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PATOLOGIAS E REFORÇO DE FUNDAÇÕES COM ESTUDO DE

CASO UTILIZANDO O MÉTODO DE ESTACAS MEGA

Alex Sales Silva1 – UniToledo


Wesley Henrique da Silva2 – UniToledo
Aline Botini Tavares Bertequini3 – UniToledo

RESUMO

Este trabalho apresenta alguns aspectos da interação solo-estrutura que influenciam


nos movimentos diferenciais de fundações, responsáveis por notáveis danos às construções.
Foi realizada uma revisão bibliográfica sobre o aparecimento de fissuras em edificações,
métodos para reforço de fundações e um estudo de caso. O presente artigo tem como objetivo
mostrar a importância da identificação e conhecimento das causas de patologias provocadas
por recalque diferencial na fundação, bem como também problemas oriundos de projeto,
execução ou da utilização de qualquer edificação existente. As manifestações oriundas dessas
patologias se tornam visíveis ao longo do tempo, portanto, é necessária a identificação de suas
origens e causas, a fim de se obter a melhor solução para o problema. Analisando a revisão
bibliográfica e o estudo de caso, foram estabelecidas conclusões sobre os eventos ocorridos e
suas causas.

Palavras-chave: Fundação; Solo; Patologia; Reforço.

ABSTRACT

This work presents some aspects of soil-structure interaction that influence the
differential movement of foundations responsible for remarkable damages to the buildings. It
was performed a bibliographical review about edification cracks, methods to reinforce the
foundations and a case study. This paper aims to show the importance in the knowledge and
identification of pathologies provoked by differential repression in the foundation, as well as
project, problems execution or any other existing construction uses. The manifestations from
these issues become visible over time; therefore, it is necessary to identify their causes and
sources in order to obtain the best solution for the problem. The data were analysed and the
conclusion about the events and associated causes was stated.

Key-words: Foundation; Soil; Pathology; Reinforcement.


1
Graduando em Engenharia Civil pelo Centro Universitário Toledo (2018). alexsalles19@gmail.com
2
Graduando em Engenharia Civil pelo Centro Universitário Toledo (2018). wesleyhenrique_ata@hotmail.com
3
Mestre em Engenharia Civil Universidade Estadual de São Paulo (2008), e docente no Centro Universitário
Toledo Araçatuba. abotinitavares@gmail.com
1
1. INTRODUÇÃO

A palavra fundação, de acordo com o dicionário, significa ato ou efeito de fundar, de


instituir, de se construir uma base sobre a qual se constrói um edifício; também chamado de
alicerce (MICHAELIS, 2018). Na Engenharia Civil, fundações são os elementos estruturais
com função de transmitir as cargas da estrutura ao solo onde ela se apoia (AZEREDO, 1997).
Há diversos tipos de fundações, porém o que determina a escolha do tipo a ser adotado
são as análises do solo em questão, carregamento da estrutura, influências externas e fatores
econômicos, sendo assim fatores primordiais. Cada região tem um tipo de solo diferente,
podendo variar devido a diversos fatores, sendo então necessária uma análise específica.
O engenheiro responsável pela fundação possui grande responsabilidade, pois deverá
analisar atentamente o solo do terreno e ter a noção das variantes, a dimensão da construção e
todas as informações necessárias para uma boa execução da mesma, porém também deve
estar atento quanto à viabilidade econômica, tendo como um dos objetivos o menor custo
possível, sem comprometer a segurança da sua obra e das edificações ao entorno. A escolha
inadequada do tipo de fundação de acordo com as características do local, bem como também
uma fundação mal projetada, resultarão em incidência de patologias ou até mesmo colapso da
construção que está sendo realizada no momento ou de alguma edificação vizinha.

1.1. Fundações

As fundações são basicamente separadas em dois grandes grupos: fundações


superficiais, também conhecidas por fundações diretas ou rasas e fundações profundas.
Segundo a NBR 6122 (ABNT, 2010) fundação superficial define-se por elemento de
fundação em que a carga é transmitida ao terreno, predominantemente pelas pressões
distribuídas sob a base da fundação, e em que a profundidade de assentamento em relação ao
terreno adjacente é inferior à duas vezes a menor dimensão da fundação, enquanto a fundação
profunda define-se por elemento de fundação que transmite a carga ao terreno pela base
(resistência de ponta), por sua superfície lateral (resistência de fuste) ou por uma combinação
das duas, e que está assentado em profundidade superior ao dobro de sua menor dimensão em
planta, e no mínimo 3 metros, salvo justificativa.

