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Eduardo Vinícius da Silva Ribeiro

Tarefa 5 Eduardo VSR


MOTIVAÇÃO

USP-EEL
2020
A teoria da expectativa de Vroom
A motivação, sob o ponto de vista da psicologia, refere-se às condições que in-
fluenciam a direção de comportamento de um indivíduo; posto de outra forma, pode-se
entender a motivação como um impulso interno que leva a uma determinada ação. O
estudo da motivação, portanto, busca compreender os motivos que levam um indivíduo a
tomar determinadas decisões ou iniciar e manter certos comportamentos. Segundo Lobo
(1975), a motivação pode ser sintetizada em dois termos: a orientação para a obtenção de
um objetivo; o conjunto de todos os fatores que incitam e dirigem o comportamento de
um indivíduo.
Grande parte das concepções contemporâneas do conceito de motivação e, também,
das teoriais atuais que tratam da motivação, têm sua origem no hedonismo (VROOM,
1964). O hedonismo1 é uma doutrina filosófica grega que prega que a busca pelo prazer
e a prevenção do sofrimento são as únicas componentes do bem-estar humano; o maior
representante dessa doutrina foi o filósofo Aristipo de Cirene, aluno de Sócrates. Outra
teoria filosófica, que é baseados no hedonismo e que também influenciou as teorias modernas
de motivação é o utilitarismo dos filósofos ingleses John Stuart Mill e Jeremy Bentham
(VROOM, 1964). O utilitarismo leva as ideias hedonistas a um nível coletivo, pregando
que as ações de um indivíduo devem levar ao máximo possível de felicidade e bem-estar
para todos os indivíduos afetados.
A motivação dentro do ambiente de trabalho é um dos principais campos de estudo
da psicologia organizacional. De fato, nos últimos anos, a tendência no ambiente de trabalho
é que a produtividade e a motivação/bem-estar dos empregados estejam alinhadas, sendo a
motivação dos colaboradores um fator determinante no crescimento econômico da empresa.
Uma das principais teorias que buscam entender a motivação das pessoas dentro de um
ambiente corporativo é a Teoria da Expectativa de Vroom. Elaborada pelo professor
Victor Vroom, da Yale School of Management da Universidade de Yale, em 1964, a Teoria
da Expectativa busca explicar o comportamento das pessoas no ambiente de trabalho
a partir das diversas variáveis dinâmicas presentes no ambiente (como clima, estrutura,
oportunidades, reconhecimento etc.).
Segundo Lobo (1975) Teoria da Expectativa baseia-se na premissa geral de que a
motivação para o desempenho de um invidíuo é pautada na antecipação que o mesmo faz
de eventos futuros, ou seja, nas expectativas que o indivíduo tem acerca das consequências
advindas de suas ações. Considerando, adicionalmente, que um indivíduo tem preferência
de certos resultados em detrimento de outros, o mesmo pauta suas diferentes ações de
acordo com a probabilidade de ocorrência dos resultados e um determinado valor atribuído
aos mesmos. Mais especificamente, a motivação é dependente de três fatores (LOBO,
1
Do grego ηδoνισµóς, que vem de ηδoνη, que significa prazer.
1975):

1. o atrativo (valência) de certas recompensas ou resultados que advêm de tal desempe-


nho;

2. das percepções que se tem da força que apresenta a relação entre o desempenho e a
ocorrência dos resultados (instrumentalidade);

3. da percepção do vínculo que existe entre o esforço orientado para o desempenho e o


subsequente desempenho efetivo (expectativa).

Segundo o próprio Vroom (1964, p. 14-15) “supomos que as escolhas feitas por uma
pessoa, dentre os cursos de ação alternativos, são legitimamente relacionados a eventos
psicológicos ocorrendo simultaneamente ao comportamento”.
É importante clarificar o que significa cada um dos fatores introduzidos por Vroom.
A valência diz respeito à utilizade que se espera de um resultado obtido (uma promoção,
por exemplo). A instrumentalidade, por sua vez, se refere à percepção do indivíduo com
respeito à probabilidade de ocorrência de um dado resultado logrado a partir de um
dado nível de desempenho. Por fim, a expectativa refere-se à percepção do indivíduo da
relação entre as mudanças no seu esforço e as mudanças no nível de desempenho. São as
possibilidades percebidas pelo indivíduo e não as probabilidades objetivas que possuem
implicações motivacionais (LOBO, 1975). A teoria, portanto, sustenta que a tedência de
agir de determinada forma é determinada pela expectativa de que essa ação trará um
resultado, bem como, a atração que esse resultado exerce no indivíduo (GRIZON; SOAVE;
CISLAGHI, 2014).
Pode-se considerar a influência de todos os fatores citados através da seguinte
equação:
Motivação = expectativa × instrumentalidade × valência; (1)
de modo que a motivação é não nula desde que todos os fatores sejam diferentes de zero.
Isso é uma forma de ilustrar que todos os fatores devem estar presentes para que um
dado indivíduo tenha motivação; adicionalmente, à medida que os fatores aumentam, a
motivação também cresce. (EDUARDO, 2009).

