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ISSNI413·]B9l Te.as em Psitalogia daSSP · 2002. Val1D. n' 2.

115·m

oQue revelam as leses e dissertações sobre a aUlopercepção


do portador de necessidades especiais?'

Leila Regina d'Oliveira de Pa ula Nunes


Universidade du Estado do Rio de Janeiro

Rosana C lat
UniverJ'idade do Estado do Rio de Janeiro

Júlio Rom eroFerreira


Univenidade Metodista de Piracicaba

EnlcélaConçalves Mcndes
Universidade Federal de Silo Carlos

Kcly l'crcira de Paula


Universidade Federal do Espírito Santo

l\ briu Lúcio Nogueira


Umversidade do Estado do Rio de Janeiro

Resumo
A visão de mtmdo apn:SClIlOOa pelo ponador de necessidades educacionais especiais raramente é levada em
colIsidcmçi'lonasocicdadedemodogeral,ass1lllCOlllO nas praticas educalivas. A análise da produç1lo discCIlle dos
PrognunasdePós-Grnduaçãoem Educaçi'locPsioologia revelou quc:, em 22 teses e dissertaçôes, foi dada a voz a
cssesindividuosparaexpressamnsuavis.lodemlllldoedesiprópfios.ApopuJaçãoouvidainçluiucrianças,
ndolesc<mtes e adultos, portadores de dcficil.'ncia mental, rISica, visual, auditiva, mliltipla ou com altas habilidades
Colhida em entrevistas livresesemiplanificadas,a raladossujeitosm0!01rou-se IÚnwessada. dooomeçoaofIm, pelas
marcas do estigma. Orelatoda maioria revelou que sua aulo-imagem estavadiretamentc vinculada à peKqlÇãoquc:
os outros tinham a respeito deles, sendo, com isto, formada pelos estere6úpos e precon;:eilO:S, que têm sua
concretizaçao na exdusllo efetiva desses individuos dos espaços sociais, resultando em uma maI"Call1C limitação
existencial
Palanas·c!lm: portador de necessidades especiais, autuperc~pçao, vis~o d~ mundo, estigma

I. Trabalho apresentado no Simpósio Análise da produção discente dos Programas de Pós·Graduaçào em Educação e
Psicologia sobre indivíduos com necessídades educacionais especiais, XXXI Reunião Anual de Psi cologia da Sociedade
Brasileira de Psico logia, Rio de Janeiro - RJ. outubro de 2001
Endcreo;:o para corrcspondência: Rua dos Artistas. 204. Apto 104, Tijuca, CEP20511·130, Rio de Janeiro - RJ, fones: (21)
2268·9154 e (21) 2587.7457, fone/fax: (21) 2587·7188, e·m3il~: nuneslr@ucrj.br e l eilareginan uoe~@holmaiLcom e
nunesleila@bol.com.br.
Apoio fInanceiro CNl>q, FAPESP e UERJ .
Agradecemos acol abordçãodos assistentes de pesquisa: AnaCristina B. Cunha, Claudia de Quadros Ramos, Débora Nunes,
Jorge Tadeu Juneken, Márçja Imaculada de Souza. Nelson Dagoberto de Matos. Robena Gomes Nunes,Tania Muller e
Tere~iohaSirleydeS"uza
"i Lll.'.•,IU,l""-J.l FlIIIÍIll.'.•h.a.LP.'ilIIIItL ••!"n

Whaldotbesisanddissertationsrevealabouttllesell·perceptionulpeoplawithspecialneeds1
Qslratt
111e way peoplewilhspecial needs viewthe world is rarclycOflsidercd bythe socicty in general as wcll
asbylhceducalÍonalpracticcs.AnanaJysisofthescientifiçproductionofgraduateprogramsin
Educalion and Psychology showed 22 master thesis and doctoraJ diSSer!at ions whcre lhes;: individuais
weTC invited toexpress Iheirfcelings aboutthemsclves andthcirownlives. Thcsubjects weTe children,
tcenagers,andadultswithmental,physical,sensorialormultiplehandkaps,llSwellasgiflcdabilitics.
Free and semi-structured interviews weTe used 10 collcel panicipanlS' verbalizations, which were
marlted by lhe sligma. Subjects reporte<! lhat Iheir self images wcrc direclJy cOfIllccted to the way
olhcrsperccivclhemandshapedbyslereolypes.Thecollse<juentialexdllSionoflhispopuJalionfrom
the main social relatioll5cstablishes a remarkable exiSlential limitatio n.
11, wllds: people wilh special need5, self perceplion, view ofthe world, stigrna

Em seu processo de socialização, o homem tradicional, o portador de necessidades especiais é


