temas e objetos. Podem ser de grande importância
universal, local, ou simplesmente individual. Mas igualmente importante como registro do tempo
e um agente vivo da memória. Podem ser coleções de temas específicos ou coleções mais
abrangentes.

Alguns exemplos:

ƒ Pinturas de cavalete, murais, sobre madeira, sobre metal, etc.


ƒ Esculturas em madeira, em metal, em pedra, etc.
ƒ Gravuras, desenhos sobre papel,
ƒ Mobiliários
ƒ Objetos arqueológicos: fósseis, cerâmicas, ourivesaria, têxteis, obras em pedra,
madeira, concha, metal, ossos, etc.
ƒ Artesanatos
ƒ Vegetais
ƒ Animais
ƒ Objetos diversos: armas, adornos, indumentárias, numismática, instrumentos
musicais, elementos litúrgicos , elementos arquitetônicos, etc.
ƒ Documentos: manuscritos, livros, fotografias, mapas, impressos, filmes,
videocassetes, etc.

Algumas coleções possuem locais específicos para sua exposição. Outras estão integradas
a um bem imóvel. Uma cidade inteira, um conjunto arquitetônico, um parque florestal ou
marinho podem ser considerados sítios de preservação. Podemos dar alguns exemplos:

ƒ Museus:
ƒ Museu Nacional de Belas Artes – Rio de Janeiro/RJ
ƒ Museu Histórico Nacional – Rio de Janeiro/RJ
ƒ Museu da Inconfidência – Ouro Preto/MG
ƒ Museu do Ouro – Sabará/MG
ƒ Museu de Arte Sacra da Boa Morte – Goiás/GO
ƒ Museu da Abolição – Recife/PE
ƒ Museu de Biologia Prof. Mello Leitão – Santa Teresa/ES
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ƒ Museu Emílio Goeldi – Belém/PA
ƒ Museu de Arqueologia e Etnografia – São Paulo/SP
ƒ Bibliotecas e Arquivos:
ƒ Biblioteca e Arquivo Nacional – Rio de Janeiro/RJ
ƒ Arquivo Público Mineiro –Belo Horizonte/MG
ƒ Igrejas e Santuários:
ƒ Ordem Terceira de São Francisco – Salvador/BA
ƒ Santuário de Bom Jesus de Matosinhos – Congonhas/MG
ƒ Igreja de São Francisco de Assis – Ouro Preto/MG
ƒ Galerias
ƒ Instituições públicas e privadas:
ƒ Palácio da Liberdade – Belo Horizonte/MG
ƒ Secretarias Públicas Estaduais – Belo Horizonte/MG
ƒ Colecionadores particulares
ƒ Cidades e Centros Históricos:
ƒ Centro Histórico de Olinda/PE
ƒ Centro Histórico de Salvador/BA
ƒ Centro Histórico de Ouro Preto/MG
ƒ Centro Histórico de Diamantina/MG
ƒ Plano piloto de Brasília/DF
ƒ Parques Nacionais:
ƒ do Iguaçu – RS
ƒ da Serra da Capivara – PI
ƒ das Setes Cidades – PI
ƒ Sítios arqueológicos
ƒ Lagoa Santa – MG
ƒ Vila Velha – PR
ƒ Reservas marinhas
ƒ Abrolhos –BA
ƒ Fernando de Noronha –RN
ƒ Itaúnas –ES
ƒ Casas de cultura

Cada coleção ou sítios de preservação tem suas particularidades e devem ser tratados de
acordo com suas especificidades. Algumas coleções requerem cuidados mais simples. Outras
exigem um cuidado mais complexo, necessitando de aparatos mais específicos e equipes
altamente especializadas para a manutenção de sua integridade.

1.1 Principais agentes de deterioração

ƒ Agentes externos e ambientais


ƒ Luz, variação brusca de temperatura e umidade, poluição ambiental
ƒ Agentes biológicos (microorganismos e insetos)
ƒ Catástrofes naturais (maremotos, terremotos, explosões vulcânicas, tempestades, etc.)

ƒ Tecnologia construtiva da obra


ƒ Suportes inadequados
ƒ Incompatibilidade de materiais ou de procedimentos técnicos
29
ƒ Ação do homem
ƒ Guerras, vandalismos, negligência
ƒ Armazenamento, manuseio e transporte inadequados

1.2 Algumas consequências das deteriorações


É possível detectar algumas conseqüências causadas pelos agentes de deterioração:

ƒ Vernizes opacos, escurecidos e amarelecidos


ƒ Redes de craquelês, fissuras, rachaduras, fendas
ƒ Desprendimento de policromia
ƒ Perdas parciais ou totais de policromia
ƒ Enfraquecimento do suporte com deformações, ataque de insetos, empenamentos,
manchas, ataque de fungos
ƒ Perda total e irremediável da obra

Na maioria dos casos, as degradações são causadas pelo próprio homem, começando por
ser ele o agente que polui o seu próprio ambiente e comete atos de vandalismo contra o seu
patrimônio. A ignorância é o principal inimigo do patrimônio e a conscientização através da
educação, sua maior defesa. Com ela pode-se minimizar grande parte dos problemas de
degradação que afetam o patrimônio.

