Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
O objetivo desse artigo é entender como a neurociência pode potencializar ações de Relações
Públicas, além de discutir e refletir sobre a relevância dos estudos da neurociência para o
próprio campo das Relações Públicas. Para isso, a discussão apresenta inicialmente o âmbito
de ação das relações públicas e a conceituação sobre a reputação organizacional, públicos,
identidade e cultura organizacional, visando encontrar interseções com a neurociência. O
estudo abarca uma investigação de natureza qualitativa com profissionais da comunicação
que atuam com a neurociência em relação à sua aplicabilidade no campo das Relações
Públicas.
ABSTRACT
The aim of this article is to understand how neuroscience can enhance Public Relations
actions, in addition to discussing and reflecting on the relevance of neuroscience studies to
the field of Public Relations. For this, the discussion initially presents the scope of action of
public relations and the conceptualization of organizational reputation, audiences, identity and
organizational culture, aiming to find intersections with neuroscience. The study encompasses
a qualitative investigation with communication professionals who work with neuroscience in
relation to its applicability in the field of Public Relations.
1 INTRODUÇÃO
Minas.
2
As Relações Públicas são uma área da Comunicação que tem como objeto de
estudo a construção de relacionamentos. Os profissionais de relações públicas atuam
nas organizações com o objetivo de conhecer, entender e promover os
relacionamentos da organização, e em conjunto com profissionais de outras áreas da
comunicação como o jornalismo, publicidade e propaganda e marketing é possível
materializar os processos interacionais da organização.
A partir de todas as relações de trocas existentes entre uma organização e seus
públicos, o profissional de Relações Públicas possui um desafio de fundamental
importância na compreensão e organização desses relacionamentos de forma que
eles gerem valor para as partes envolvidas. Segundo Fábia Pereira Lima e Ivone de
Lourdes Oliveira (2012):
3KEMP, Simon. Digital In 2018: World’s internet users pass the 4 billion mark. Nova York, 2018. O
relatório é produzido pelas organizações We Are Social e Hootsuite em parceria com outras
organizações que fornecem os dados.
6
(...) a cultura é estudada como uma variável interna que ajuda a evidenciar,
compreender e controlar a criação de valores e crenças que ocorrem na
organização, manifestadas pelo aparato simbólico e verificadas em seus
mitos, rituais, histórias, lendas, cerimônias, entre outras (SMIRCHICH, 1983
4A ideia de “Comunicação Dialógica” remete ao conceito elaborado por Vilém Flusser. Comunicação
dialógica se caracteriza pela troca de informações diferentes com o intuito de desenvolvimento de uma
nova ideia, beneficiando a empresa envolvida e seus stakeholders.
8
Pesquisas têm demonstrado que uma reputação positiva atua como um ímã,
atraindo investidores, diminuindo custos do capital, trazendo novos
consumidores, retendo atuais compradores, motivando empregados,
gerando cobertura favorável da imprensa, afetando positivamente o conteúdo
de análises financeiras. (FOMBRUN; VAN RIEL, 2004 apud CASTRO; MAIA,
2005, p. 2).
5Dados obtidos por acesso ao Google Trends em 12/05/2021 às 07h50. É importante frisar que o
Google Trends disponibiliza na ferramenta as informações retiradas diretamente da base de dados do
Google, mecanismo de busca mais utilizado em todo o mundo, com 92,24% de domínio no mercado.
(Fonte: Search Engine Market Share Worldwide. Disponível em: https://gs.statcounter.com/search-
engine-market-share. Acesso em 12/05/2021).
11
7How do we best explain the value of neuromarketing, both to clients and the lay person, in a manner
that does not induce negative thoughts of subliminal or subconscious messaging techniques?
14
3.3.6 Neurostorytelling
8The new field allows in-depth study of employee behaviour and the drawing up of strategies for their
retention.
9 And one of those emerging practices is neuromarketing, a truly fascinating new science and practice
Quando você quer realmente aplicar, existe uma série de contratempos que a
gestão de uma empresa coloca para poder evitar que aquilo não funcione. [...]
Então não vale uma boa intenção se, no final, quem tem poder decisório, não
está disposto a aplicar aquilo ali. Então é um trabalho extra de persuasão.
Por isso que as startups estão bombando tanto hoje em dia. Além de
desafiarem o status quo de uma indústria, ainda tem a missão de resolver uma
dor aguda e real dos consumidores.
