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FAZER TERAPIA: O PROCESSO DE ACENDER A LUZ EM MEIO À ESCURIDÃO

Oi!
Na minha jornada de exercício profissional, o que mais presencio é a resistência de
começar ou continuar um processo psicoterapêutico. Há várias razões para isto, mas vou
falar a seguir uma delas.
Chama-se setting terapêutico o lugar onde o paciente em potencial vai entrar em contato
com as suas dores e sentimentos mais íntimos. Fazer isto evoca muitas das vezes a
lembrança de traumas que o impossibilitaram de ter uma vida mais plena.
Quando se vai ao médico e há uma dor em alguma parte do corpo, o que se faz pra tratar
o incômodo? Investiga-se com exames médicos e locais, além de tocar onde
supostamente está ferido ou inflamado. Se dói, é necessário ser cuidado, não é mesmo?
No seu caso, você deixa de tratar o que te incomoda?
Se você tem consciência de que o seu bem-estar está acima de tudo, não vai economizar
energia para alcançar esta meta. Se não, é provável que o sofrimento chegue a níveis
absurdos até que mude de posicionamento.
Medo de viver coisas ruins todo mundo tem. Pior ainda é o medo de confrontar as
próprias questões, a própria escuridão. Dessa maneira, porém, as pessoas acabam se
fechando para o processo da vida como um todo, com o intuito de se protegerem. E
deixam de viver dignamente a vida que tanto anseiam e merecem.
Sigmund Freud, em seu texto “Sobre o início do tratamento (1913) ” afirma
assertivamente que “ nada na vida é tão caro quanto a doença – e a estupidez”. O que
ele quis dizer é que embora haja um investimento financeiro contínuo para a eficácia do
tratamento, em virtude da natureza da duração do processo terapêutico, os benefícios
são de se perder de vista, em todas as dimensões da vida. O pai da Psicanálise chega a
dizer que quem investe em um tratamento psicológico faz um bom negócio, pois nem há
como comparar o dispêndio financeiro e os resultados de uma saúde mental restaurada.
Não viva como se já tivesse morrido, não viva tateando na escuridão. Em momentos de
crise, o melhor investimento é em si mesmo. Pense nisso!

Fernanda Relva é psicóloga clínica, graduada pela Universidade Federal Fluminense,


pós-graduanda em Teoria Psicanalítica e Prática Clínico-Institucional pela Universidade
Veiga de Almeida e atualmente voluntária do projeto Mapa do Acolhimento, que atende
mulheres vítimas de violência. Atende seus pacientes somente online, por questões de
segurança em virtude da pandemia do novo corona vírus.
Nicho de atendimento : mundo feminino, maternidade, abuso sexual, sexualidade
feminina, violência contra a mulher, relacionamentos, transtornos de ansiedade,
compulsões.

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