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1.1.1. Fundação superficial ou rasa ou direta

Incluem-se neste tipo de fundação: as sapatas, os blocos, os radiers, as sapatas


associadas, as vigas de fundação e as sapatas corridas conforme a NBR 6122 (ABNT, 2010).
 Sapata: Elemento de fundação superficial de concreto armado, dimensionado de
modo que as tensões de tração nele produzidas não sejam resistidas pelo concreto, mas sim
pelo emprego da armadura. Pode possuir espessura constante ou variável, sendo sua base em
planta normalmente quadrada, retangular ou trapezoidal. A Figura 1 ilustra uma sapata
quadrada.

Figura 1: Sapata
Fonte: (ALEM DA INERCIA, 2018)

 Bloco: Elemento de fundação superficial de concreto, dimensionado de modo que as


tensões de tração nele produzidas possam ser resistidas pelo concreto, sem necessidade de
armadura. Pode ter suas faces verticais, inclinadas ou escalonadas e apresentar normalmente
em planta seção quadrada ou retangular. A Figura 2 ilustra um bloco de fundação.

Figura 2: Bloco de fundação


Fonte: (GUIA DA ENGENHARIA, 2018)
3
 Radier: Elemento de fundação superficial que abrange todos os pilares da obra ou
carregamentos distribuídos (por exemplo: tanques, depósitos, silos, etc.). A Figura 3 ilustra
uma fundação tipo radier.

Figura 3: Radier
Fonte: (ESCOLA ENGENHARIA, 2018)

 Sapata associada: Sapata comum a vários pilares, cujos centros, em planta, não
estejam situados em um mesmo alinhamento. A Figura 4 ilustra uma sapata associada.

Figura 4: Sapata associada


Fonte: (TWGRAM, 2018)

 Viga de Fundação: Elemento de fundação superficial comum a vários pilares, cujos


centros, em planta, estejam situados no mesmo alinhamento. A Figura 5 ilustra uma viga de
fundação.

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Figura 5: Viga de fundação
Fonte: (GUIA DA ENGENHARIA, 2018)

 Sapata Corrida: Sapata sujeita à ação de uma carga distribuída linearmente. A


Figura 6 ilustra uma sapata corrida.

Figura 6: Sapata corrida


Fonte: (SITES GOOGLE, 2018)

1.1.2. Fundação profunda

Pela NBR 6122 (ABNT, 2010), neste tipo de fundação incluem-se: as estacas, os
tubulões e os caixões.
 Estaca: Elemento de fundação profunda executado inteiramente por equipamentos
ou ferramentas, sem que, em qualquer fase de sua execução, haja descida de operário. Os
materiais empregados podem ser: madeira, aço, concreto pré-moldado, concreto moldado in
situ ou mistos. A Figura 7 ilustra uma estaca pré-moldada.

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Figura 7: Estaca pré-moldada
Fonte: (HOTFROG, 2018)

 Tubulão: Elemento de fundação profunda, cilíndrico, em que, pelo menos na sua


etapa final, há descida de operário. Pode ser feito a céu aberto ou sob ar comprimido
(pneumático), que conforme a NR 15, norma de segurança do trabalho, deve seguir as
recomendações de um órgão competente de segurança e medicina do trabalho. Pode ser
executado com ou sem revestimento, podendo este ser de aço ou de concreto. No caso de
revestimento de aço (camisa metálica), este poderá ser perdido ou recuperado. A Figura 8
ilustra um tubulão a céu aberto.

