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AVALIAÇÃO DA FORÇA DE RUÍNA DE PILARES DE CONCRETO

ARMADO SUBMETIDOS A FLEXO-COMPRESSÃO NORMAL DE


ACORDO COM DIVERSAS NORMAS
Evaluating of Failure Loads of Reinforced Concrete Columns Subjected to Combined Axial Load and
Bending According to Some Codes

Carlos Eduardo Luna de Melo (1); Galileu Silva Santos (2); Erich Wolff (3);
Guilherme Sales S. de A. Melo (4)

(1) Doutor em Estruturas, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental,


Universidade de Brasília,
email: carlosluna@unb.br

(2) Doutorando em Estruturas, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental,


Universidade de Brasília,
email: galileueng@yahoo.com.br

(3) Bolsista de Iniciação Científica, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental,


Universidade de Brasília,
email: wolff.erich@yahoo.com.br

(4) Professor, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental,


Universidade de Brasília,
email: melog@unb.br

Resumo
Este trabalho apresenta uma avaliação do desempenho dos métodos simplificados para a determinação dos
efeitos de segunda ordem de pilares de concreto armado, estabelecidos pela norma brasileira ABNT NBR
6118:2003, e por alguns códigos internacionais como o ACI 318M-02 e MC-CEB (1990). Foram ensaiados
10 pilares de concreto armado, com 3000 mm, com seção transversal de 250 mm x 120 mm, mesma taxa
de armadura e resistência do concreto em torno de 40 MPa. O modelo experimental é do tipo birrotulado
nas extremidades. A principal variável dos ensaios foi o ponto de aplicação da força, na direção de menor
inércia da seção transversal. Os pilares foram submetidos a um carregamento incremental até a ruína. O
processo para determinar força de ruína foi via curva de interação da seção transversal, onde foi possível
comparar os resultados estimados com os resultados dos ensaios, apresentando bons resultados. O
Método do Pilar Padrão com Rigidez Aproximada da ABNT NBR 6118:2003 apresentou bons resultados de
estimativa da força de ruína, seguido do Método do Pilar Padrão com Curvatura Aproximada, também da
mesma norma. Os processos aproximados dos códigos ACI 318M-02 e MC-CEB (1990) apresentaram
resultados mais conservadores em relação aos resultados obtidos nos ensaios. Foi verificado um grande
conservadorismo das estimativas de carga de ruína para pilares com excentricidade relativa e/h ≤ 0,15, para
todas as normas. Palavras chave: Pilares; Flexo-compressão; Normas; Concreto Armado.

Abstract
This paper presents an evaluation of the performance of approximate methods to determinate the second
order effects in reinforced concrete columns. The methods that are going to be tested are the one proposed
by ABNT NBR 6118:2003 and also some of international codes like ACI 318M-02 and MC-CEB (1990). Ten
reinforced concrete columns with 3000 mm in length, 250 mm x 120 mm in cross section, same
reinforcement ratio and concrete strength around 40 MPa was tested. The experimental model were pin-
ended. The main variable of the present work was the eccentricity of load in direction of minor inertia of the
cross section. The load was applied in steps until failure. The process to determinate the failure load of each
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column used interaction curves of the cross section making it possible to compare the predicted results with
the experimental ones. The Method of the Standard Column with Approximated Stiffness proposed by ABNT
NBR 6118:2003 showed good results to estimate the failure load of the columns, followed by the Method of
the Standard Column with Approximated Curvature. The methods recommended by ACI 318M-02 and MC-
CEB (1990) presented conservative results. To columns with relative eccentricity e/h ≤ 0,15, all coded
presented conservative results.
Keywords: Columns; Combined axial load and bending; Codes; Reinforced Concrete.

