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Livro Eletrônico

Aula extra 1

Português p/ Policia Militar-RN 2018 (Soldado) Com videoaulas- Pós-Edital

Professor: Décio Terror

70084591226 - Marllon Jhonatan de Almeida Figueiredo


Português para PM RN
Teoria e exercícios comentados
Prof. Décio Terror Aula extra 1

Aula extra 1: Prova comentada.

SUMÁRIO PÁGINA
1. Primeira parte (prova com comentário e gabarito) 1
2. Segunda parte (prova sem comentário e gabarito) 10

Olá!
Agora é hora de treinarmos com provas comentadas para que possamos
fazer uma revisão atenta e ter noção de como a banca cobra.
Primeira parte (prova com comentário e gabarito)
AGENTE DE POLÍCIA CIVIL – AC (2017)
(banca IBADE)
Texto para responder às questões de 01 a 10.
O Dia da Consciência Negra
[...]
O assunto é delicado; em questão de raça, deve-se tocar nela com dedos
de veludo. Pode ser que eu esteja errada, mas parece que no tema de raça,
racismo, negritude, branquitude, nós caímos em preconceito igual ao dos
racistas. O europeu colonizador tem - ou tinha - uma lei: teve uma parte de
sangue negro - é negro. Por pequena que seja a gota de sangue negro no
indivíduo, polui-se a nobre linfa ariana, e o portador da mistura é "declarado
negro”. E os mestiços aceitam a definição e - meiões, quarteirões, octorões -
se dizem altivamente “negros", quando isso não é verdade. Ao se afirmar
“negro” o mestiço faz bonito, pois assume no total a cor que o branco
despreza. Mas ao mesmo tempo está assumindo também o preconceito do
branco contra o mestiço. Vira racista, porque, dizendo-se negro, renega a sua
condição de mulato, mestiço, half-breed, meia casta, marabá, desprezados
pela branquidade. Aliás, é geral no mundo a noção exacerbada de raça, que
não afeta só os brancos, mas os amarelos, vermelhos, negros; todos
desprezam o meia casta, exemplo vivo da infração à lei tribal.
Eu acho que um povo mestiço, como nós, deveria assumir
tranquilamente essa sua condição de mestiço; em vez de se dizer negro por
bravata, por desafio - o que é bonito, sinal de orgulho, mas sinal de
preconceito também. Os campeões nossos da negritude, todos eles, se dizem
simplesmente negros. Acham feio, quem sabe até humilhante, se declararem
mestiços, ou meio brancos, como na verdade o são. “Black is beautiful” eu
também acho. Mas mulato é lindo também, seja qual for a dose da sua mistura
de raça. Houve um tempo, antes de se desenvolver no mundo a reação
antirracista, em que até se fazia aqui no Rio o concurso “rainha das mulatas”.
Mas a distinção só valia para a mulata jovem e bela. Preconceito também e
dos péssimos, pois a mulata só era valorizada como objeto sexual, capaz de
satisfazer a consciência dos homens.

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A gente não pode se deixar cair nessa armadilha dos brancos. A gente
tem de assumir a nossa mulataria. Qual brasileiro pode jurar que tem sangue
“puro” nas veias, - branco, negro, árabe, japonês?
Vejam a lição de Gilberto Freyre, tão bonita. Nós todos somos mestiços,
mulatos, morenos, em dosagens várias. Os casos de branco puro são exceção
{como os de índios puros - tais os remanescentes de tribos que certos
antropólogos querem manter isolados, geneticamente puros - fósseis vivos -
para eles estudarem...). Não vale indagar se a nossa avó chegou aqui de
caravela ou de navio negreiro, se nasceu em taba de índio ou na casa-grande.
Todas elas somos nós, qualquer procedência. Tudo é brasileiro. Quando uma
amiga minha, doutora, participante ilustre de um congresso médico, me
declarou orgulhosa “eu sou negra” - não resisti e perguntei: “Por que você tem
vergonha de ser mulata?” Ela quase se zangou. Mas quem tinha razão era eu.
Na paixão da luta contra a estupidez dos brancos, os mestiços caem
justamente na posição que o branco prega: negro de um lado, branco do
outro. Teve uma gota de sangue africano é negro - mas tendo uma gota de
sangue branco será declarado branco? Não é.
Ah, meus irmãos, pensem bem. Mulata, mulato também são bonitos e
quanto! E nós todos somos mesmo mestiços, com muita honra, ou morenos,
como o queria o grande Freyre. Raça morena, estamos apurando. Daqui a 500
anos será reconhecida como “zootecnicamente pura" tal como se diz de bois e
de cavalos. Se é assim que eles gostam!
QUEIROZ, Rachel. O Dia da Consciência Negra. O Estado de S. Paulo, São Paulo,
23nov. 2002. Brasil, caderno 2, p. D16,