Figura 8: Tubulão a céu aberto


Fonte: (ENGENHARIA CONCRETA, 2018)

 Caixão: Elemento de fundação profunda de forma prismática, concretado na


superfície e instalado por escavação interna. Na sua instalação pode-se usar ou não ar
comprimido e sua base pode ser alargada ou não. A Figura 9 ilustra um caixão.
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Figura 9: Caixão
Fonte: (BLOG ME PASSA AÍ, 2018)

1.2. Patologias

Na construção civil tem-se notado com certa frequência a ocorrência de patologias e


necessidade de reforço nas fundações, implicando em um aumento significativo no custo
inicial, também causando má reputação dos profissionais envolvidos, além de lentos,
burocráticos e maçantes processos para identificação das causas e responsáveis, entre outras
complicações (MILITITSKY; CONSOLI; SCHNAID, 2005).
O presente artigo mostra as principais ocorrências de patologias e suas origens, tendo
ciência de que as mesmas são decorrentes das incertezas e negligências no processo
construtivo e resultam em riscos inevitáveis à construção, reduzindo a vida útil das fundações.
O procedimento para solucionar o problema é a identificação das causas e a análise crítica do
mau desempenho da estrutura, como será apresentado no estudo de caso adiante.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1. Definições de solo

O procedimento adequado para um bom projeto de fundação leva em consideração o


conhecimento do tipo de solo onde será construída a edificação. É recomendável realizar
investigações geotécnicas, tais como: sondagem de simples reconhecimento a percussão
(SPT) sempre seguindo as recomendações da NBR 6484 (ABNT, 2001), medição de torque
em sondagens de simples reconhecimento (SPT-T), índice de torque (TR) e conceito de N
equivalentes (NEP) (HACHICH, 1996).

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O autor afirma que os solos são, de modo geral, partículas sólidas com os espaços
vazios contendo água (ou outro líquido) e ar, podendo se deslocar livremente entre si. O
comportamento do solo pode ser entendido pelo reconhecimento das cargas transmitidas
diretamente, fazendo com que as partículas interajam. Neste pensamento, podem ocorrer que
as partículas de solo se rompam quando há solicitação, alterando o próprio solo e
consequentemente a influência no seu desempenho.
Todos os solos que sofrem ação de carregamento externo, sendo ele de maior ou
menor proporção, se deformam. Se ao longo da vida útil da construção essas deformações
forem diferenciadas, haverá um aumento de tensão de grande intensidade na estrutura da
mesma, podendo gerar o aparecimento de fissuras ou até mesmo de trincas (THOMAS, 1989).
Thomas (1989) afirma também que no caso de solos firmes, como a argila dura ou a
areia compacta, os recalques constituem essencialmente de deformações por função da carga
atuante e deformação do solo. Já em solos fofos e moles os recalques ocorrem devido à sua
redução de volume, pois na região onde se situa o bulbo de tensões das fundações a água
tende a percorrer locais com pressões menores.

2.2. Patologias em fundações

Segundo Milititsky (2005) os problemas como patologias em fundações ocorrem, na


maioria das vezes, devido à ausência ou ineficiência da investigação do subsolo. O mau
desempenho de fundações em obras pequenas e médias é representado em mais de 80% dos
casos. Os principais problemas decorrentes da ausência de investigação para fundações rasas,
de acordo com Calisto; Koswoski (2015) são:
- Fundações apoiadas em materiais de comportamento muito diferente, sem junta,
ocasionando o aparecimento de recalques diferenciais.
- Fundações apoiadas em crosta dura sobre solos moles, sem análise de recalques,
ocasionando a ruptura ou grandes deslocamentos da fundação.
- Tensões de contato excessivas, incompatíveis com as reais características do solo,
resultando em recalques inadmissíveis ou ruptura.
- Fundações sobre solos compressíveis sem estudos de recalques, resultando grandes
deformações.
- Fundações em solos/aterros heterogêneos, provocando recalques, resultando grandes
deformações.

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Os autores também apresentam os problemas típicos decorrentes da falta de
investigação para fundações profundas:
- Ocorrência de atrito negativo não previsto, reduzindo a carga admissível nominal
adotada para a estaca.
- Geometria inadequada, comprimento ou diâmetro inferiores aos necessários.
- Estacas de tipo inadequada ao subsolo resultando mau comportamento.
- Estacas apoiadas em camadas resistentes sobres solos moles, com recalques
incompatíveis com a obra.