constrói sua visão de mwuio e de si mesmo. Neste percebido cm scu ambiente social corno wn ser com
processo, ele asswne posições e papéis sociais, exibindo desenvolvimento diferenciado. Em sua vida cotidiana,
atitudes e condutas continuamente avaliadas por seu assim como em seu atendimento educacional e clinico,
grupo social e intemalizando as normas do sistema freqlkntemente são os pais e ~fIssionais que tomam
social. O desenvolvimento destas normas, que todas as decisões. Com efeito, a visão de mWldo e de si
determinam atributos e condutas considerndos COfTlW1S, próprio deste indivíduo raramente é levada em
"narurais"edesejáveis,visamanterooesãoeestabilidade coruideraçoo na sociedade em geral assim como nas
da vida coletiva (GolTman, 1982; Mercer, 1973). práticas educativas. Entretanto, como Bogdan e Taylor
Aqueles que, volWltária ou involWltariamente, por suas (1976)jádenWlCiavam,hámaisdeduasdécadas,cstas
características tisicas, comportamentais ou mesmo pe:ssoastêrn sua própria conlpn:ensão sobre si mesmas,
raciais, não correspondem às expectativas sociais suasituaçooesuasex.pcriéocias,aqualparece serdistinta
estabelecidas e, ponamo, violam as normas, s.ão daperspectivadeseuspaise~fIssionais.Oquea
considerados anormais (ford da norma), excepciolUlis pesquisacientificareccntetcmadi7.ersobreestctema?
(exceções) e desviantes (dissidentes), sendo, Em wna investigação sobre teses c disscttações
conseqUenlemente, excluídos, total ou parcialmente do dos programasde Educaçãoe Psioologia voltadas para o
convivio social (Amaral. 1994; Glat, 1989, 1995: individuo com necessidades educacionais especiais
OmOle, 1994, 1997; Goffinan, 1982). (portadoresdedeficirncias, altas habilidadesedistúrbios
Uma das condições existenciais mais graves de conduta) e defendidas em 27 universidades
associada à exclusão que sobremaneira a pessoa com brasileiras, constatou-sc que o terna autopcrcepção do
necessidades especiais éoestigma. A partir do momento portador de necessidades especiais foi abordado em 18
cm quewn individoo érotulado,freqüentemcnte através dissertações de mestrado e quatro teses de doutorado
de wn diagnóstico de "exce~ional", todas as suas (Nunes, Ferrcirae Mendes, 200 1; Nunes, Glal, Ferreirae
atitudes e comportamentos, assim como SU3 expressão Mendes, 1998). Apó5 a leitura na intcgradccadacstudo,
de subjetividade, passam a ser vistas sob a ótica da ernrea!izadaa análise a partirde wn roteiro e assim eram
"anonnalidade". Em outras palavras, todas as suas identificados: objetivos, tema, referencial teórico, local
manifestações humanas serão consideradas como (cidade,instituiçãoescolarounãoescolar),participantes
excmploo das supostas caracteristicas de seu quadro (categoria, faixa etária e nível socioecooômico) ou fonte
patológico. Deste modo, dentro da eoncepçãoclinica de dados, população-alvo, metodologia de pesquisa,
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procedimentos, tipo de revisão bibliográfica e cOIlcepção do local de moradia e até mesmo ao medo de serem
de deficiência expressa pelo autor. Os resultados e ridicularizadas. Os profissionais que aruam na área de
implicações dos estudos eram igualmente descritos e deficiência mental não pareceram exercer um papel de
analisados. destaque no cotidiano das participantes, ainda que,
Os estudos sobre autopereepção focalizaram quando se referissem a eles, fizessem·no de forma
crianças em idades pré-escolar e escolar, adolescentes positiva. A maioria falou de seus namorados, rapazes
e adultos ponadores de deficiência mental, visual, au- da própria instituição e mesmo "de fora", de forma
ditiva, fisica, multipla e portadores de altas habilida- bastante ingênua e platônica, não tendo sido abordados
des. Dezesseis estudus fUfllm des.:ritivos, cinco cons- temas como casamento e filhos. Sentimentos como
tituíram estudos de ca.'iO e somente um experimental. amor, desejo, raiva, ciúmes, medo e insegurança
Uma apresentação sumária dos objetivos, referenciais estavam presentes na vida destes individuos.
teóricos, participantes, metodologia de pesquisa e A locomoção foi percebida como o primeiro sinal
principais resultados dc cada tese ou dissertação, as- de independência, mesmo que "ivenciada com
sim como a indicação da universidade onde as mes- dificuldade por parte de algumas deficientes mentais.
mas foram produzidas, encontra-se no Anexo 1. Apesar de elas descreverem atividades nonnais de lazer,
quase sempre estavam acompanhada!; nCSlimi atividades,
já que eram tratadas por seus pais de forma
Estudos sobre a autopeJcepção de indM"dulls com deficiência superprotetora. Importância fundamental na vida dessas
mental mulheres era o scryiço doméstico prestado em casa, o
Partindo da proposta de priorizar a ver.>ão dos qual pareceu ser indicativo de capacidade produtiva e
indivíduos e~tigmatizados , Glat (1988) realizou integração no paJX"1 feminino reconhecido culturabnente
entrevistas abcnas no contCl:to do método de história de como "nonnal". Trabalhar fora, no entanto, foi wn dos
vidi, com mulheres com deficiência mental, alunas de principais desejos da vida de v.mas entrevistadas e a
três instituições especializadas, cujas idades variavam escolha da profissão pareceu estar baseada nas
entre 13 e 60 anos, com o propósito de averiguar como a experiências do meio familiar e social pról:imo.
condição de deficiente af~tava suas el:pcriências, visilo Poucas das entrevistadas falaram sobre
de mundo e idt:ntidade pessoal. A análise dos dados alfabetização e, quando o fizerdm, afirmavam saber
revelou que a maioria das panicipantes morava com ler e es.:rever tudo. Algumas admitiram sua falta de
pais e innãos, referindo-sc à família com carinho, ainda instrução, exprimindo o desejo de aprender mais.
que um terço tenha denunciado problemas familiares Apesar de as entrevistadas serem classificadas como
graves, variando desde questões financeiras até deJicit:ntes mentais e fazerem parte de uma instituição
violência fisica. Percebeu-se certo grau de dependência especia!i7A.da, a maioria não se referiu a isto nas
familiar mÚNa, prejudicando o crescimento emociunal entrevistas. Para elas, não havia clareza quanto a seu
tanto dos pais quanto dudeficit:nte. A çonvivência com diagnóstico preciso. Poucos sujeitos relataram uma
os colegas da instituição representava para a maioria o autopercepção de deficiente mental. Isso, segundo a
úniçocOllvjvio social fora docireulo familiar. Algumas autora, pode ser devido a vários fatores como o fato dc
atribuíram o fato de não terem ami7A.de com pessoas serpard das algo tão do!oroso, que preferiam não fa!ar
não deficientes à falta de oportunidade OU cw,JÇtt:ristiças para evitar tensão ou ansiedade.

2. O método de história de vida consiste em entrevistas abertas, isto é, sem roteiro predetenninado, nas quais se pede aos
sujeitos para falarem livremente sobre suas vidas, ou sobre um dctenninado período ou ainda acontecimento do qual
participou. A partir das colocações do sujeito, o entrevistador vai formu!ando outras perguntas para aprofundar ou esclarecer
detenninado pontn. O aspecto fundamental desta metodologia, porém, é que a direçAo da conversação e os tópicos a serem
abordados, em vez de serem induzidos peto entrevistador (como. por exemplo. na entrevista semi-estruturada), silo escolha
espontânea do sujeito
)31 LR. D. P. Nun.l. "II.J.I. FtflMa,l &.lh.n. l P. Palb 111. LMOI"'"

