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MÚSICA
E D U C A Ç Ã O I N F A N T I L
MATRIZ CURRICULAR
Rede de Ensino Municipal de São José dos Campos
Matriz Curricular de
Movimento
Música
EDUCAÇÃO INFANTIL
Eduardo Cury
Prefeito
MÚSICA
EDUCAÇÃO INFANTIL
1ª edição
2012
REVISÃO ORTOGRÁFICA
Célia Sardinha
Eliane Milanez
José Vicente de Miranda
Maria Cristina Gama
PROJETO GRÁFICO E
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Anderson Goiembiesqui
Esta publicação tem a cooperação da UNESCO e da Prefeitura Municipal de São José dos Campos no âmbito do
Projeto de Cooperação Técnica Internacional - Sistemática para avaliação institucional e educacional do Sistema
Municipal de Ensino de São José dos Campos - SP.
O autor é responsável pela escolha e apresentação dos fatos contidos neste livro, bem como pelas opiniões nele
expressas, que não são necessariamente as da UNESCO, nem comprometem a Organização. As indicações de
nomes e a apresentação do material ao longo deste livro não implicam a manifestação de qualquer opinião por parte
da UNESCO a respeito da condição jurídica de qualquer país, território, cidade, região ou de suas autoridades, tam-
pouco a delimitação de suas fronteiras ou limites.
Esclarecimento: a UNESCO mantém, no cerne de suas prioridades, a promoção da igualdade de gênero, em todas
suas atividades e ações. Devido à especificidade da língua portuguesa, adotam-se, nesta publicação, os termos
no gênero masculino, para facilitar a leitura, considerando as inúmeras menções ao longo do texto. Assim, embora
alguns termos sejam grafados no masculino, eles referem-se igualmente ao gênero feminino.
Embora tenha consolidada sua posição como Rede capaz de oferecer educação
de qualidade elevada para todos e para cada um de seus alunos, existe muita
clareza em todas as equipes gestoras de que algumas ações estratégicas precisam
ser implementadas.
Parte 1
Matriz Curricular
12
rural, que frequentam cursos nos períodos diurno e noturno, que sejam portadores de
necessidades especiais, o direito de ter acesso aos conhecimentos indispensáveis para
a construção de sua cidadania.[1]
Legitima-se, assim, a condição dos educadores como sujeitos de seu próprio traba-
lho e enuncia-se como desafio a construção coletiva de um Projeto Educativo em cada
Sistema de Ensino. Essa proposição também revela uma concepção de saber que não
se identifica com receitas possíveis de serem aplicadas em qualquer escola, nem com
soluções acabadas, que dispensem avaliações, revisões, ajustes.
As ações que contaram com a participação dos educadores podem ser sintetizadas
em reuniões, oficinas técnicas, análise de documentos da REM, elaboração e leitura de
pareceres e diagnósticos e o Fórum de Educação: Refletindo sobre o currículo, reali-
zado em março de 2012, que contou com conferências, workshops e mesas-redondas.
1 BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais - terceiro e quarto ciclo do
ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais/Secretaria de Educação Fundamental. –
Brasília: MEC/SEF, 1998, p. 9.
13
comum e de referência para toda a REM, composto a partir das contribuições de seus
educadores e fruto de negociações realizadas entre eles.
Tal iniciativa torna plausível a perspectiva de que outros registros sejam elabora-
dos a partir dos princípios que orientam a construção da Matriz Curricular, desdo-
brando ou aprimorando o documento original, cujo suporte teórico poderá embasar
discussões, reflexões e novas decisões.
A própria raiz etimológica da palavra Matriz contribui para que se reflita sobre sua
função social e o processo desenhado para a elaboração da Matriz Curricular da REM.
Matriz é palavra originária de Matrix, que deriva de mater (“mãe”). Em latim, matrix
é o órgão das fêmeas dos mamíferos, onde o embrião e o feto se desenvolvem; é o
útero[2]. É, portanto, simbolicamente, a origem, onde tudo tem início e de onde outras
criações devem partir.
Nesse sentido, um documento desse teor tem como função orientar o planejamento
das práticas docentes, sem destituí-las dos códigos de significados partilhados entre
os educadores e sem colocar em risco a formação dos alunos. Ao servir como referên-
cia, a Matriz Curricular se coloca como baliza para os processos avaliativos tanto da
prática pedagógica quanto da aprendizagem. A partir dos resultados obtidos nesses
processos é possível planejar ações educativas coerentes com as diretrizes curricula-
res e com os conhecimentos apresentados pelos alunos.
14
Para Piaget[3], a ação dos adultos deve visar criar as condições para a cooperação
entre as crianças, para o trabalho de grupo, para as situações de discussão entre pa-
res, que permitem um verdadeiro intercâmbio de pontos de vista. Os processos edu-
cativos, assim constituídos, promovem a aceleração da aprendizagem por meio da
coordenação de operações individuais e interindividuais. Os sujeitos desempenham
um papel ativo na assimilação, atribuindo sentidos que lhes são possíveis num deter-
minado momento em função dos conhecimentos já construídos.
Vygotsky entende como conceitos comuns aqueles que são construídos ao longo da
vida e que surgiram a partir da atividade espontânea da criança inserida em um meio
social específico.
3 Nesse sentido, ver as obras de Jean Piaget, Psicologia e pedagogia, trad. Dirceu Lindoso e Rosa M. da Silva. Rio
de Janeiro: Editora Forense Universitária, 1970 e Para onde vai a educação?. Trad. de Ivete Braga. Rio de Janeiro:
Editora José Olympio, 1973.
4 Lev Vygotsky, “O desenvolvimento dos conceitos científicos durante a infância”, em Pensamento e linguagem.
Trad. Miguel Serras Pereira. Lisboa: Relógio D’Água Editores, 2007, pp. 208-312.
15
5 e 6 OLIVEIRA, M.K. Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento - um processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione,
2008, p. 50.
7 Lev Vygotsky, “O desenvolvimento dos conceitos científicos durante a infância”, em Pensamento e linguagem.
Trad. Miguel Serras Pereira. Lisboa: Relógio D’Água Editores, 2007, p. 267.
16
de ajuda, cada uma das crianças apresentou desempenhos superiores ao que era con-
siderado para a idade de oito anos e, ao mesmo tempo, desempenhos diferentes en-
tre si. Isso significa que, apesar de terem a mesma idade, não apresentam o mesmo
desenvolvimento mental. Portanto, identificar a zona de desenvolvimento proximal
e atuar a partir dela contribui para a proposição de atividades adequadas. A investi-
gação também revela que, com o auxílio de interlocutores mais experientes, um aluno
pode chegar a realizar uma tarefa que sozinho não realizaria. Vygotsky conclui:
“A margem das possibilidades para a criança de passar do que pode fazer por si só ao
que pode fazer graças a uma colaboração que lhe seja prestada é o índice mais sensível
da dinâmica do desenvolvimento e do grau de sucesso que caracterizarão a atividade
mental da criança.” [8]
8 L. Vygotsky, “O desenvolvimento dos conceitos científicos durante a infância”, em Pensamento e linguagem. Trad.
Miguel Serras Pereira. Lisboa: Relógio D’Água Editores, 2007, p. 268.
9 PERRENOUD, P. Avaliação da excelência à regulação das aprendizagens – entre duas lógicas, p. 67
10 ZABALA, A. A Prática educativa: como ensinar. Trad. Ernani Rosa. Porto Alegre: Artmed,, 1998.
17
11 Com base em ZABALA, A., A Prática educativa: como ensinar. Trad. Ernani Rosa, Porto Alegre: Artmed, 1998.
12 ZABALA, A. A Prática educativa: como ensinar. Trad. Ernani Rosa. Porto Alegre: Artmed, 1998, pp. 142-146.
18
O tratamento transversal desses temas pressupõe que eles permeiem as mais dife-
rentes áreas do conhecimento, recebendo um enfoque didático integrado e problema-
tizador, fazendo com que os alunos se identifiquem com as questões propostas, sendo
capazes, inclusive de criar estratégias para intervir na realidade e transformá-la.