1.3 Conselhos úteis para a conservação de obras de arte e coleções


A vida de uma obra de arte pode ser encurtada ou prolongada, dependendo da
conservação dispensada a ela. Aconselhamos que estas orientações possam ser observadas e
seguidas o mais exatamente possível em seu conteúdo, o que trará grandes benefícios para a
durabilidade de sua obra ou acervo.
ƒ Mantenha a obra longe de toda a fonte de calor, como lâmpadas, velas, lareiras, etc.
ƒ Evite iluminação direta ou demasiadamente intensa do sol ou de luz artificial, pois ambas
podem provocar descolorações dos pigmentos e envelhecimento acelerado do papel e demais
materiais orgânicos, como vernizes, colas, etc. que se tornam amarelos e quebradiços.
ƒ Evite umidade direta ou indireta, que provoca dilatação dos suportes com aumento
considerável de peso e enfraquecimento da camada pictórica, podendo causar também o
aparecimento de insetos e outros agentes biológicos. A presença de fungos pode ser
constatada pelo aparecimento de manchas e os insetos pelos excrementos, que têm o aspecto
de pó ou de serragem. Se perceber esses sinais, comunique-se imediatamente com o
responsável pelo acervo ou um profissional especializado da área de
conservação/restauração.
ƒ Evite o contato de obras tratadas com peças atacadas por insetos ou fungos, particularmente
se elas não puderem ter manutenção periódica.
ƒ Evite mudanças bruscas de umidade e temperatura. Tenha cuidado especial por ocasião de
mudança de uma cidade para outra.
ƒ Nunca use fita adesiva em obras de arte sobre papel e evite o contato direto dessas obras
com papelão, madeira e eucatex, para evitar o aparecimento de manchas irreversíveis pela
acidez destes materiais.
ƒ Embale cuidadosamente as obras de arte que deverão ser transportadas (utilize papel de seda,
espuma de nylon ou plástico bolha) evitando, assim, que elas sofram com vibrações, golpes,
etc.
30
ƒ Evite acúmulo de pó na superfície das obras de arte. Utilize, para limpeza, uma trincha
muito macia (tio juba), encontrada nas copiadoras. Jamais utilize pano úmido para esta ou
outra finalidade.
ƒ Evite “restaurações” do tipo doméstico que podem causar sérios danos. As intervenções em
obras de arte devem ser realizadas somente por técnicos especializados.
ƒ Evite o manuseio das peças e, quando necessário, faça-o cuidadosamente com luvas ou mãos
extremamente limpas.

O agente cultural de apoio é aquele profissional que estará sempre em contato com o
acervo. Sua atenção aos problemas que possam surgir pode minimizar consideravelmente os
danos e possível restauração de uma obra ou acervo. Procurar sempre um profissional
especializado para atuar junto ao acervo é o melhor caminho.

Lembre sempre: conservar é melhor que restaurar.

CAPÍTULO III

Manuseio, embalagem e transporte de obras de arte:


princípios básicos
Coleções:
ƒ Conjunto ou reunião de objetos da mesma natureza ou que tem qualquer relação entre si.

Acervos:
ƒ Conjunto de bens que integram um patrimônio. Conjunto de obras de uma biblioteca,
Museu, Galerias, etc.

1.1 Manuseio
Normas gerais:

ƒ Obras de arte devem sempre ser manuseadas com luvas

ƒ LUVAS:
ƒ variam na espessura e material de acordo com cada operação
ƒ podem ser grossas ou finas de acordo com a operação a ser feita
ƒ precisam ser lavadas ou trocadas sempre
ƒ tipos: brancas de algodão para obras sobre papel, telas, trabalhos emoldurados e
esculturas; grossas, para obras de arte pesadas, superfícies em estado bruto como chapas
de metal, estruturas de cimento aparente, etc.
ƒ tipo cirúrgicas, para obras mais delicadas em que o tecido da luva não prejudique a
obra. Ex: material etnográfico

ƒ MÃOS:
ƒ a transpiração causa manchas, danificando as obras de arte
ƒ devem sempre estar bem limpas, sem a presença de anéis, loção, cremes hidratantes ou
similares
ƒ Não usar luvas em obras com superfícies muito lisas, pois estas escorregam com
31
facilidade. É aconselhável usar luvas com antiderrapante na palma; em materiais que
soltem pigmentos, que manchem por serem oleosos, que agarrem nas luvas.
ƒ Quando não se tem luvas à disposição, as alternativas são: manter sempre limpas as
mãos, usar panos leves de algodão, papel de seda, toalhas do tipo perfex ou papel toalha.
Mas, CUIDADO!! o uso de tecidos ou papéis em telas com materiais de demorada
secagem trará riscos à obras (marcas, impressões na superfície, etc.)
ƒ Observar o local em que as obras serão manuseadas, embaladas ou transportadas
ƒ Planejamento da seqüência de movimentos a serem realizados, usando somente o
indispensável para não oferecer risco às obras
ƒ Processo de embalagem deve se iniciar após avaliar o estado de conservação da peça
ƒ Havendo danos, deve-se imediatamente avisar ao proprietário sob o estado de
conservação da obra. Somente um conservador/restaurador experiente e autorizado deve
tentar recuperar a obra. É conveniente a presença de um especialista na área
ƒ Fazer laudo de saída e de chegada
ƒ Ter previamente escolhido o material de embalagem à mão
• local deve estar preparado previamente para receber a obra

