Você está na página 1de 26

Licenciatura em

Administração Público-Privada

DIREITO ADMINISTRATIVO I
3

CARLA MACHADO

Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra


2017/18
Carla Machado
carlamachado@fd.uc.pt
I. Europeização do direito administrativo e da organização administrativa

a. Reconfiguração das estruturas da organização administrativa nacional em função do modelo europeu

b. Alteração do tipo de missões das estruturas administrativas nacionais

3
II. Influência europeia sobre o desenho de autoridades administrativas nacionais

III. Influência europeia sobre as missões das autoridades administrativas nacionais

IV. Da execução indireta às funções comuns

4
V. Europeização de Administrações Nacionais

a. Atribuição de competências transnacionais a estruturas administrativas nacionais

b. Conformação europeia de competências de autoridades nacionais

c. Integração institucional ou orgânica de autoridades nacionais na Administração Pública Europeia

5
VI. Algumas tendências atuais – em particular, a administração europeia indireta

a. Autoridades Nacionais funcionam como órgãos da União Europeia

b. Desenvolvimento de formas de coadministração ou gestão partilhada

6
VII. Organização Administrativa Territorial em NUTS

a. Padrão estabelecido pela União Europeia (Eurostat)

b. “Nomenclatura das Unidades Territoriais para fins Estatísticos”

c. Áreas económicas e sociais de intervenção administrativa

7
I. Europeização do direito administrativo e da organização administrativa

a. Reconfiguração das estruturas da organização administrativa nacional em função do modelo europeu

b. Alteração do tipo de missões das estruturas administrativas nacionais

c. Desenvolvimento de uma função administrativa comum – isto é, de uma função administrativa europeia, que está na génese de
uma união administrativa europeia (uma joint administration), baseada num processo de integração e na instituição
de um espaço de condomínio entre administrações nacionais e órgãos da Administração Europeia

d. O direito da União Europeia está na origem da europeização das organizações nacionais

8
II. Influência europeia sobre o desenho de autoridades administrativas nacionais

a. Autoridades nacionais com funções de regulação da economia, o direito europeu, no início de formas mais ou menos subtis e

indiretas, mas agora, de forma explícita e direta, exige, por ex., a instituição de autoridades administrativas
independentes dos governos (autoridades “desgovernamentalizadas”). Por vezes, chega mesmo ao ponto de definir, por ex., o período máximo de

mandato dos dirigentes daquelas autoridades; exemplo destas tendências pode ver-se na Diretiva 2009/72/CE, que estabelece regras comuns para o mercado interno da eletricidade.

b. Pode, assim, concluir-se que, em determinadas áreas, o direito europeu desenvolve uma influência relevante sobre o

próprio quadro institucional e orgânico das administrações nacionais.

9
III. Influência europeia sobre as missões das autoridades administrativas nacionais

a. O direito da União Europeia exerce uma grande influência na definição dos poderes e das competências de muitas autoridades

nacionais. Por exemplo, o fenómeno de atribuição de poderes de resolução de litígios a autoridades administrativas tem, em grande medida, uma origem europeia; o mesmo se pode dizer de
certas competências públicas, por ex., no domínio da proteção da concorrência ou da fiscalização de atividades e de produtos.

b. De uma forma mais geral, pode aliás observar-se que o direito europeu é responsável por um tipo de alteração que, reformulando

as missões administrativas a desenvolver, induz uma transformação organizativa e reclama até uma transformação do que poderá
chamar-se a “cultura das organizações administrativas”. Assim sucede com a alteração das missões administrativas que decorrem da abolição, em

muitos sectores, de controlos administrativos prévios, ex ante, (por via de autorização, licença, etc.)

10
c. Verifica-se uma alteração das missões administrativas, que deixam de se traduzir num controlo burocrático “à entrada no
mercado”, e passam a desenvolver-se, no terreno, através de ações de fiscalização (vistorias e inspeções).

d. Esta alteração determina uma reestruturação das estruturas administrativas, que vão ter de se adaptar a um
trabalho mais operacional, a efetuar onde a atividade a controlar se desenvolve, abandonando o modelo de trabalho burocrático,
centralizado e “de gabinete”, consubstanciado numa apreciação documental de pedidos de entrada no mercado.

e. Mesmo quando os controlos prévios não são abolidos, existem outros mecanismos do direito europeu que acabam por induzir
um resultado semelhante.

11
IV. Da execução indireta às funções administrativas comuns

a. Em muitos casos, fala-se em execução do direito da União Europeia para referir uma intervenção (nacional) de tipo

legislativo, por ex., no âmbito da transposição de diretivas para o direito interno dos Estados-Membros.

b. No início do processo de construção europeia, entendia-se que a responsabilidade dessa execução administrativa deveria ser

confiada às administrações públicas dos Estados-Membros: tratava-se do sistema de execução indireta.

12
c. Apesar de, em regra, os Estados continuarem a ser responsáveis pela execução administrativa do direito europeu, há, pelo menos,
duas importantes alterações a considerar:

1. Em certas áreas de intervenção da EU, verificou-se mesmo uma passagem do sistema de execução pelos Estados para um

sistema de execução centralizada, o qual se desdobra em:

i) execução centralizada direta (com intervenção da Comissão Europeia);

ii) execução centralizada indireta, com intervenção de agências comunitárias e organismos criados no
seio da EU.