A Matriz Curricular está orientada por princípios que visam à formação integral
do aluno e, nesse sentido, não poderia deixar de considerar questões relevantes do
mundo contemporâneo. Os temas transversais aparecem compondo as expectativas
13 Importante mencionar que, em sua obra, Zabala cita determinados exemplos de métodos globalizados visando
oferecer repertório ao leitor em função de sua relevância histórica no campo da pedagogia. Zabala, A., A Prática
educativa: como ensinar, Trad. Ernani Rosa, Porto Alegre. Artmed, 1998.
19
Cabe a cada unidade escolar fazer uso das modalidades de organização dos con-
teúdos, conforme as necessidades de seus alunos e as características do seu Projeto
Educativo. No âmbito da Matriz Curricular, explicitam-se as diferentes modalidades,
suas funções e potencialidades.
Não se pode encerrar esta seção sem fazer a indicação de proposta para o trabalho
docente desenvolvida por Perrenoud que, embora tenha se concentrado na proposi-
ção de ensino por competências[14], sugere uma abordagem da interdisciplinaridade e
da transversalidade que merece destaque, por ser factível no universo escolar.
14 Perrenoud entende que o ensino por competências deve priorizar o trabalho de transferência e mobilização dos
conhecimentos em situações diversas. Cf. P. Perrenoud, Construir as competências desde a escola. Trad. Bruno
Magne. Porto Alegre: Artmed, 1999, pp. 27-33.
15 Os encaminhamentos apresentados aqui têm por base a obra de Perrenoud, mas figuram ligeiramente adaptados
com o objetivo de sintetizar a proposta. PERRENOUD, P. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens
– entre duas lógicas. Trad. Patricia Ramos. Porto Alegre: Artmed, 1999, p. 67-68.
20
A formulação da prática pedagógica está orientada por concepções que se têm dos
objetos de ensino e dos sujeitos que aprendem. A primeira resulta na escolha dos
conteúdos a serem ensinados e no recorte dos conteúdos possíveis. A segunda, no
enfoque metodológico que se dará ao ensino desses conteúdos. Em ambos os casos, o
que está em jogo é a definição do caráter formativo que se atribui ao trabalho docente.
A escolha de um enfoque teórico e metodológico revela as concepções que se parti-
lham. Nesse sentido, não se considera possível realizar um trabalho de elaboração de
uma Matriz Curricular sem que essas escolhas sejam negociadas entre os educadores,
devidamente justificadas e definidas. A partir delas, as demais decisões são tomadas.
21
16 Orientações Curriculares para o Ensino Médio – Secretaria de Educação do Distrito Federal, p. 06
17 LERNER, D. “O ensino e o aprendizado escolar: argumentos contra uma falsa oposição” em José Antonio
Castorina e et alli. Piaget-Vygostsky: novas contribuições para o debate. Trad. Claudia Schilling. São Paulo: Ed.
Ática, 1997, pp. 85-146.
22
b) ampliação dos conhecimentos a partir da interação (1) com o grupo classe, (2)
com os conhecimentos compartilhados na comunidade e (3) com os conheci-
mentos compartilhados no mundo social;
1.7 Avaliação
O objeto da avaliação deve se situar, prioritariamente, nos processos que se dão no
âmbito do sistema educacional. Nesse sentido, o sujeito da avaliação não é apenas o
aluno, mas toda a equipe de educadores que intervém nesses processos.
Entende-se que a avaliação seja uma poderosa alavanca para a ampliação do êxito
na escola e como um instrumento relevante no processo de ensino e aprendizagem.
No entender de Hadji, o processo avaliativo pode ser composto por quatro etapas:
18 HADJI, C. Avaliação desmistificada. Trad. Patrícia Ramos. Porto Alegre: Artmed, 2001.
23
As etapas propostas são consideradas como pilares que orientam o processo desde
a tomada do objeto a ser avaliado, até a elaboração dos critérios e dos instrumentos a
serem utilizados.
Esses expedientes devem ser de caráter processual, ou seja, devem trazer elemen-
tos que regulem o próprio processo independentemente do resultado final, embora
tendo-o como parâmetro constante. Para a avaliação ser autorreguladora, os instru-
mentos devem permitir que o processo seja ajustado enquanto ocorre e não apenas
ao seu final. Essa regulação tem como objetivo o resultado final, mas possibilita que as
mudanças ocorram à medida em que se mostrem necessárias.
24
19 As orientações curriculares para a Educação Infantil, que concernem ao trabalho realizado com crianças entre
0 e 3 anos, estão dispostas num caderno intitulado Proposta Curricular para Berçários, já elaborado pela equipe
pedagógica da Secretaria Municipal de Ensino (SME). Entendemos que esse documento deveria ser avaliado pela
consultora especializada nessa modalidade de ensino e pela coordenação do projeto de elaboração da Matriz. Dessa
avaliação, resultou a ponderação de que o documento Proposta Curricular para Berçários foi produzido de acordo
com as diretrizes pedagógicas que orientam o trabalho destinado à faixa etária e está coerente com os princípios que
ancoram a produção da Matriz, não havendo, portanto, necessidade de reelaboração.
25
Parte 2
Considerações sobre a
Educação Infantil
Até o século XIX, “a criança como ser inteligente era totalmente desconhecida, ao que
se agrega o fato de que para o educador o adulto era o ideal proposto como modelo às
crianças.”[20]. Essa observação de Walter Benjamin sintetiza as duas principais ideias
que, desde o final do século XIX e sobretudo no século XX, deram origem a inúmeras
pesquisas, em vários campos do conhecimento (Filosofia, Psicologia, Psicanálise, Bio-
logia, Sociologia, História etc.), fazendo emergir um novo paradigma de criança e das
suas relações com as outras crianças, com o adulto e com o mundo. A marca desse
novo padrão é a ideia de que a criança percebe o mundo, as pessoas e as coisas a partir
das características de ser criança e de ser uma criança singular. Embora muito se te-
nha escrito e discutido sobre o tema e apesar da grande contribuição de dois grandes
pensadores - Piaget e Vygotsky - que, cada um a seu modo, investigou a forma como
a criança aprende, talvez não seja ainda tão significativa a distância do entendimento
de que “o adulto seja o ideal proposto como modelo às crianças.” Didaticamente tem
sido difícil dar forma a uma educação em que sejam de fato consideradas as maneiras
pelas quais as crianças percebem o mundo e se relacionam nele e com ele.
20 W. Benjamin, “Brinquedo e brincadeira: observações sobre uma obra monumental” em Magia e técnica, arte e
política: ensaios sobre literatura e história da cultura (Obras escolhidas – vol. 1), Trad. Sergio Paulo Rouanet, São
Paulo, Brasiliense, 1994, p.251.
21 Piaget apud Lerner, D. “O ensino e o aprendizado escolar: argumentos contra uma falsa oposição” em Castorina
et alli., Piaget e Vygotsky: novas contribuições para o debate, São Paulo, Ática, 1997, p. 88.
27
Segundo Piaget, é, pois, fundamental que se pense que as situações criadas pelos
professores devem fazer com que os alunos progridam. Tal característica do trabalho
docente pressupõe o entendimento de que as crianças já trazem para a escola algum
saber, a partir do qual é possível levá-las a avançar em sua aprendizagem. E se, de fato,
se considera que as crianças são portadoras de conhecimentos extraescolares, é ne-
cessário identificá-los para poder ajudá-las a aprimorá-los ou reconstruí-los.
Tanto Piaget como Vygotsky, apesar de terem elaborado teorias distintas, não di-
vergem na conclusão de que as crianças têm algo a dizer sobre os conteúdos que lhes
são ensinados, nem de que cabe ao professor fazer um duplo movimento: definir o
que ensinar e, ao certificar-se do que os alunos sabem sobre esses conteúdos, buscar
as melhores condições para fazê-los progredir. Ignorar esses encaminhamentos im-
plica em desconsiderar que existe um mundo para além da escola, em que os saberes
circulam e uma concepção infantil do mundo, exclusiva da criança, decorrente de sua
inserção no próprio mundo.