Para a autora, entrevistar pessoas portadoras vos brevemente se perderam ante a situação solitária e
de deficiência mental representa uma mudança desmotivante e frente às dificuldades cmocionais com
radical do objeto de estudo e da própria relação do as quais deparavam. Os sujeitos lentamente iam-se
pesquisador com o sujeilo,já que se deixa de analisar scntindo abandonados pelos professores, desinteres-
a docnça ou desvio para compartilhar sua vida. Glat santes para os pais, desprezados pelos colegas e duvi-
concluiu que, na verdade, as pessoas com deficiência dosos quanto às suas próprias capacidades para apren-
mental não formam um grupo homogêneo, der. Logo foram rotulados de deficientes. Tais senti-
qualitativamente diferente do resto da população mentos foram sendo introjetados formando uma im3-
Saraiva (1993), utilizando entrcvistas semi- gcm ncgativa e distorcida de si mesmos. Os sujeitos
estruturadas, colheu dcpoimentos de 26 individuos passaramaidentificar-secomorõtulo,emboratenhaa
com deficiência mental de ambos os sexos. alunos de autora constatado que apresentassem disposição para
uma instituição cspecializada, com idades variando superá-lo e tenlar a retomada de urna trajetória de nor-
entre 14 e 57 anos. O relato da maioria dos sujeitos re· malidade.
velou que sua auto-imagem era claramente deprecia- As mães percebiam-se despreparadas para li-
tiva e diretamente vinculada à percepção que "os darcomadefieiênciadofilho,apresentandocompor-
outros" tinham a respeito deles; em outras palavras, lamentos ambivalentes, ora considerando seus filhos
demonstraram plena consciência dopreconceilo e es- norm~is, negando a deficiência, ora especiais, lratan-
tigmatização social de que eram vítimas. Confirman- do-os com superproleção. A professora de classe es-
do os dados da pesquisa de Glat (1988), foi visto que pecial sentia-se solitária, insegura e despreparada
estas pessoas, via de regra, não tinham participação para ensinar crianças especiais e, da mesma forma
efetiva na vida social de sua comunidade, limitando que os pais, o rótulo de seus alunos se estendiam à
sua atuação aos ambientes protegidos de sua casa e professora da classe especial. Fulgêncio concluiu
instituição. A rua era vista como tun espaço onde se que, apesardasdifieuldadcs,osa!unoscspcciaisluta-
deseja penetrar através do trabalho e lazer; mas como vam diariamente para vencer os obstaculos e supera-
esta inserção, na prática, não se realizava, para a rem os rótulos aeles impostos contando com o apoio
maioria do grupo entrevistado a rua se configurava dt: professores corajosos, perseverantes e abnegados
como um local ameaçador, de violência, sendo ape- que, na maior parte do tempo, realizavam suas ativi-
nas um caminho - perigoso - entre casa e escola dades sem acompanhamento e supervisão técnica e
As conclusões dos estudos de Glat (1988) e mães que, apesar do sofrimento familiar, huscavam a
Saraiva (1993) foram respaldadas pelos dados de revers~o do fracasso escolar de seus filhos.
Fulgêncio (1997) que procurou identificar a aUloper- Nesta mesma linha de pensamento, Camargo
cepção de três deficientes mentais com idade entre lO (1987) convidou deficienlt:S momlais t:ducáveis, alunos
el5anos,freqüentadoresdeclasseespecialhaviapelo de classe especial, na faixa etária de 7 a 16 anos, a
menos dois anos. Foi pedido aos alunos que falassem descrever e avaliar seu próprio desempenho em
sobre sua vida na classe especial e às m~es sobre como atividades caseiras, lúdicas e escolares c a relatar como
sesentiamfrcnteaofatodeseufilhoestarnaclassces- os outros avaliavam eSle desempenho. Os dados
pecia1. As proft$soras destes sujcitos foram igualmen- revelaram que tanto meninos quanto meninas
te entrevistadas. Os relatos dos alunos mostraram que participavam de atividades de limpeza, manutenção
o ingresso na escola Coi o primeiro momento do pro- cascirae préstimos quecontribuiam paraasobrevivéncia
ccsso de alllO- desvalorização, frustração e vergonha. da família, ainda que os primeiros se dedicassem a uma
A passagem para a classe especial foi vista como uma maior variedadc dc atividades. Os interesses lúdicos dos
nova chance para aprender a ler e escrever e superar os mt:ninos e meninas apresentaram-se semelhantes quanto
fracassos anteriores. No entanto esses aspectos positi- à categoria brincadeiras infantis (pega-pega, esconde,
roda), porém se diversificaram quanto à variedade das COnt quem estabelecia contato. Dentre outros,
mesmas. Em sua auto-avaliação, os sujeitos sentiam-se destaca-se wn "eu ferido/incapaz" caracterizado
real i:tando produções satisfatótias em casa, contrapostas pela imagem deprecialiva que o narrador tinha de si
às atividades escolares avaliadas com indicativo de mesmo. Seu encaminhamento para uma instituição
inaptidão. Sua avaliação, realizada pela escola, era especializada legitimou e provocou a aceilação dessa
permeada de insucessos e incapacidades, indicando wna incapacidade, lanto pelo aluno como por sua família,
maior exigência quanto a seu desempenho acadêmico. demonstrando a força lanto de segregação como de
Em casa, as reaçõe5 dos outros ITentea seu desempenho identificação com o grupo dos rotulados como
destacavam a aprovaç3ocomo maior que a reprovação, incapazes. Dessa forma, a trama das re lações
enquanto, na escola, eSla relação se invenia. Assim, a imprimiu ao narrador uma autopercepção na qual a
escola firncionava eomo um agente responsável não idéia de incapacidade prevaleceu.
apenas pela reproduçllo de ordens para refazer tarefas, A imagem de incapaz foi-lhe imposla e, em sua
mas também pela manifestação de agressão thica e narrativa, o sujeito demonstrou o esforço para negá-Ia
verbal. Os sujeitos, a partir das percepções e pois aceitá-la significava aceitar a autopercepção do
representaçõessociaisdasoutraspessoasquclliccram ·eu louco/deficiente·' da APAE. Em seu relato, o
significativas, constnlíam uma auto-avaliaçllo carregada participante negava essa imagem aceitando apenas que
de aspectos negativos e positivos, porém com possuía dificuldades localizadas quanto a tarefas que
predominância dos últimos. A autora obsctvou duas envolviam o aprendizado escolar, mas rejeitava a idéia
fonnas próximas de autopcrcepção: uma rebaiUUÚl, de loucura/deficiência oriunda da generalizaçllo dessas
tendoem vista suas expectativas pessoais e seusniveisde dificuldades, ou seja, o estigma. Neste momcnto,
aspiração diminuídos e outra de n egaçíJo, pois o aparecia wna lI.utopercepção do "eu sobrevivente ..,
indi\'íduo, embora pen:ebesse diferenças sempre povoado de capacidades e projetos, aquele que lutava
apontadas pelos demais, em algwnas situações, era contra os rótulos de fracassado e incapaz. O sujeito
encorajado e estimulado, o que parecia negar sua reconhecia suas dificuldades na escola, mas procurava
incapacidade. Segundo a autora, os sujeitos tomaram-se mostrar suas capacidades no trabalho.
deficientes na escola, a qual, destacando suas difCTt.-'I1Ç3S O método utilizado por Denari (1997), em sua
e promovendo atendimento segregado, explicitava e tese de doutorado, foi dermido como uma análise
lcgitimav3 a deficiência mental. cornpreensivade base fellomenológica, para revelar o
Assim como Glal (1988), Abrantes (1997) modo com que adolescentes deficientes mentais, entre
utilizou a história de vida como técnica para II e 17 anos., vivenciam, compreendem e dão sentido
compreender o impacto da exclusão escolar e ao mundo e ações que ocorrem nas relações sociais
segregação de aluno com deficiência mental sobre Percebendo mudanças em seus corpos, em suas
sua própria identidade. O sujeito de 16 anos de idade maneiras de se relacionarem consigo próprios e com
havia sido excluido da escola regular e freqUentava, adultos, os participantes de ambos os sexos falaram
no momento da pesquisa, uma instituição de ensino sobre seu corpo, relacionamento com amigos e
especial (APA!::). A experiência escolar teve papel parceiros do sexo oposto, namoro, casamento, filhos e
decis ivo em sua vida, transfonnando-se em um abordal1lm temas delicados e atuais que fazem parte do
acontecimento que gerou mudanças radicais em suas universo de preocupações de qualquer adolescente,
relações com o mundo. O autor destaca alguns eus como transa, virgindade, gravidez, contracepçilo,
surgidos no decorrer da narração demonstrando que a drogas, doenças sexualmente transmissiveis e formas
história de escolarização deste aluno foi povoada de de prevenção. Os dados analisados mostraram que,
frustrações e e)(clusõcs e as representações a respeito para algumas famílias e educadores, prevalecia a
de si mesmo estavam intimamente ligadas às pessoas coocepçãode que há (ou não) wnasexualidade própria,
'li Li,Q.'."11S.1GIat.J.l.hl1ljrtL'.II..fn.l'.Pallallll,L."II~