Vocabulário:
half-bread: mestiço, marabá: mameluco.
meião, quarteirão e octorão: pessoas que têm, respectivamente, metade, um quarto e
um oitavo de sangue negro.
“Black is beautiful”: “O negro é bonito”

(Questão 01 )---------------------------------------------------------
Sobre o texto leia as afirmativas a seguir.
I. A autora mostra sua opinião sobre uma questão de cidadania a fim de
fazer com que o leitor pare para refletir e valorize o mestiço como raça,
não como estereótipo de beleza ou de sexualidade.
II. A referência ao europeu colonizador norteia a discussão e aponta para a
importância da data além de enfatizar o orgulho do negro.
III. A autora conta os acontecimentos, situando-os no tempo e no espaço,
chamando atenção para uma verdade peculiar ao século passado.
Está correto o que se afirma em:
A) I II e III
B) II e III apenas
C) I apenas
D) I e III apenas.
E) I e II apenas.

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Comentário: A primeira afirmação está correta, pois o trecho do texto que


valoriza o mestiço como raça é: “Eu acho que um povo mestiço, como nós,
deveria assumir tranquilamente essa sua condição de mestiço”.
A segunda parte da primeira afirmação, em que se fala do estereótipo de
beleza ou de sexualidade, encontra respaldo na seguinte passagem do texto:
“até se fazia aqui no Rio o concurso “rainha das mulatas”. Mas a distinção só
valia para a mulata jovem e bela. Preconceito também e dos péssimos, pois a
mulata só era valorizada como objeto sexual, capaz de satisfazer a consciência
dos homens.”.
A segunda afirmação está errada, pois a referência ao europeu, na
realidade, não prestigia o negro, conforme observamos no tom pejorativo da
palavra “polui” na seguinte passagem do texto: “O europeu colonizador tem -
ou tinha - uma lei: teve uma parte de sangue negro - é negro. Por pequena
que seja a gota de sangue negro no indivíduo, polui-se a nobre linfa ariana, e
o portador da mistura é "declarado negro”.
A terceira afirmação está errada, pois o texto não tem a intenção de
narrar fato passado, mas argumentar sobre o dia da consciência negra e para
isso até usou fatos passados, mas não foi a informação principal. Este foi
apenas um suporte para a defesa de sua argumentação.
Assim, a alternativa (C) é a correta.
Gabarito: C

(Questão 02 )---------------------------------------------------------

A invenção da escrita tornou possível a um ser humano criar num dado tempo
e lugar uma série de sinais, a que pode reagir outro ser humano, noutro tempo
e lugar. Portanto, é verdadeiro afirmar que alguns textos literários promovem
interação autor/leitor.

Aponte a alternativa que possui uma transcrição que comprova que o texto
dialoga diretamente com o leitor.