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Visando garantir-lhes esse direito deve-se oferecer às crianças condições para que
as atividades de aprendizagem possam ocorrer em situações de brincadeiras, em con-
dições pedagógicas orientadas pelos adultos e em situações de cuidados, a fim de que
contribuam para o desenvolvimento de suas capacidades.
29
Parte 3
Movimento
3.1 Introdução
O movimento faz parte da existência e seu significado transcende aspectos sim-
plesmente físicos do ser humano. É por meio do corpo e das experimentações senso-
riais e motoras que se conhece e se transforma o mundo.
A proposta fragmentava o ser humano e o corpo era visto como “entidade” separa-
da, sujeito a intervenções geralmente mecânicas que contribuíam para o seu desen-
volvimento, como os métodos ginásticos europeus. Neles os gestos pré-estabelecidos
e muitas vezes ordenados numericamente, deveriam seguir uma sequência. O corpo
era considerado uma máquina que precisava mover suas engrenagens para melhorar
seu desempenho.
O que nos diferencia de outros seres vivos? A capacidade intelectual não é somente
privilégio dos seres humanos: cetáceos, elefantes, psitacídeos, primatas, cães, dentre
outros, são animais que possuem grande inteligência. O que nos diferencia de outros
seres vivos é a nossa capacidade de criar, nossa capacidade de representar, de sim-
bolizar por meio da Linguagem. É assim que o homem se relaciona com a Natureza e
a transforma; que o homem se relaciona com outros homens, os conhece, conhece a
si mesmo e se transforma. O homem nasce numa cultura e a recria ao longo da vida.
Entendida em seu sentido mais amplo, cultura pode ser tudo aquilo que o ser hu-
mano produz em termos de conhecimentos, objetos, crenças, valores, arte, ciência,
tecnologias, práticas corporais, enfim, tudo o que o homem inventa para se fazer his-
toricamente e a luta para validar suas produções.[22]
22 NEIRA, Marcos Garcia. NUNES, Mario Luiz Ferrari. Pedagogia da cultura corporal – crítica e alternativa. São
Paulo: Phorte Editora, 2008.
31
23 ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da educação no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2001.
24 BÓGEA, Inês. Espaço e Corpo - Guia de reeducação do movimento. São Paulo: SESC, 2004.
25 FERNANDES, Celina. Gêneros e linguagem: traduzindo experiências. 2010, mimeo.
32
Superada a luta entre a gravidade e o equilíbrio, causada por ter se tornado bí-
pede, o homem se viu diante de uma nova realidade. A interação com os objetivos
principalmente com o uso das mãos, a relação com seus semelhantes, o deslocamento
no espaço, a possibilidade de transformar o meio e a mudança no olhar, foram novas
conquistas, possíveis a partir da vitória anterior.
26 LAMEIRÃO. Luisa Helena Tannuri. Criança brincando! Quem a educa? São Paulo: Editora João de Barro, 2007,
p. 12.
33
Cada cultura atribui diferentes significados para gestos e expressões e cabe à esco-
la criar as condições para que a variedade de manifestações seja vivenciada.
[...] a palavra cultura, por sua vez, etimologicamente, remete-nos a uma sensação de
passado, presente e futuro, e a sua relação com a educação pressupõe a garantia de
perpetuar a memória para preparar o futuro, o que possibilita a atuação no presente.
(MACHADO, 2000 apud NEIRA & NUNES, 2008).
Esta riqueza cultural tem grande influência na formação dos sujeitos, porque além
do desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e psicomotor que não podem estar dis-
sociados, já que se propõe uma visão integrada do ser humano, desempenha também
papel importante na construção da identidade.
Nos primeiros anos de vida, quando ocorre a aproximação com o legado cultural da
humanidade, é que esse processo se inicia, transmitido por meio de linguagem verbal
ou não verbal. Tal legado, também chamado de repertório simbólico, é acessível aos
bebês que o expressam, através de seus choros, risadas e movimentação. O choro é in-
terpretado pelos adultos que interagem com o bebê como sinal de fome, sono ou dor,
por exemplo. As reações dos adultos, pautadas pela formação cultural, transmitem
para a criança o repertório simbólico que fará parte da formação da identidade dela.
27 NEIRA, Marcos Garcia. NUNES, Mario Luiz Ferrari. Pedagogia da cultura corporal – crítica e alternativa, São
Paulo: Phorte Editora, 2008, p. 66.
34
Contar histórias sempre foi a arte de contá-las de novo, e ela se perde quando as histó-
rias não são mais conservadas. Ela se perde porque ninguém mais fia ou tece enquanto
ouve a história. Quanto mais o ouvinte se esquece de si mesmo, mais profundamente se
grava nele o que é ouvido. Quando o ritmo do trabalho se apodera dele, ele escuta as
histórias de tal maneira que adquire espontaneamente o dom de narrá-las.[28]
São muitas as histórias escritas e contadas pelo corpo que trazem reminiscências
de tempos passados e refletem o processo de construção do povo brasileiro. Ao pro-
por jogos, brincadeiras, ritmos e danças da cultura corporal no desenho curricular,
podem-se levantar questões relativas às contribuições das matrizes de influência in-
dígena, africana e europeia na cultura brasileira e também no espaço em que se vive,
pois, [...] a categoria de lugar como articuladora do ensino, pode aproximar o conteúdo
estudado na escola da realidade vivida pelo aluno, o que contribui decisivamente para
a formação e a (re)construção de identidades culturais e sociais dos sujeitos da apren-
dizagem.[29]
35
36
A criatura que brinca está mais apta a se adaptar à mudança de contextos e condi-
ções. A brincadeira, na forma da livre improvisação, desenvolve nossa capacidade de
lidar com um mundo em constante mutação. Brincando com uma enorme variedade de
adaptações culturais, a humanidade se espalhou por todo o globo terrestre, sobreviveu
a várias idades do gelo e criou artefatos surpreendentes. [31]
Ao mesmo tempo em que reúne diversas linguagens em uma só, o brincar tam-
bém ultrapassa os limites das linguagens, sejam musicais, artísticas, orais, escritas
e corporais, dentre outras, porque, ao brincar, a criança não reproduz aquilo que lhe
transmitiram, mas recria, transgride os sentidos estabelecidos.
É interessante notar que na língua inglesa o verbo “to play” designa diversas ações
a partir do brincar, logo, até mesmo um músico pode brincar com seu instrumento
musical e sua música. Brincar revela-se como uma linguagem transdisciplinar e pode
articular saberes e vivências. O foco deste documento é analisar esta linguagem a par-
tir do ponto de vista do movimento, mas a possibilidade de diálogo deste eixo com
outros eixos de conhecimento não deve ser excluída.
Desta forma, todas as instituições que trabalham com os primeiros anos de escola-
rização têm a obrigação de garantir estes espaços de aprendizagens e trocas através
do uso de diversas linguagens.
CEIs, Creches e EMEIs devem se caracterizar como ambientes que possibilitem à crian-
ça ampliar suas experiências e se desenvolver em todas as dimensões humanas: afeti-
va, motora, cognitiva, social, imaginativa, lúdica, estética, criativa, expressiva, linguís-
tica. Isto implica considerar que essas instituições são contextos de aprendizagens e de
trocas de significações a partir de linguagens diversas. [32]
Esta brincadeira tem relação com uma questão fundamental de apropriação es-
31 NACHMANOVITCH, Stephen. Ser criativo, São Paulo: Summus, 1993, p. 51.
32 SÃO PAULO. Secretaria Municipal de Educação. Tempos e espaços para a infância e suas linguagens nos CEIs,
Creches e EMEIs da cidade de São Paulo. São Paulo, 2006, p. 24.
