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1 Introdução
A utilização de projetos de Parceria Público-Privada (PPP) nos últimos anos
teve um crescimento considerável. Primeiramente, o fenômeno deve-se em grande
medida pelas alterações na legislação atinente às responsabilidades pela gestão
do parque de iluminação pública (IP) no âmbito dos municípios brasileiros.
O conceito de cidades inteligentes (ou smart cities) busca compreender os
centros urbanos a partir de uma ideia de maior inclusão dos cidadãos na vida social,
bem como promover alterações significativas na relação entre os indivíduos e as
cidades. Isso se deve, principalmente, pela utilização dos ferramentais tecnológicos
para a facilitação da vida dos cidadãos.
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Tradução livre da língua inglesa. Essa é a definição, por exemplo, utilizada pela Prefeitura da cidade de
1
Barcelona, Espanha, apud LEE, Jung Hoon; HANCOCK, Marguerite Gong; HU, Mei-Chih. Towards an effective
framework for building smart cities: lessons from Seoul and San Francisco. Technological Forecasting &
Social Change, n. 89, 2014, p. 82.
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Os desafios da experiência brasileira com projetos de Parceria Público-Privada (PPP) de iluminação...
Figura 14
2
Esse conceito foi desenvolvido pelo governo da Coreia do Sul, que permitiria aos cidadãos a utilização de
serviços por meio da rede de infraestrutura da cidade, através da infraestrutura e de mobilidade urbana.
A concepção se encaixaria em todas as infraestruturas urbanas, incluindo as estruturas de energia e de
monitoramento ambiental (cf. LEE, Jung Hoon; HANCOCK, Marguerite Gong; HU, Mei-Chih. Towards an effective
framework for building smart cities: lessons from Seoul and San Francisco. Technological Forecasting &
Social Change, n. 89, 2014, p. 81).
3
A própria Lei de Responsabilidade Fiscal brasileira (Lei Complementar nº 101/2001) estabelece que os
recursos com finalidade específica somente poderão ser utilizados ao objeto de sua vinculação: “Art. 8º Até
trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias
e observado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4º, o Poder Executivo estabelecerá a programação
financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso. Parágrafo único. Os recursos legalmente
vinculados a finalidade específica serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação,
ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso”.
4
PHILIPS. Philips renews the street lighting system of Buenos Aires with LED technology. 16 out. 2013.
Disponível em: https://goo.gl/sHUJ7a. Acesso em: 20 mar. 2019.
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Clóvis Alberto Bertolini de Pinho
Figura 27
Mobilidade
inteligente
Pessoas Governança
inteligentes inteligente
Economia Vida
inteligente inteligente
5
Na língua inglesa, normalmente, utiliza-se a expressão Information and Communication Technology (ICT),
que traduz a ideia de conjugação de informação e comunicação tecnológica.
6
KUMAR, Navin. Smart and intelligent energy efficient public illumination system with ubiquitous communication
for smart city. International Conference on Smart Structures & Systems, 2013, p. 152.
7
Tradução do esquema apresentado em KUMAR, Navin. Smart and intelligent energy efficient public illumination
system with ubiquitous communication for smart city. International Conference on Smart Structures &
Systems, 2013, p. 152
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KUMAR, Navin. Smart and intelligent energy efficient public illumination system with ubiquitous communication
for smart city. International Conference on Smart Structures & Systems, 2013, p. 152-153.
9
KUMAR, Navin. Smart and intelligent energy efficient public illumination system with ubiquitous communication
for smart city. In: International Conference on Smart Structures & Systems, 2013, p. 153.
10
KUMAR, Navin. Smart and intelligent energy efficient public illumination system with ubiquitous communication
for smart city. In: International Conference on Smart Structures & Systems, 2013, p. 153. O tema da
economia de energia não é relevante somente para o âmbito da iluminação pública, mas também para
prédios públicos. Estudos revelam que 40% da energia consumida na Europa é destinada a iluminar
somente prédios públicos de tamanho médio e grande, como hospitais, repartições públicas, escritórios,
entre outros. MARTIRANO, Luigi. A smart lighting control to save energy. In: Intelligent Data Acquisition and
Advanced Computing Systems (IDAACS), 2011 IEEE 6th International Conference on, vol. 1, IEEE, 2011,
p. 132-138.