1 Introdução
1.1 Problema Analisado
Pilares de concreto armado são elementos estruturais de grande importância numa
estrutura e necessitam de cuidados especiais no seu dimensionamento, pois falhas
podem acarretar em conseqüências mais graves como um colapso parcial ou total da
estrutura. Os pilares têm a função de suportar os esforços verticais e de vento atuantes
na estrutura e transmiti-las para as fundações.
No cálculo de pilares de concreto armado geralmente recorre-se aos métodos
simplificados para a consideração dos efeitos de segunda ordem, pela praticidade do
cálculo, evitando o cálculo por um processo mais rigoroso, que por sua vez exige o uso de
uma ferramenta computacional.
Os métodos simplificados para a determinação dos efeitos de segunda ordem em pilares
de concreto armado consideram de maneira aproximada a não-linearidade física e
geométrica, determinando o quanto o pilar se deforma perante a ação aplicada. Esse
recurso aproximado é limitado, por exemplo, pela ABNT NBR 6118:2003, a pilares com
índice de esbeltez λ ≤ 90.
O objetivo do presente trabalho é avaliar o desempenho dos métodos simplificados
quanto à determinação dos efeitos de segunda ordem de pilares birrotulados de concreto
armado estabelecidos pela norma brasileira ABNT NBR 6118:2003, pelos métodos
simplificado do ACI 318M-02 e MC-CEB (1990).
Para a avaliação do desempenho dos métodos simplificados serão utilizados dados de
ensaios pilares de concreto armado, submetidos a carregamento incremental até a ruína,
realizados em conjunto pelos pesquisadores MELO (2009) e DANTAS (2006).

2 Métodos Simplificados para a Determinação dos Efeitos de


Segunda Ordem em Pilares
Existem basicamente dois tipos de métodos aproximados para dimensionamento de
pilares de concreto armado.
Um método apresenta uma formulação em que é possível determinar a excentricidade de
segunda ordem arbitrando-se uma configuração deformada do eixo do pilar, juntamente
com a curvatura máxima da seção crítica do pilar. Assim, é possível determinar o
momento fletor máximo para o dimensionamento. Este método é adotado pela ABNT NBR
6118:2003 “Método do Pilar Padrão com Curvatura Aproximada” e no MC-CEB (1990).
Em outro tipo de formulação o pilar é calculado de maneira aproximada considerando
uma rigidez a flexão equivalente. Esta rigidez aproximada é determinada por uma
expressão que leva em conta a não-linearidade física dos materiais. A não-linearidade
geométrica é considerada supondo-se que a deformação da barra seja senoidal. Este
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processo é adotado pelo ACI 318M-02 e também pela ABNT NBR 6118:2003 “Método do
Pilar Padrão com Rigidez Aproximada”.

2.1 ABNT NBR 6118:2003


2.1.1 Método do Pilar Padrão com Curvatura Aproximada
É um método aproximado de cálculo utilizado para o cálculo de pilares com λ ≤ 90,
possuindo seção constante e armadura simétrica e constante ao longo de seu eixo. Os
efeitos localizados de segunda ordem são determinados de forma aproximada,
considerando a deformada da barra como sendo senoidal.
A não linearidade física é determinada por uma expressão aproximada da curvatura da
seção crítica.
O momento total máximo no pilar deve ser calculado pela Equação 1.

l e2 1
M d ,tot   b M 1d , A  N d  M 1d , A (Equação 1)
10 r
A curvatura, 1/r, pode ser determinada de forma aproximada pela Equação 2.

1 0,005 0,005
  (Equação 2)
r h(  0,5) h
onde:
  N Sd /( Ac f cd )
M 1d , A  M 1d ,min
h = altura da seção na direção considerada;
 = força normal adimensional;
M1d,min = momento mínimo de primeira ordem;
M1d,A = valor de cálculo de primeira ordem do momento MA;
b =1 para pilares biapoiados.

A excentricidade de segunda ordem e2 pode ser determinada por:

l e2 0,005
e2  (Equação 3)
10   0,5h
onde:
Nd
 (Equação 4)
Ac f cd
e2 = excentricidade de segunda ordem;
le = comprimento de flambagem;

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Ac = área da seção transversal;
h = altura da seção na direção considerada;
fcd = resistência de cálculo do concreto a compressão;
 ≥ 0,5.

2.1.2 Método do Pilar Padrão com Rigidez Aproximada


É também um método aproximado de cálculo de pilares com λ ≤ 90, com seção retangular
constante, e armadura simétrica e constante ao longo de seu eixo. A não-linearidade
geométrica deve ser considerada de forma aproximada, considerando a deformação da
barra senoidal.
A não-linearidade física do concreto deve ser considerada através de uma expressão
aproximada da rigidez e o momento total máximo no pilar deve ser calculado a partir da
majoração do momento de primeira ordem pela Equação 5.

 b M 1d , A 
 M 1d , A 
M d ,tot    
2 
 M 1d ,min  (Equação 5)
1
120 /

A rigidez  de forma aproximada, com valor adimensional, é calculada pela Equação 6.