37
pacial, em especial sobre o chão. Conquistar a terra que dá suporte ao corpo é funda-
mental para a criança, pois lhe fornece segurança. Além disso, a amarelinha também
alcança aspectos artísticos ao trabalhar com o desenho do espaço a ser utilizado no
jogo.
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A gestão do tempo didático torna-se cada vez mais significativa conforme os pro-
fessores se dão conta do aprofundamento do saber a que a humanidade chegou. Cada
área do conhecimento conta com inúmeras contribuições para a formação dos alu-
nos. Considerando que o saber produzido cresce de forma muito rápida, a escolha dos
conteúdos a serem ensinados e o tratamento didático dado a eles são questões muito
significativas. Ao professor cabe pensar o que será ensinado, por que será ensinado
determinado conteúdo e como isso será realizado. Parecem perguntas meramente
retóricas diante de sua habitual repetição, mas não são. São questões fundamentais
porque elas revelam o olhar lançado para uma área do conhecimento e para o aluno
com quem trabalhamos.
A reflexão que Delia Lerner (2002) propõe acerca das modalidades organizativas
dos conteúdos a serem ensinados está diretamente relacionada a essas questões. Para
a autora, a pergunta a ser feita quando se planeja o processo de ensino é como pode-
mos “[...] produzir uma mudança qualitativa no tempo didático”[33]. Como podemos ex-
pressar, por meio da gestão desse tempo, os ideais formativos de que compartilhamos,
pois se acreditamos que o conhecimento é apreendido por sucessivas aproximações,
esse olhar deve balizar o planejamento das atividades de ensino. Ao se constatar que
um determinado conteúdo é fundamental para a formação dos alunos, deve-se dar
prioridade a ele em detrimento a outros que não são considerados tão importantes. Se
a articulação de conteúdos é um valor formativo, pois leva os alunos a desenvolverem
a relação entre diferentes saberes, cabe propor o entrecruzamento desses saberes.
Pode-se dizer que a escolha do tratamento didático a ser dado aos conteúdos se cons-
33 LERNER, Delia. É possível ler na escola? In Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto
Alegre: Artes Médicas, 2002, p. 87.
39
titui em uma das mais significativas intervenções que o professor realiza no processo
de ensino e de aprendizagem.
Com relação aos conteúdos de Ritmo, ensinar cantigas, rodas cantadas, danças são
processos que precisam de repetição e frequência para o aprendizado das crianças.
Da mesma forma, a ampliação do repertório cultural não advém apenas da socializa-
ção de saberes, mas da elaboração e introdução de novos conhecimentos a partir do
que já se conhece. Assim, as atividades permanentes tornam-se uma boa estratégia
40
para que as crianças possam aprender como cantar novas cantigas, como se movi-
mentar em rodas cantadas e ampliar esses conhecimentos. Iniciar as aulas com rodas
de conversa para as crianças trocarem experiências sobre o objeto daquela aula ou
sobre o que fizeram anteriormente pode ser uma atividade permanente que valide o
conhecimento das crianças ao mesmo tempo em que o amplia.
41
práticas sociais que cada criança já tem para ampliar o repertório cultural dos
alunos.
34 De acordo com Go Tani et al (1998), as habilidades de locomoção são: rastejar, movimentos de quadrupedia,
andar, correr, saltar e saltitar; habilidades de manipulação são: arremessar, chutar, lançar, receber, quicar e passar;
e as habilidades de estabilização são: equilibrar-se em um apoio, utilizar apoios invertidos (parada de mão, parada
de cabeça e estrelas) e deslocar-se sobre bases pequenas, estreitas e ou elevadas do solo.
42
3.3.2 Conteúdos
Os conteúdos de aprendizagem no eixo de Movimento devem ser estruturados de
modo a permitir que, por um lado, a criança utilize o seu próprio repertório, e, por
outro lado, possa estabelecer novas relações, ampliando seu saber sobre os temas
abordados. Neste sentido, os educadores precisam valorizar os saberes das crianças
na construção do conhecimento e esta deve ser uma relação em várias dimensões de
ensino e aprendizagem em que ambos aprendem juntos.
43
realizá-las, ressignificando-as.
Ritmo
Não é preciso que os educadores dominem por completo tais danças, mas é neces-
sário que adquiram conhecimentos básicos sobre a sua construção histórica e social, o
seu ritmo, seus passos e gingados e entendam a intenção e importância deste enfoque.
O objetivo principal ao trazer este saber para a escola não é de que as crianças adqui-
ram de forma extraordinária as técnicas corporais nele envolvidas, mas que, sensibili-
zadas por meio dessas práticas, ampliem e enriqueçam seu repertório cultural.
É claro que os desafios corporais precisam ser adequados a cada faixa etária, mas
isso não impede que as crianças menores vivenciem periodicamente determinada
manifestação mais complexa com um grupo de alunos de outra idade. Esta intera-
ção entre diferentes faixas etárias é característica marcante dessas práticas culturais.
Além do processo de aprendizagem ser baseado em tradições orais de ensino, trans-
mitidas de geração a geração, é fundamental que os alunos vivenciem as diferentes
manifestações rítmicas.
A infância carrega consigo uma série de brincadeiras cantadas, logo, estas também
são conteúdos de aprendizagem deste eixo. Muitas transparecem formas de fala e de
estruturação corpórea típicas da cultura e sociedade na qual a criança está inserida.
Assim, os professores devem trazer para a Educação Infantil as brincadeiras de cada
comunidade, validando e ressignificando-as, de acordo com seu repertório e com a
própria criatividade e imaginação das crianças.
44
sante, ainda dentro da barriga de sua mãe. Portanto, primeiramente, a criança precisa
perceber este ritmo interno, para depois partir para o mundo exterior e reconhecer
outras formas rítmicas.
Algumas atividades bem simples têm grande importância neste sentido. Basta pe-
dir para que as crianças sintam seus batimentos cardíacos e dos outros, que sintam
essa pulsação em diferentes situações relacionadas ao movimento (correndo, cami-
nhando, deitadas no chão). Produzir sons com seu próprio corpo e transformá-lo em
um brinquedo musical também são propostas riquíssimas e que precisam estar pre-
sentes para atender ao propósito desse conteúdo.
Brincar
É o professor que ajuda a estruturar o lugar do brincar na vida escolar das crianças.
É ele quem proporciona sua base fundamental ao garantir o acesso a determinados
objetos, brinquedos, jogos, brincadeiras, espaços e tempo adequado.
[...] ajuntou os brinquedos que tinha, tôdas [sic] as coisas guardadas – os tentos de
ôlho-de-boi [sic] e maria-prêta [sic], a pedra de cristal prêto [sic], uma carretilha de
cisterna, um besouro verde com chifres, outro grande, dourado, uma folha de mica
tigrada, a garrafinha vazia, o couro de cobra-pinima, a caixinha de madeira de cedro,
a tesourinha quebrada, os carretéis, a caixa de papelão, os barbantes, o pedaço de
chumbo, e outras coisas [...] [35]
35 ROSA, João Guimarães. Manuelzão e Miguilim. Rio de Janeiro: Corpo de Baile, 1970, p. 53.
45
menino Miguilim. A intenção de trazer esta citação para este documento se dá por
algumas razões.
Miguilim possui brinquedos que, sob o olhar dos adultos, nada significam além do
que objetos, porém esta é justamente uma das primeiras justificativas de apresentar
tal narrativa. Não há ninguém melhor que possa fazer seus brinquedos do que a pró-
pria criança, os melhores podem sair de materiais simples com o uso da criatividade.
“Engana-se o adulto que, para construir um pequeno navio de brinquedo, acredita que
são necessárias peças que façam uma cópia mimética da realidade, nas mãos da criança
basta sua criatividade que uma única pedra pode tomar tal forma”.[36]
Além disso, no mundo contemporâneo pode-se constatar que cada vez mais a
criança perde estas excelentes oportunidades de criação. Bombardeadas por propa-
gandas de consumo, por muitas vezes, brinquedos industrializados tendem a limitar
suas possibilidades de criação e sua capacidade de imaginação. Desta forma, é funda-
mental que a escola traga esta possibilidade para seus educandos e construa com eles
seus próprios brinquedos.
