2020
Métodos e Técnicas de Avaliação de Interface
Natália Sales Santos
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A avaliação de interfaces não deve ser vista como uma fase única no
processo de design e muito menos como uma atividade a ser feita somente no final
do processo. Idealmente, a avaliação de interfaces deve ocorrer durante todo ciclo de
vida do design e seus resultados utilizados para melhorias gradativas da interface.
O framework DECIDE
Para que uma avaliação seja bem planejada, ela deve ser guiada por metas
e objetivos claros e adequados ao contexto e ao ambiente em que o sistema está
inserido. A fim de facilitar o planejamento de uma avaliação de um sistema interativo,
Preece et al., (2002) propõem o framework DECIDE para orientar a avaliação.
Identificar questões práticas que devem ser tratadas: Essa etapa deve
abordar aspectos relacionados à realização dos testes, considerando fatores como:
perfil e número de usuários que vão participar da avaliação; a preparação e o uso dos
equipamentos necessários, seleção de tarefas, planejamento e preparação do
material; alocação de material e recursos para conduzir a avaliação.
Decidir como lidar com questões éticas: Nessa etapa quando uma
avaliação envolve pessoas como participantes de testes, o avaliador deve tomar os
cuidados éticos necessários, certificando-se de que os direitos dessas pessoas sejam
respeitados.
Vimos que:
Paradigmas de avaliação
Este tipo de avaliação pode ser realizado no próprio local de trabalho dos
usuários, em uma sala de reunião ou em um laboratório. Os dados coletados são
geralmente qualitativos e são registrados de forma simples através de esboços ou
relatórios descritivos e então passados para equipe de design.
Estudos em campo
Avaliação preditiva
Teste em
Rápida e Estudos de Avaliação
Paradigma ambiente
Rasteira campo Preditiva
controlado
Papel dos Comportamento Realizar um Comportamento Não são
usuários natural conjunto de tarefas natural envolvidos
Quem Avaliadores Avaliadores Avaliadores e Avaliadores
controla (mínimo) (máximo) Usuários experientes
Ambiente
Ambiente Ambiente natural
Local natural ou Laboratório
natural ou laboratório
laboratório
Início do design, Revisões
Quando é A qualquer verificar especialistas a
Com um protótipo
usado momento necessidades qualquer
dos usuários. momento
Geralmente Lista de
Quantitativos e
Tipo de dados qualitativos e Qualitativos problemas, dados
qualitativos
informais quantitativos.
Relatório de
Esboços, Descrições, Problemas e
Relatório desempenho, de
citações citações, logs sugestões
erros, etc.
Abordagem
Abordagem Observação Heurísticas e
aplicada a
Filosofia centrada no objetiva ou experiências dos
engenharia de
usuário pratica etnográfica profissionais
usabilidade
A coleta da opinião de usuários tem por objetivo obter uma apreciação dos
usuários em relação ao sistema interativo. Nesta técnica deseja-se identificar o nível
de satisfação dos usuários com o sistema, o que inclui aspectos como: se eles gostam
do sistema, se a aparência estética do sistema é satisfatória, se o sistema faz aquilo
que eles desejam, se tiveram algum problema ao usá-lo, e/ou se eles gostariam de
(ou pretendem) usá-lo novamente. (PRATES et. al., 2003)
O registro de uso é uma técnica que permite coletar informações sobre o uso
em um período de tempo mais longo, sem a necessidade de o usuário e o avaliador
estarem presentes em um mesmo local. Esse registro é feito através de um arquivo
log que armazena as ações executadas em um sistema, através da gravação da
interação do usuário utilizando o sistema. Geralmente, os registros de uso geram uma
grande quantidade de informação e a análise destes dados pode ser bastante custosa
para avaliadores.
Avaliação heurística
As heurísticas de Nielsen
H4 - consistência e padronização
H5 - prevenção de erro
Impacto do problema quando/se ele ocorre: será fácil ou difícil para o usuário
superá-lo?
0 – Não concordo que isso seja um problema (este valor pode resultar
da avaliação de um especialista sobre um problema apontado por
outro especialista).
Lista de problemas:
Indicadores de usabilidade;
‒ Recomendações sobre:
Figura 9 – Exemplo de bread crums que permite ao usuário saber de onde veio
e os passos restantes para finalizar uma tarefa.
Outra forma de prevenir erro é apresentada na Figura 15, onde o design criou
um layout apropriado para cada campo a ser preenchido pelo usuário, desta forma o
usuário consegue preencher os campos com os dados corretos.