inerente à pessoa deficiente. Muitos profissionais pesquisador, como se envolvia com a atividade,
ativetam-se à falsa convicção de que quanto menos procurando COOlpreender aintençãode cada participante
informações forem dadas aos deficientes sobre a narealização das fotos e observando os significados que
sexualidade, mesmo comprometendo a qualidade de llies crnm atribuidos por seus próprios autores
Sllllautoperçepção,rncnorscrn aprobabilidadc de sua O autor verificou que não havia foto aleatória,
manifestação, quer através de cOffiJX)ltamentos, qi.ler produzida por simples ato mecânico; em cada foto
atmvésdequesrionarncntos.Asdcçlaraçõcsdosjovens, parecia haver a intenção de seu autor. As fotos de-
a respeito de suas manifestações da sexualidade, monstravam que, com apenas alguns cnnceitoscomo
facilitaram oenlendimento de que os problemas dela longe e perto, podiam-se expressar através da foto-
decorrentes atrelava-se à visllo social a que sc grafia. A tomada de consciência de seu processo de
encontmvam submetidos, de cunho basicamente criaçãoocorriaquandoeadaumcontavaverbalmente
restrilivoe estigmatizante o que havia feito. Não era. contudo, um processo uni-
A escuta atenta oi. expressão do portador de camente verbal, posto que !>C apoiava na imagem pro-
deficiência traz, contudo, wna visão positiva, atestada duzida. Alguns jovens que haviam manifestado difi-
}Xlos três esrudos apresentados a seguir. Cardia (1992) culdades para falar espontaneamente sobre si mes-
investigou o processo interativo de pessoas com mos no estudo piloto, agora sentiam-se mais cstimu-
ocfiçiência mental em uma situação de entrevista A lados através do apoio da imagem sobre a qual po-
pesquisa foi desenvolvida em duas instituições diam referir-se e descrever. Algumas vezes tomavam
et.peáalizadas em treinamento profissional c contou a iniciativa de contar e mostrar aos colegas comoha-
com a participação de dois alunos adultos. Nestas
viam feito, sem que precisassem ser solicitados
entrevistas, os.'iUjeitosdiscorrcram sobre seu trnbalho e
Constatou-se, dessa forma, que a fotografia fdta por
atividades que desenvolviam na escola, além de sua
eles próprios estava sendo um importante instrumen-
interação com outros colegas c profissionais da
toparatro~3ssociais,alêmdefavoreceraconstmção
instituição. Osdados indicanun que odialogoprevaleceu
denarrativaol e organização do pensamento,
na estrutura geral das enrrevistas, mosrrando quc os
As es<:ollias temáticas revelaram um pouco do
sujeitos desempenhavam o papel que dcles era esperado
universo cotidiano de cada fotógrafo, dandoristasda~
em wna situação de entrevista, ou seja, fornecere buscar
pessoas que compunham o cirçulo social, com o quc
infonnaçôes. A autora concluiu que, conrrariamente à
cada um se ocupava e em que contextos transitavam. A
visão tradicional, o portador de deficiência mental é
sociabilidadceonível dcintcgraçãosocial dos
capaz dc participar na construção de wn discurso
participantes variavam: enquanto alguns sc ern:OIltruVwn
sib'llificativo. No cao;o, a disclL~são com os sujeitos
colaborou parn :I explicitação de al!,'IlllS problemas e em cenogr-dudeisolamrnto, tidtando-lhes oportunidades
de estar em contato com pessoas, outros apresentavam
esclarecimento de elementos importantes relacionados
ao processo de ensino-aprendizagem no campo da grande potencial para buscar um contato maior com
profissionaliz.açào pessoas, faltando-lhes porém espaços nos quais
Esta visão do portador de deficiência mental pudessem inserir-se. Os lemas escolhidos para as
apontada por Cardia foi corroborada pelos dados de fotografias foram todos propostos pelos próprios
Kohatsu(I999),quc estudou a expressão de deficientes panicipantcs. Mesmo quando se diziam sem assunto
mentais em uma ofieina de fotografia oferecida porele a ou lugares bonitos para fotografar, os participantes
dt:z aUolescrntes, alunos e ex-alunos de uma escola não pediam ajuda. Esta iniciativa foi percebida
especial, durantc quatro mescs. Durante a oficina. também na exploraçao e experimentação dos recursos
ob/;ervou o modo como cada participante reali7.ava suas dacâmernfOlográfica. A iniciativa demonstrada pelos
fotos - temas, técnicas, dificuldades, experimentação e participantes da pesquisa contraria os preconceitos de
inovações, como in teragia no grupo c com o que o ponador de deficiência, principalmente mental,
'"
nlio tem iniciativa própria sendo geralmente passivo e valia experieneiada pelos participantes estavam em
dependente. consonância com a imagem que a família e ,
De Carlo (1997) analisou, sob a ótica socio- principalmente, a escola construíram a respeitos deles.
histórica, elementos do contexto institucional e das in- Entretanto a consciência do estigma c cxcluslio social a
terações entre deficientes menlais c fisicos a fim de ve- que estavam sujeitos foi acompanhada pela disposição
rificar quc püS5ibilidades de funcionamento prãtico e de lutar contra tais rótulos de fracasso e incapacidade. A
psicológico as condições restritivas da vida cotidiana oportunidade de falar sobr~ si próprios mostrou
ofereciam aos sujeitos institucionalizados. Pela abor- igualmente capacidade de reflexão superior às
dagem ctnomctodológiea buscou investigar as refle- expectativas geradas por seu~ diagnootioos clínicos
xões dos sujeitos sobre sua realidade social no interior Como a grande maioria dos estudos incluiu adolescentes
daquela instituiçlio. Os dados mostraram que as condi- e adultos, sugere-se que novos estudos sejam conduzidos
ções institucionais empobrecidas restringiam as opor- dando vez e voz a crianças em idade escolar.
tunidades dos deficientes para o desempenho de suas
atividades práticas c seu funcionamento psíquico
complexo. Os internos cxpressaram scus sentimentos Estudos sobre a autopercepção de inlividuos com deficiência
de pertencer a rulla família e não pertencer à institui- visual
çlio, fizeram distinção entre deficiência e doençamen- Canejo (1996), partindo de sua própria expe-
tal e demonstraram pcrcd")Cr sua estigmatizaçlio e ex- riencia pessoal, utilizou a metodologia de história de
clusão da sociedadc. Quando lhcs foi dada a palavra, vida para analisar conseqilências c Iransfonnaçôes
surgiram respostas com aspectos reflexivos ainda que psicossociais sofridas pela pessoa que se toma cega na
rodimentares. Nas sessões de atividades, as internas idade adulta. A ênfase do estudo foi no processo de
demonstraram capacidade reflexiva e criativa, sendo reabilitaçlio, sendo colocadas em pauta as perdas s0-
capazes de modificar as narrativas e criar estratégias fridas decorrentesdadeficiência adquirida, bem como
par.! que fossem melhor compreendida.-; pelos interlo-- u caminho encontrado por alguns para superar as limi-
cutores. Quando motivadas para a reflexão. suas ela- tações impostas. A ocupaçlio profissional foi identifi-
borações manifestavam complexidade superior àque- cada pela maioria dos sujeitos como o requisito básico
la qlle se poderia esperar, çonsiderados apenas seus parn sua reintegração social, não só como fonna de
diagnósticos clinicos. Apesarde circunstâncias adver- ajustamento pessoa! mas também pela possibilidade
sas para seu desenvolvimento, em função da longa ins- de manter sua independência econômica e até, para al-
titucionalização, os sujeitos refletiam sobre suas con- guns, possibilitar o sustento de sua família. Ficou evi-
dições de vida c conseguiam demonstrar a existência denciado o desejo dos sujeitos por sua reabilitação e
de possibilidades reais de transfonnaçilo do desenvol- uma vida mais nonnal possível. A marginaliZllçilo
vimento humano e superação de suas limitações, causada pelo preconceito social, o relacionamento na
quando as relaçÕC5 intcrpcssoais eram dirigidas para maioria das vezes conturbado entre o deficiente visual
este objetivo. A autora propõe que, no planejamento e sua família e a desmistificaç~o da suposta "incapaci-
educacional para estes indivíduos, se invista na fonna- dade" docego em rclaçãoao trabalho e tarefas cotidia-
çilo de processos semiótieos e de pensamento, rcver- nas foram algumas das situações identificadas que
t~ndo a exclusiva preocupação com processos apontavam para necessidade de reversão. Este estudo
elementares (como treino de habilidades sensório-- mostrou, também, quc as rcaçõcs emocionais decor-
motoras e atividades de vida diária) e promovendo rentes da perda da visão na idade adulta podem dar-se
condições mais favoráveis para transfonnações do de fonna diferenciada, de acordo com a constituição
desenvolvimento e construção da subjetividade. psicológica de cada indivíduo e o meio qu~ o cerca,
Os estudos revistos sobre os portadores de principalmente sua estrutura familiar. Segundo a auto-
deficiência mental revelam que os sentimentos de minus ra, "a perda da vislio na idade adulta pode se apresentar
LR.D.P.NI"I.I.~III.J.I.rMti(I.!","tl~a.lP.PIIIIIIM.L ... ltill
'"
de fonna arras~dora para alguns, enquanto para semi-estruturadas. Nas palavras do aUlor, a escola
outros, com o passar do tempo, tomar-se apenas um ofereciaaoalWloludooqueafamiliadcveriaoferecer
inoonvenientedesagradável"(p.123). Ficou claro o aspecto paternalista, superprotetor e
Trabalhando igualmente com portadores de impcditivo, por vezes, de deixar que o "aluno caminhe
cegueira toIal, Kajahara (1991) adaplou wn programa de com as próprias pernas". A família também,
psicomotricidade de base holistica com o objeúvo de inadvertidamente, pensando estar ajudando, contribui
des.envolver a conscientização corporal,capacidade muito para esta castração. O autor constatou ainda
criativa,ex~oecomunicaçãoinlerpessoalnestes sentimentos de frustração nas narrativas dos
individuos.Otemaautopercepçãomarcouestecstudona entrevistados, devido à vivência de incomplctude. Na
medida em que havia a escula, antes e após a expressão dos alunos, podia-se compreender este
implementação do progrnrna, sobre li percepção dos scntimento de incomp1ctude como a falta da
participantes de seu próprio corpo em relação ao compreensão de todos. Entretanto houvc imcnção de
ambiente. Pelos dados obtidos, ficou clara a falta de autocritica desse universo, tendo as entrevistas apontado
consciênciaefamiliaridadedapessoacegacomrclaç!loa que a escola está pouco ativa, deixa a desejar. resiste às
seuprópriocorpoedoespaçoqueeleocupavano mudanças e, desse punto de vista, não eslilria cumprindo
rnlllldo,fatoresteque,senãotrabalhado,poderctardar plenamente os objetivos a que sepropõe. Na opinião dos
scu processo de reabilitação psicológica c social sujcitoscntrcvistados,a Edocação Espccial vai rcqucrer
Na mesma linha de pensamento de Kajahara de seus profissionais, paciência. motivação. técnica c
(1991), Santos (1992) destacou a importância das crença nas potencialidades desta clientela.
atividadesdedança,ritmu~músil:ajunloacrianças A convivfncia do aluno deficiente na sa[a de aula
portadoras de deficiência visuaL Sensação de ser foi pesquisada por Souza (1997), jW1tO a deficientes
diferentcdosdcmais,mcdoeinsegurança,tendência visuais de duas escolas públicas regulares. Os dados
ao maneirismo, ausência de expressão racial e mostraram que, em geral, os deficientes visuais
gesticulação, restriçõcs de movimento e poucas consideravam como seus amigos seus pares lambém
noçõcs de espaço foram características observadas deficientes visuais. Demonstrarnrn uma relação afetiva
pda autora e relatadas pelos próprios sujeitos no positiva com seus professores e colegas na sala de
inicio do estudo. Um programa de intervenção recursos. Os sujeitos exibiram dificuldade de falar das
denominado de "Coreografando o Cotidiano" \lisava dificuldades decorrentes de sua fallildc visãucdas
unir ao movimento do corpo a prontidão para que dúvidas quanto ao conteúdo escolartrn.n.'Jllitido. Foi
este fosse um instrumento de manifestação dinâmica percebida também certa contradição no discW'SO dos
Após seis anos de aplicação deste programa, todo alllllos deficientcsvisuais, com relação à (con)vivi:"fIcia
documentado em vídeo, os sujeitos desenvolveram em sala de aula, pois, às vezc:s. eles a con.sidcrnvarn boa
repertório de gestos, movimentos e aliludes além da e, às ...-c:zes, não demunstrn.varn tanta convicção disto.
própria consciência dos mesmos e aprimoraram sua Alguns alWlOSdeclararamque, às vczes, pcrcebiarn çerta
auto-expressão, assim como a comunicação dos insegurdllÇ3 ou indiferença em vários professores ao
sentimentos e desenvolvimento do riuno corporal. lidar com eles, seja no momento da dificuldade
Os resultados evidcnciarn que os deficientes visuais t::>'pt:dfi~a do conteúdo ou sitwçõcs que exigissem dos
tem pcrcepção c!ara da importância de sua expressão mesmoshabilidade,atenção especial ou dispoillbilidade
corporal em sua comunicação. para ouvi-los. Com relação a situaçõcs desagràdãveis ou
Em seu estudo, Vcrissimo (1997) propôs-se a que llies foram significativas illI cunvivEnl:ia em sala de
verifkaraoorrespoodênciacntreasfmalidadesdaesoola aula, os alllllos com deficiência visual apontaram
e visão que alunos, professores, pais e servidores aspcctos rc!acionados à afetividade (atitudes do grupo) e
técnico-administrativos tinham sobre o Instituto acesso a recursos didítico - pedagógicos como fontes
Ilenjamin Constant. (lBC) através de entrevistas geraóoras de tais situações. Cabe salientar que os alunos
videntes nlio escolhiam os defieientl,l!; visuais parn guiam comunicar-se e que os consideravam estra-
trabalhos em grupo com a mesma espontaneidade com nhos. Esta preferência pelo grupo de iguais foi tam-
que se escolhiam entre si. Pela fala dos sujeitos, bém estendida para o aspecto afetivo; a maioria dos
percebeu-se que a atitude dos professores, assim como entrevistados disse que preferiria casar-se com uma
dos colegas, intcrft:ri3 diretam<::nh: na jXlrtü,ipação do pt:sS03 surda. Vário~ sujcito~ exprimiram claramente
deficiente visual em sala de aula e na construção de sua o poskionamentode não tcrfilhos, para que estes não
autopcrcepção. ;\ aceitação, compreensão e com- nascessem surdos, indicando, assim, uma aderência
prometimento do professor parecem ser atitudes aos padrões sociais de nonualidade.
essen~i~is par.! queo processo de integração ocorra Iv; identidades surdas, segundo Perlin (1998),
Referências a sentimentos de incompletude, que aplicou questionários abertos e depoimentos li-
dificuldades de aceitação social e desconfiança das vres de surdos que frequentavam a Federação Nacio-
pessoas quanto às suas possibiliu3ues povo3m a fal3 nal de EUUC3~iio e Integração ue Surdo~ (FENEIS) e 3
dos ueficientes visuai~, sejam adolescentes ou adul- Sociedade dos Surdos do Rio Grande do Sul sobre sua
tos, tenham adquirido sua condição precocemente ou vida pessoal, podcm ser pensadas a partir do conceito
n3 idade adulta. Programas de atividades fhicas e de diferença e não dos conceitos de deficiência ou di-
artisticasdestinadosadcscnvolvcraconsciênciacor- vcrsidade. O surdo se percebe como diferente do ou-
parai global mostraram-se efetivos na facilitação de vinte e, quando toma consciência desta diterença, se
sua auto-expressão, comunicação inlerpessoal e transfonna e tenta encontrar-se entre os surdos. Embo-
desenvolvim~nto do ritmo \:orpor~l, (jllamlo apli\:a- Ta maq,>Ínalizado, o surdo relata diversos tipos de >oli-
dos já nos anos pré-escolares. uariedade, ainda que muitas ve:l:es o relacionamento
solidário poSS3 envolver fonuas de opressão que se
devem ao confronto com a..~ estruturas que existem na
Estudos sobre a autopercepçáo de indivíduos com deficiência socicdadc. Todos os surdos di:l:em que é dificil sersur-
aud~iva do. Esta dificuldade é sempre descrita quando narram
A autopercepção de indivíduos surdos foi os encontros com o ouvinte, quando se travam os diá-
investigada em três estudos. No primeiro deles, logos orais. A construção de significados que se de-
Rocha (1993) focali:l:ou o processo de integração senvolvem fora das fronteiras da comwlidade surda
social desta população. através de depoimentos de 20 tem levado seguidamente á construção de novas rela-
jovens ponadores de surdez profunda e severa sobre ções surdos-ouvintes a fim de legitimarem significa-
suas atividades de lazere vida social. Confinnando a dos discursivos que apóiem a ditúença mesmo numa
experiência empírica, foi constatado quc os jovens violação corajosa da nonualidade.lsso dã início a uma
surdos entrevistados, todos oriundos de nivel socioe- solidariedade multicultural suruos-ouvintes, não ne-
conômico baixo, mesmo após anos de escolarização gando lambém o encontro da construção de novos e
em instituições ou classes especiai~, enfrentavam diferentes tipos de identidades
sérios obstáculos relacionados à aprendi:l:3gem e A preocupaçilo ~om a chamada cultura surda es-
comunicação com os ouvintes. Embora suas ativida- leve prest:nle no estudo de Klein (1999) que, funda-
des de lar.cr fossem, aparentcmcnte, as mesmas quc mentado em Foocault, buscou compreender, através
as das demais pessoas - ir ao clube, cinema, praia, das práticas discursivas dos movimentos surdos, como
ficar na rua - a maioria dos sujeitos mantinha um vão-se constituindo os sujcitos que se entendem como
padrão de relacionamento intragrupal; isto e, se rela- sw-dos trabalhadores. A autora anal isou os discursos s0-
cionava quase exclusivamente com outros jovens bre a surdez-educação-trabalho presentes na~ produ-
surdos. Muitos dos entrevistados afinnaram que não ções visuais e escritas dos movimentos surdrn; no Rio
tinham amigos fora da instituição, pois sc sentiam de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte. Os resulta-
discriminados pelos ouvintes, com quem não conse- dos constataram que considerar a surdez como uma
111 LI.I.P.N'In.I.SIil.J.I. llfltlJ,E.'.lhlMs.l P,PaalIII.l hlllira

