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Estudo Especial nº 36/2019 – Divulgado originalmente como boxe do Relatório de Inflação (março/2019)
- volume 21 | nº 1
O setor industrial mostra, em geral, maior capacidade de incorporar avanços tecnológicos que
resultam em redução do custo de produção e, por conseguinte, diminuição do preço relativo
dos seus produtos. Adicionalmente, os bens industriais são, em geral, passíveis de
comercialização entre economias distintas, permitindo que seus preços se beneficiem da
expansão e reorganização do comércio internacional e regional. Entre os produtos industriais, o
1Neste e nos demais gráficos do estudo, as séries dos índices de preços dos diversos componentes da inflação foram deflacionadas
pelo IPCA.
2Outras análises enfocando os segmentos de preços livres podem ser encontradas nos boxes do Relatório de Inflação: “O que
determina o comportamento da inflação de bens industriais?”, de dezembro de 2016; “Evolução recente da inflação de alimentos”,
de junho de 2016; e “Inflação no setor de serviços”, de setembro de 2016.
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movimento de redução dos preços relativos mostra-se mais evidente para os bens duráveis,
enquanto os preços relativos de não-duráveis e semi-duráveis se aproximam de padrão mais
estável, com tendência clara de recuo desses últimos no período mais recente (Gráfico 2). Em
geral, a redução do preço relativo é mais pronunciada em categorias de bens nas quais há maior
frequência de inovações tecnológicas que resultam em criação de produtos ou substituição dos
existentes por similares de qualidade superior, com destaque para produtos eletrônicos.
Gráfico 2 – Preços relativos – bens industriais
Jul/1999 = 100, deflacionado pelo IPCA
120
110
100
90
80
70
60
50
40
Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul
1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017
Duráveis Não-duráveis Semi-duráveis
Fonte: IBGE
3 Naturalmente, tal tendência sofreu maior variabilidade cíclica, devido aos choques de oferta e variações cambiais.
4O Gráfico 3 compara a evolução dos preços de alimentação no domicílio com o Índice de Commodities – Brasil (IC-Br) Agropecuário
em reais, ambos deflacionados pelo IPCA.
2
Gráfico 3 – Alimentos e commodities Gráfico 4 – Preços relativos de alimentos
Jul/1999 = 100, deflacionado pelo IPCA Jul/1999 = 100, deflacionado pelos respectivos IPCs
180 130
170
160 120
150
140
110
130
120
110 100
100
90 90
Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul
1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017
Alimentação no domicílio IC-Br Agro Brasil Chile México Colômbia
Fontes: IBGE e BCB Fonte: OCDE
Os preços relativos no segmento de serviços aumentaram do início de 2003 até o final de 2014
e apresentaram certa estabilidade nos últimos quatro anos. Esse movimento refletiu, além do
menor ganho de produtividade e competição com o exterior, o efeito mais pronunciado do ciclo
econômico sobre os preços de serviços. O Gráfico 5 evidencia como os períodos de elevação dos
preços relativos de serviços coincidem com a aceleração dos salários reais de admissão 5,
sugerindo que a maior relevância do fator trabalho na estrutura de custos do setor potencializa
os efeitos do ciclo econômico sobre a inflação de serviços.
Gráfico 5 – Serviços e salário real
Jul/1999 = 100, deflacionado pelo IPCA
125
115
105
95
85
75
Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul
1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017
Serviços Sal. Adm.
Fontes: IBGE e Secretaria de Trabalho/ME
Para a trajetória dos preços monitorados (Gráfico 6), contribuíram, principalmente, os itens
energéticos (combustíveis e eletricidade), que possuem participação de aproximadamente 38%
do segmento. No caso de derivados de petróleo, destacam-se os impactos cambiais, de preços
internacionais e da política de preços praticada pela Petrobras. No período entre 2005 e 2010,
com exceção do segundo semestre de 2008, a apreciação cambial atuou no sentido de mitigar
o impacto da alta dos preços internacionais dos combustíveis, efeito também exercido por
reajustes infrequentes nas refinarias no período de 2012 a 2014. Entre 2017 e 2018, a elevação
dos preços internacionais de combustíveis teve impacto relevante na alta dos itens energéticos.
No caso de energia elétrica, questões regulatórias e irregularidades pluviométricas entre os anos
5 A série de salários médios de admissão no mercado de trabalho formal foi dessazonalizada e deflacionada pelo IPCA.
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de 2013 e 2015 6 afetaram sensivelmente os preços relativos do segmento energético, com
impacto ainda presente nas tarifas atuais.
Gráfico 6 – Preços relativos – monitorados
Jul/1999 = 100, deflacionado pelo IPCA
150
140
130
120
110
100
90
Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul
1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017
Monitorados – Energéticas
Monitorados – Ex-energéticas e plano de saúde
Fonte: IBGE
155
135
115
95
75
Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul Jul
1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017
Plano de saúde Demais serviços de saúde
Fonte: IBGE
Em resumo, a análise do comportamento dos preços relativos dos principais segmentos do IPCA
evidencia que o segmento de monitorados foi importante fonte de oscilação dos preços relativos
na comparação histórica, em função de mudanças estruturais que impactaram o item energia
6
Houve redução média de 19% nas tarifas de energia elétrica em janeiro e fevereiro de 2013, no contexto da Medida Provisória
nº 579/2012, convertida na Lei nº 12.783/2013. Já em março de 2015 uma alta de 22% foi provocada pela revisão extraordinária
que visava a garantir o equilíbrio econômico-financeiro das concessionárias, afetadas, dentre outros fatores, pelo cenário
hidrológico adverso do ano anterior. Adicionalmente, a exposição das distribuidoras ao mercado de curto prazo em 2014, decorrente
do elevado grau de descontratação, levou à realização de operações de créditos e criação da Conta no Ambiente de Contratação
Regulada (Conta-ACR), ainda presente na composição das tarifas de energia elétrica.
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elétrica residencial e de flutuações em preços de combustíveis. Os preços de planos de saúde
exerceram acentuada pressão para o aumento dos preços de monitorados, em especial, a partir
de 2016. Os preços livres apresentaram dinâmicas distintas entre os componentes, destacando-
se a trajetória majoritariamente ascendente dos preços relativos de alimentos e serviços no
período avaliado, e tendência clara de redução dos preços de bens industriais, particularmente,
dos duráveis.