11
KUMAR, Navin. Smart and intelligent energy efficient public illumination system with ubiquitous communication
for smart city. International Conference on Smart Structures & Systems, 2013, p. 153.
12
KUMAR, Navin. Smart and intelligent energy efficient public illumination system with ubiquitous communication
for smart city. International Conference on Smart Structures & Systems, 2013, p. 153.
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Figura 313
13
Tradução e adaptação do autor do presente artigo do esquema apresentado em KUMAR, Navin. Smart
and intelligent energy efficient public illumination system with ubiquitous communication for smart city.
International Conference on Smart Structures & Systems, 2013, p. 153.
14
KUMAR, Navin. Smart and intelligent energy efficient public illumination system with ubiquitous communication
for smart city. International Conference on Smart Structures & Systems, 2013, p. 154.
15
KUMAR, Navin. Smart and intelligent energy efficient public illumination system with ubiquitous communication
for smart city. International Conference on Smart Structures & Systems, 2013, p. 154.
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Figura 416
1600
Consumode energia em Joules (J)
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
L1 L3 L5 L7 L9 L 11 L 13 L 15
Poste de iluminação
Não-adaptável
Adaptável
16
Tradução e adaptação do autor do presente artigo do esquema apresentado em ESCOLAR, Soledad et al.
Estimating energy savings in smart street lighting by using an adaptive control system. International Journal
of Distributed Sensor Networks, v. 10, n. 5, 2014, p. 971587.
17
OLIVEIRA, Fernanda Paula. Eficiência energética na contratação pública portuguesa e da União Europeia.
Revista de Contratos Públicos – RCP, Belo Horizonte, ano 7, n. 12, set./fev. 2018, p. 76.
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18
“Art. 30. Compete aos Municípios: [...] V – organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão
ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter
essencial”.
19
“Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis,
para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. Parágrafo único.
É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica”.
20
Essa é a exata redação da Súmula Vinculante nº 49/STF: “O serviço de iluminação pública não pode ser
remunerado mediante taxa”. No mesmo sentido, inclinam-se diversos precedentes do STF: “É assente nesta
colenda Corte que as taxas de iluminação pública e de limpeza pública se referem a atividades estatais que
se traduzem em prestação de utilidades inespecíficas, indivisíveis e insuscetíveis de serem vinculadas a
determinado contribuinte, não podendo ser custeadas senão por meio do produto da arrecadação dos impostos
gerais” (BRASIL. Supremo Tribunal Federal. AI nº 463.910 AgR, Rel. Min. Ayres Britto, 1ª T, j. 20.06.2006,
DJ, 08 set. 2006). Por todos, cf. VELLOSO, Carlos. Taxa de iluminação pública – Inconstitucionalidade –
Serviço “uti universi”. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 217, p. 197-199, 1999.
21
BRASIL. Senado Federal. Diário do Senado Federal de 28 de fevereiro de 2002. Proposta de Emenda à
Constituição nº 3, de 2002, p. 974-975. Disponível em: https://goo.gl/j71ptZ. Acesso em: 20 mar. 2019.
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A respeito das críticas na instituição da Emenda Constitucional nº 39/2002, ampliar em OLIVEIRA, José
Marcos Domingues de. A chamada contribuição de iluminação pública (Emenda Constitucional nº 39 de
2003). Revista de Direito Administrativo, v. 233, p. 295-310, jul./set. 2003.
23
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RE nº 573.675, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 25.03.2009, DJE,
22 maio 2009.