falta ou deficiência advém do modelo médico e que interessante verificar em futuros estudos se crianças
esse disçurso está presente no próprio movimento sur- surdas também COffiWlgam das mesmas percepções
do.Odiscursoquccirculapclascscolasdesurdoséoda exibidas por adolescentes e adultos.
pedagogia ottopédica onde, muito mais que educar,
pretende-secorrigir. A mulhersurrla trabalhadora não é
mcncionadanomaterialanalisado,sendoretratadoapc- Esludos sobre aaulopercepção de individuos com deficiência
nas o homem surdo. Os lideres surdos apresentam-se fisica
incertos e inseguros quanto ao uso de termos/rótulos Akashi (1992) investigou a representação social
que identifiquem o surdo como indivíduo incapacitado coostruida pela pessoa portadora de deficiência, através
As protissõcs adequadas iudicadas aos surdos dizcrn de sua interptetação da lei e, para tanto, realiWU:lnálise
I'l:spcito a atividadcs individualizadas, ou seja, àquelas dodiseursodeponador"esenàoportadoresdedeficiência
onde não há neçessidadc de interação com colegas fisica. Os temas que serviram de base para a entrevista
atravésdafa!a. foram: noção de lei, no;essidade da lei, discriminação
Utiliundo-se de entrevistas semi-estruturadas, positiva das leis, noção de igualdade e deçidadania. Os
Lebedeff (1993) investigou as ati tudes, nível de dados obtidos indicaram que o núcleo do discurso é lei,
infonnação e percepção que jovens surdos tinham de sua igualdade e sociedade. Ambos os grupos (com ou sem
sexualidade. A partir dos dados obtidos elaborou wn deficiência)consideraram as leisnecessáriasparn nortear
projeto de orientaçâo sexual em wna escola ffiW1icipal ereferenciaraspessoasnaconvivêociasocial,paraevitar
para surdos. Estctrabalhomostrouquejovenssurdos a injustiça, uma vez que as pessoas nem sempre são
tinham componamentos afctivo-scxuais semelhantes conscientes da discriminação. ronadores ou não de
aoo jovens ditos "normais", com diversificadas opiniões deficiência, os participantes apresentaram a mesma
a respeito de temas polêmicos tais como virgindade, representação sobre lei, sociedade, igualdade e
abono e homossexualismo. A maioria dos entrevistados cidadania; pen;ebennn as leis como necessárias para os
disse quejá havia namorado, alguns apenas com surdos diferentes (tisica ou economicamente) porque há
enquanto outros também haviam tido relacionamentos desigualdade social e pontuaram a nC1:eSSidade de um
com ouvintes. No entanto ficou clara a falta de mínimo de igualdade perante a sociedade, refletida em
informações destes jovens sobre funções corporn.is, lei. para se começar a ter n~o de cidadania. A
reprodução, métodos anticonceplivos e AIDS, embora represcntaçllo da cidadania foi igual para ponadorese
muitos sujeitos dissessem ter vida sexual ativa. Estes não-ponadores de deficiência, pois, se um traziu a
jovens tinham cortSciência de seu dcsconhedmento e deficiência no corpo, °outro linha a deficiência
queixavam-se da falta de orientação sexual por parte da econÓffiica. Pode-~afinnarmesmoque ambos têm uma
familia e instituição; a maioria disse ter aprendido sobre deliciência social, sofrem da desigualdade social e isto
sexo com os amigos e, alguns poucos, através de livros foi allibuído,por alguns sujeitos, ao fato dc a sociedade
A autora ressalta que a dificuldade dejovcns surdos não conhecer ou não entender a questão da deficiência.
entenderem as informações veiculadas pelos meios de Em função da desigualdade social, alguns sujeitos
comunicaçlio toma urgente o desenvolvimento de consideraram que deve haver a discriminação positiva
programas de orientação sexual voltados para este pelalei,istoc,otratamenlOdiferenciadoquepossibilitea
segmento igualdade de oportwtidades entre as pessoas.
A dificuldade de comunicação constitui o Souza (1996) realizou uma pesquisa expen·
principal elemento de diferenciaç{lo e exclus{lo dos mental com crianças e adolescentes, ponadorcs e não
surdos na sociedade ouvinte. Ainda que haja ponadores de paralisia cerebral, sem deficiência
claramente o movimento de eslabelecer a cultura Sllrda, mental,paraverificarsuasestimativassobreopró-
a expressão de muitos participantes ainda é penneada prio desempenho em testes de inteligência. Os pais
pela perspectiva clínica do surdo como deficiente. Seria destes sujeitos lambém foram convidados aavaliaro
'15