A) "O europeu colonizador tem - ou tinha - uma lei: teve uma parte de sangue
negro - é negro."
B) Preconceito também e dos péssimos, pois a mulata só era valorizada como
objeto sexual, capaz de satisfazer a consciência dos homens.”
C) "Ao se afirmar "negro" o mestiço faz bonito, pois assume no total a cor que
o branco despreza."
D) “Não vale indagar se a nossa avó chegou aqui de caravela ou de navio
negreiro, se nasceu em taba de índio ou na casa-grande.”
E) “O assunto é delicado; em questão de raça, deve-se tocar nela com dedos
de veludo.”
Comentário: A fala direta com o interlocutor se encontra em expressões que
sugerem a segunda (tu, teu, contigo) ou terceira pessoa do singular (você).
Assim, a única alternativa que transmite a fala direta com o leitor é a (D), pois

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se pode subentender que não vale o leitor/você indagar se a nossa avó


chegou aqui de caravela ou de navio negreiro, se nasceu em taba de índio ou
na casa-grande.
As demais alternativas apresentam a declaração sobre algo, alguém, não
se referindo diretamente ao leitor.
Gabarito: D

(Questão 03 )---------------------------------------------------------

Considerando as posições expressas no texto em relação à valorização do


mestiço, é correto afirmar que:
A) o elogio ao mulato reside na valorização da negritude e da dose da sua
mistura de raça.
B) o verbo POLUI-se, em “polui-se a nobre linfa ariana”, valoriza a negação do
preconceito diante dos que são racistas.
c) o articulador MAS em “Mas quem linha razão era eu.” introduz uma ideia
que se contrapõe ao que foi dito anteriormente.
D) entre os pares NEGRO/MESTlÇO e NEGRA/MULATA estabelece-se, no texto
uma relação semântica de igualdade.
E) o adjetivo PURO no terceiro parágrafo, refere-se à importância da mulataria
do povo brasileiro.
Comentário: A alternativa (A) está errada, pois a autora sugere a valorização
do mestiço como raça, e não como simplesmente a mistura de raça, como se
pode observar na seguinte passagem do texto: “Eu acho que um povo mestiço,
como nós, deveria assumir tranquilamente essa sua condição de mestiço”.
A alternativa (B) está errada, pois o verbo “polui” é pejorativo e
potencializa o racismo.
A alternativa (C) é a correta, pois a conjunção “mas” é coordenativa
adversativa, por isso contrapõe um segmento em relação ao anterior.
A alternativa (D) está errada, pois a autora demonstra a diferença entre
“negro/mestiço” na seguinte passagem:
“Eu acho que um povo mestiço, como nós, deveria assumir tranquilamente
essa sua condição de mestiço; em vez de se dizer negro por bravata, por
desafio - o que é bonito, sinal de orgulho, mas sinal de preconceito também.”
A alternativa (E) está errada, pois “mulato” representa a miscigenação, a
mistura, e isso é o contrário de sangue “puro”.
Gabarito: C

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(Questão 04 )---------------------------------------------------------
Rachel de Queiroz inicia o quarto parágrafo fazendo referência ao escritor
Gilberto Freyre, recorrendo a um recurso comum a textos dissertativos
argumentativos.
Esse recurso constitui um argumento de:
A) contraposição
B) autoridade.
C) causalidade.
D) contestação
E) proporcionalidade.
Comentário: Nos textos argumentativos, costumamos fazer referência a
nomes de especialistas, pesquisas, leis, tendo em vista levar credibilidade ao
que se informa no texto. Esta é uma das diversas estratégias argumentativas e
é chamada de argumento de autoridade.
Dessa forma, a alternativa correta é a (B).
Gabarito: B

(Questão 05 )---------------------------------------------------------

Sobre o elemento destacado em “Não vale indagar SE a nossa avó chegou aqui
de caravela ou de navio negreiro” é correto afirmar que:
A) atribui ideia reflexiva à oração a que pertence.
B) inicia uma oração cuja função sintática é objeto direto.
C) é uma conjunção condicional que enuncia uma dúvida.
D) é uma conjunção adverbial que introduz um adjunto adverbial.
E) introduz uma oração que é complemento nominal da primeira oração.
Comentário: A questão cobra o valor do “se”. Neste contexto, o verbo
“indagar” é transitivo direto e a oração “SE a nossa avó chegou aqui de
caravela ou de navio negreiro” é subordinada substantiva objetiva direta, a
qual é iniciada pela conjunção integrante.
Portanto, a alternativa (B) é a correta.
Gabarito: B