Referências

1. EDUARDO, Angelita. Fatores motivacionais: um diagnóstico segundo a teoria de


Vroom da cooperativa de economia e crédito mútuo dos servidores públicos do Vale
do Itajaí. 2009. Trabalho de Conclusão de Estágio (Bacharelado em Administração) -
Universidade do Vale do Itajaí, [S. l.], 2009. Disponível em: <http://siaibib01.univali.
br/pdf/Angelita%20Eduardo.pdf>.
2. GRIZON, Camille Luiza; SOAVE, Cláudia; CISLAGHI, Tatiane Pellin. Motiva-
ção Sob a Ótica da Teoria da Expectativa: Um Estudo de Caso em uma Ins-
tituição de Ensino Superior Pública. XIV Mostra de Iniciação Científica, Pós-
graduação, Pesquisa e Extensão - Universidade de Caxias do Sul, [s. l.], 2014.
Disponível em: <http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/mostraucsppga/
mostrappga2014/schedConf/presentations>.

3. LOBOS, Julio. Teorias sobre a motivação no trabalho. Rev. adm. empres., São
Paulo , v. 15, n. 2, p. 17-25, abr. 1975 . Disponível em: <https://doi.org/10.1590/
S0034-75901975000200002>.

4. VROOM, Victor Harold. Work and Motivation. Nova York: John Wiley & Sons,
1964.

Entrevista
A pessoa escolhida para a entrevista foi minha irmão, Lídia, formada em 2017 em
engenharia ambiental pela EEL-USP. Desde 2018 ela trabalha como diretora da câmara
municipal de Redenção da Serra (SP) e, em 2020, começou uma segunda gradução, em
engenharia química, também na EEL-USP.

1. O que mais te motiva (motivava) no trabalho? Dê um exemplo.


Resposta: O que mais me motiva é saber que o meu trabalho pode influenciar no
desenvolvimento da cidade e, consequentemente, dar mais oportunidade de vida para
os munícipes.

2. O que mais te desmotiva (desmotivava) no trabalho? Dê um exemplo.


Resposta: O que mais me desmotiva é a falta comprometimento dos demais funcio-
nários e o jogo de interesse político (que está mais interessado em fazer carreira do
que trazer algum benefício para a população).

Das respostas dadas, pode-se observar, de imediato, duas características: o fator


de motivação é de natureza utilitarista; o que serve de motivação é uma busca pelo bem
comum (no caso, dos habitantes da cidade); o fator desmotivamente, por sua vez, é um
hedonismo egoísta, também chamado de egoísmo ético, originado no interesse dos políticos
da cidade em proporcionar apenas o benefício próprio em detrimento do interesse comum
(ou, pensando em termos dos benefícios ao político e às pessoas em seu círculo, uma espécie
de utilizarismo restrito).
É possível identificar a presença dos fatores listados por Vroom, permitindo analisar,
de maneira qualitativa, a motivação que contrapõe a desmotivação. Existe uma expectativa,
a saber, dar mais oportunidades aos munícipes; essa expectativa possui uma valência,
dado que um dos fatores que motiva a permanência no emprego é a percepção de ajudar a
construir um bem-estar coletivo; há também uma instrumentalidade, devido ao fato de
que a boa execução da função está diretamente ligada ao bom funcionamento da câmara,
fator importante na construção de um estado de bem-estar (mesmo que apenas político)
da cidade.
A análise feita acima mostra o caráter utilitário da motivação. Há, também, uma
parte hedonista, que visa o bem-estar próprio. A aquisição de experiência de trabalho,
visto que este é o primeiro e, até então, único emprego formal de minha irmã, e o fator
econômico são, certamente, resultados que possuem uma valência elevada para motivar a
permanência em um emprego fora da área de formação. Além disso, o fato do emprego ser
um cargo público dá mais liberdade para que ela possa cursar uma segunda graduação
possuindo autonomia financeira e mais independência. É possível notar a instrumentalidade
da permanência no trabalho como um meio de se alcançar o objetivo de cursar a segunda
graduação (e, eventualmente, mudar para um emprego na área de formação).

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