2.3. Recalque de fundações

De acordo com Rebello (2008), o solo quando submetido a cargas sofre deformação, a
qual se pode chamar de recalque. As consequências desse fenômeno resultam na
movimentação da interação solo-estrutura, podendo gerar sérios danos.
A intensidade dos recalques para fundações diretas ou rasas, enfatiza Thomas (1989),
dependerá não só das características do solo, mas também das dimensões da estrutura de
fundação. Na areia, solo altamente permeável, os recalques acontecem em períodos curtos
após haver a solicitação de carga; já na argila, solo menos permeável, o recalque acontece de
maneira bastante lenta, sendo possível durar vários anos. Mesmo camadas de argila entre
maciços rochosos sofrerão o mesmo fenômeno.
A construção civil vem demonstrando que existem situações desfavoráveis para as
fundações profundas no que se refere a recalques diferenciados. De acordo com Mello (1975),
os exemplos dessas situações são: as estacas flutuantes, o efeito de agrupamento de estacas e
estacas muito profundas. Ressalta ainda que o máximo atrito lateral mobilizado ocorre em
pequenos recalques, independentemente do diâmetro do componente de fundação (estacas),
ou seja, haverá uma grande possibilidade de ocorrer recalques intensos se ultrapassados esses
pequenos limites.
Serão apresentados a seguir os tipos mais comuns de recalque de fundação, suas
causas e seus principais sintomas, bem como também a mitigação desse recalque por meio de
reforços.

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2.3.1 Tipos de recalques

Alonso (1991) afirma que quando ocorrido deslocamento de um elemento de fundação


na vertical é caracterizado como recalque absoluto. Havendo dois elementos de fundação com
diferença entre os recalques absolutos é denominado recalque diferencial, o qual causa
distorções na estrutura podendo provocar fissuras.
Há três tipos de recalques frequentes devido a cargas estáticas: recalque por
adensamento, recalque elástico e recalque por escoamento lateral.

2.3.1.1 Recalque por adensamento

A deformação do solo por adensamento acontece devido ao fechamento dos vazios


pela expulsão da água em função da pressão da fundação aplicada no mesmo, causando a
diminuição do maciço de solo. E se tratando de argilas, o processo de adensamento é muito
lento mediante ao baixo coeficiente de permeabilidade das mesmas (CAPUTO, 2012).
Rebello (2008) afirma que quando toda água é expulsa dos vazios, o recalque por
adensamento é estabilizado, não havendo mais a diminuição do volume do solo.

2.3.1.2 Recalque elástico

Também chamado de recalque imediato, essa patologia acontece frequentemente em


solos não coesivos, ou seja, em solos não argilosos, que após a aplicação dos elementos da
fundação sofrem deformação (REBELLO, 2008). Fatores importantes a se considerar são: a
rigidez da fundação, profundidade, sua forma e a espessura da camada deformável, afirmam
Teixeira e Godoy (1998).

2.3.1.3 Recalque por escoamento lateral

A definição desta patologia trata-se da movimentação do solo localizado em uma


região de grandes tensões para regiões de baixas tensões, ou seja, o deslocamento se dá do
centro para a lateral (REBELLO, 2008). Segundo Caputo (2012), a deformação por
escoamento lateral acontece de maneira mais acentuada nos solos não coesivos sob fundações
superficiais ou rasas.

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2.3.2 Causas de recalques

A seguir serão apresentadas algumas das principais situações de ocorrência de


recalque de fundações.

 Superposição de pressões

Essa ocorrência é definida pela instalação de outra solicitação de carga, que altera as
tensões no maciço de solo com uma carga de solo já existente anteriormente, provocando
recalques (MILITITSKY; CONSOLI; SCHNAID, 2005). Conforme figura 10 abaixo.

Figura 10: Superposição de pressão


Fonte: (BRASIL ESCOLA, 2018)

 Deficiência na investigação geotécnica

Muito frequente em obras de pequeno e médio porte, por motivos econômicos, mais
de 80% dos casos de recalque de fundações referem-se à ausência completa de investigações,
fazendo com que o projetista adote soluções inadequadas no projeto, porém se difundida a
importância do emprego da geotecnia, a utilização do método aumenta e consequentemente o
custo orçamentário do projeto tende a reduzir. A insuficiência de sondagens pode ocasionar
problemas futuros, pois o solo pouco investigado pode variar na sua composição, sendo
possível ter mais de um tipo de solo no local (MILITITSKY; CONSOLI; SCHNAID, 2005).