 M d ,tot 
  321  5  (Equação 6)
 hN d 

De acordo esse método, manipulando-se as equações, a excentricidade total etot pode ser
determinada por:

 b e1
etot 
2 (Equação 7)
1
120
onde:
etot = excentricidade total;
e1 = excentricidade de primeira ordem;
M1d,min = momento mínimo para a consideração das imperfeições locais;
 = índice de esbeltez do pilar;
b = 1 para pilares birrotulados;
 = rigidez aproximada é dada pela Equação 8:

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 5etot 
  321   (Equação 8)
 h 

Introduzindo a Equação 8 na Equação 7, obtém-se a expressão etot final, apresentada por


ARAÚJO (2001):


etot  h B  B 2  0,2e1 / h  (Equação 9)

2 e1
B  0,5  0,1 (Equação 10)
38400 h

2.2 MC-CEB (1990)


Segundo ARAÚJO (2001), a excentricidade de segunda ordem e2 pelo MC-CEB (1990) é
dada por:

e2  C  C 2  0,125le2  u e1 (Equação 11)

onde:

(Equação 12)
C  0,05le2  u  0,5e1

Para a curvatura máxima u, o MC-CEB (1990) adota a seguinte expressão:

2 K 2 f yd / E s
u  (Equação 13)
d  d '
onde:
(d-d’) = distância entre as armaduras;
K2 = coeficiente que leva em conta a redução da curvatura com o aumento da força
normal de compressão, dado por:

N ud  N d
K2  1 (Equação 14)
N ud  N bal
onde:
Nd = força normal de cálculo;
Nbal = força normal para o máximo momento fletor resistente;

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Nud = força normal resistida pela seção em concreto simples.

A força normal Nud é dada por:

N ud  0,85 Ac f cd  As sd , 2 (Equação 15)


onde:
σsd,2 = 40 kN/cm2 é a tensão no aço para uma deformação de compressão igual a 2 ‰;

A força normal Nbal pode ser obtida por:

N bal  0,4 Ac f cd (Equação 16)

Para o método do MC-CEB (1990) verifica-se que há a necessidade de se conhecer a


armadura na seção transversal As para o cálculo de Nud.

2.3 ACI 318M-02


ARAÚJO (2001) apresenta a excentricidade total para o ACI 318M-95, porém em relação
à determinação dos efeitos de segunda ordem, o método não sofreu alterações em
relação ao ACI 318M-02. Portanto, a excentricidade total etot é dada por:

e1
etot 
Nd (Equação 17)
1
0,75Pe
onde:
Pe = força crítica de Euler, dada por:
 2 EI
Pe  (Equação 18)
l e2

EI  0,4Ecs I c (Equação 19)


onde:
Ic = momento de inércia da seção de concreto simples;
Ecs = módulo de deformação longitudinal secante do concreto, dado por:

Ecs  4730 f ck , MPa (Equação 20)

O método só pode ser aplicado para Nd < 0,75 Pe.

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3 Características dos Pilares Ensaiados
Foram ensaiados 10 pilares de concreto armado com 3000 mm de altura, seção
transversal de 250 mm x 120 mm, mesma taxa de armadura e resistência do concreto em
torno de 40 MPa. As características dos pilares são mostradas na Figura 1.

Dimensões dos pilares Armadura dos pilares

Figura 1 – Características dos pilares ensaiados

A principal variável do presente trabalho é a excentricidade do ponto de aplicação da


força, sendo mantidos constantes a seção transversal, a taxa de armadura longitudinal, a
resistência à compressão do concreto, o posicionamento da armadura na seção
transversal e o posicionamento dos extensômetros utilizados nos ensaios. A Tabela 1
mostra um resumo das características dos pilares ensaiados.