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(Questão 06 )---------------------------------------------------------
Observe os verbos destacados nos fragmentos a seguir.
1. “HOUVE um tempo, antes de se desenvolver no mundo a reação
antirracista, em que até se fazia aqui no Rio o concurso 'rainha das
mulatas'”
2. “Por pequena que seja a gota de sangue negro no indivíduo, POLUI-SE a
nobre linfa ariana, e o portador da mistura é 'declarado negro'".
Com base nas regras de concordância da norma- padrão, sobre os verbos
destacados, é possível afirmar corretamente que:
A) mesmo que o fragmento 1 fosse flexionado no plural, o verbo permaneceria
no singular.
B) a concordância, no fragmento 2, foi realizada à vista de A GOTA DE
==ddac6==

SANGUE NEGRO NO INDIVÍDUO.


C) no fragmento 1, o verbo indica tempo transcorrido, por isso permanece no
singular.
D) em ambos fragmentos, os verbos destacados, por serem defectivos, devem
permanecer no singular.
E) no fragmento 2, o verbo não concorda com o sujeito ao qual se refere.

Comentário: A alternativa (A) é a correta, pois o verbo “Houve” encontra-se


no sentido de existir. Assim, não tem sujeito e, mesmo o termo não
preposicionado se flexionando no plural, este é o objeto direto e não tem
influência na concordância. Assim, o verbo deve se manter no singular.
A alternativa (B) está errada, pois o sujeito do verbo destacado “polui-
se” é “a nobre linfa ariana”. Tal sujeito é paciente, pois o verbo é transitivo
direto, o pronome “se” é apassivador. Dessa forma, há uma voz passiva
sintética.
A alternativa (C) está errada, pois o verbo “houve” se encontra no
sentido de existir, e não de tempo decorrido.
A alternativa (D) está errada, pois o fato de um verbo ser defectivo não
implica necessariamente não ter sujeito. Além disso, o verbo “haver” é
irregular e “poluir” é regular.
A alternativa (E) está errada, pois o verbo “polui” concorda com o sujeito
paciente “a nobre linfa ariana”.
Gabarito: A

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(Questão 07 )---------------------------------------------------------
“(como os de índios puros - tais os remanescentes de tribos que certos
antropólogos querem manter isolados, geneticamente puros - fósseis vivos -
para eles estudarem...)". Em relação à “como os de índios puros”, o trecho
entre travessões tem o objetivo principal de apresentar uma:
A) contradição
B) comparação.
C) enumeração
D) especificação.
E) ressalva.
Comentário: O segmento entre travessões é chamado de comentário do autor
ou expressão intercalada. Ele pode ter vários sentidos, por isso a interpretação
do contexto é muito importante. Note que há uma comparação entre os índios
puros e os remanescentes de tribos que certos antropólogos querem manter
isolados. Para enfatizar isso, basta trocar “tais” por “como”. Assim, fica
evidente o sentido de comparação e a alternativa (B) é a correta.
Gabarito: B

(Questão 08 )---------------------------------------------------------

O trecho “Aliás, é geral no mundo a noção exacerbada de raça, que não afeta
só os brancos, mas os amarelos, vermelhos, negros; todos desprezam o meia
casta, exemplo vivo da infração à lei tribal.” poderia ser reescrito, sem prejuízo
de significado nem do uso adequado da norma-padrão, da seguinte forma:
A) Na verdade, é geral no mundo a noção exacerbada de raça, a qual não
afeta só os brancos, mas os amarelos, vermelhos, negros; todos
desprezam o meia casta, exemplo vivo da infração à lei tribal.
B) Embora seja geral no mundo, a noção exacerbada de raça, afeta tão
somente os brancos, à medida que, amarelos, vermelhos, negros, todos
desprezam o meia casta, exemplo vivo da infração à lei tribal.
C) Porquanto, é geral no mundo a noção exacerbada de raça, que não afeta só
os brancos, mas também os amarelos, vermelhos, negros; todos
desprezam o meia casta, exemplo vivo da infração à lei tribal.
D) No entanto, no mundo geral, a noção exacerbada de raça, que não afeta só
os brancos, mas, sobretudo, os amarelos, vermelhos, negros; todos
desprezam o meia casta, exemplo vivo da infração à lei tribal.
E) Aliás, é geral no mundo a noção exacerbada de raça, onde afeta não só os
brancos, mas os amarelos, vermelhos, negros; todos desprezam o meia
casta, exemplo vivo da infração à lei tribal.

