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James E. Grunig é um impulsionador das RP, autor de diversas obras sobre a temática
das RP. É professor, e ao longo da sua carreira recebeu diversos prémios, escreveu livros e
artigos na mesma área que hoje têm um grande impacto nos profissionais de RP.
A investigação nesta área é uma mais valia para a profissão de RP, porque permite
demonstrar como é possível atingir resultados mais positivos para uma empresa, fomentando
esta faceta mais estratégica destes profissionais. No entanto, um dos principais problemas que
os profissionais de RP enfrentam passa exatamente pelo descrédito neste papel mais
estratégico que pode ser aplicado pelos RP. (Grunig, J., 2011).
Segundo Julian Kenny (2016), as RP “são uma atividade demasiado complexa e fluída
para ser resumida numa única abordagem”. Os autores, Cutlip, Center & Broom (1999)
definiram as RP como uma função de gestão que cria e mantém uma relação entre uma
organização e os seus públicos, sendo estes últimos previamente segmentados e determinados
como influentes para a organização. (Bowen, S., 2010).
Para Grunig (2011), através destas 3 abordagens é possível compreender como tanto
as pessoas em geral, como os académicos, “pensam as RP” através de dois paradigmas: o
paradigma simbólico-interpretativo, explica que os RP procuram influenciar a interpretação
dos públicos face ao comportamento das organizações, agem depois dos problemas surgirem,
ou seja, não prevêem problemas ou crises e não têm em conta a opinião dos públicos, mas
sim a dos decisores. Já o paradigma da gestão estratégica comportamental inclui os
profissionais de RP na tomada de decisão, para que tenham um papel ativo na mudança e na
gestão dos comportamentos dos públicos. Este paradigma também estabelece uma
comunicação bi-direcional entre os públicos e a organização, em diferentes momentos, antes
e depois da tomada de decisão, permitindo a previsão de problemas e crises.
Para diversos autores a gestão estratégica das RP é representada por uma abordagem
moderna à gestão, ou seja, segundo Hatch e Cunliffe (2006), a abordagem moderna é uma
perspetiva racional, que leva os investigadores a testar e a desenvolver. Já a pós-modernista
desafia teorias e procura obter uma visão e postura mais crítica, e Grunig (2011), aproxima a
gestão estratégica das RP mais à abordagem pós-modernista.
Digitalização ambiental
Segundo o autor Grunig (2011), os “teóricos da gestão estratégica distinguem dois
tipos de ambientes”: o económico, que resulta de diferentes grupos na sociedade que
adquirem produtos da organização, e o institucional, que são públicos que partilham
interesses comuns com a organização, como políticos ou ativistas. E como refere este autor,
ambos devem ser tidos em conta pois conseguem ter altos níveis de influência sobre uma
empresa ou organização e podem ser fulcrais no desfecho de uma ação de comunicação ou na
tomada de decisões estratégicas. Ao conhecermos também um público que não está satisfeito
com a empresa então poderá ser efetivamente criado um plano que dê resposta também às
suas necessidades.
Com o objetivo de demonstrar que as RP podem ter uma função estratégica, Grunig
(2011) reuniu ferramentas que devem ser tidas em conta por estes profissionais durante este
processo. De sublinhar, a digitalização ambiental, na importância da “pesquisa preliminar”,
para determinar o ponto de partida na gestão estratégica, os públicos e os problemas. A
prevenção de problemas e crises através da inclusão programas especializados nesta vertente,
com a construção de cenários que permitam aos profissionais prever diferentes realidades. As
RP normalmente só são chamadas a intervir quando a crise já está instalada, ao invés de ter
um papel ativo na prevenção do problema. (Reber, B. & Berger, B.,2006). Um dos grandes
problemas que as RP enfrentam é exatamente conseguir a reputação para contribuir
estrategicamente numa organização. No entanto, para demonstrar aos administradores que
podem confiar no trabalho destes profissionais existe a necessidade de apresentar resultados e
avaliar as contribuições para determinada empresa. E só desta forma as RP conseguirão fazer
parte da equipa estratégica de uma organização. Normalmente o trabalho de um RP produz
uma mudança a curto prazo, o que implica a medição periódica dos seus indicadores,
permitindo desta forma a monitorização da qualidade das relações que a organização
desenvolve com os seus públicos.
Mais recentemente, o meio digital veio trazer novas possibilidades. Como o autor
Henry Jenkins (2006) afirmou, “a indústria dos media está a levar a uma mudança de
paradigma”, e para os RP isso também se aplica. Para Grunig (2011) vieram mudar muito a
profissão dos RP, o digital veio dificultar a prática do paradigma interpretativo, “tentando
controlar as mensagens que os seus públicos recebem”. Mas, de outra perspetiva demonstrou
ser uma ferramenta muito positiva para estes profissionais, uma vez que pode ser um canal
que permite criar uma relação com novos públicos, que de outra forma seria mais difícil. Por
outro lado, este desenvolvimento digital também permite aos RP encontrarem novas fontes de
informação através de redes sociais ou de blogues. Segundo o autor Deirdre Breakenridge
(2008), a internet veio mudar tudo e permitir às RP uma interação mais pessoal com os seus
públicos, que se define como simétrica, porque se caracteriza por ser “two-way”, ou seja o
RP ouve o seu público e consegue ao mesmo tempo dar-lhe uma resposta mediante essa
necessidade por ele partilhada. E as redes sociais vieram exatamente promover esta relação e
providenciar o RP com uma informação 24/7 sobre os seus públicos.
Conclusão
A melhor forma de abordar a ideia de Grunig sobre a institucionalização das RP no
processo de gestão estratégica é ligar as atividades e os resultados organizacionais produzidos
por estes profissionais, em especial o valor que geram às organizações. (Tam, L. et al, 2020)
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