ƒ Obras contemporâneas:

ƒ deve-se ter cuidado extra pela diversidade e fragilidade de materiais, muitas vezes usados
mais de um tipo em uma obra. Elas, muitas vezes, possuem estruturas e montagens
pouco comuns: obras com mecanismos eletrônicos, elétricos, mecânicos, todos
combinados entre si.
ƒ manuseio junto à pessoal realmente especializado, com diagrama de montagem e
funcionamento especificado pelo artista, galerista ou proprietário, galeria ou museu.
ƒ Uma vez verificado o estado de conservação das obras e planejada a metodologia e
operação a serem realizadas, providenciar:
ƒ meios necessários e seguros para usa proteção durante a embalagem
ƒ equipamentos que serão usados
ƒ equipe que participará do trabalho
ƒ Agir sempre com calma
ƒ Observar minuciosamente as características particulares do material a ser embalado
ƒ Não escrever ou marcar diretamente de qualquer forma ou sob qualquer pretexto no
verso de um obra

ƒ Para marcar o verso de uma moldura, escrever a informação à caneta ou à lápis em uma
etiqueta que será fixada à madeira, metal ou cartão do verso da moldura, de forma suave
(aderida com metilcelulose em materiais com base de papel e PVA para materiais de base
plástica
ƒ Obras emolduradas devem ter cartão de fundo. Segurança adicional às obras, facilita a
marcação e colocação de etiquetas de identificação e outras
ƒ Não carregar mais de uma obra, mesmo que pequena
ƒ Usar sempre as duas mãos para carregar qualquer peça
ƒ Telas não emolduradas só devem ser seguras pelo chassi, evitando que os dedos entrem
no espaço existente entre as telas e as travessas
ƒ Obras grandes ou pesadas devem ser carregadas por mais de uma pessoa
ƒ Objetos pequenos devem ser segurados de forma suave, mas firme, com uma das mãos
por baixo e a outra pelo lado
ƒ Nunca levantar uma obra por suas partes mais delicadas. Escolher sempre as partes mais
32
estáveis
ƒ As obras só devem ser levadas com as mãos quando a distância a ser percorrida for
pequena. Nunca carregar ou arrastar a peça até o carrinho. Este deve estar o mais
próximo possível.
ƒ Carrinhos devem ser utilizados com cuidado:
ƒ não colocar nunca no mesmo carrinho obras de materiais e formatos diferentes
ƒ mesmo obras de técnica igual, levar em consideração o peso, tamanho, material e
estrutura
ƒ nunca encher demais o carrinho nem pôr peso excessivo
ƒ movimentá-lo de maneira lenta, firme e com muita atenção
ƒ Ao se trabalhar em áreas não apropriadas, proceder da seguinte maneira:
ƒ adequar corretamente o prédio
ƒ ter informações completas sobre o material que será recebido
ƒ conhecer antecipadamente as características gerais que envolvem uma exposição e as
características específicas das obras auxilia um planejamento com sucesso
ƒ checar anteriormente o percurso que a obra vai percorrer, prevendo riscos
ƒ Objetivos de uma equipe de manuseio de obras de arte:
ƒ conservar com perfeição as peças sob sua responsabilidade
ƒ o mais importante é sempre a obra, suas características e necessidades
ƒ nunca agir a partir de generalizações, pois elas são sempre perigosas. Há sempre surpresas
ƒ lembrar que cada caso é um caso