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Localidades com presença de cavernas (muito comum em regiões onde há rochas
calcárias) e solos compressíveis ocasionam a movimentação das fundações e geram o
aparecimento de fissuras, como mostra a Figura 11.

Figura 11: Deficiência na investigação geotécnica


Fonte: (ALONSO,1991)

 Influência da vegetação

A interferência física das raízes das vegetações próxima à construção modifica


diretamente o teor de umidade do solo, sabendo que para manter o seu crescimento, as raízes
extraem água do solo, com isso, o teor de umidade será menor se comparado com a região
onde não há raízes (MILITITSKY; CONSOLI; SCHNAID, 2005).
Uma construção fundada em solo argiloso apresentará movimentação e um possível
recalque devido às variações de umidade provocada por mudanças volumétricas.
Segundo os autores, há uma série de fatores que contribuem na influência da
vegetação, como: o tipo de vegetação presente, o tipo de solo do local, a distância da
vegetação, o clima e o nível do lençol freático.
A presença de vegetação próxima à construção por contribuir significativamente na
alteração da umidade do solo, consumindo a água presente no mesmo, provoca recalque por
adensamento, como mostra a Figura 12.

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Figura 12: Influência da vegetação na ocorrência de fissuras
Fonte: (MILITITSKY; CONSOLI; SCHNAID, 2005)

Se o solo no entorno da construção obtiver características expansivas, o corte da


vegetação localizada próxima à construção poderá contribuir para a expansão do mesmo,
resultando na movimentação vertical no sentido de levantar a fundação.

2.3.3 Sistemas de reforço de fundações

Existem diversos fatores que atuam negativamente na fundação fazendo com que seja
necessária uma intervenção solo-fundação-estrutura com o intuito de modificar o desempenho
do mesmo.
A escolha do tipo de reforço a ser utilizado como mitigação varia de acordo com o tipo
de solo, nível de carregamento, custo, urgência, influências externas, etc.
Os tipos mais comuns de reforço de fundações são:

 Estacas raiz

O processo executivo dessa estaca é feito in loco utilizando equipamentos mecânicos


(perfuratrizes hidráulicas, mecânicas ou pneumáticas) por rotação ou roto-percussão, revestida
em solo por meio de tubo metálico garantindo a estabilidade da perfuração e também não
causando vibrações, conforme o método de execução exemplificado na Figura 13.
Havendo a necessidade de atravessar matacões, blocos de concretos ou embuti-las em
rocha, completa-se a perfuração com o uso de martelo hidráulico até atingir a profundidade
desejada (GEOFIX FUNDAÇÕES, 2018).

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Figura 13: Método executivo da estaca raiz
Fonte: (GEOFIX FUNDAÇÕES, 2018.)

 Injeções de cimento

As injeções de cimento proporcionam melhoria nas características dos maciços


terrosos e rochosos, aumentando sua resistência e impermeabilização.
A execução do método consiste em injetar uma camada de cimento através de tubos
galvanizados de 2” a 3” de diâmetro no terreno abaixo até a cota desejada (CAPUTO,2012).

Figura 14: Método executivo da injeção de cimento


Fonte: (SITES GOOGLE, 2018.)

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 Estacas mega

Esse sistema é conhecido também como estaca de reação, consistindo na introdução de


cilindros metálicos ou de concreto sobre a fundação existente. O reforço é realizado por meio
de acessos escavados até cerca de 1,5 metros de profundidade abaixo da fundação.
O macaco hidráulico tem como apoio a própria base da fundação e, com o peso
próprio da construção, a carga é transferida do equipamento para o cilindro metálico ou de
concreto fazendo assim com que ele seja empurrado para o solo.
A vantagem desse sistema está no fato de não causar vibrações no solo ou na estrutura
da edificação. Porém, quando se trata de realizar o reforço fora da projeção da estrutura é
necessário criar uma extensão na mesma para servir de ponto de apoio para o macaco
hidráulico e às cargas do edifício (CALISTO; KOSWOSKI, 2015).