Como você entende o seu público consumidor externo e interno? Como você
define a capacidade de cognição, relacionamento e persuasão em relação a
esses públicos alvos? Como você faz chegar o seu propósito de maneira mais
prática naquele público alvo específico?
uma empresa, não se deve pensar no produto que se quer vender, mas sim no por
quê o que se está vendendo é bom para o mundo: “Qual é o grande motivo para eu
fazer aquilo? O que que me leva a levantar todo dia para trabalhar naquele produto,
naquela ação, naquela ideia? [...] Não é mais um foco no produto mas sim qual é a
sua grande missão.”. Finalizando a abordagem destes pilares do neurostorytelling, o
entrevistado 1 ainda reforça que antes de se pensar em reputação é necessário
primeiramente refletir sobre “que tipo de valor eu quero colocar para minha reputação
para que ela possa funcionar?”
A entrevistada 2, também como já apresentado, tem experiência com
neurociência aplicada aos negócios. Quando indagada sobre o possível impacto da
neurociência aplicada aos negócios na construção e solidificação da reputação
organizacional, a entrevistada ressaltou que o cérebro é uma máquina complexa: “As
pessoas desejam coisas que nem sabem se precisam, costumam pensar pelo senso
comum, que também pode ser chamado de efeito manada.”. Diante disso, a
entrevistada defende que para se construir uma marca sólida é necessário que as
atitudes da marca sejam coerentes com sua fala. Dessa forma, ela avalia que a melhor
forma de se construir uma reputação sólida “é ser quem você promete ser, é entregar
o que você promete entregar, é ser sincero com o consumidor, assumir quando errar
e ter processos transparentes.”
Buscando compreender mais sobre possíveis estudos de neurociências
utilizados para aprofundar conhecimentos na área de Relações Públicas, indagamos
os entrevistados se eles teriam conhecimento de estudos que foram realizados para
essa finalidade ou se eles veem potencial em tal utilização. A entrevistada 2 afirmou
que há grandes oportunidades para as áreas de Relações Públicas e de comunicação
no geral, proporcionadas pelos avanços na neurociência cognitiva e o mapeamento
do cérebro humano. Dentre essas oportunidades, a entrevistada 2 exemplificou: “para
começar a entender mais claramente como a narrativa de histórias, as mensagens
estratégicas e as atividades de comunicação influenciam a percepção humana da
confiança, credibilidade e autenticidade.”
O entrevistado 1 exemplificou um estudo de neurociência realizado por Donald
Miller conhecido como Storybranding. Segundo o entrevistado este estudo não foi
realizado voltado especificamente para o campo das Relações Públicas, mas possui
um excelente potencial de utilização para este campo, pois trabalha com questões
como a construção de identidade, valor, reputação e de avaliação de imagem. Este
estudo foi apresentado no livro “Building a Story Brand” e apresenta 7 frameworks de
toda a construção de uma história de uma marca.
Por fim, os entrevistados foram indagados sobre como a atividade de Relações
Públicas, compreendida como uma construção de relacionamentos efetivos com os
públicos e as organizações, poderia ser potencializada com a aplicação da
neurociência para o campo. O entrevistado 1, respondendo ao questionamento,
ressaltou a importância de profissionais de comunicação se manterem sempre
atualizados: “é seguir o fluxo do tempo em termos de aplicação, construção de
imagem, reputação e tudo mais”. Diante disso, para o entrevistado, uma grande
oportunidade de utilização da neurociência para a área de Relações Públicas é a
questão da influência e dos influenciadores digitais. Segundo ele, é muito interessante
construir reputação com base na utilização de influenciadores digitais, afinal, ao se
associar a um influenciador e se posicionar a partir dele, com base em sua influência
pública, há uma correlação com a legitimidade desse influenciador e a reputação
organizacional:
20
Nada melhor do que você usar um influencer que fale para aquele público alvo
que eu quero trabalhar. [...] Eu contrato uma pessoa idônea que pode
representar aquilo ali e vai ser uma base de conversação que eu, empresa,
não tenho condições de fazer, porque minha imagem não comporta. Então eu
estou tomando emprestada a credibilidade e influência de um digital influencer
para comunicar a minha mensagem. Mas no fim, sou eu, empresa, falando.
(Entrevistado 1)
Considerações finais
REFERÊNCIAS
FREBERG, Karen. Neuroscience PR: The future of the Public Relations profession?.
Blog de Karen Freberg, 2009. Disponível em:
http://karenfreberg.com/blog/neuroscience-pr-the-future-of-the-public-relations-
profession/. Acesso em 16 mai. 2021.
KEMP, Simon. Digital In 2018: World’s internet users pass the 4 billion mark. Nova
York, 2018. Disponível em: https://wearesocial.com/blog/2018/01/global-digital-
report-2018. Acesso em 05/05/2021.