[...] por causa de seu caráter sociocultural, as crianças podem experimentar e treinar
as convenções sociais e os modos de interação socialmente aceitos; podem discutir e
chegar a acordos sobre os papéis a desempenhar; podem recriar situações cotidianas,
explicitando o conhecimento social que têm sobre os objetos, roteiros e os planos de
ação que vão surgindo. Podem também experimentar outras formas de ser e pensar,
ampliando suas concepções sobre as coisas e as pessoas através do desempenho de
vários papéis sociais ou personagens. Assim, na brincadeira, vivenciam concretamente
a elaboração e negociação de regras de convivência, assim como a elaboração de um
36 BENJAMIN, Walter. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. São Paulo: Editora 34, 2002.
37 LAMEIRÃO, Luisa Helena Tannuri. Criança brincando! Quem a educa? São Paulo: Editora João de Barro, 2007.
46
sistema de representação dos diversos sentimentos, das emoções e das construções hu-
manas.[38]
O limite dado pelas regras possibilita que a criança comece a estabelecer a relação
entre o limite da regra e o seu desejo, ou seja, ela começa a perceber que a relação so-
cial é mediada por um elemento comum (a própria regra), o qual modula as ações de
quem participa desta relação. Este contato do desejo imaginário com a regra contribui
para que a criança faça uma ressignificação do jogo simbólico e concretize as próprias
relações sociais.
[...] ser trabalhada pelos educadores como uma característica da vida coletiva e não
como um estímulo ao individualismo. Desenvolver o espírito de competição em jogos e
brincadeiras com regras claras, explícitas e iguais para todos cria condições para que
as crianças aprendam a enfrentar seus problemas e a resolvê-los sozinhas, nos casos
de disputas individuais, ou com a ajuda mútua, no caso de disputas entre equipes.[39]
38 Singularidades - Instituto Superior de Educação de São Paulo, Referenciais curriculares para a educação infantil
– Brincar, Versão Preliminar, dezembro/1997, p. 9.
39 Singularidades - Instituto superior de Educação de São Paulo, Referenciais curriculares para a educação infantil
– Brincar, Versão Preliminar, dezembro/1997, p. 13.
47
INFANTIL I
• Adequar os movimentos do corpo, de acordo com o • Propor diferentes andamentos rítmicos, através do uso de
andamento rítmico da música. instrumentos musicais ou mesmo batendo palmas, pode
• Brincar com o corpo ao reproduzir diversas sonoridades e ser uma boa estratégia didática.
ritmos.
• Conhecer as cantigas de diversas manifestações • Solicitar que as crianças ao dançar um determinado ritmo,
tradicionais da cultura brasileira. o xote, por exemplo, reproduzam as batidas da zabumba,
• Compartilhar com os colegas como se participa de algumas batendo os pés no chão, as mãos na caixa torácica,
RITMO
• Participar de jogos simbólicos coletivos. • Propor jogos simbólicos de imitação de animais consiste
em estratégia didática interessante para a faixa etária.
• Conhecer diversas brincadeiras da cultura infantil. • Encontros intencionais com crianças de outras faixas
• Brincar em diferentes lugares considerando os limites etárias podem ser de grande valia para realizar jogos
espaciais. simbólicos coletivos e apresentar diversas brincadeiras da
cultura infantil.
• Propor que as brincadeiras ocorram em diferentes lugares
pode contribuir para que as crianças conheçam os limites
espaciais desses lugares e identifiquem as possibilidades
e limites de cada brincadeira. Por exemplo, brincar do
tradicional pega-pega dentro de uma sala pequena não é
possível, mas uma brincadeira de pegador como cabra-
cega já o é.
BRINCAR
48
MOVIMENTO
INFANTIL II
• Realizar os passos e gingados básicos de algumas danças • Propor o trabalho com algumas danças tradicionais
tradicionais brasileiras. brasileiras: frevo, xote, xaxado, baião, arrasta-pé, ciranda,
• Adequar os movimentos do corpo, de acordo com o samba de roda, capoeira, jongo, além daquelas que têm
andamento rítmico da música. relevância no contexto social e cultural de cada escola e
comunidade.
• Solicitar que as crianças ao dançar um determinado ritmo,
o xote, por exemplo, reproduzam as batidas da zabumba,
batendo os pés no chão, as mãos na caixa torácica,
estalando a língua, dentre outros e ainda criar novas
formas de fazer esta marcação.
• Reconhecer a presença do ritmo no corpo e na natureza. • Propor diferentes andamentos rítmicos, através do uso de
• Conhecer as cantigas de diversas manifestações instrumentos musicais ou mesmo batendo palmas, pode
tradicionais da cultura brasileira. ser uma boa estratégia didática.
RITMO
• Reproduzir diversas sonoridades e ritmos com o uso do • Propor o trabalho com algumas danças tradicionais
corpo. brasileiras: frevo, xote, xaxado, baião, arrasta-pé, ciranda,
samba de roda, capoeira, jongo, além daquelas que têm
• Utilizar o corpo de forma expressiva e intencional, de relevância no contexto social e cultural de cada escola e
acordo com os contextos propostos. comunidade.
• Respeitar a forma de cada um se manifestar corporalmente • Utilizar como exemplo o ritmo presente em nosso corpo:
e verbalmente sobre as atividades realizadas. os batimentos cardíacos, a frequência da respiração, entre
outros.
• Propor trabalhos interdisciplinares para o aprendizado das
cantigas populares e brincadeiras cantadas.
• Relacionar a linguagem escrita e oral com as práticas de
movimento no processo de ensino e aprendizagem.
• Solicitar que as crianças ao dançar um determinado ritmo,
o xote, por exemplo, reproduzam as batidas da zabumba,
batendo os pés no chão, as mãos na caixa torácica,
estalando a língua, dentre outros e ainda criar novas
formas de fazer esta marcação.
• Inventar jogos simbólicos coletivamente (duplas, trios etc.). • Disponibilizar tempo, espaço e materiais para que estas
• Participar da construção de diferentes brinquedos propostas aconteçam. Além disso, pode-se orientar as
tradicionais, com o auxílio de um adulto. crianças para que interajam melhor entre si.
• Construir com as crianças brinquedos, tais como o vaivém,
a peteca, o corrupião, o bilboquê, o diabolô, o pião feito
com tampinha de detergente, o barangandão arco-íris,
dentre muitos outros.
• Criar diferentes movimentos, utilizando seu repertório. • Organizar circuitos que envolvam diferentes problemas
• Conhecer diversas brincadeiras da cultura infantil. motores que contribuam para a criança aprimorar
procedimentos e, dessa forma, participar das práticas
• Solucionar, individual e coletivamente, situações-problema sociais com maior envolvimento.
nas atividades.
• Propor brincadeiras, em que a criança possa criar
• Respeitar as regras dos jogos de regras simples. diferentes formas de imitar animais. Um caranguejo
BRINCAR
• Formular e respeitar, com o grupo e com o professor, pode ser feito em quadrupedia, mas também em posição
combinados referentes às regras de brincadeiras e jogos. ortostática, com as pernas flexionadas e os braços em
• Escolher brincadeiras para todos participarem, a partir de forma de “garra”.
critérios estabelecidos pelo professor (local de origem, • Disponibilizar tempo, espaço e materiais para que estas
habilidade mais envolvida, material etc.). propostas aconteçam. Além disso, pode-se orientar as
• Sugerir diferentes brincadeiras, a partir de um lugar crianças para que interajam melhor entre si.
determinado. • Utilizar uma ou duas regras, inicialmente, ao introduzir os
• Controlar gradualmente o próprio movimento, jogos de regras. Com a repetição da brincadeira e das
aperfeiçoando seus recursos de deslocamento e ajustando regras, introduzir regras diferentes ou modificar as que
suas habilidades motoras para utilização em jogos, existem.
brincadeiras e demais situações de interação. • Propor a realização de diferentes brincadeiras com a
mesma regra ou similar. Esta é uma possibilidade de
ampliar e variar as práticas com as crianças, ao mesmo
tempo em que se objetiva o aprendizado acerca dos limites
e das regras.