24
“Art. 218. A distribuidora deve transferir o sistema de iluminação pública registrado como Ativo Imobilizado
em Serviço – AIS à pessoa jurídica de direito público competente. [...] §4º Salvo hipótese prevista no §3o,
a distribuidora deve observar os seguintes prazos máximos: I – até 14 de março de 2011: elaboração de
plano de repasse às pessoas jurídicas de direito público competente dos ativos referidos no caput e das
minutas dos aditivos aos respectivos contratos de fornecimento de energia elétrica em vigor; II – até 1º de
julho de 2012: encaminhamento da proposta da distribuidora à pessoa jurídica de direito público competente,
com as respectivas minutas dos termos contratuais a serem firmados e com relatório detalhando o AIS,
por município, e apresentando, se for o caso, o relatório que demonstre e comprove a constituição desses
ativos com os Recursos Vinculados às Obrigações Vinculadas ao Serviço Público (Obrigações Especiais); III –
até 1o de março de 2013: encaminhamento à Aneel do relatório conclusivo do resultado das negociações,
por município, e o seu cronograma de implementação; “IV – até 1º de agosto de 2014: encaminhamento à
Aneel do relatório de acompanhamento da transferência de ativos, objeto das negociações, por município;
V – até 31 de dezembro de 2014: conclusão da transferência dos ativos; e VI – até 1º de março de 2015:
encaminhamento à Aneel do relatório final da transferência de ativos, por município.” (Redação dada pela
Resolução Normativa Aneel nº 587, de 10.12.2013)
25
Diversos municípios brasileiros se viram em uma situação difícil, já que não teriam condições de gerir
um parque de iluminação pública. A mero título de exemplo, destaca-se que ação ordinária ajuizada pelo
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Município de Itaíba, Pernambuco, em face da Aneel para a declaração de nulidade do art. 218, da Resolução
Normativa nº 414/2010. Contudo, o Juízo da 3ª Vara Federal do Distrito Federal considerou que não
existiria qualquer ilegalidade na Resolução Normativa no que tange à onerosidade excessiva na assunção
das responsabilidades pela gestão do sistema de iluminação pública municipal: “O art. 218 da Resolução
Normativa da Aneel nº 414/2010, ao determinar a transferência do sistema de iluminação pública para os
municípios, manteve sintonia com a distribuição constitucional de competência entre os entes federativos.
Evidentemente, a transferência causará grande impacto financeiro nos municípios, habituados que estão
à prestação do serviço pelas concessionárias sem qualquer ônus. Ciente de tais ônus, o constituinte
derivado assegurou no art. 149-A a instituição de contribuição para o custeio do serviço de iluminação
pública. Assim, o argumento de excessiva onerosidade não autoriza o acolhimento do pedido do Autor,
na medida em que se trata de situação transitória, que rechaça a perseguida perenidade da prestação
do serviço de iluminação pública pelas concessionárias, por força de contratos celebrados com a Aneel”
(BRASIL. Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Sentença nos autos nº 12446-30.2015.4.01.3400, j.
15.05.2017. Disponível em: https://goo.gl/cBXiJ6. Acesso em: 20 mar. 2019).
26
HUNGARO, Luis Alberto. Parceria público-privada municipal. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2017, p. 82.
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27
TAIR, Estevão. Iluminação pública abre espaço a PPPs. Valor Econômico, São Paulo, 09 jul. 2018. Disponível
em: https://goo.gl/RRycSJ. Acesso em: 20 mar. 2019.
28
“Art. 2º Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na modalidade patrocinada ou
administrativa. §1º Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de
que trata a Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos
usuários contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. §2º Concessão administrativa
é o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta,
ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens”.
29
GUIMARÃES, Fernando Vernalha. Parceria público-privada. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 176.
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Além disso, como destaca Luis Alberto Hungaro, a utilização dos modelos de
concessão implementados pela Lei de PPP permitem que os Municípios que não
dispõem de recursos públicos suficientes possam realizar a implementação de
infraestruturas urbanas, de modo a concretizar funções sociais e interesses coletivos.30
A gestão municipal normalmente se vale de contratos de empreitada por
preço unitário, geralmente decorrentes de atas de registros de preços, de modo
a promover a manutenção do sistema de iluminação pública dos municípios.
Normalmente, os projetos de PPP de iluminação pública no Brasil se valem da PPP
administrativa, sem o aporte de recursos do poder público ao agente privado, pois
a Cosip é a fonte de recursos públicos utilizada para trazer maiores garantias ao
agente privado, como se verificará a seguir.