Tabela 1 – Características dos pilares ensaiados


Pilares e (mm) e/h fc (MPa) fct (MPa) Esec (GPa)  L (mm) Ac (cm²) As (cm²) ρ (%)
PFN 0-3 0 0 35,8 3,1 28,7
PFN 6-3 6 0,05 39,6 2,5 32,1
PFN12-3 12 0,10 39,6 2,5 32,1
PFN 15-3 15 0,13 35,8 3,1 28,7
PFN 18-3 18 0,15 39,7 2,4 30,6 3000
90,9 300 4,71 1,57
PFN 24-3 24 0,20 39,7 2,4 30,6 (3150)*
PFN 30-3 30 0,25 33,9 3,3 31,5
PFN 40-3 40 0,33 33,9 3,3 31,5
PFN 50-3 50 0,42 37,6 3,1 31,1
PFN 60-3 60 0,50 37,6 3,1 31,1
*
Distância entre rótulas.

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Os pilares foram identificados pela seguinte nomenclatura: PFN e-L, onde:
PFN = pilar à flexo-compressão normal;
e = valor da excentricidade na direção da menor inércia;
L = comprimento do pilar, em metros.

As forças aplicadas nos pilares foram obtidas por uma célula de força com capacidade de
2000 kN, e que foi instalada em linha com o macaco hidráulico. As leituras eram feitas de
modo visual diretamente do visor do leitor digital conectado à célula.
A estrutura de reação foi composta por um pórtico metálico fixado na laje de reação do
Laboratório de Estruturas do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da
Universidade de Brasília – UnB. A Figura 2 mostra o esquema de ensaio utilizado.

Figura 2 – Esquema de ensaio

Após a marcação do ponto de excentricidade, procedeu-se a fixação dos aparelhos de


apoio com parafusos. Os aparelhos de apoio eram constituídos de duas placas
retangulares de aço 1045, com dimensões de 120 mm x 250 mm e espessura de 50 mm,
com um rolete cilíndrico maciço de 50 mm de diâmetro soldado em uma das placas para
garantir a rotação da peça.
O pilar então foi centrado pela rótula superior com o macaco hidráulico e posteriormente
foi verificado o prumo. Em seguida foram colocados os extensômetros, feitas as ligações
dos fios no sistema de aquisição de dados, e o ensaio era iniciado até a ruptura do
modelo.

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4 Resultados Experimentais
4.1 Forças Últimas e Modos de Ruína dos Pilares
Os pilares apresentaram três tipos de ruínas observadas: ruína frágil com ruptura do
concreto, ruína por flexo-compressão na região central do pilar com ruptura do concreto
sem o escoamento da armadura e ruína por flexo-compressão na região central do pilar
com ruptura do concreto e escoamento da armadura. Ocorreram ruínas típicas dos
domínios 5, 4 e 4a e 3. Foi verificado para todos os pilares que a ruína ocorreu com a
ruptura do concreto. Nos pilares com maior excentricidade da força, a armadura junto à
face menos comprimida ou tracionada chegou a escoar antes do esmagamento do
concreto. A Tabela 2 mostra as forças últimas, excentricidades, deformações no concreto,
deformações na amadura menos comprimida ou tracionada e o modo de ruína dos pilares
ensaiados.

Tabela 2 – Forças últimas e modos de ruína dos pilares ensaiados


einicial εc εs
PILAR Fu (kN) nu Modo de Ruína
(mm) (‰) (‰)
PFN 0-3 1053,0 0 -1,90 -1,88 1,026 Ruína frágil por flexo-compressão com
PFN 6-3 652,0 6 -1,95 -0,25 0,572 pequena excentricidade, com ruptura do
PFN 12-3 535,0 12 -1,90 -0,26 0,469 concreto. (Domínio 5)
PFN 15-3 446,5 15 -1,30 -0,09 0,436
PFN 18-3 460,5 18 -1,25 -0,22 0,404 Ruína por flexo-compressão com grande
excentricidade, com ruptura do concreto, sem
PFN 24-3 241,0 24 -1,85 0,95 0,211 escoamento da armadura. (Domínio 4, 4a)
PFN 30-3 254,8 30 -0,55 0,22 0,263
PFN 40-3 170,2 40 -1,20 1,60 0,175 Ruína por flexo-compressão com grande
PFN 50-3 155,0 50 -2,50 1,95 0,143 excentricidade, com ruptura do concreto e
PFN 60-3 131,0 60 -2,40 3,00 0,121 escoamento da armadura. (Domínio 3)