1.2 Equipamento básico para a movimentação das obras


Para se iniciar as embalagens tanto de um acervo como de uma obra, deve-se ter uma
área adequada ou previamente preparada para o manuseio e a realização das embalagens.
Para se movimentar as obras de arte, embaladas ou não, o uso de carrinhos apropriados é
o mais correto.
Tipos mais usados:
Carro tartaruga ou Fanchone
ƒ Carro básico
ƒ Pode ser construído ou comprado em vários formatos
ƒ Uso principal no transporte geral de embalagens
ƒ Deve ser de madeira maciça (preferencialmente)
ƒ Se for de metal, forrar com madeira a parte de cima para que as cabeças dos parafusos de
fixação desse forro fiquem completamente mergulhadas na madeira através de rebaixos
apropriados. Isso protege os objetos do atrito com o metal
ƒ Rodas emborrachadas para facilitar o deslizamento do carro, evitar barulho, marcar o
chão e reduzir a trepidação das obras
ƒ Devem possuir duas alças na extremidade no sentido do comprimento. Com isso pode-se
atar uma corda ou um puxador para agilizar sua movimentação
ƒ Nunca usá-lo somente por uma pessoa apenas. Mínimo de duas pessoas: uma para a
tração e outra para a sustentação e direção do conjunto
Carro plataforma
ƒ De metal
ƒ Chão forrado em madeira
ƒ Permite deslocar uma variedade muito grande de material
ƒ Com o carrinho tartaruga, forma o conjunto indispensável para um museu ou galeria
ƒ Os objetos são transportados com eficiência
33
ƒ Nunca transportar nele materiais de naturezas diferentes ao mesmo tempo
ƒ Existe uma variação desse carrinho com escaninhos abertos, permitindo o deslocamento
de materiais diversos a um só tempo, com segurança e bom acesso a todos eles
Carro armazém
ƒ De metal, forrado com madeira na parte em contato com a carga. É excelente para o
carregamento de embalagens menores
ƒ Deve ser manobrado com muito cuidado pois, por ter somente duas rodas, depende da
estabilidade que for dado pelo operador
ƒ É ágil, porém perigoso
Carro cavalete
ƒ Excelente para transporte de obras bidimensionais de grandes dimensões e em
quantidade razoável
ƒ Estável e seguro, feito de madeira maciça e permite uma amarração bastante eficiente das
obras
ƒ Grande, pesado, custo elevado
ƒ Uso recomendado para museus e galerias com espaços amplos e com movimento
considerável de obras de arte
ƒ Permite movimentar a um só tempo várias obras e molduras de grandes dimensões e
peso. Sempre que o material ultrapassar a borda do carrinho, o cuidado deve ser
redobrado
Carro para movimentação de paletes
ƒ Adequado à movimentação de obras de arte muito pesadas que estejam fixadas sobre
paletes. Os garfos metálicos encaixam nas aberturas dos paletes e a peça pode ser
levantada e movimentada com segurança
Empilhadeira hidráulica
ƒ Como o anterior em versão maior
ƒ Motorizado
ƒ Para grande fluxo de obras
Carro gaveta
ƒ Mais apropriado para o transporte de obras de arte sobre papel e as tridimensionais de
formato pequeno.
ƒ Subdivisão ordenada de seu espaço garante segurança e acesso a essas obras,
normalmente frágeis
ƒ Mais apropriado para museus e galerias grandes
ƒ Em instituições menores pode ser adotado o uso de caixas especiais de papelão de pH
neutro (tipo Velin Salto/Arjomari)
ƒ As caixas funcionam como gavetas com tampas ou pequenas embalagens
ƒ Podem ser feitas de forma muito elaborada ou mais simples
ƒ Podem ter vários formatos de acordo com as características das obras
ƒ As obras movimentadas em caminhos devem ser feitas com muito cuidado
ƒ Devem ser amarradas por correias de carregamento, de tecido forte como lona ou corda
macia sem causar marcas

Blocos acolchoados também são importantes:


ƒ protegem as molduras e os cantos das telas não emolduradas do contato direto com o
chão
ƒ deve ter um material rugoso como forração para não permitir que a obra escorregue
ƒ a distância que dão entre a obra e o chão defendem a obra contra atrito, sujeira,
esbarrões com pés e vassouras
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ƒ forrados com plásticos são úteis contra água ou outro líquido
ƒ facilita a pega das obras
ƒ utilíssimo para apoiar as obras de arte que precisam ser trabalhadas sobre mesas ou
bancadas
ƒ não os tendo, usar acolchoamento sobre as bancadas

Para se fazer os blocos:


ƒ cortar pedaços de 30 cm de comprimento de um sarrafo de 2x4 cm
ƒ forrar cada bloco com espuma grossa (2 cm) com os cantos e beiradas cobertas
ƒ cobrir com flanela, feltro ou tecido bem macio, de trama bem fechada e de cor firme
ƒ grampear essa forração na parte de baixo do bloco ficando bem justo
ƒ por um pedaço de borracha antiderrapante (colar ou prender com grampo)

Obras bidimensionais

Telas com moldura


ƒ Proteção mínima:
ƒ seu enfileiramento deve ser na posição vertical contra uma parede
ƒ manter as obras sempre na vertical, caso não estejam em desprendimento
ƒ a parede não pode ter umidade
ƒ a parede não pode variar bruscamente de temperatura
ƒ buscar sempre paredes internas do edifício para o enfileiramento
ƒ não colocar as obras diretamente no chão
ƒ colocar sobre blocos acolchoados ou em estrados para protegê-las contra batidas e
líquidos que caiam no piso
ƒ paredes e pisos devem estar sempre limpos: sua pintura e forração devem ser firmes e
regulares