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Comentário: A alternativa (A) é a correta e apenas mudou o vocábulo “Aliás”


por “Na verdade”, o pronome relativo “que” por “a qual”. Assim, o sentido
permanece o mesmo e há correção gramatical.
A alternativa (B) está errada, pois no texto original não há valor de
contraste, oposição, concessão, como sugere a conjunção concessiva
“Embora”. Além disso, não cabe o valor de proporcionalidade, como ocorre
com a locução conjuntiva “à medida que”.
A alternativa (C) está errada, pois no texto original não há valor de
causa ou explicação, como sugere a conjunção “porquanto”. Além disso, não
cabe vírgula após esse conectivo.
A alternativa (D) está errada, pois no texto original não há valor de
contraste, oposição, como sugere a conjunção adversativa “No entanto”.
A alternativa (E) está errada, pois o pronome relativo “onde” só pode
retomar lugar. Note que “raça” não é lugar.
Gabarito: A

(Questão 09 )---------------------------------------------------------
As palavras destacadas em “se dizem ALTIVAMENTE 'negros', quando isso não
é verdade” e “GENETICAMENTE puros - fósseis vivos - para eles
estudarem...)”, acrescentam um determinado valor aos elementos a que se
referem.
Nos dois casos, esse valor pode ser classificado como:
A) modo.
B) intensidade.
C) afirmação
D) tempo.
E) instrumento.
Comentário: Os advérbios “altivamente” e “geneticamente” recebem o sufixo
nominal “-mente” que geralmente transmite modo. Além disso, pode-se fazer
a seguinte pergunta ao verbo: “Como?”. Assim, a alternativa correta é a (A).
Gabarito: A

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(Questão 10 )---------------------------------------------------------

Considere as seguintes afirmações sobre aspectos da construção do texto:


I. Em “mas parece que no tema de raça, racismo, negritude, branquitude,
nós CAÍMOS em preconceito... Por pequena que seja a gota de sangue
negro do INDIVÍDUO”, as palavras destacadas recebem acento pela
mesma regra de acentuação.
II. Passando-se para o plural o trecho destacado em “todos desprezam o
meia casta, EXEMPLO VIVO DA INFRAÇÃO À LEI TRIBAL.”, mantendo-se o
A no singular, o sinal indicativo de crase, obrigatoriamente, não poderia
ser usado.
III. Em “E os mestiços aceitam a definição e - meiões, quarteirões, octorões -
se dizem altivamente 'negros', quando ISSO não é verdade.”, o elemento
destacado se refere a uma ideia anteriormente expressa.
Está correto apenas o que se afirma em:
A) I e II.
B) II e III.
C) I.
D) I e III.
E) II.
Comentário: A primeira afirmação está errada, pois “caímos” recebe acento
por apresentar hiato e “indivíduo” recebe acento por ser paroxítona terminada
em ditongo oral. Dessa forma, eliminamos as alternativas (A), (C) e (D).
A segunda afirmação está correta, pois, se o vocábulo “a” permanecer no
singular, mesmo o substantivo “lei” flexionando-se no plural, isso é sinal de
que há somente preposição. Assim, não caberia mesmo o sinal indicativo de
crase. Veja:
EXEMPLOS VIVOS DAS INFRAÇÕES A LEIS TRIBAIS
A terceira afirmação está correta, pois o pronome demonstrativo “isso”
tem papel anafórico e é empregado justamente para retomar informação dada
anteriormente no texto.
Dessa forma, a alternativa correta é a (B).
Gabarito: B

1. C 2. D 3. C 4. B 5. B 6. A 7. B 8. A 9. A 10. B

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Segunda parte (prova sem comentário e gabarito)

Texto para responder às questões de 01 a 10.