5 Estimativas da Força de Ruína Pelas Normas ABNT 6118:2003, ACI


318M-02 e MC-CEB (1990)
Apresentam-se nesta seção os valores estimados para as forças de ruína a partir da
utilização pelos processos propostos em ABNT NBR 6118:2003, ACI 318M-02 e MC- CEB
(1990).
O pilar sob carregamento centrado não foi considerado na análise pelos métodos por
apresentar uma excentricidade do ponto de aplicação da força igual a zero.
De acordo com a ABNT NBR 6118:2003 foram utilizados dois processos aproximados:
Método do Pilar Padrão com Curvatura Aproximada e Método do Pilar Padrão com
Rigidez Aproximada.
Sabendo que o objetivo final é avaliar os processos aproximados quanto aos valores
obtidos experimentalmente, foram suprimidos os coeficientes de segurança tanto dos
esforços solicitantes quanto dos esforços resistentes para a elaboração da curva de
interação. Vale ressaltar que apesar dos pilares apresentarem um índice de esbeltez igual
90,9, um pouco maior do que o limite estabelecido para os métodos (λ ≤ 90), os
resultados foram confrontados mesmo assim por apresentar uma esbeltez muito próxima
a este limite.
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5.1 Forças Últimas
Para cada incremento de 10kN foram tomados os valores da força normal, da
excentricidade de primeira ordem e calculados os valores da excentricidade total. Assim,
foi possível a determinação do valor do momento final considerando os efeitos de
segunda ordem de forma aproximada para cada passo de força. Os valores da força axial
e do momento foram desenhados juntamente com o gráfico da curva de interação do
pilar.
A curva de interação nominal corresponde à resistência nominal da seção do pilar, não
sendo considerados coeficientes de minoração das resistências do concreto e do aço.
A força de ruína pelas normas é determinada pelo ponto onde a reta formada pelos
pontos M e N cruza o diagrama de interação da seção do pilar. Para efeito de
comparação com os resultados dos ensaios foi utilizado apenas o valor da força axial N
no instante da ruína. São apresentadas graficamente, na Figura 3, a evolução das forças
até a ruína dos pilares ensaiados, estimadas pelos processos aproximados das normas
ABNT NBR 6118:2003, ACI 318M-02 e MC-CEB (1990).

1300 1300
1200 1200
1100 1100
1000 1000
900 900 PFN 6-3
PFN 12-3
800 PFN 6-3 800
PFN 15-3
PFN 12-3
N (kN)
N (kN)

700 700 PFN 18-3


PFN 15-3
PFN 18-3 600 PFN 24-3
600
PFN 24-3 PFN 30-3
500 500
PFN 30-3 PFN 40-3
400 PFN 40-3 400 PFN 50-3
PFN 50-3 PFN 60-3
300 PFN 60-3 300
Curva de Interação (Nominal)
Curva de Interação (Nominal) 200
200
100 100

0 0

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0 14,0 15,0 16,0 17,0 18,0 19,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0 14,0 15,0 16,0 17,0 18,0 19,0
M (kN.m) M (kN.m)
Método do Pilar Padrão com Curvatura Aproximada (a) Método do Pilar Padrão com Rigidez Aproximada (b)

1300 1300
1200 1200
1100 1100
1000 1000
900 PFN 6-3 900
PFN 12-3
800 800 PFN 6-3
PFN 15-3
PFN 12-3
N (kN)

N (kN)

700 PFN 18-3 700


PFN 24-3 PFN 15-3
600 PFN 30-3 600 PFN 18-3
PFN 40-3 PFN 24-3
500 500 PFN 30-3
PFN 50-3
400 PFN 60-3 400 PFN 40-3
Curva de Interação (Nominal) PFN 50-3
300 300 PFN 60-3
Curva de Interação (Nominal)
200 200
100 100
0 0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0 14,0 15,0 16,0 17,0 18,0 19,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0 14,0 15,0 16,0 17,0 18,0 19,0
M (kN.m) M (kN.m)
Método aproximado do ACI 318M-02 (c) Método aproximado do MC-CEB (1990) (d)
Figura 3 – Estimativa da força de ruína dos pilares pelas normas.

