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Tipos de Famílias e

Abordagem Familiar
Prof. Me. Flavio Marcos de Souza
flavio.souza@estacio.br
Tipos de Famílias
Conceito de Família

A família é um modelo universal para o viver. Ela é unidade


de crescimento; de experiência; de sucesso e fracasso; ela é
também a unidade da saúde e da doença.

Natan W. Ackerman
Conceito de Família

Podemos considerar a família como a unidade base para


o treinamento social.

Trata-se do ambiente em que se experimenta o primeiro


senso de pertencimento, identidade e conexão.
Arranjos Familiares

O conceito de família é extremamente dinâmico.


A família patriarcal, convencional, hierarquizada, patrimonialista, composta por homem e mulher
unidos pelo casamento e cuidando de seus descendentes (família nuclear/matrimonial) vem
sofrendo, ao longo dos anos, intensas transformações.

A vastidão de transformações políticas, sociais, econômicas e especialmente culturais produziram


reflexos nas relações jurídico-familiares.
Arranjos Familiares

Os atuais contornos da família estão desafiando outras conceituações:


novos ARRANJOS familiares, os quais podem ser conceituados de:

Famílias tradicionais (Nucleares)

Funcional (Eudemonista)
O arranjo corresponde a uma Extensivas (Anaparentais)
pessoa ou grupo de pessoas,
ligadas ou não por laços de
parentesco, que more em um
Homoafetivas (Homossexuais) Unitária
domicílio particular.

Reconstituída
Institucional Monoparental
Tipos de Famílias
Tipos de Famílias
Tipos de Famílias
Tipos de Famílias
Algumas Características da Família Brasileira

• A maior escolarização da mulher, a entrada destas no mercado de trabalho e a queda do


número de filhos, alteraram os arranjos familiares.

• No século XXI, a reivindicação pelos direitos das comunidades LGBTQIA+ e a visibilidade


alcançada pelos pais e mães que criam seus filhos sozinhos, fizeram o Poder Público dar
novas respostas às demandas da família brasileira.

• Com a evolução do conceito de família, o matrimônio e a procriação (filhos biológicos do


casal) deixam de ser a questão central.

• Todas as relações que se baseiam no afeto, na convivência e no sentimento de união


familiar passam a ser compreendidos como família.

• Os laços afetivos e a busca pela felicidade dos membros são os fatores determinantes
para a compreensão do novo conceito de família.
Algumas Características da Família Brasileira

A configuração das famílias e arranjos também tem se modificado em razão da dinâmica social, de mudanças
no perfil demográfico e na legislação vigente.

Muitos fatores têm efeito sobre a formação das famílias e dos arranjos, tais como:

O aumento da expectativa de vida;


O declínio da fecundidade;
A migração para áreas urbanas;
O aumento da escolaridade;
A inserção das mulheres no mundo do trabalho;
A atualização na legislação sobre divórcio;
A cultura sobre a separação;
União estável e casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Algumas Características da Família Brasileira

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD

Em 2015, os arranjos multipessoais com parentesco, ou seja, as famílias,


correspondiam a 85,1% do total de arranjos, e o tipo de núcleo familiar mais
comum foi o de casal com filhos (42,3% do total de arranjos), seguido por casal
sem filho (20,0%) e por mulher sem cônjuge com filhos (16,3%).
Algumas Características da Família Brasileira

Observe alguns números da família brasileira segundo as estatísticas do IBGE de 2015:

É uma estimativa do número médio de filhos que


uma mulher tem ao longo da vida.

*Não há dados oficiais, mas calcula-se que 20% dos casais homoafetivos tenham filhos no Brasil.
Algumas Características da Família Brasileira
Algumas Características da Família Brasileira
Algumas Características da Família Brasileira

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD

A participação dos arranjos unipessoais


aumentou no período de 2005 a 2015, de
10,4% para 14,6% do total de arranjos
Algumas Características da Família Brasileira

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD

Outra variável relacionada ao


ciclo de vida do arranjo é a idade
dos filhos que coabitam com
seu(s) progenitor(es).

Demandas específicas por serviços


e programas sociais (educação,
saúde, assistência social, cultura,
esportes etc.), assim como por
bens e serviços privados.
Abordagem Familiar
Abordagem Familiar

Abordar famílias constitui-se em um elemento de gestão do cuidado em AD, e também em um


elemento de prática diagnóstica e terapêutica.

A abordagem familiar domiciliar permite o conhecimento da família e das possíveis


disfuncionalidades que prejudicam o bem estar e biopsicossocial de seus membros.
Abordagem Familiar

A dinâmica familiar representa o funcionamento da família, mais especificamente como os


indivíduos se comportam em relação uns aos outros, seja na dimensão instrumental (relativa as
atividades do cotidiano), seja na dimensão expressiva (relativa a todas as formas de comunicação
no interior da família).

HOMEOSTASIA FAMILIAR
Abordagem Familiar

Os conflitos, interações e desagregações fazem parte do universo da família, intervindo


diretamente na saúde de seus membros.

Entretanto, quando algum membro adoece, isto tem efeito direto na dinâmica da casa, sendo
necessário que a família se organize para cuidar do familiar doente.
Abordagem Familiar

PASSOS IMPORTANTES PARA ABORDAGEM FAMILIAR

APRESENTAÇÃO O objetivo da intervenção deve ficar claro para a família.

Buscar o entendimento de como funciona aquela família, qual é o


APROXIMAÇÃO
papel que cada um ocupa.