ƒ Enfileiramento:
ƒ observar a inclinação
ƒ não deve ser em ângulo pronunciado
ƒ não deve ser em forma desordenada
ƒ devem ser enfileiradas em tamanho decrescente, paralelas entre si e em ângulo bem
fechado
ƒ as maiores devem ficar ao fundo; as menores, na frente
ƒ a 1a é colocada com a frente para a parede
ƒ quando são muitas obras, colocar fileiras com cinco a sete obras com tamanhos similares
ƒ fileiras com número ímpar de obras
ƒ a última peça deve ficar com a face voltada para a fileira, defendendo-a de acidentes
ƒ apenas as molduras devem ficar encostadas umas às outras
ƒ colocação sucessiva das pinturas:
ƒ face a face
ƒ verso a verso
ƒ 1a vertical
ƒ 2a horizontal
ƒ entre elas, intercalado, um pedaço de papelão corrugado, manta de espuma ou
similar
Para obras de grande formato e/ou peso:
35
ƒ devem apoiar-se sobre duas traves fortes, colocadas em ângulos contra a parede
ƒ para remoção de algumas delas, lembrar do extremo cuidado; remover uma a uma
ƒ as traves podem ser um perigo para as obras caso venham a cair. Podem ser substituídas
por espumas de alta densidade

ƒ Trainéis:
ƒ painéis que se movimentam por trilhos
ƒ mais adequados a grandes museus e galerias
ƒ garantem ótima proteção e fácil acesso às obras
ƒ Grandes escaninhos:
ƒ mais simples
ƒ espaços projetados de acordo com as dimensões das obras do acervo, se for
permanente
ƒ caso não haja um acervo permanente, construir os escaninhos nas dimensões mais
freqüentes de obras de arte com as quais se manipula
ƒ podem ser construídos como grandes estantes

CUIDADO!!!!!!

ƒ Obras com características muito delicadas devem ficar em áreas específicas e sozinhas
ƒ Obras com dispositivos de pendurar muito salientes devem ser separadas. O ideal é retirá-los
imediatamente. Caso não seja possível, colocá-las em áreas à parte
ƒ A remoção de obras do enfileiramento deve ser feito em movimentos cuidadosos,
recolocando imediatamente o conjunto na posição inicial ideal à segurança das mesmas
ƒ Molduras ornamentadas devem sempre ser armazenadas sobre blocos acolchoados

Movimentação
Pequenos e médios formatos:
ƒ Sempre em carrinhos, de preferência com travas nas rodas
ƒ Carregamentos e deslocamentos sempre realizados em duplas, obrigatoriamente
ƒ Respeitar a capacidade máxima de carga do carrinho
ƒ Não ultrapassar a superfície útil do carrinho, de preferência
ƒ Balancear os pesos para o carro não virar
ƒ A corda que envolverá as obras não pode ser muito apertada nem muito frouxa
ƒ Adequar as obras, com suas características específicas, aos carrinhos mais adequados à
sua segurança

Grandes formatos e/ou pesos


ƒ Obras grandes apresentam determinados problemas:
ƒ Peso
ƒ Manutenção do equilíbrio durante o transporte
ƒ Dificuldade de manobra
Procedimentos:
ƒ Duplas para o carregamento, no mínimo
ƒ Sustentação com as mãos segurando a obra no sentido de sua extensão maior
ƒ Evitar que a obra fique muito alta, o que facilita inclinação e queda
ƒ Segurar sempre com as duas mãos ou pelas laterais, ou pela base e pelos lados
ƒ Qualquer erro pode ser fatal para uma obra de grande porte e para a equipe. No mínimo
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três pessoas e o cuidado tem que ser redobrado
ƒ A instalação de alças aparafusadas no verso da moldura ou da armação facilita o
manuseio. É um recurso barato e de fácil execução. Mas tem que se usar parafuso, nunca
pregos, pois as batidas do martelo prejudicam a obra

TELAS SEM CHASSI


ƒ As telas devem ser enroladas em torno de um tubo de diâmetro grande, de forma a
sofrerem o menor número de voltas possível. O comprimento do tubo deve ser maior
que o da tela e esta deve ter sua superfície pintada voltada para fora, entre folhas de papel
sem textura
ƒ Somente poderão ser enroladas se não estiverem ressecadas ou rígidas ou com
desprendimento de policromia

Obras tridimensionais

Cuidados gerais:
ƒ Atenção redobrada pela diversidade de materiais, formato, peso, estrutura de materiais, etc
ƒ Antes de tocá-las, fazer uma avaliação de sua constituição e estrutura. Quanto mais
complexa, maior atenção e conhecimento da obra são necessários
ƒ Jamais segure ou levante uma estrutura por uma parte projetante
ƒ Carregar sempre com as duas mãos. Apoiar a obra sobre uma das mãos e a outra mantendo
firme o corpo da peça, no caso de esculturas pequenas
ƒ Nunca superestimar uma obra por mais “segura” que ela possa parecer, ou mais “rude” em
seus aspectos. O manuseio correto deve ser usado sempre
ƒ Sempre que possível, levar a escultura dentro da embalagem até o local mais próximo da
posição em que ficará exposta