• Organizar circuitos que envolvam diferentes problemas
motores que contribuam para a criança aprimorar
procedimentos e, dessa forma, participar das práticas
sociais com maior envolvimento.
49
INFANTIL III
• Realizar os passos e gingados básicos de algumas danças • Propor o trabalho com algumas danças tradicionais
tradicionais brasileiras. brasileiras: frevo, xote, xaxado, baião, arrasta-pé, ciranda,
• Movimentar-se de acordo com sua própria criatividade samba de roda, capoeira, jongo, além daquelas que têm
e capacidade de improvisação em diversas danças e relevância no contexto social e cultural de cada escola e
atividades rítmicas. comunidade.
• Refinar sua sensibilidade rítmica ao reconhecer ritmos e ao • Criar as condições para a criação e improvisação na
dançar. realização das danças, dos passos e gingados de
determinada manifestação.
• Reconhecer a presença do ritmo no corpo e na natureza.
• Apresentar para as crianças os ritmos de cada
• Conhecer as cantigas de diversas manifestações manifestação, de forma variada: tocando algum instrumento
tradicionais da cultura brasileira. musical marcante; batendo palmas para marcar a célula
• Reproduzir e criar diversas sonoridades e ritmos com o uso rítmica; e ou tocando os ritmos em um aparelho sonoro.
do corpo. Pedir para que identifiquem e façam os movimentos
específicos da dança.
RITMO
50
3.4 Avaliação
O processo avaliativo tem fundamental importância ao balizar o processo de ensi-
no e de aprendizagem. Se, por um lado, contribui para que aquele que aprende possa
tomar consciência acerca do conhecimento aprendido e possa modular suas dificulda-
des e potencialidades em relação aos aprendizados, por outro, possibilita que aquele
que ensina reflita sobre o processo de ensino e faça ajustes no percurso inicialmente
traçado.
51
em conflito com o espaço coletivo escolar e as regras sociais. Nesse sentido, a atitude
das crianças em cada atividade deve ser avaliada de modo a levar o professor e a pró-
pria criança a perceber em que ponto desse processo o aluno se encontra.
Iniciar uma aula com as rodas de conversa, identificar como as crianças opinam
ou ouvi-las, explicando como se faz uma roda cantada, pode ser uma medida para o
professor avaliar o quanto aquela criança aprendeu sobre a prática social em ques-
tão, como se expressa no grupo e como respeita os colegas e seus saberes. Da mesma
forma, em brincadeiras que envolvem regras e/ou a relação direta entre as crianças
e brinquedos, a relação que cada aluno estabelece com o outro, com a regra e com o
brinquedo podem dar indícios para o professor avaliar suas atitudes dentro das prá-
ticas sociais.
52
BENJAMIN, W. O Narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: Magia e técnica, arte
e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994.
BENJAMIN, W. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação, São Paulo: Editora 34,
2002.
BERTAZZO, I. Espaço e Corpo - Guia de reeducação do movimento, São Paulo: SESC, 2004.
BÓGEA, I. Espaço e Corpo - Guia de reeducação do movimento, São Paulo: SESC, 2004.
FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da Educação Física. São Paulo: Sci-
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LAMEIRÃO, L. H. T. Criança brincando! Quem a educa? São Paulo: Editora João de Barro, 2007.
LERNER, D. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre: Artes
Médicas, 2002.
SÃO PAULO, Secretaria Municipal de Educação de. Tempos e espaços para a infância e suas
linguagens nos CEIs, Creches e EMEIs da cidade de São Paulo, São Paulo, 2006.
TANI, G. Et all. Educação física escolar: uma abordagem desenvolvimentista, São Paulo: EPU/
EDUSP, 1988.
FUNDAR, Fundação Darcy Ribeiro. O povo brasileiro. Brasil, 2000. Disponível em: http://forumeja.
org.br/book/export/html/1236. Acessado em abril de 2012.
LUMEN PRODUÇÕES. Mestre Bimba, a capoeira iluminada. Rio de Janeiro / Brasil, 2007. Site
oficial http://www.mestrebimbaofilme.com.br. Acessado em abril de 2012.
Parte 4
Música
4.1 Introdução
Este documento tem o objetivo de subsidiar propostas relacionadas ao ensino de
Música na Educação Infantil, a partir da fundamentação teórica e metodológica para
esse eixo e da elaboração das expectativas de aprendizagem.
Sabemos que, embora presente no cotidiano escolar, nem sempre a música é abor-
dada a partir de objetivos de aprendizagem claros. Muitas vezes, ocorre de o trata-
mento didático destinado à linguagem musical ser redutor, ou seja, destituir a música
de toda a sua potencialidade formativa. Assim, entendemos a abordagem do Referen-
cial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI):
Será que utilizar um repertório musical no cotidiano escolar pode contribuir para
que os alunos desenvolvam habilidades musicais? O professor pode valer-se de qual-
quer repertório para este desenvolvimento? O que são estas habilidades musicais?
56
A Música é uma linguagem artística com sintaxe própria. Seu ensino deve ampliar
o conhecimento do aluno através do desenvolvimento de habilidades musicais espe-
cíficas. Nesse sentido, este documento curricular busca contribuir com a formação
dos professores, introduzindo conceitos e procedimentos típicos do saber musical e
fornecendo orientações para a abordagem didática. Optou-se por estabelecer a rela-
ção entre os dois saberes (musical e didático) ao longo do texto, porque dessa forma
o professor pode atribuir sentido aos saberes desse eixo de conhecimento, a partir de
sua transposição para a prática docente.
Altura
O parâmetro da altura organiza os sons em toda a vasta gama que vai do grave ao
agudo; do “grosso” ao “fino”. Um som pode ter altura definida, como o piano ou a flau-
ta; e altura indefinida como a maior parte dos instrumentos de percussão.
32 Denominamos acorde quando os diversos sons que combinamos em um mesmo momento têm uma relação
específica entre si.
57
de diversas alturas, no decorrer do tempo, obtém-se uma melodia. Ao juntar uma se-
quência de diferentes acordes, obtém-se a harmonia da música.
Duração
Como o próprio nome indica, este é o parâmetro que auxilia a identificar o som no
tempo. Resumidamente, é possível dizer que um som pode ser longo ou curto. Com a
combinação entre essas diversas durações, no tempo, obtêm-se os ritmos. E há uma ci-
ência bastante desenvolvida para medir o comportamento destes sons, de diferentes
durações, no tempo. É relacionado a este parâmetro que escutam-se palavras como:
58
2. Colcheia
Para exemplificar a utilização desta escrita musical, utiliza-se uma brincadeira pre-
sente em quase todas as escolas do estado: “Unidunitê”
Repare como todas as sílabas cantadas rapidamente, na frase, são registradas com
a figura rítmica da colcheia. E as sílabas lentas são escritas com as semínimas[33].
33 Este exemplo em partitura pretende aproximar você, professor, da linguagem musical. Com as crianças, canta-
se e brinca-se. Portanto, não há necessidade de ensinar elementos de teoria e escrita musical nessa idade.
59
Timbre
De acordo com Sadie (1994, p. 947), o timbre “é o termo que descreve a qualidade
ou o ‘colorido’ de um som; um clarinete e um oboé emitindo a mesma nota (a mesma
altura, duração e intensidade) estarão produzindo [sons de] diferentes timbres.” Em ou-
tras palavras, trata-se das características qualitativas de determinado instrumento ou
voz.