30
HUNGARO, Luis Alberto. Parceria público-privada municipal. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2017, p. 83.
31
“Possui repercussão geral a controvérsia relativa à constitucionalidade da cobrança, por Municípios e Distrito
Federal, de contribuição de iluminação pública visando satisfazer despesas com melhoramento e expansão
da rede” (BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RE nº 666404 RG, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 28.11.2013,
publ. 17.02.2014).
32
SAADI, Mário. A figura da Cosip e as PPPs no setor de iluminação pública. Revista Brasileira de Infraestrutura –
RBINF, Belo Horizonte, ano 3, n. 6, 2014, p. 179.
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33
SAADI, Mário. Contratação de parcerias público-privadas no setor de iluminação pública: aspectos da receita
corrente líquida e as características da Cosip. Revista Digital de Direito Administrativo da Universidade de
São Paulo, Ribeirão Preto, v. 3, n. 2, 2016, p. 451.
34
GUIMARÃES, Fernando Vernalha. Parceria público-privada. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 349-353;
SCHIRATO, Vitor Rhien. Os sistemas de garantia nas parcerias público-privadas. Revista de Direito Público
da Economia – RDPE, Belo Horizonte, ano 7, n. 28, p. 177-181, out./dez. 2009.
35
Como observa o economista Oliver Hart, contratos normalmente são incompletos, o que faz com que a
alocação de riscos seja realizada, em sua maioria, ex post, ou seja, após o acontecimento dos riscos.
A existência de garantias e modelos contratuais que diminuam a exposição a riscos do contratado pode
gerar um equilíbrio contratual entre as partes, o que, normalmente, se dá a partir do estabelecimento de
um sistema de garantias ou formas de pagamentos condicionadas à efetiva prestação dos serviços. HART,
Oliver. Firms, contracts, and financial structure. Oxford: Oxford University Press, 1995, p. 3-6.
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Clóvis Alberto Bertolini de Pinho
Figura 5
Município de
Belo horizonte
Pagamento de
contraprestação
mensal à
concessionária
Concessionária
36
Destaca-se a dificuldade do Município de São Paulo, maior município do país, em promover a licitação da
PPP de iluminação pública, desde o ano de 2015 e com diversas determinações de suspensão da licitação
por parte do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e do Tribunal de Contas do Município de São Paulo.
Um dos problemas na falta de “atratividade” de grandes investidores se deu por conta da inexistência de
uma conta-vinculada de recursos destinada ao concessionário privado. Além disso, ainda no ano de 2018,
o TCM-SP ponderou que a Prefeitura de São Paulo deveria considerar a anulação do contrato assinado
com o licitante vencedor (HIRATA, Taís. Tribunal de Contas pede que Doria considere anulação de PPP de
iluminação em SP. Folha de S. Paulo, 28 mar. 2018. Disponível em: https://goo.gl/qAJYCb. Acesso em:
20 mar. 2019).
37
Elaborado a partir de dados extraídos da Prefeitura de Belo Horizonte, especialmente a partir do contrato de
PPP entre o Município de Belo Horizonte e a concessionária BH Iluminação Pública S.A. Cf. MUNICÍPIO DE
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Os desafios da experiência brasileira com projetos de Parceria Público-Privada (PPP) de iluminação...
BELO HORIZONTE. Contrato de Concessão Administrativa nº AJ 016/2016 para prestação dos serviços de
iluminação pública no Município de Belo Horizonte, incluídos o desenvolvimento, modernização, ampliação,
eficientização energética, operação e manutenção da rede municipal de iluminação pública. Belo Horizonte:
Município de Belo Horizonte, 2016, p. 58-59. Disponível em: https://goo.gl/VU3sMj. Acesso em: 20 mar.
2019.
38
“Art. 2º Fica o Executivo autorizado a determinar a vinculação de receitas municipais provenientes da
Contribuição para Custeio dos Serviços de Iluminação Pública – CCIP, de que trata a Lei Municipal nº 8.468,
de 30 de dezembro de 2002, para pagamento e garantia da contraprestação da parceria público-privada a
que se refere o art. 1º desta lei. Parágrafo único. Sem prejuízo de quaisquer outros mecanismos destinados
a conferir estabilidade ao mecanismo de pagamento e garantia, a vinculação de que trata o caput deste
artigo será criada por mecanismo contratual e poderá contar com a contratação de instituição financeira
depositária e operadora dos recursos vinculados”.