O Google (Figura 16) faz isso de uma forma muito inteligente. Mesmo quando
o usuário escreve a busca com uma ortografia errada, ele realiza a busca e pergunta
se estamos procurando outra informação com a ortografia correta.
H10 - Ajuda e documentação: Ainda que seja melhor que o sistema possa
ser usado sem documentação, pode ser necessário prover ajuda aos usuários.
Qualquer informação deste tipo deve ser fácil de buscar, focada na tarefa do usuário,
relacionar passos concretos a serem desenvolvidos, e não ser muito longa.
‒ Inspecionar a interface;
Todos os avaliadores:
Visão geral
2 [CNS, 1996] Conselho Nacional de Saúde. Resolução número 196/96 sobre pesquisas envolvendo
seres humanos. 1996. Disponível de maneira on-line em
http://conselho.saude.gov.br/docs/Reso196.doc.
Após a definição dos objetivos, das tarefas e dos perfis desejados dos usuários
do teste, deve-se então gerar o material a ser utilizado durante o teste. Este material
inclui:
Para isso, essa etapa contempla seis passos, os quais auxiliam no controle e
na realização do teste. A Figura 30 apresenta os passos a serem seguidos e em
seguida uma explicação sobre cada um desses passos.
Teste de usabilidade
Essas medidas são definidas na atividade de seleção das tarefas para o teste
no passo de preparação da avaliação. Lembrando que, o teste de usabilidade possui
os mesmos passos e atividades contidos em um teste realizado em um ambiente
controlado.
Uma vez a
cada
Mais de uma
Utilidade Frequência de uso três dias ou Uma vez ao dia
vez ao dia
menos
frequente
Porcentagem das
Eficiência vezes que usuário
Acima de 90% 100% das
do sistema encontrou o que Nunca
das vezes vezes
de ajuda procura no sistema
de ajuda
Consegue resolver o
Eficiência
problema com base Acima de 90% 100% das
do sistema Nunca
no conteúdo de das vezes vezes
de ajuda
ajuda
Avaliação Questionário Muito
Negativa Positivo
inicial (subjetivo) positivo
Para cada tarefa que será realizada pelos usuários é importante definir as
medidas que serão observadas durante o teste. A ênfase do teste de usabilidade é
no desempenho dos participantes durante a realização das tarefas (através da
observação é possível ver se as medidas estão sendo alcanças ou não) e de suas
opiniões e sentimentos decorrentes de suas experiências de uso do sistema avaliado.
Visão geral
Steve Krug (2010) utiliza o termo “teste de usabilidade do tipo faça você
mesmo” para denominar um microteste de usabilidade. Este tipo de teste é qualitativo,
pois o seu objetivo não é provar algo e sim ter ideias que permitam melhorar o que
está sendo criado.
Como resultado, esses testes tentem ser mais informais do que científicos,
ou seja, o teste pode ser realizado por alguns usuários e haver a necessidade de
alterar o protocolo no meio do teste. Por exemplo, se o primeiro usuário não conseguiu
completar uma determinada tarefa e o motivo para isso for óbvio, a tarefa pode ser
alterada ou até mesmo excluída da lista de tarefas para os demais usuários do teste.
Essa alteração não pode ser aplicada em um teste quantitativo porque invalidaria os
resultados.
O ambiente de teste possui duas salas, uma sala de teste e uma sala de
observação. Estas não precisam ser separadas por uma parece de vidro, pois o
interessante para o microteste é que as salas não fiquem próximas para não
atrapalhar o usuário com as conversas e discussões que podem acontecer entre os
observadores.
Para Krug (2010) três usuários para cada rodada de teste são suficientes por
alguns motivos:
Para isso, Krug (2010) propõe alguns passos a serem seguidos para realizar
uma análise dos dados coletados:
Deve ser feita uma consolidação dos problemas mais graves, para ver se não
há redundâncias, e a priorização de cada um dos problemas.
Cria-se então uma nova lista ordenada por importância dos problemas mais
graves.
A equipe deve discutir brevemente como cada problema pode ser consertado
até o próximo mês, para a nova sessão de teste.
Após a análise a equipe gera um relatório pequeno. Esse relatório vai resumir
o teste do mês em um breve e-mail, que não deve ter mais do que dois minutos de
leitura e não mais do que 30 minutos para ser escrito. O relatório deve conter:
O microteste não faz tudo que o teste de usabilidade faz, mas produz os
resultados necessários por um valor mais fácil de assumir pelas empresas. (KRUG,
2010).
PREECE, J.; ROGERS, Y.; SHARP, E.; BENYON, D.; HOLLAND, S.; CAREY, T.
Human Computer Interaction. England: Addison-Wesley, 1994.