Esculturas em metal:
ƒ As mãos nuas deixam impressões e podem corroer o metal devido à transpiração
ƒ Luvas, tecido ou papel muito macio são o recomendado

Esculturas em mármore e pedra:


ƒ Pedras são muito porosas
ƒ Absorvem facilmente poeira e gordura
ƒ Uso de luvas é imprescindível
ƒ Se for usar as mãos sem luvas, que estas estejam limpas
ƒ Todas as partes projetantes devem ser acolchoadas
ƒ Deve-se manter estas obras na posição recomendada pelos especialistas para evitar uma
tensão interna causando uma quebra espontânea sob a pressão de seu próprio peso

Pequenos formatos
ƒ Objetos em metal, louça e cerâmica devem ser manuseados sempre com luvas ou papel
de seda de pH neutro
ƒ Para levantar e carregar uma obra deste tipo colocar ma das mãos por baixo e com a
outra mantê-la firme. Nunca pegar nas partes projetadas
ƒ Peças escorregadias ou que agarrem nas luvas não devem ser manuseadas com luvas. As
mãos entram em contato direto, mas, sempre limpas
ƒ Objetos pequenos muito polidos ou frágeis devem ser colocados sobre superfícies
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acolchoadas. Sem exageros para não oferecer risco às peças
ƒ Estes objetos pequenos podem ser transportados em carrinhos gavetas, sempre
acolchoadas. Colocadas nas bandejas podem ser transportadas em carrinhos mais
simples. Nunca devem os objetos tocarem uns nos outros
ƒ Os objetos devem ser processados sempre em superfície mais estável
ƒ É mais seguro transportar objetos de tamanho e material igual ou similar

Grandes formatos:
ƒ Nunca movimentar uma grande escultura antes de consultar pessoal especializado e obter
apoio técnico e de equipamentos indispensáveis
ƒ A movimentação de peças pesadas é risco de vida

Procedimentos básicos:
ƒ Agir de maneira lenta e minuciosa
ƒ Pressa e confusão podem causar destruição da obra e morte ou invalidez da pessoa ou
equipe
ƒ Sempre levantar e carregar as esculturas pelas suas partes mais resistentes
ƒ Jamais carregar com as mãos uma escultura de grande formato. Força física não evita
acidentes dramáticos
ƒ Transportar em carros tartaruga ou plataforma
ƒ O ideal seria empilhadeira hidráulica ou elétrica. Aumenta a segurança
ƒ No caso de carrinhos deve-se amarrar completamente as peças ao veículo e estes serem
acolchoados
ƒ Carrinho tartaruga: inclinar a escultura de grande porte para que o veículo seja colocado
por baixo, contra a base da escultura, distribuindo uniformemente o peso da escultura
sobre o carrinho
ƒ Evitar armazenar esta obra sobre o chão diretamente. Isso dificulta muito o levantamento
da peça. Devem ser armazenadas sobre plataformas

Objetos:
ƒ Este tipo de obra incorpora diversos objetos e muitas vezes é necessário a aplicação
simultânea de vários procedimentos
ƒ estudo prévio é fundamental
ƒ Cada caso é um caso

EMBALAGEM E TRANSPORTE

Recomendações gerais:

É essencial a segurança no trabalho. Muitos são os riscos: impactos por batida ou queda,
mudanças bruscas de temperatura, manuseio por diferentes equipes de carregadores, etc
Nos grandes museus internacionais, o manuseio, a embalagem e o transporte de obras de
arte merece atenção de equipes especificamente ligadas à supervisão dessas tarefas
São estes:
1. conservador/restaurador
Afiança a perfeita condição das obras que serão transportadas. Podem ser feitos relatórios e
documentação fotográfica. Antes dos preparativos para o manuseio, embalagem e transporte
é necessário a vistoria deste profissional
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2. registers
Tem por funções o registro, checagem, documentação para empréstimo e seguro, instruções
para entrada e saída das obras e relatórios das condições de entrada e saída das obras.
Escolha dos métodos de embalagem, supervisão do acondicionamento, seleção dos serviços
oferecidos pelas transportadoras, escolha do meio de transporte, acompanhamento da obra
até o embarque

3. courrier
Acompanhamento da carga de perto durante todo o seu trajeto

Atenção:

ƒ Carregadores sem prática no manuseio e acondicionamento de obras de arte devem ser


acompanhados de perto
ƒ Materiais de embalagem devem ser repostos em seus próprios caixotes imediatamente após a
desembalagem das obras, para serem utilizados de novo na reembalagem. Preferencialmente,
seria recomendável fotografar a caixa para se registrar o método utilizado. Com isso, ao se
reembalar a obra, pode se repetir o mesmo procedimento
ƒ Os métodos de proteção aos objetos no interior da caixa diferem de acordo com seus
materiais e devem ser aprovados pelos responsáveis pela segurança das obras
ƒ A obra deve ter contato somente com o material acolchoado no interior das caixas. Num
acondicionamento onde várias peças se encontram numa mesma caixa, nunca estes devem se
tocar
ƒ Em casos de obras muito frágeis, uma caixa interna deve conter o objeto, isolando-o da caixa
principal

Materiais:
A construção de embalagens para obras de arte deve garantir sua integridade quando
transportadas. São utilizados, quase sempre, caixotes sólidos, fechados e fortes o suficiente para
manter a firmeza do objeto em seu interior. Devem estar preparados para resistir a eventuais
acidentes também.
Para se planejar uma embalagem, deve-se levar em consideração a forma, tamanho, peso
e fragilidade do objeto a ser transportado.