desempenho de seus filhos. Os TCsultados mostraram analisados os discursos dos sujeitos sobre si próprios,
maiores diferenças entre os grupos, na tarefa de Cubo suas expectativas, seus limites e ideais. As praticas
do WISC. O grupo com paralisia cerebral superesti- de ensino envolvidas na sala de aula, as diferentes
mou seu desempenho e gastou mais tempo pard cons- posições marcadas nas relações de ensino entre
truir os desenhos-modelo da tarefa, embora não te- professor e alunos assim como as relações cntre as
nha ultrapassado o limite medio estipulado pelo pessoas não restritas às de ensino-aprendizagem,
teste, enquanto o grupo sem pamlisia eerebml subes- mas também constitutivas dos sujeitos nas práticas
timou seu desempenho, gastando menos tempo. Não em sala de aula, foram igualmente analisadas.
houve diferenças de estimativa e desempenho, con- Na fàla de um dos sujeitos, ele justifica Slla
tudo, entre os grupos nas tarefas do Jogo de Dados e impossibilidade de aprender devido à deficiência e
do Teste de Inteli gência Não Verbal (INV). OS pais impossibilidade de sua mãe ensiná-lo. Não cobra da
do grupo com paralisia cerebral tenderam a avaliar o escola o aprendizado necessário, não fazendo refcrências
desempenho global de seus filhos como inferior, em à falta de inm-estrutllra adequada da instituição. A partir
relação às outras pessoas da mesma faixa etária, ao de discursos que, como este, demonstram a centralização
contrario dos pais do grupo scm paralisia ccrebral dos problemas 110 alW10 e sua família, Kassar afmna que
que tcnderam a avaliá-lo como superior. Os resulta- a própria deficiência mental é considerada socialmente
dos confirmam, segundo a autora, dados da literatu- como um problema individuallfamiliar de n~o
ra, ou seja, sujeitos que obtiveram desempenho adapta~ãuladequação da pessoa com deficiência à
acima da média tenderam a subestimar o próprio sociedade e que as falas podem ser compreendidas a
desempenho, e nquanto aqueles que obtiveram partir do discurso liberal das "desigualdades naturais"
desempenho abaixo da media tenderam a superesti- presentes nas formas de difusão ideológica constituidas
ma-lo. O procedimento de nível de aspiração pcnni- na história de nossa sociedade e Educação Especial.
tiu uma análise comportamental que mostrou a rela- Segundo a autora, a valorização de ações individuais
ção existente entre estimativa de desempenho e o encontra-se, de certa forma, presente na Legisl3li~0
desempenho do sujeito em uma tarcfa detcnninada, Educacional de 1996 (Lei 9394196) que traz a educação
relação esta não encontrada nos estudos tradicionais como primeiramente "dever da família"
sobre autopercepção Apesar de todas as histórias de capacidade
São ainda muilo escassos os estudos com esta conhecidas, a autora apresenta dados que demonstram
população de pessoas com dellciência fisica. Da que os portadores de deficiência mental são muitas
mesma fonna que os portadores de outras deficiências, vezes O"dtado!; de maneira infamilizada: "Acredita-se
esses indivíduos tendem a subestimar suas própria.'S que não sejam capazes de apropriar-se de conceitos e
capacidades e mostram-5C conscientes do tratamento normas socialmente difundidos em relação à
desigual a que estão submetidos nas várias instâncias independência, newssidade de trabalho, sexualidade,
sociais. higienc, pudor, entre outros". Porém, nas fulas dCl;Ses
adolescentes, estiveram presentes relaçõcs dc carinho e
amizade, desejos de independência (morar em seu
Estudo sobre a autopercepção de indivíduos com deficiência apartamento, trabalhar, namorar) e compreensão das
multipla regras socialmente impostas (não poder brincar durante
Kassar(1999), buscando identificar os modos a aula, não mexer nos genitais em PÚblico).
de participaçãn e constimição da institucionalização O estudo de Kassar apresenta histórias de esque-
de pessoas com deficiência múltipla, realizou, em cimento e sileneiamento - ausência de registro; des-
uma instituiç~o particular de caráter assistencial, crença na capacidade de aprendizado, tentativas autô-
estlldojunlo a oito alunos, na faixa etária de 13 a 25 nomas c solitárias de aprender em sala de aula: hi:;tórias
anos e seu professor em sala de aula. Foram de políticas públicas que centram as responsabilidades
145 llD.P.N.'I.I.GIII.J.•. hnlÍfl.E.'.MtI~l$,lP.hlb.M.LMO!llÍIi