Intensidade
Este último parâmetro musical descrito corresponde à relação entre sons fracos
e fortes. Assim como os demais parâmetros, no decorrer de uma música percebe-se
60
1) No dia a dia, percebe-se que tipos diferentes de pessoas se comunicam, ver-
balmente, utilizando-se de intensidades diferentes. Por exemplo, é comum que
uma pessoa dê “boa noite” com uma intensidade de voz mais fraca do que uma
pessoa que está discutindo. Partindo deste princípio, a intensidade está pro-
fundamente ligada com significações afetivas e sentimentos.
2) No mundo atual, tornou-se comum o nível de intensidade sonora muito ele-
vada. Não apenas no trânsito ou em festas e shows, mas, também, em restau-
rantes e até nas salas de aula. Muitas vezes, há um condicionamento, inclusive
das crianças, a intensidades inapropriadamente fortes, produzindo irritação e
cansaço.
O músico Murray Schafer (1991, p.71) descreveu que silêncio é um recipiente den-
tro do qual é colocado um evento musical. Por este motivo há a necessidade de pre-
parar um ambiente adequado para as crianças vivenciarem todos os parâmetros da
Música. É a partir do silêncio, tanto externo quanto interno, que a música e toda a sua
gama de intensidades é apreciada e produzida.
Até este momento, foram descritas as partes que compõem um som (parâmetros
do som). Qualquer som é um composto simultâneo destes parâmetros, como por
exemplo:
61
E também, a música é uma arte que acontece no decorrer do tempo, não é visível
e nem palpável. Deste modo, as partes musicais devem ser reexpostas para o ouvinte
aumentar as possibilidades de apreciação e assimilação. Por vezes, utilizando elemen-
tos que se repetem como um refrão, outras vezes repete-se integralmente uma parte
da obra musical.
Inclusive, há o gosto de escutar repetidas vezes a mesma música, deste modo, as-
simila-se a maneira com a qual seus sons se comportam no tempo. A simples escu-
ta produz um prazer no ouvinte, tornando-o mais próximo da música quanto mais
a ouve. Em sala de aula, repetem-se as canções com este mesmo intuito: possibilitar
uma melhor assimilação e a fruição musical nos alunos.
[...] Existe música para adormecer, música para dançar, para chorar os mortos, para
conclamar o povo a lutar, o que remonta à sua função ritualística. Presente na vida di-
ária de alguns povos, ainda hoje é tocada e dançada por todos, seguindo costumes que
respeitam as festividades e os momentos próprios a cada manifestação musical. Nesses
contextos, as crianças entram em contato com a cultura musical desde muito cedo e
assim começam a aprender suas tradições musicais. (1997, volume 3, p. 47).
Já os bebês escutam sons do cotidiano, como vozes, passos, carros, pássaros, chuva
etc. Em relação à música, destacam-se as cantigas de ninar e acalantos, que, muitas ve-
zes, são cantados pelos familiares mais próximos. A música está envolta por uma forte
carga afetiva. Durante a infância, as melodias, ritmos, intensidades seguem em forma
de parlendas e cantilenas. Os elementos rítmicos das palavras se juntam aos primeiros
gestos da melodia. Fechando o ciclo da Música da Cultura Infantil seguem os brinque-
dos cantados e as cantigas de roda. De acordo com a Profa Lydia Hortélio (2006):
62
63
Sabe-se que todos passam por diferentes experiências de envolvimento com a mú-
sica e que, naturalmente, são sensíveis a ela. Reconhecer essas características e as
especificidades musicais pode ser uma excelente ferramenta para o desenvolvimento
de um significativo aprendizado artístico-musical.
[...] é aquela que o [um] povo cria e preserva em sua memória. Ela jorra da vivência
do homem [...], de seus movimentos e voz e por isso encerra os traços mais profundos
de sua alma, seu jeito de ser, seus anseios e símbolos inconscientes. Desde o passado
remoto estas formas musicais se sedimentam, se cristalizam, se purificam no sentir
cotidiano de nossa gente e ganham a história como componente importante da iden-
tidade nacional.
64
4.3.2 Conteúdos
Conforme o Referencial Curricular Nacional para Educação infantil (volume 3,
p.57):
[...] a organização dos conteúdos deverá, acima de tudo, respeitar o nível de percepção
e desenvolvimento (musical e global) das crianças em cada fase, bem como as diferen-
ças socioculturais entre os grupos de crianças das muitas regiões do país.
Os conteúdos deverão priorizar a possibilidade de desenvolver a comunicação e ex-
pressão por meio desta linguagem. Serão trabalhados como conceitos em construção,
organizados num processo continuo e integrado que deve abranger:
• A exploração de materiais e a escuta de obras musicais para propiciar o contato
e experiências com a matéria prima da linguagem musical: o som (e suas quali-
dades) e o silencio;
• A vivência da organização dos sons e silêncios em linguagem musical pelo fazer
e pelo contato com obras diversas;
• A reflexão sobre a música como produto cultural do ser humano é importante
65
“Apreciação — percepção tanto dos sons e silêncios quanto das estruturas e organi-
zações musicais, buscando desenvolver, por meio do prazer da escuta, a capacidade de
observação, análise e reconhecimento.”
35 Tudo aquilo que resulta da organização dos sons em linguagem musica.
66
67
INFANTIL I
• Conhecer e reproduzir, oralmente, • Canções tradicionais da cultura infantil: • Repetir as canções até que todos
brincadeiras, músicas e parlendas, utilizar variações de timbre vocal (sons tenham assimilado e observar se os
explorando diferentes timbres de voz, de animais, sons de boca aberta, alunos memorizam e reproduzem o
andamentos e intensidades. fechada etc.) e as intensidades (forte repertório desenvolvido.
e fraco). • Escolher um repertório adequado à sua
turma, composto por músicas da cultura
infantil.
• Estabelecer vínculo natural e prazeroso • Brincadeiras e canções de roda para • Indicar as propostas para o trabalho
com a linguagem musical. cantar, dançar e socializar com os com toda a turma, favorecendo a
demais colegas. interação das crianças.
• Promover brincadeiras e canções para
os alunos expressarem musicalmente
seus sentimentos e percepções.
• Participar de brincadeiras e jogos • Prática da pulsação rítmica, presente • Cuidar para que os alunos não
musicais, discriminando alturas e nas canções, por meio de sons do excedam a intensidade da voz, ou
durações, bem como demonstrando corpo (palmas, pernas e pés) ou toquem muito forte nos corpos e
atenção aos momentos adequados objetos sonoros (copos, blocos de objetos sonoros.
para cantar ou tocar (tempo da música). madeira, instrumentos de pequena
percussão – tambor, guizo, pandeiro,
caxixi, chocalho etc.).
• Expressar-se por meio de canções, • Atividades de imitação1 e criação: o • Motivar e estimular a expressão
danças e brincadeiras, desenvolvendo professor ou aluno emite um som ou musical, variando os parâmetros
a criatividade sonoro-musical. faz um movimento para todos imitarem. sonoros.
Ex. - jogo “Siga o Mestre”. • Estar atento aos movimentos e sons
produzidos pelos alunos, para servir de
exemplo no processo de assimilação.
• Perceber e discriminar auditivamente • Pesquisa sonora: percepção dos sons • Utilizar fontes sonoras de boa
eventos sonoros e fontes sonoras. da rua, do pátio, em CDs ou gravações, qualidade auditiva. Ex. - CDs gravados
objetos escolhidos pelo professor ou por bons músicos e sonoridades cujos
pelos próprios alunos. timbres não gerem dúvidas quanto à
sua procedência.
• Oferecer um ambiente silencioso que
possibilite a atenção aos sons.
68
MOVIMENTO
INFANTIL II
• Aprimorar as habilidades musicais, • Brincadeiras musicais e canções • Repetir as canções até que todos as
cantando e dançando, de acordo com a do repertório tradicional da infância, assimilem.
melodia e o ritmo da música. respeitando suas características • Observar se os alunos memorizam e
originais. interpretam o repertório desenvolvido.
• Verificar se as crianças são capazes de
realizar as demandas deste repertório.
• Ex. - na canção “Roda Pião” verificar
se a criança gira na hora proposta pela
canção.
