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Aqui adoto a versão decorada desde infância e apelada por alguns, que a utilizam fora de seu contexto.
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alegria oriunda da mesma. Não podemos usar um texto poético para tratar de
doutrina e, principalmente, não podemos usar um texto do AT para explicar o
processo de salvação que foi desenvolvido e descrito em o NT. Um detalhe
curioso, é que bastaria olhar para o versículo anterior, que a própria teoria de
que o crente não perde a salvação, cairia por terra; pois no verso 11, o salmista
implora para que Deus não retire de si o seu santo Espírito. Ora, se Deus pode
retirar o seu Espírito, logo o ser que o possuía perde o direito à salvação,
poderíamos usar a mesma lógica.
Todavia, não podemos adotar nem uma, nem outra teoria, por serem
meras especulações. É muito mais natural e saudável, entender ambas as
expressões dentro do contexto da época, onde o rei, e apenas ele e
pouquíssimas pessoas, por ser ungido de Deus, tinha a manifestação mais
vívida do espírito de Deus em suas vidas, o que os levava a realizar grandes
feitos. Desta forma, o que o salmista está pedindo é que, diante de seu
arrependimento (Sl 51,1-10), Deus volte a manifestar de seu Espírito, levando-
o a ser usado como instrumento divino nas batalhas, tendo assim a alegria das
vitórias em cada livramento. Ou seja, salvação é sinônimo tão somente de
livramento e vitórias e a ação do espírito de Deus se refere à manifestação
pontual e concreta diante de uma determinada situação.
Infelizmente, não é apenas o contexto que se é ignorado, quando
tratamos com poesia. Como elas são ricas nos usos de figuras de linguagens,
o fato de não reconhecermos isto, ou o costume de considera-las como literais
podem nos trazer muitas dificuldades.
masculino, que por não ser bem compreendida em nossa cultura, foi omitido,
traduzindo apenas o seu conceito.
Outra expressão que normalmente passamos desapercebidos em
nossas leituras, podemos encontrar em Rute. Quando se menciona que ela
descobriu os pés de Boás (Rt 3,7), certamente trata-se de um eufemismo para
dizer que ela descobriu suas partes íntimas.
Recentemente, num determinado culto de domingo, ouvi o ministro de
louvor explicar o Sl 42,1, antes de um dos cânticos. O salmista disse: “Como
uma corça suspira pelas correntes das águas, assim a minha alma suspira por
ti, ó meu Deus”. O dirigente do culto explicou que a corça, da família dos
veados, tem a peculiaridade de respirar enquanto bebe água. Mas, não como
geralmente ocorre, com suas narinas fora da água. Segundo ele, mesmo com o
focinho submerso, ela consegue separar o oxigênio da água, enquanto a bebe.
Já tive que atender algumas pessoas intrigadas e inquietas porque
tinham encontrado um palavrão na Bíblia. Segundo algumas pessoas, Amós
chamou suas compatriotas de vaca e Salomão chamou a Sunamita, de
Cantares, de égua. Todavia, são figuras de linguagem, que para a sua época
tinham outro sentido. Em Am 4,1 o profeta estava elogiando, dizendo que as
mulheres eram belas, imponentes, orgulhosas. Enquanto que em Cân 1,9 seria
o equivalente a chamar a pessoa amada de gatinha.
Outra figura, levada ao pé da letra encontra-se em Js 1,3 onde deus faz
uma promessa para o novo líder: “Todo lugar que pisar a planta de vosso pé,
vô-lo dei, como eu disse a Moisés”. Infelizmente, volta e meia ficamos sabendo
de pessoas que decidiram caminhar descalços em seu bairro, como sendo um
ato profético em prol da evangelização do mesmo. Não é isto o que o texto está
dizendo. O que o Senhor disse a Josué foi: enquanto eles estivessem
dispostos a caminhar, indo atrás da bênção prometida, Deus estaria com eles e
os abençoaria. Quando eles decidissem parar, a bênção também pararia. Ou
seja, a promessa estava vinculada, não à literalidade de um andar descalço,
mas à perseverança em busca-la. Basta ler o livro de Josué, para perceber que
foi isto mesmo que aconteceu. Enquanto eles estavam dispostos a lutar e
conquistar, não havia inimigos que pudesse se opor, mas quando se
contentaram com o território que haviam alcançado, os inimigos pareciam
invencíveis e Deus deixou de abençoá-los.
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Por muitos anos, evitei a segunda parte do Salmo 95, dos versos 7-11,
por achar tão negativo e pesado. Todavia, recentemente, ao fazer uma
exegese dele, percebi que sua estrutura mostra o contrário. Conforme poderão
perceber no artigo mencionado como material complementar.
Um amigo decidiu pregar um sermão para cada uma das 22 partes do
Salmos 119. Logo na terceira ou quarta parte ele percebeu que não poderia dar
continuidade ao seu propósito. Afinal, o Salmos 119 todo é uma poesia
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Sintetizando
Hoje, tem-se a falsa ideia de que se algo é poético, tem um menor valor.
Curiosamente, na antiguidade, era o oposto. Segundo Champlin, havia uma
crença, generalizada, de que os escritos mais importantes eram aqueles que
foram registrados através da poesia.2 Em outras palavras, no que diz respeito à
inspiração, não interessa tanto se o texto foi escrito em poesia ou prosa.
Todavia, para uma melhor compreensão do significado de sua mensagem,
precisamos detectar o tipo de escrita que foi utilizada, para melhor
compreender seus ensinamentos.
Temos que estar atentos aos aramaísmos e a própria cultura por detrás
de cada texto. Não podemos ficar apenas preso à perícope em si, mas procurar
ver o seu envolvimento com a cultura para a qual ele foi escrito. Bem como,
também precisaremos estar atento para o significado e a forma de se usar
determinadas figuras de linguagem. Devemos ter o cuidado com a correta
interpretação, porque às vezes, uma palavra é usada com um sentido naquele
contexto, mas terá outro significado, em outro texto. Por isto, também
precisamos observar a estrutura na qual o texto foi escrito ou “formatado”. Pois,
assim, como hoje, também transmitimos nossa mensagem no que chamamos
de entrelinhas.
Bons estudos3 e até a próxima Unidade, quando trabalharemos mais
diretamente sobre os livros bíblicos classificados como poéticos.
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CHAMPLIN, Russel Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. São Paulo: Candeia, 1995, p.
313.
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O vídeo proposto para esta Unidade fala sobre a poesia em geral, mas acredito que traz boas dicas
sobre o cuidado com sua interpretação e por isso, poderá ser tranquilamente, aplicada ao nosso estudo
da poesia bíblica.