O Dia da Consciência Negra


[...]
O assunto é delicado; em questão de raça, deve-se tocar nela com dedos
de veludo. Pode ser que eu esteja errada, mas parece que no tema de raça,
racismo, negritude, branquitude, nós caímos em preconceito igual ao dos
racistas. O europeu colonizador tem - ou tinha - uma lei: teve uma parte de
sangue negro - é negro. Por pequena que seja a gota de sangue negro no
indivíduo, polui-se a nobre linfa ariana, e o portador da mistura é "declarado
negro”. E os mestiços aceitam a definição e - meiões, quarteirões, octorões -
se dizem altivamente “negros", quando isso não é verdade. Ao se afirmar
“negro” o mestiço faz bonito, pois assume no total a cor que o branco
despreza. Mas ao mesmo tempo está assumindo também o preconceito do
branco contra o mestiço. Vira racista, porque, dizendo-se negro, renega a sua
condição de mulato, mestiço, half-breed, meia casta, marabá, desprezados
pela branquidade. Aliás, é geral no mundo a noção exacerbada de raça, que
não afeta só os brancos, mas os amarelos, vermelhos, negros; todos
desprezam o meia casta, exemplo vivo da infração à lei tribal.
Eu acho que um povo mestiço, como nós, deveria assumir
tranquilamente essa sua condição de mestiço; em vez de se dizer negro por
bravata, por desafio - o que é bonito, sinal de orgulho, mas sinal de
preconceito também. Os campeões nossos da negritude, todos eles, se dizem
simplesmente negros. Acham feio, quem sabe até humilhante, se declararem
mestiços, ou meio brancos, como na verdade o são. “Black is beautiful” eu
também acho. Mas mulato é lindo também, seja qual for a dose da sua mistura
de raça. Houve um tempo, antes de se desenvolver no mundo a reação
antirracista, em que até se fazia aqui no Rio o concurso “rainha das mulatas”.
Mas a distinção só valia para a mulata jovem e bela. Preconceito também e
dos péssimos, pois a mulata só era valorizada como objeto sexual, capaz de
satisfazer a consciência dos homens.
A gente não pode se deixar cair nessa armadilha dos brancos. A gente
tem de assumir a nossa mulataria. Qual brasileiro pode jurar que tem sangue
“puro” nas veias, - branco, negro, árabe, japonês?
Vejam a lição de Gilberto Freyre, tão bonita. Nós todos somos mestiços,
mulatos, morenos, em dosagens várias. Os casos de branco puro são exceção
{como os de índios puros - tais os remanescentes de tribos que certos
antropólogos querem manter isolados, geneticamente puros - fósseis vivos -
para eles estudarem...). Não vale indagar se a nossa avó chegou aqui de
caravela ou de navio negreiro, se nasceu em taba de índio ou na casa-grande.
Todas elas somos nós, qualquer procedência. Tudo é brasileiro. Quando uma
amiga minha, doutora, participante ilustre de um congresso médico, me
declarou orgulhosa “eu sou negra” - não resisti e perguntei: “Por que você tem
vergonha de ser mulata?” Ela quase se zangou. Mas quem tinha razão era eu.

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Na paixão da luta contra a estupidez dos brancos, os mestiços caem


justamente na posição que o branco prega: negro de um lado, branco do
outro. Teve uma gota de sangue africano é negro - mas tendo uma gota de
sangue branco será declarado branco? Não é.
Ah, meus irmãos, pensem bem. Mulata, mulato também são bonitos e
quanto! E nós todos somos mesmo mestiços, com muita honra, ou morenos,
como o queria o grande Freyre. Raça morena, estamos apurando. Daqui a 500
anos será reconhecida como “zootecnicamente pura" tal como se diz de bois e
de cavalos. Se é assim que eles gostam!
QUEIROZ, Rachel. O Dia da Consciência Negra. O Estado de S. Paulo, São Paulo,
23nov. 2002. Brasil, caderno 2, p. D16,

Vocabulário:
half-bread: mestiço, marabá: mameluco.
meião, quarteirão e octorão: pessoas que têm, respectivamente, metade, um quarto e
um oitavo de sangue negro.
“Black is beautiful”: “O negro é bonito”