39
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Parcerias da administração pública: concessão, permissão, franquia,
terceirização, parceria público-privada e outras formas. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 156.
R. de Dir. Público da Economia – RDPE | Belo Horizonte, ano 17, n. 66, p. 9-31, abr./jun. 2019 23
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40
FURTADO, João Ribamar Caldas. Direito Financeiro. 4. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2014, p. 319.
41
Esse, por exemplo, foi o modelo adotado pelo Município de Dois Vizinhos, Estado do Paraná, que estabeleceu
como objeto da PPP a gestão, modernização digital, otimização, expansão, operação, manutenção da
infraestrutura da rede digital de iluminação pública, segurança e trânsito do Município. No entanto, isso
foi objeto de impugnação, pela impossibilidade de utilização dos recursos da Cosip para objetos estranhos
ao da iluminação pública sem autorização legislativa específica para tanto, o que ensejou a revogação do
procedimento licitatório pelo Prefeito Municipal. Ampliar em: MUNICÍPIO DE DOIS VIZINHOS. Decreto nº
14.519/2018. Revoga a licitação na modalidade de Concorrência Pública, procedimento nº 001/2017.
Dois Vizinhos, 2018. Disponível em: https://goo.gl/1RA18a. Acesso em: 20 mar. 2019.
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42
“Art. 76-B. São desvinculados de órgão, fundo ou despesa, até 31 de dezembro de 2023, 30% (trinta por
cento) das receitas dos Municípios relativas a impostos, taxas e multas, já instituídos ou que vierem a ser
criados até a referida data, seus adicionais e respectivos acréscimos legais, e outras receitas correntes.
Parágrafo único. Excetuam-se da desvinculação de que trata o caput: I – recursos destinados ao financiamento
das ações e serviços públicos de saúde e à manutenção e desenvolvimento do ensino de que tratam,
respectivamente, os incisos II e III do §2º do art. 198 e o art. 212 da Constituição Federal; II – receitas
de contribuições previdenciárias e de assistência à saúde dos servidores; III – transferências obrigatórias
e voluntárias entre entes da Federação com destinação especificada em lei; IV – fundos instituídos pelo
Tribunal de Contas do Município”.
43
“Art. 11. A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: Receitas Correntes e Receitas
de Capital. §1º São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária,
industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras
pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas
Correntes”.
44
“Não é inconstitucional a desvinculação de parte da arrecadação de contribuição social, levada a efeito
por emenda constitucional” (BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RE nº 537.610, Rel. Min. Cezar Peluso,
2ª T, j. 1º.12.2009, DJE, 18 dez. 2009).
R. de Dir. Público da Economia – RDPE | Belo Horizonte, ano 17, n. 66, p. 9-31, abr./jun. 2019 25
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45
“Logo, denota-se a possibilidade de desvinculação de receitas provenientes de impostos, taxas e multas até
o ano de 2023. Entretanto, não é possível a desvinculação de contribuições e tarifas, conforme questionado
na consulta, dada a inexistência de previsão Constitucional para tanto” (FEDERAÇÃO CATARINENSE DE
MUNICÍPIOS. Parecer nº 3624. Florianópolis: FECAM, 2017. Disponível em: https://goo.gl/26z2nB . Acesso
em: 20 mar. 2019).
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46
OLIVEIRA, Fernanda Paula. Eficiência energética na contratação pública portuguesa e da União Europeia.
Revista de Contratos Públicos – RCP, Belo Horizonte, ano 7, n. 12, set./fev. 2018., p. 82.