e culpas nos indivíduos. História social deindividuos com necessidades especiais se desenvolve e constrói
tratadosdemancirainfantilizadavistoscomoincapazes sua identidade pessoal e sua visão de mundo. Esta
e silenciados, a despeito de suas capacidades de apren- produção circula entre os pólos inserção-segregação,
der, entender, ter aspirações, participar... cujo estudo necessariamente passa pelo âmbito das
Ainda que esta revisão só contenha um único relações que se estabelecem entre os homens. O
estudo com portadores de deficiência múltipla, desenvolvimento dessas investigaçõcs penoitiu ao
podemos afinnar que as tendências observadas com indivíduo deficiente elou "especial" ser porta-voz de
as demais populações especiais são estendidas para suas próprias questões e dificuldades, oportunidade
ela. Estudos envolvendo estes portadores nas freqüentemente negligenciada pela sociedade,
diversas faixas etarias são altamente recomendados. inclusive pelos próprios profissionais da area de saúde
e educação. De fato, a escuta do indivíduo
estigmatizadoaindaépequenaemnossosdias.Talvez
Estuda sobre iiI aulapercepção de individuos com alIas o próprio isolamento social dos indivíduos portadores
habilidades de necessidades especiais em nossa sociedade
A única dissertação que compõe este núcleo explique, em parte, oreduzidonúmerode estudos com
temático foi o trabalho de Pomes(1983)queanalisou otemaautopercepção.
o atendimento aos alunos portadores de altas Nos trabalhos aqui analisados, a partir da falados
habilidades, avaliando a problemática da adaptação individuos especiais, fordIJi estabelecidas categorias
esçolar desta população baseada na percepção dos referen~aquestõesrelacionadasàpercepçàodesi