• Estabelecer vínculo natural e prazeroso • Valer-se de rimas, parlendas, jogos • Escolher um repertório adequado à
com a linguagem musical. de mão, fórmulas de escolha (ex. sua turma, composto por músicas da
• Vivenciar tanto o som quanto o silêncio, - unidunitê, ai ona ona ê, adoleta cultura infantil que contemplem partes
presentes nas atividades musicais. etc.), rodas, jogos de estátua, “batata com variações rítmicas, timbrísticas,
quente”, telefone sem fio (com de intensidades, além de fornecerem
sequências rítmicas ou melódicas partes com pausas (silêncio).
simples), passar e/ou guardar objetos
silenciosamente etc.
• Conhecer e reproduzir, oralmente, • Nas canções tradicionais da • Praticar padrões rítmicos simples com
brincadeiras, músicas e parlendas, cultura infantil, dar ênfase ao os alunos antes de cantar.
explorando alguns parâmetros do som. ritmo das melodias, por meio de • Estimular os alunos a criar os próprios
acompanhamentos rítmicos simples acompanhamentos.
(ostinatos).
• Enriquecer o timbre dos
acompanhamentos rítmicos, propondo
o uso de diferentes partes do corpo ou
objetos sonoros.
• Explorar materiais que possibilitem a • Construir com as crianças objetos • Explorar as possibilidades sonoras
pesquisa de timbres na construção de sonoros, utilizando materiais diversos, destes materiais antes, durante e
instrumentos e objetos sonoros. como potes, caixas, rolos de papel após a construção do objeto sonoro.
higiênico ou toalha, rolos de papel Entendemos como possibilidades
alumínio, molas, grãos variados, entre as diferenças de alturas, timbres e
outros. intensidades.
• Desenvolver a percepção musical, • Escolha de uma obra musical que • Utilizar diversos objetos (fantoches,
utilizando a apreciação musical.[36] desperte na criança o desejo de ouvir, bambolês, cordas, instrumentos
e interagir, para ser apreciada diversas musicais etc.) para dar suporte visual
vezes dentro de um período. aos eventos sonoros que acontecem
em uma música.
• Incentivar a imaginação, coordenação
motora, memorização, expressividade e
percepção espacial da criança.
36 Escuta de obras musicais eruditas ou populares de gêneros, estilos, épocas e culturas diversas, da produção
musical brasileira e de outros povos e países. (RCNEI, 1997)
69
INFANTIL III
• Perceber o corpo como produtor de • Percussão corporal por meio de jogos • Cuidar para que os movimentos
sons e movimentos. de imitação e improvisação, nos quais corporais estejam relaxados e o
as crianças componham pequenas toque no corpo seja realizado com
sequências de sons e ritmos simples delicadeza, conforto e precisão.
com o corpo. • Estar atento aos movimentos e sons
produzidos pelos alunos, para servir de
exemplo no processo de assimilação.
• Conhecer e interpretar, por meio da voz • Entoação vocal do repertório proposto. • Cuidar para que os alunos não
cantada, músicas da cultura infantil. • Jogos de pergunta e resposta com excedam a intensidade da voz.
• Reconhecer e entoar sons afinados pequenas frases melódicas, que • Promover exercícios e jogos, como
e ritmicamente precisos, percebendo consiste em: professor canta um frase rodas de verso, que possibilitem os
as frases musicais, suas proporções em que um ou mais alunos respondem alunos cantarem individualmente e
e respirações, através do senso melodicamente. Ex. - canção “Cipó de também no grupo.
melódico. Miroró” (CD Abre a Roda), “A pobre e a • Ser a referência para o aluno, cantando
Rica” ou “Onde está a Margarida?”. de maneira afinada, com timbre vocal
• Improvisação de melodias em adequado e ritmicamente preciso.
parlendas ou rimas com duas ou três • Variar os timbres, as dinâmicas,
notas musicais. Ex. - Unidunitê. [37] favorecendo assim o fraseado musical.
• Desenvolver a percepção, aprimorando • Apreciação musical de obras • Utilizar fontes sonoras de boa
a memória musical e a concentração, variadas: utilizar-se de mídias como qualidade auditiva. Ex. - CDs gravados
durante a escuta musical. vídeos, desenhos animados, CDs, por bons músicos, além de obras
apresentações ao vivo, materiais musicais de qualidade; desenhos
diversos (brinquedos, fotos, tecidos, e filmes que privilegiem aspectos
quadros, entre outros) etc. musicais, de preferência compostos
sobre influência de uma música pré-
existente.
• Explorar alguns instrumentos musicais • Pesquisa sonora: experimentos • Oferecer uma gama extensa de objetos
e/ou objetos sonoros. sobre as possibilidades de tocar os e/ou instrumentos. [38]
instrumentos durante brincadeiras • Incentivar o cuidado com os materiais
musicais e canções. durante a pesquisa sonora.
• Pesquisa sonora: classificação de
instrumentos e objetos sonoros de
acordo com categorias, como: timbres,
formas, materiais e duração do som no
tempo.
• Utilizar diferentes instrumentos e/ • Sonorizar histórias de livros diversos • Incentivar os alunos para que escolham
ou timbres vocais explorados para as ou criadas em sala pelo professor e instrumentos e criem diferentes
sonorizações de histórias. alunos, utilizando os recursos sonoros possibilidades a sonorização da
explorados. história.
• Dar liberdade para que o aluno sugira
timbres que considere adequados à
sonorização.
• Explorar, improvisar e compor • Registro e notação gráfica de • Fornecer ao aluno ideias para a
sequências de sons. sequência de sons, utilizando diferentes improvisação e composição.
materiais como linhas, figuras, • Observar se a criança relaciona o som
desenhos entre outros. com o registro.
37
38 Neste sentido, destaca-se um dos parágrafos iniciais do RCNEI, no qual descreve: "Outra prática corrente tem
sido o uso das bandinhas rítimicas [...] muitas vezes confeccionadas com material inadequado e, consequentemente,
com qualidade sonora deficiente" (1997, volume 3, p. 47).
70
4.4 Avaliação
O processo avaliativo “do que” e “como” o aluno realizou suas produções artístico-
-musicais deve ter um caráter de análise e reflexão em adequação aos objetivos de
aprendizagem[39] estabelecidos pelos professores ao longo do processo, ou seja, so-
bre em que medida o aluno acompanha as atividades desenvolvidas. Nesta direção,
entende-se que a avaliação deve ser processual, respeitando o percurso individual do
aluno, não limitando sua criatividade perceptiva durante o seu desenvolvimento.
Para ser coerente com esses princípios, entende-se que pautas de observação do
desempenho das crianças com base nos objetivos de aprendizagem estabelecidos
pelo professor para o seu grupo de alunos em determinado processo de ensino podem
39 É fundamental lembrar que as expectativas de aprendizagem traçam parâmetros para que o professor em sua
unidade escolar, de acordo com as características e conhecimentos prévios dos alunos e o Projeto Educativo em
prática, estabeleça os objetivos de aprendizagem pertinentes ao trabalho a ser desenvolvido.
71
ser elementos fundamentais para a avaliação. Para os alunos do Infantil III, acredita-
-se que a introdução de pautas de autoavaliação sejam pertinentes e desejáveis, na
medida em que contribuem para que as crianças tomem consciência daquilo que se
espera que elas aprendam e de como se desempenham em relação ao que é esperado.
72
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- Estória da Baratinha
- A Formiguinha e a Neve
- O Pequeno Polegar
- Festa no Céu
- O Gato de Botas
- A Cigarra e a Formiga
- A Gata Borralheira
- Rapunzel
2. Prokofiev: Peter and the Wolf; Britten: Young Person’s Guide to the Orchestra; Saint-Saens: Car-
nival of the Animals (RCA Victor Basic 100, volume 43)
http://www.amazon.com/gp/product/B000003FPB/ref=ox_ya_os_product
ISBN: 978-85-61192-37-2