Visualmente, percebe-se que o método aproximado para o cálculo dos efeitos de segunda
ordem pelo MC-CEB (1990) apresenta resultados mais conservadores em relação aos
processos aproximados das normas ABNT NBR 6118:2003 e ACI 318M-02.

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Para todos os métodos, percebe-se a influência da excentricidade inicial na resistência
final dos pilares ensaiados, como esperado. Os resultados das forças de ruína pelas
normas em comparação com as forças obtidas nos ensaios de laboratório são mostradas
na Tabela 3.

Tabela 3 – Comparação entre as forças últimas estimadas pelas normas versus forças experimentais
e Fu Fu,NBR (a) Fu/Fu, Fu,NBR (b) Fu/Fu, Fu,ACI Fu/Fu, Fu,CEB Fu/Fu,
Modelo
(mm) (kN) (kN) NBR (a) (kN) NBR (b) (kN) ACI (kN) CEB

PFN 6-3 6 652,0 400,0 1,63 450,0 1,45 315,0 2,07 160,0 4,08
PFN 12-3 12 535,0 350,0 1,53 360,0 1,49 285,0 1,88 150,0 3,57
PFN 15-3 15 446,5 330,0 1,35 330,0 1,35 270,0 1,65 140,0 3,19
PFN 18-3 18 460,5 300,0 1,54 303,0 1,52 255,0 1,81 130,0 3,54
PFN 24-3 24 241,0 275,0 0,88 290,0 0,83 230,0 1,05 115,0 2,10
PFN 30-3 30 254,8 250,0 1,02 250,0 1,02 215,0 1,19 105,0 2,43
PFN 40-3 40 170,2 200,0 0,85 180,0 0,95 180,0 0,95 100,0 1,70
PFN 50-3 50 155,0 165,0 0,94 160,0 0,97 160,0 0,97 85,0 1,82
PFN 60-3 60 131,0 140,0 0,94 130,0 1,01 140,0 0,94 75,0 1,75
onde:
NBR(a) – Método do Pilar Padrão com Curvatura Aproximada (ABNT NBR 6118:2003);
NBR(b) – Método do Pilar Padrão com Rigidez Aproximada (ABNT NBR 6118:2003);
ACI – Método aproximado do ACI 318M-02;
CEB – Método aproximado do MC-CEB (1990).

É conveniente a análise estatística da força de ruína comparando os resultados estimados


pelas normas com os valores obtidos experimentalmente. Os resultados estatísticos da
força de ruína pelas normas são apresentados na Tabela 4.

Tabela 4 – Resultados estatísticos da força de ruína pelas normas versus forças experimentais
ESTATÍSTICA Fu/Fu, NBR (a) Fu/Fu, NBR (b) Fu/Fu, ACI Fu/Fu, CEB

Média 1,19 1,18 1,39 2,69


Desvio Padrão 0,32 0,27 0,46 0,92
Coeficiente de Variação (%) 27% 23% 33% 34%

Observou-se que os resultados dos pilares com excentricidade relativa e/h ≤ 0,15
apresentam uma maior dispersão em comparação com os demais, apresentando uma
relação média Fu/Fu,NBR(a) igual a 1,51 para o método aproximado do Pilar Padrão com
Curvatura Aproximada e uma relação de Fu/Fu,NBR(b) igual a 1,45 para o método
aproximado do Pilar Padrão com Rigidez Aproximada.
O método aproximado do ACI 318M-02 apresentou uma relação média de Fu/Fu,ACI igual a
1,85, enquanto o MC-CEB (1990) apresentou uma relação média de Fu/Fu,CEB igual a