1. Madeira:
ƒ Caixotes de madeira são as mais recomendadas
ƒ Caixotes de madeira compensada reforçada por batente de madeira maciça são de
construção simples e econômicas
ƒ Para materiais mais pesados, tábuas de madeira maciça por sua capacidade de absorver os
impactos por deformações e esmagamentos do peso excessivo
ƒ Caixotes de madeira maciça com paredes, no mínimo de 1,5 cm de espessura
ƒ Madeira utilizada deve ser macia, sem nós e fibras transversais. Deve ser seca e
condicionada à temperatura e umidade ambientes da galeria ou museu de origem
ƒ Caixotes de madeira compensada com paredes, no mínimo de 1 cm de espessura
ƒ O compensado naval é muitas vezes recomendado pela sua resistência à água
ƒ Objetos muito pesados devem ter embalagem com madeiras mais espessas
ƒ O caixote deve ser sempre aparafusado em vez de pregado para não perder a rigidez e
não causar vibrações que danifiquem a obra
ƒ Pregos e parafusos não podem jamais atravessar as paredes da embalagem nem
apresentar pontas em seu interior
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2. Papelão
ƒ São muitas vezes usados no caso de remessas supervisionadas pela equipe da galeria ou
para remessa comum de objetos pequenos, leves e resistentes
ƒ Papelão ondulado de parede dupla ou maciço e espesso

3. Reforços estruturais
ƒ Bordas externas da embalagem protegidas e reforçadas com batentes de madeira maciça
ƒ Para caixotes grandes, batentes em diagonal para dar maior rigidez estrutural
ƒ Para embalagens de grandes proporções, reforço com fitas de aço

OBRAS BIDIMENSIONAIS

ƒ Antes de transportar uma pintura, as cunhas do chassi devem ser fixadas na posição correta,
apertadas por elásticos ou presas por fita crepe
ƒ O verso da tela deve ser protegido por papelão espesso preso ao chassi por parafusos com
arruelas
ƒ Para obras de arte maiores que 60x75 cm é aconselhável substituir o vidro da moldura por
acrílico, com a recomendação de que chapas acrílicas não podem ser usadas sobre trabalhos
em carvão ou pastel porque a estática produzida danifica esses materiais redutíveis a pó
ƒ Para proteger obras de arte e pinturas de acidentes que provoquem o estilhaçamento dos
vidros das molduras, tiras de fita crepe ou similar com 5 a 7,5 cm de largura devem ser
colocadas no vidro, no sentido do comprimento, com no máximo 0,5 cm de separação entre
elas. Os fragmentos de vidro aderem à fita ao invés de cortar a superfície da obra. As duas
extremidades de cada tira da fita adesiva devem ser dobradas sobre si mesmas. A fita deve
ser retirada lentamente em ângulo pequeno
ƒ Quando obras de arte são manuseadas por equipes treinadas que supervisionam embalagens,
desembalagens e todos os estágios do trânsito é possível evitar os altos custos de embalagem
usando invólucros adequados ao invés de caixotes
Alguns tipos de embalagens:

Embalagem tipo “sanduiche”


ƒ Acolchoamento da moldura com almofadas nos cantos
ƒ Revestimento do trabalho com papel de seda
ƒ Plastibolha
ƒ Chapas tipo duratex são colocados entre as molduras (3 cm maiores que a pintura)
ƒ sanduiche depois é amarrado com firmeza por tiras metálicas ou cortas fortes

Embalagem plana horizontal


ƒ Caixote de madeira 10 cm maior que a pintura e internamente com revestimento de
espuma de alta densidade, não inflamável
ƒ Embalagem da obra com papel de seda e proteção nos cantos
ƒ Placa de duratex sobre a obra
ƒ Tampa da caixa
ƒ Uso de parafusos para prender a tampa ao caixote

Embalagem de trilhos
ƒ melhor sistema para embalar várias obras emolduradas
ƒ Este sistema dispensa o revestimento e acolchoamento da cada pintura, mas tem como
condição a existência de molduras fortes e padronizadas
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ƒ Painéis de compensado de 1cm de espessura reforçado por batentes de madeira maciça
ƒ Base dupla com espuma
ƒ Ripas de madeira acolchoadas
ƒ Tampa aparafusada
ƒ Face da pintura voltada para dentro