(Questão 01 )---------------------------------------------------------
Sobre o texto leia as afirmativas a seguir.
I. A autora mostra sua opinião sobre uma questão de cidadania a fim de
fazer com que o leitor pare para refletir e valorize o mestiço como raça,
não como estereótipo de beleza ou de sexualidade.
II. A referência ao europeu colonizador norteia a discussão e aponta para a
importância da data além de enfatizar o orgulho do negro.
III. A autora conta os acontecimentos, situando-os no tempo e no espaço,
chamando atenção para uma verdade peculiar ao século passado.
Está correto o que se afirma em:
A) I II e III
B) II e III apenas
C) I apenas
D) I e III apenas.
E) I e II apenas.

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(Questão 02 )---------------------------------------------------------

A invenção da escrita tornou possível a um ser humano criar num dado tempo
e lugar uma série de sinais, a que pode reagir outro ser humano, noutro tempo
e lugar. Portanto, é verdadeiro afirmar que alguns textos literários promovem
interação autor/leitor.

Aponte a alternativa que possui uma transcrição que comprova que o texto
dialoga diretamente com o leitor.

A) "O europeu colonizador tem - ou tinha - uma lei: teve uma parte de sangue
negro - é negro."
B) Preconceito também e dos péssimos, pois a mulata só era valorizada como
objeto sexual, capaz de satisfazer a consciência dos homens.”
C) "Ao se afirmar "negro" o mestiço faz bonito, pois assume no total a cor que
o branco despreza."
D) “Não vale indagar se a nossa avó chegou aqui de caravela ou de navio
negreiro, se nasceu em taba de índio ou na casa-grande.”
E) “O assunto é delicado; em questão de raça, deve-se tocar nela com dedos
de veludo.”

(Questão 03 )---------------------------------------------------------

Considerando as posições expressas no texto em relação à valorização do


mestiço, é correto afirmar que:
A) o elogio ao mulato reside na valorização da negritude e da dose da sua
mistura de raça.
B) o verbo POLUI-se, em “polui-se a nobre linfa ariana”, valoriza a negação do
preconceito diante dos que são racistas.
c) o articulador MAS em “Mas quem linha razão era eu.” introduz uma ideia
que se contrapõe ao que foi dito anteriormente.
D) entre os pares NEGRO/MESTlÇO e NEGRA/MULATA estabelece-se, no texto
uma relação semântica de igualdade.
E) o adjetivo PURO no terceiro parágrafo, refere-se à importância da mulataria
do povo brasileiro.

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(Questão 04 )---------------------------------------------------------
Rachel de Queiroz inicia o quarto parágrafo fazendo referência ao escritor
Gilberto Freyre, recorrendo a um recurso comum a textos dissertativos
argumentativos.
Esse recurso constitui um argumento de:
A) contraposição
B) autoridade.
C) causalidade.
D) contestação
E) proporcionalidade.

(Questão 05 )---------------------------------------------------------

Sobre o elemento destacado em “Não vale indagar SE a nossa avó chegou aqui
de caravela ou de navio negreiro” é correto afirmar que:
A) atribui ideia reflexiva à oração a que pertence.
B) inicia uma oração cuja função sintática é objeto direto.
C) é uma conjunção condicional que enuncia uma dúvida.
D) é uma conjunção adverbial que introduz um adjunto adverbial.
E) introduz uma oração que é complemento nominal da primeira oração.
Comentário: A questão cobra o valor do “se”. Neste contexto, o verbo
“indagar” é transitivo direto e a oração “SE a nossa avó chegou aqui de
caravela ou de navio negreiro” é subordinada substantiva objetiva direta, a
qual é iniciada pela conjunção integrante.
Portanto, a alternativa (B) é a correta.

(Questão 06 )---------------------------------------------------------
Observe os verbos destacados nos fragmentos a seguir.
1. “HOUVE um tempo, antes de se desenvolver no mundo a reação
antirracista, em que até se fazia aqui no Rio o concurso 'rainha das
mulatas'”
2. “Por pequena que seja a gota de sangue negro no indivíduo, POLUI-SE a
nobre linfa ariana, e o portador da mistura é 'declarado negro'".
Com base nas regras de concordância da norma- padrão, sobre os verbos
destacados, é possível afirmar corretamente que:
A) mesmo que o fragmento 1 fosse flexionado no plural, o verbo permaneceria
no singular.
B) a concordância, no fragmento 2, foi realizada à vista de A GOTA DE
SANGUE NEGRO NO INDIVÍDUO.