13
2. Quando a execução surge confiada aos Estados-Membros, o fenómeno já não se traduz numa execução indireta – como se aqueles
estivessem a exercer uma função alheia – mas antes na execução de uma função administrativa comum.

Passou a entender-se que o direito europeu é executado de uma forma coordenada e partilhada entre a
Administração Pública Europeia e as administrações nacionais:

Administração em condomínio ou de co-administração, que representa a articulação num modelo sistémico, horizontal
ou vertical, entre instituições, órgãos e organismos da União e estruturas administrativas nacionais.

14
O desempenho dessa função administrativa comum (europeia mas também

nacional ou nacional mas também europeia) e o processo de participação ou de integração na coadministração


europeia provocam a europeização das administrações nacionais.

Na medida em que participam na função administrativa comum, as administrações nacionais tornam-se também
estruturas administrativas do direito europeu.

15
V. Europeização de administrações nacionais

a. O fenómeno de europeização de sectores das administrações públicas dos Estados-Membros da UE baseia-se na participação

de autoridades nacionais na execução de funções administrativas comuns, em condomínio ou em


coadministração (funções que são europeias e também nacionais).

b. Corte com a ideia inicial de “execução indireta” – Porquê?

 Entende-se, hoje, que na medida em que participam nestas funções (funções administrativas comuns), as estruturas

administrativas nacionais “integram-se” num sistema administrativo transnacional, id est, num sistema administrativo europeu.

16
c. Esta forma de europeização revela-se:

i) Na atribuição de competências transnacionais a estruturas administrativas nacionais;

ii) Na conformação europeia de competências de autoridades nacionais;

iii) Na integração institucional ou orgânica de autoridades nacionais na Administração Pública Europeia

17
i. Administrações nacionais com competências transnacionais

a. Autoridades nacionais, ainda no quadro da execução do direito europeu, exercem competências administrativas que conhecem uma
eficácia ou vigência transnacional (e mesmo europeia).

b. Trata-se de competências que se expressam em atos (por ex., autorizações, atribuição de diplomas, certificações, inspeções) cujos
efeitos são operativos ou eficazes fora do território do Estado de origem do ato e vigoram mesmo em todos os Estados-Membros
da União (“atos administrativos transnacionais”).

18
c. A eficácia europeia de atos e medidas de autoridades nacionais é a demonstração de que, ao praticarem tais atos e tomarem
aquelas medidas, as autoridades nacionais surgem como “centros de decisão” de uma rede desconcentrada da
Administração Pública Europeia.

19
ii. Administrações nacionais com competências cujo exercício é conformado por instituições, organismos
ou órgãos da União

a. Num outro sistema de desenvolvimento de funções administrativas comuns (integração conjuntiva), as autoridades administrativas
nacionais exercem uma competência própria, mas fazem-no no seio de procedimentos administrativos faseados, que contemplam a
intervenção prévia, prejudicial e conformadora de órgãos ou instituições europeias. Ex: regulação do mercado das telecomunicações

Nota: A Comissão pode emitir linhas de orientação e recomendações, que as autoridades nacionais têm de tomar na “máxima conta”.

20
iii. Administrações nacionais integradas na Administração Pública Europeia

Por fim, o patamar mais evoluído de integração, já com uma dimensão de integração orgânica ou institucional,
alcança-se nos casos em que uma estrutura administrativa nacional passa, em sentido literal, a fazer parte, a integrar um sector da
Administração Pública Europeia, neste se encaixando como uma estrutura que, em rigor, se pode considerar também europeia.

Ex: Banco de Portugal, o qual é parte integrante do Sistema Europeu de Bancos Centrais e, nesta qualidade, surge como elemento de um sistema administrativo composto pelos outros bancos centrais
e que tem na cúpula o Banco Central Europeu.

21
VI. Algumas tendências atuais – em particular, a administração europeia indireta

a. Autoridades Nacionais funcionam como órgãos da União Europeia

b. Desenvolvimento de formas de coadministração ou gestão partilhada

22
VII. Organização Administrativa Territorial em NUTS

a. Padrão estabelecido pela União Europeia (Eurostat)

b. “Nomenclatura das Unidades Territoriais para fins Estatísticos”

c. Áreas económicas e sociais de intervenção administrativa

23
NUTS I

PT1. Portugal Continental

PT2. Região Autónoma dos Açores

PT3. Região Autónoma da Madeira

24
NUTS II

PT11 Norte
PT15 Algarve
PT16 Centro
PT17 Lisboa (Área Metropolitana)
PT18 Alentejo
PT20 Açores
PT30 Madeira

25
NUTS III (Portugal Continental)

Norte – 8 NUTS III

Centro – 12 NUTS III

Lisboa – 2 NUTS III

Alentejo – 5 NUTS III

Algarve – I NUTS III (coincide com NUTS II)

26

Você também pode gostar