OBRAS TRIDIMENSIONAIS

ƒ Material, tamanho, peso, fragilidade e construção da peça são considerados no planejamento


da embalagem
ƒ Sempre que possível o transporte de peças frágeis deve ser evitado, particularmente o de
peças de gesso ou que tenham partes finas em relevo
ƒ Partes em relevo devem ser acolchoadas em separado do resto da peça e só então todo o
objeto será acolchoado, resultando em um pacote grande e fofo, bastante protegido de
impactos
ƒ Peças com superfícies delicadas devem ser protegidas da abrasão de algumas espumas
sintéticas
ƒ Objetos frágeis de vidro, cerâmica ou metal devem ser protegidos por várias camadas de
algodão ou material similar em maciez
ƒ A marcação externa do caixote deve incluir informações sobre o peso e dimensões
ƒ Em caso de desmontagem da peça para transporte, instruções detalhadas sobre o processo
de remontagem são anexadas
ƒ Obras de arte tridimensionais apresentam problemas distintos e cada caso merece atenção
específica.

Alguns tipos de embalagem:

Caixa dupla:
ƒ Indicada para pequenos objetos frágeis
ƒ Caixa externa
ƒ Acolchoados
ƒ Caixa interna com tampa fixada por parafusos
ƒ Espuma protetora
ƒ Objeto embrulhado em papel de seda

Embalagem de contorno:
ƒ De planejamento e construção complexos, mas com excelente proteção para esculturas
ƒ A peça é segura por uma série de suportes de contornos envolventes que impedem
movimentos no interior do caixote e amortecem impactos

Embalagem estojo:
ƒ Adequado para o transporte de pequenos objetos
ƒ Utilização de uma caixa de pouca altura com tampa presa por dobradiças
ƒ O volume interno é preenchido por material de amortecimento com as áreas moldadas
para receber os objetos a serem acondicionados
ƒ Vários estojos podem ser superpostos em um caixote forte com acesso frontal
ƒ Caixote de madeira
ƒ Revestimento interno de espuma densa
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ƒ Marcação do contorno dos objetos
ƒ Tampa com revestimento interno de espuma
ƒ Objetos envolvidos por papel de seda
ƒ Caixa parafusada

INFORMAÇÕES PARA A MARCAÇÃO DOS CAIXOTES

ƒ Embalagens devem ser marcadas em seu exterior com instruções que facilitem seu manuseio
ƒ Símbolos gráficos: leitura o mais direta possível
ƒ A marcação dos símbolos, como as demais instruções, deve ser feita de forma a garantir a
informação
ƒ Por razão de segurança é aconselhável evitar no exterior das embalagens, palavras como
“pintura” ou “trabalhos de arte”. Não deve ser dada nenhuma indicação do valor da
remessa
ƒ Marcações que servem como instrução ou avisos de precaução para os carregadores – “abra
deste lado”, “frágil”, etc. – devem ser pintados com pelo menos 5cm de altura. A posição
vertical correta da embalagem deve ser informada por uma seta indicando o lado que fica
para cima e ou pelos dizeres “esse lado para cima”
ƒ Outros símbolos usuais e necessários são:
ƒ guarda-chuva aberto – indica sensibilidade à umidade
ƒ cálice – indica fragilidade
ƒ corrente – indica onde deve ser içada a caixa
ƒ cruz com círculo central – indica centro de gravidade
ƒ sol com caixa protegida – indica sensibilidade ao calor
ƒ gancho cruzado – indica não usar gancho
ƒ setas indicativas – indica posicionamento da caixa

RECOMENDAÇÕES FINAIS

ƒ Manuseio e embalagem de obras de arte devem ser feitos de forma natural e metódica
ƒ É sempre recomendável começar e terminar uma operação completamente ou distribuí-las
em fases
ƒ Próximo às obras, evitar usar e manter materiais inflamáveis, que descolorem, que riscam,
que mancham, etc.
ƒ Para anotações dê preferência ao lápis e à borracha
ƒ Evitar o uso de substâncias perigosas (inflamáveis) para a limpeza do local onde estão as
obras expostas. Não sendo possível, deve-se ter um controle rigoroso e as substâncias
retiradas ao final da limpeza
ƒ Ambiente de trabalho deve ser limpo e organizado. O simples e funcional são às vezes mais
eficazes
ƒ O trato correto com obras de arte implica no princípio de que todas as obras possuem o
mesmo valor, independente da importância ou não do artista
ƒ Movimentos próximos às obras devem ser discretos e cautelosos
ƒ Atenção permanente
ƒ O fumo é prejudicial ao manuseio de obras de arte. Os gases liberados atacam os pigmentos
e o suporte da obra. A brasa provoca incêndios.
ƒ Não usar anéis, colares, brincos grandes, nem outro adereço que possa cair, arranhar ou
prejudicar de alguma forma o trabalho a ser realizado
42
ƒ Concentração e atenção redobrada
ƒ Organização e planejamento sempre
ƒ O bom senso é fundamental

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Museums Council, 1993.

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