pais, professores. orientadores educacionais e dos próprio e do outro, relacionamentos, rotina diária,
próprios individuos. Este estudo mostrou que a anseios e expectativas. Questões que, a princípio,
inadaptação escolar não é um "privilégio" dos compõem o cotidiano de qualquer pessoa. Contudo a
deficientes. Os alunos superdotados entrevistados fala desses sujeitos é atravessada, do começo ao fim,
denominaram seus colegas de bobos e infantis e se pelasmarcasdoestigma. Orelatodamaioria revelOllque
queixaram de serem alvo de chacotas e identificados sua auto-imagem estava diretamente vinculada à
por meio de apelidos pejorativos. Apesar de sua percepção que os outros tinham a respeito deles, sendo,
capacidade, os sujeitos denunciaram que geralmente com isto, formada por estereótipos e preconceitos, que
eram excluídos dos trabalhos em grupo e afino aram têm sua concretização na exclusão efetiva destes
ter muito poucos amigos, dentro e fora da escola indi\iduos dos espaços sociais, resultando em uma
A carência de investigações sobre individuos marcante limitação existencial.
comtalentosespeciaisoualtashabilidadeséumaca- A escola, especialmente, tem sido um poderoso
racteristica do acervo de estudos sobre os portadores agente de exclusão, quando instaura o processo de
de necessidades educacionais especiais em geral. autodesvalorização, frustração e vergonha (Fulgên-
Assim, são altamente recomendados estudos que cio,1997),quandolegitimaeprovocaaaceitaçãodes-
possam aprofundar as questões relativas a educação sa incapacidade (Abrantes, 1997; Saraiva. 1993).
desta população, que, a despeito de seu alto poten- quando destaca os insucessos e incapacidades destes
cial, enfrenta igualmente as barreiras impostas por indivíduos (Camargo, 1987),quandoprovêeondições
uma sociedade que se mostra incompetente em lidar institucionais empobrecidas e empobrecedoras que
com a diversidade. limitam oportunidades para o desempenho de ativida-
des práticas e funcionamento psíquico complexo (De
Carlo,I997)equandoossilenciacostratadcmancira
Conclusões infantilizada,manifestandodcscrençacmsuascapaci-
As dissertações e teses revistas teceram uma dadesdeaprender,entendcr,tcraspiraçõcseparticipar
análise abrangente sobre o contexto em que o sujeito (Kassar, 1999).
É digno de nota que isolamento e discriminação Em teonos gerais, as pesquisas aqui discutidas
social não se resumem apenas aos deficientes, como acabam questionando o pandigma tradicional da
alestaram os estudos de Glal (1988), Saraiva (1993), suposta "Psicologia do excepcional", a partir da
Souza (1997), Vmssimo (1997), De Carlo (1997), autopcrccpção de indivíduos com necessidades
Rocha (1993) e Perlin (1998). Alunos com altas especiais, através de seus depoimentos pessoais. Os
habilidades quc, aparentemente, teriam condiçõcs de estudos que compõem este núcleo temático, como já
exercer liderança entre seus pares, acabam sendo mencionado, embora apresentem uma diversidade
ridicularizados e hostilizados por seus colegas, em teonos da população estudada, refen:ncialteórico
conformc assinalou Pontes (1983) e metodologia utilizada, têm como eixo comum o
Foi igualmente interessante a constatação feita olhar e a escuta dos próprios sujeitos pertencentes ao
por Glat (1988) de que entre seus sujeitos nilo havia grupo estigmatizado, em vez dos indivlduos que os
clareza quanto a seu diagnóstico preciso e. por rotulam. A leitura destes trabalhos permite
conseguinte, poucos exibiam uma autopcrcepção de vislumbrar o complexo processo de construção de
deficiente menta\. Corroborando este dado, Edgerton identidade pessoal em pessoas socializadas em
(1967) destaca que pessoas estigmatizadas preferem condições de estigma, os padrõcs de relacionamento
referir-se a qualquer outra condiçilo que não a sua imereintragrupal,assimcomoasestratégias(bemou
própria. Aceitar o rótulo de deficiência mental parcce mal sucedidas) de que estes grupos se utilizam para
ser incompativel com sua auto-estima, principalmente ajustllmento e inserção na sociedadc excludente.
porque, na sociedade, uma vez dcficiente para sempre Sob a ótica de um paradigma psicossocial. a
dcficicnte. necessidade especial é vista como um fenõmeno
Um dos fatores excludentes primordiais aponta- socialmente construido (Amaral, 1994; Glat, 1989;
dos por diversos sujeitos. independente de suasnccessi- 1995; Omote, 1994; 1997) c, ponanto, passívcl de
dades e que assinala para um redimensionamento elou desconstrução. Esta linha de investigação tem
priorização do atendimento a estas populações, foi sua importantes implicações e desdobramcntos, não
dificuldade de inserção no mcio profissional. Mesmo apenas sob o aspecto da produção de conhecimento,
levando-se em consideraç~o as limitações reais impos- mas sobrctudo para fonnação e capacitação de
tas pela própria deficiência, são muito poucas as opor- rccursos humanos, suscitando uma reflexão sobre o
tunidades de profissionalização abertas para estes indi- redimensionamento e transfonnação do papel dos
viduos, seja para os quejá nasceram com suas deficiên- profissionais de Educação Espe<:ial no alt:ndimento a
cias. seja para aqueles que as adquiriram em idade esta clientela.
adulta, confonne assinalam os estudos de Glat (1988), As dissertações e teses aqui trazem, com efei-
Canejo (1996) e Klein (1999). 10, importantes sugestões práticas para o educador e
Propostas especificas que visam reverter a auto- destacam-se por enfatizar, em primcira instancia, a
imagem negativa, favuH!cendo a conscientização cscuta do que o próprio sujeito cspecia1 tem a dizer
corporal. a capacidadc criativa e a comunicação inter- sobre si próprio. resultando, assim, em ricas contri-
pessoal nestes indivíduos estão presentes em alguns buiçõcs para a elaboração de futuros projctos de ação
estudos como os de Santos (1992) e Kajahara (1991). educacional individualizada ou coletiva. Como essa
Outros como os de De Carlo (1997), Cardia (1992) c população passa, ainda, longo tempo nas escolas e
Kohatsu(I999), ao privilegiarem a voz dos individuos instituições especiais, estas se constituem em locais
especiais, com escuta atenta, pennitiram constatar suas por cxcelência para o desenvolvimento de projetos
capacidadcs de reflexão, autonomia e alta sensibilidade que viscm primordialmente criar oportunidades para
c,porquenãodiLCT,depossibilidadesdeemergênciade trocas de infoonaçõcs e reflexão, sendo a escuta,
um "cu sobrevivente", pleno de capacidades e projetos, como lembra Lebedeff( 1993), uma estratégia educa-
que luta contra osrÓlulos de fiacassado e incapaz como tiva e um caminho para a constmção dc urna identi-
ressaltou Abrantes (1997). dadc mais estruturada.
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Anm
AlIlar! Objetivas Raflrllncial Participantes

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