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C) no fragmento 1, o verbo indica tempo transcorrido, por isso permanece no


singular.
D) em ambos fragmentos, os verbos destacados, por serem defectivos, devem
permanecer no singular.
E) no fragmento 2, o verbo não concorda com o sujeito ao qual se refere.

(Questão 07 )---------------------------------------------------------
“(como os de índios puros - tais os remanescentes de tribos que certos
antropólogos querem manter isolados, geneticamente puros - fósseis vivos -
para eles estudarem...)". Em relação à “como os de índios puros”, o trecho
entre travessões tem o objetivo principal de apresentar uma:
A) contradição
B) comparação.
C) enumeração
D) especificação.
E) ressalva.

(Questão 08 )---------------------------------------------------------

O trecho “Aliás, é geral no mundo a noção exacerbada de raça, que não afeta
só os brancos, mas os amarelos, vermelhos, negros; todos desprezam o meia
casta, exemplo vivo da infração à lei tribal.” poderia ser reescrito, sem prejuízo
de significado nem do uso adequado da norma-padrão, da seguinte forma:
A) Na verdade, é geral no mundo a noção exacerbada de raça, a qual não
afeta só os brancos, mas os amarelos, vermelhos, negros; todos
desprezam o meia casta, exemplo vivo da infração à lei tribal.
B) Embora seja geral no mundo, a noção exacerbada de raça, afeta tão
somente os brancos, à medida que, amarelos, vermelhos, negros, todos
desprezam o meia casta, exemplo vivo da infração à lei tribal.
C) Porquanto, é geral no mundo a noção exacerbada de raça, que não afeta só
os brancos, mas também os amarelos, vermelhos, negros; todos
desprezam o meia casta, exemplo vivo da infração à lei tribal.
D) No entanto, no mundo geral, a noção exacerbada de raça, que não afeta só
os brancos, mas, sobretudo, os amarelos, vermelhos, negros; todos
desprezam o meia casta, exemplo vivo da infração à lei tribal.
E) Aliás, é geral no mundo a noção exacerbada de raça, onde afeta não só os
brancos, mas os amarelos, vermelhos, negros; todos desprezam o meia
casta, exemplo vivo da infração à lei tribal.

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(Questão 09 )---------------------------------------------------------
As palavras destacadas em “se dizem ALTIVAMENTE 'negros', quando isso não
é verdade” e “GENETICAMENTE puros - fósseis vivos - para eles
estudarem...)”, acrescentam um determinado valor aos elementos a que se
referem.
Nos dois casos, esse valor pode ser classificado como:
A) modo.
B) intensidade.
C) afirmação
D) tempo.
E) instrumento.

(Questão 10 )---------------------------------------------------------

Considere as seguintes afirmações sobre aspectos da construção do texto:


I. Em “mas parece que no tema de raça, racismo, negritude, branquitude,
nós CAÍMOS em preconceito... Por pequena que seja a gota de sangue
negro do INDIVÍDUO”, as palavras destacadas recebem acento pela
mesma regra de acentuação.
II. Passando-se para o plural o trecho destacado em “todos desprezam o
meia casta, EXEMPLO VIVO DA INFRAÇÃO À LEI TRIBAL.”, mantendo-se o
A no singular, o sinal indicativo de crase, obrigatoriamente, não poderia
ser usado.
III. Em “E os mestiços aceitam a definição e - meiões, quarteirões, octorões -
se dizem altivamente 'negros', quando ISSO não é verdade.”, o elemento
destacado se refere a uma ideia anteriormente expressa.
Está correto apenas o que se afirma em:
A) I e II.
B) II e III.
C) I.
D) I e III.
E) II.

1. C 2. D 3. C 4. B 5. B 6. A 7. B 8. A 9. A 10. B

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