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3,59. Tais resultados indicam que a força de ruína desses elementos foi altamente
subestimada.
Os demais pilares apresentaram bons resultados de estimativa de força de ruína pelos
métodos aproximados da ABNT NBR 6118:2003, apresentando uma relação média de
Fu/Fu,NBR(a) igual a 0,92 para o método aproximado do Pilar Padrão com Curvatura
Aproximada e uma relação média de Fu/Fu,NBR(b) igual a 0,95 para o método aproximado
do Pilar Padrão com Rigidez Aproximada.
O método do ACI 318:2002 foi o que apresentou melhores resultados, nesse caso,
apresentando uma relação média de Fu/Fu,ACI igual a 1,02.
O método aproximado do MC-CEB (1990) apresentou resultados muito conservadores,
apresentando uma relação média de Fu/Fu,CEB igual a 1,96.
Considerando todos os pilares, o método do Pilar Padrão com Rigidez aproximada
apresentou uma relação média de Fu/Fu,NBR(b) igual a 1,18 e o método do Pilar Padrão com
Curvatura Aproximada apresentou uma relação média de Fu/Fu,NBR(a) igual a 1,19. Já o
método aproximado do ACI 318M-02 apresentou uma relação média Fu/Fu,ACI igual a 1,39,
enquanto o método aproximado do MC-CEB (1990) apresentou uma relação média de
Fu/Fu,CEB igual a 2,69, subestimando a capacidade resistente dos pilares.

6 Conclusões
O objetivo do presente trabalho foi desenvolver um estudo comparativo dos resultados de
carga de ruptura estimados pelos processos aproximados de algumas normas em relação
aos resultados de pilares birrotulados de concreto armado ensaiados em laboratório. As
conclusões ora apresentadas restringem-se aos 9 pilares ensaiados a flexo-compressão
normal.
De um modo geral os pilares com excentricidade inicial menor que 18 mm (e/h = 0,15)
apresentaram valores conservadores de força de ruína estimada pelos métodos
aproximados em comparação com os pilares ensaiados.
O processo aproximado do Método do Pilar Padrão com Curvatura Aproximada da ABNT
NBR 6118:2003 apresentou bons resultados de previsão da força de ruína dos pilares
ensaiados, exceto para os pilares com excentricidade relativa e/h ≤ 0,15 (e = 18 mm) que
apresentaram resultados mais conservadores de estimativa de força de ruína.
O processo aproximado do Método do Pilar Padrão com Rigidez Aproximada da ABNT
NBR 6118:2003 apresentou bons resultados de previsão da força de ruína dos pilares
ensaiados. O método apresentou melhores resultados para os pilares com excentricidade
relativa e/h ≥ 0,25 (e = 30 mm).
O processo aproximado do ACI 318M-02 apresentou resultados conservadores de
previsão da força de ruína para todos os pilares ensaiados. Seguindo a tendência dos
processos aproximados da ABNT NBR 6118:2003, foi verificado que para excentricidades
relativas e/h ≤ 0,15 (e = 18 mm) o método apresenta também resultados mais
conservadores de estimativa de força de ruína.
O processo aproximado do MC-CEB (1990) foi o que apresentou resultados mais
conservadores de previsão da força de ruína, apresentando um conservadorismo
exagerado principalmente para os pilares com excentricidade relativa e/h ≤ 0,15 (e = 18
mm). Vale observar que o processo do MC-CEB (1990) é o único que leva em conta a
distância entre as armaduras, o que justifica o conservadorismo do método.
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Vale ressaltar que devido à grande dificuldade de se aplicar um carregamento com
excentricidade inicial pequena nos pilares, é necessária a realização de mais ensaios na
faixa de excentricidades relativas e/h ≤ 0,15. Os resultados ora obtidos limitam-se ao
universo dos pilares testados.

7 Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118 - Projeto e execução
de obras de concreto armado e protendido – procedimento. Rio de Janeiro, 2003.

AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. Building code requirements for structural


concrete (ACI 318M-02) and commentary (ACI 318RM-02). Farmington Hills, 2002.

ARAÚJO, J. M. de Métodos simplificados para consideração dos efeitos de segunda


ordem no projeto de pilares de concreto armado. Revista IBRACON, Nº 27, p.3-12,
São Paulo, Nov./Dez., 2001.

CEB-FIP Model Code 1990 – Design Code. Thomas Telford, 1993.

DANTAS, A. B. Estudo de pilares de concreto armado submetidos a flexão composta


reta. Dissertação de Mestrado, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental,
Universidade de Brasília, 2006.

MELO, C. E. L. Análise experimental e numérica de pilares birrotulados de concreto


armado submetidos a flexo-compressão normal. Tese de Doutorado. Universidade de
Brasília – UnB. Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, 2009.

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