Figura 15: Estacas mega


Fonte: (PERFURAC ENGENHARIA, 2018.)

2.4. Estudo de caso

O objeto de estudo é uma residência unifamiliar de 98,75 m² de área construída,


situado em uma fazenda na Rodovia Marechal Rondon – Km 529, Araçatuba-SP.
Relatos anteriores da residência apontam que o local era um canil com muretas de
alvenaria de até 1,5 metros para abrigo dos cães. Com o passar dos anos a fazenda foi vendida
e os novos proprietários tiveram a necessidade de construir uma residência para o zelador,
optando assim em ampliar e utilizar a área do canil, elevando a altura das muretas de alvenaria
para que se pudesse fazer a cobertura e utilizá-las como cômodos.

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Após um período, a residência começou a apresentar fissuras em pontos específicos
devido ao recalque diferencial sofrido na estrutura, como nos cômodos que eram o antigo
canil, observando assim que a fundação no local não suportou ao aumento do peso próprio da
residência gerando a necessidade de se fazer o reforço. A Figura 16 mostra as fissuras
ocorridas nas paredes dos cômodos onde se localizava o canil.

Figura 16: Trincas verticais causadas pelo recalque da fundação


Fonte: (AUTORIA PRÓPRIA)

A opção tomada como solução foi o uso de estacas mega devido ao rápido processo de
reforço. Analisando-se a localização e a característica de cada fissura, foram delimitados os
pontos necessários de reforço. Foram escavadas aberturas de no máximo 1,5 metros de
profundidade para possibilitar o acesso de um operário. Essa abertura permitiu a escavação
exata do local abaixo da estrutura onde teria que ser feita a colocação das estacas e também o
encaixe do macaco hidráulico, conforme mostrado na Figura 17.

Figura 17: Abertura para operário e macaco hidráulico


Fonte: (AUTORIA PRÓPRIA)
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Após a colocação do macaco hidráulico deu-se início à execução propriamente dita do
método. Foi posicionada a estaca de concreto no solo exatamente abaixo da estrutura, onde o
equipamento empurrou as estacas uma de cada vez contra o solo usando o próprio peso da
residência como base de apoio juntamente com a viga de concreto pré-moldada e sempre
verificando a pressão exercida do macaco hidráulico na estaca, para que assim fosse possível
saber se o número de estacas colocado era suficiente para o reforço. Em seguida, foi
finalizada a estrutura da estaca mega colocando-se os devidos componentes necessários,
sendo eles, cabeçote de concreto, estacas de reação e cunhas de concreto. Por fim, com o
macaco hidráulico ainda posicionado e atuante colocaram-se as cunhas para manter a pressão
exercida e retirou-se o equipamento. A Figura 18 mostra a estrutura da estaca mega
finalizada.

Figura 18: Estaca mega finalizada


Fonte: (AUTORIA PRÓPRIA)

Concluído o processo de reforço a abertura foi aterrada com solo e apiloada para o
máximo preenchimento dos vazios, evitando-se a possibilidade de recalque diferencial nessa
região.

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3. CONCLUSÃO

O presente artigo apresentou as principais causas de recalques em fundações e as


patologias decorrentes da movimentação do solo. O objetivo foi identificar o movimento de
fundações com o intuito de mostrar a importância da estabilização e controle dos recalques
diferenciais, como também o comportamento de fundações apoiadas nos mais variados tipos
de solo.
Apresentou-se, através do estudo de caso, experiência profissional como forma de
aprimorar os conhecimentos sobre o tema e contribuir com o meio técnico.
No geral, como forma de prevenção ao recalque de fundações conclui-se que seja
fundamental a realização de investigações geotécnicas e análises do solo, acompanhado por
profissional capacitado, o qual, analisando as condições do local, pode sugerir investigações
complementares ou número de sondagens superior ao mínimo determinado em projeto.
A realização do processo executivo deve seguir às orientações técnicas, garantindo que
os esforços da estrutura atuem no solo na intensidade e na forma prevista.
A partir deste trabalho é possível concluir que após a identificação das patologias que
comprovam os recalques de fundações é essencial que seja feito o controle dos mesmos com
reforços ou recuperações adequadas a cada caso.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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