47
Nos termos do Primeiro Aditivo: “Ressalta-se que a base de cálculo do BCE é o valor efetivamente pelo
poder concedente à empresa distribuidora, distinguindo-se da base utilizado o FME e, por consequência, da
contraprestação mensal efetiva até o cumprimento ao 5º marco, calculados a partir do cadastro municipal
de iluminação pública, conforme especificado no item 3.1.1” (MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE. 1º Termo
Aditivo ao Contrato de Concessão Administrativa nº AJ 016/2016 para prestação dos serviços de iluminação
pública no Município de Belo Horizonte, incluídos o desenvolvimento, modernização, ampliação, eficientização
energética, operação e manutenção da rede municipal de iluminação pública. Belo Horizonte: Município de
Belo Horizonte, 2017, p. 58-59. Disponível em: https://goo.gl/8bZCSR. Acesso em: 20 mar. 2019).
48
O conceito de cabo de fibra óptica, segundo a ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações) é: “Conjunto
constituído por fibras ópticas, elementos de proteção da unidade básica, elemento de tração dielétrico,
eventuais enchimentos, e núcleo completamente preenchidos com material resistente à penetração de
umidade e protegidos por uma capa de material termoplástico”, conforme o item 4, inc. II, da Resolução
nº 299/2002, da ANATEL.
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5 Conclusões
O conceito de smart city ou cidade inteligente congrega o esforço tecnológico
de modo a incluir os sistemas de mobilidade urbana e maior inclusão do cidadão
no espaço urbano. A ideia de organização de um projeto de iluminação pública
a partir do ideário de uma smart city pressupõe a utilização de ferramentas de
comunicação entre as luminárias que permitem uma maior eficiência energética,
especialmente a partir da tecnologia LED.
No Brasil, ainda há dificuldades consideráveis na estruturação de projetos de
iluminação pública a partir da ideia de uma smart city. A principal dificuldade está
no fato de que a maioria dos projetos de PPP de iluminação pública se valem da
receita da Cosip, que tem destinação constitucional específica para o custeio da
iluminação pública, como determina o art. 149-A, da Constituição Federal. Desse
modo, há uma inegável inviabilidade de utilização de PPPs de iluminação pública
para a aglutinação de objetos estranhos à iluminação pública, que normalmente
são utilizados em projetos de smart city, ou cidades inteligentes, como no caso de
implementação de serviços de comunicação.
Além disso, a partir da experiência brasileira, há ainda dificuldades na
estruturação jurídica de PPPs de iluminação pública, especialmente no que tange
a: (a) utilização da Cosip para a remuneração de objetos estranhos à iluminação
pública, como na inserção da gestão semafórica, de comunicação de internet sem
fios, entre outros; (b) possibilidade de remuneração pela eficiência energética,
com a distribuição da economia de energia e dos recursos economizados pelo
49
“Art. 11. No atendimento às peculiaridades de cada serviço público, poderá o poder concedente prever, em
favor da concessionária, no edital de licitação, a possibilidade de outras fontes provenientes de receitas
alternativas, complementares, acessórias ou de projetos associados, com ou sem exclusividade, com
vistas a favorecer a modicidade das tarifas, observado o disposto no art. 17 desta Lei. Parágrafo único.
As fontes de receita previstas neste artigo serão obrigatoriamente consideradas para a aferição do inicial
equilíbrio econômico-financeiro do contrato”.
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Os desafios da experiência brasileira com projetos de Parceria Público-Privada (PPP) de iluminação...
The Challenges of the Brazilian Experience with Projects of Public-Private Partnerships (PPP) of
Public Lighting and Smart Cities
Abstract: The article deals with the feasibility of establishing public-private partnerships (PPPs) for
public lighting from the idea of a smart city. The paper presents an overview of the concept of smart
city from a public lighting project, presenting the main benefits in using this model in terms of energy
and administrative efficiency. Secondly, the brief presents the framework for structuring public lighting
projects, as well as the legal possibilities of conceiving the idea of public lighting PPPs from the ideals
of a smart city, analyzing some of the challenges existing in the Brazilian legal system. In addition, the
article evaluates some PPP projects of public lighting already carried out in Brazil, in order to examine
the possibility of exploring the feasibility of designing the idea of smart city in public lighting PPPs.
Keywords: Public lighting. Smart city. LED. Public-private partnership. Contribution to the cost of public
lighting.
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