ENTENDIMENTO DA Pode ser utilizado algumas ferramentas para entender a situação e


SITUAÇÃO propor a intervenção mais eficaz.

À partir do entendimento da situação, discute-se um plano


DISCUSSÃO
juntamente com a família e a equipe.

ESTABELECIMENTO DE UM
Será definido um plano de intervenção.
PLANO TERAPÊUTICO
Abordagem Familiar

No domicilio, algumas questões sobre a estrutura familiar estão explícitas, por exemplo, para uma
pessoa com diabetes descompensado os profissionais da AD podem estabelecer contato com
todos os membros da família e visualizar in loco os seus hábitos alimentares.
Abordagem Familiar

As situações prolongadas e definitivas da doença podem fazer com que os familiares busquem
recursos fora para suportar a situação.
Dessa forma, para os profissionais de saúde, torna-se necessária a apropriação de algumas
ferramentas específicas para lidar com esses familiares:

• O olhar sistêmico;
• Compreender os tipos de famílias;
• Entender a estrutura familiar.

• Ciclo Vital;
• A.P.G.A.R. Familiar;
• P.R.AC.T.I.C.E.;
• F.I.R.O.
Abordagem Familiar

Olhar Sistêmico

A família é entendida a partir de suas relações. Todo o contexto social, econômico, e político
influenciam no bem estar do indivíduo e da família.
Independente de qual membro da família está sendo assistido, é imperativo ter um claro
entendimento do contexto interpessoal do problema.
Abordagem Familiar

Tipos de Famílias

Uma visão integral dos tipos familiares aponta variáveis que podem ocorrer quando
trabalhamos com famílias: as diversas conjunturas podem gerar variadas formas de conflito,
tendo em mente que as preconcepções dos profissionais de saúde não devem influenciar no
abordagem do usuário.
Abordagem Familiar

Estrutura Familiar

Entendida como a quantidade de pessoas que moram na casa e suas respectivas funções, o fato
dos progenitores estarem vivos ou não, divorciados, separados ou dividindo moradia com outros
parceiros.
Abordagem Familiar

Ciclo Vital (Vida Familiar)

O ciclo de vida familiar é um instrumento que divide a família em etapas de desenvolvimento,


distinguindo papeis específicos a cada estágio.

A compreensão do ciclo e da maneira como interfere no processo saúde-doença auxilia nas


ações de saúde.

Representa as várias etapas pelas quais as famílias passam e os desafios/ tarefas a cumprir em
cada etapa, desde a sua constituição em uma geração até a morte dos indivíduos.
Abordagem Familiar
Abordagem Familiar

A.P.G.A.R. Familiar

O APGAR de Família propõe uma avaliação da


funcionalidade familiar independentemente da fase
do ciclo de vida dos seus membros.

A. Adaptação
P. Participação
G. Crescimento (Growth)
A. Afeição
R. Resolução
Abordagem Familiar

O F.I.R.O. (Orientações Fundamentais nas Relações Interpessoais)

O modelo FIRO torna-se aplicável devido as mudanças ocorridas


após o falecimento de um membro e a necessidade de criação de
novos padrões.

A categoria “inclusão” diz respeito à interação dentro da família


para sua vinculação e organização.

A categoria “controle” refere-se às interações do exercício de poder


dentro da família.

A categoria “intimidade” trata-se de interações familiares


relacionadas às trocas interpessoais evidenciadas pelos sentimentos
de carinho e amor entre os membros da família.
Abordagem Familiar

O modelo P.R.A.C.T.I.C.E.

O PRACTICE facilita a avaliação familiar e auxilia nas


intervenções.

Utilizado para o manejo das situações difíceis.

Tem como foco a resolução dos problemas, o que


permite uma aproximação com as várias faces que dão
origem aos problemas para as famílias analisadas.

Aplica-se sob a forma de uma conferência


multiprofissional e familiar.
Abordagem Familiar

A abordagem faz parte do cuidado domiciliar por envolver diversos fatores no processo de saúde-
doença da família.

O profissional de saúde deve ter em conta que ele não serve apenas para curar doenças, mas para
cuidar da saúde, considerando a pessoa doente em seu contexto vital.

Com isso, passa-se de uma prática profissional centrada na doença, para uma prática profissional
centrada na pessoa.

PESSOA X MÉDICO

PESSOA X FAMÍLIA X EQUIPE DE SAÚDE


Abordagem Familiar

• Ao iniciar o processo de abordagem familiar, combinar o encontro com a família é


um aspecto essencial.

• A primeira condição para que ocorra o cuidado domiciliar é o consentimento da


família e a definição dos cuidadores.

• O cuidado prestado no domicílio não pode ser imposto, sob risco de não atingir
seus objetivos terapêuticos.

• A pessoa acamada, mesmo estando, muitas vezes, debilitada e doente, tem de


exercer sua autonomia e participar desse processo, na medida do possível.
Referências

BRITO, E.S.; RABINOVICH, E.P. The family also becomes sick! Changes secondary to stroke occurring within families.
Interface - Comunic., Saúde, Educ., v.12, n.27, p.783-94, 2008.

DIAS, L. .C., LOPES, J. M. C. Abordagem familiar na Atenção Domiciliar. Porto Alegre: UFCSPA, 2015.

HORTA, T. C. G. Abordagem Familiar. Belo Horizonte: Residência em Medicina de Família e Comunidade do Hospital
das Clínicas da UFMG, 2008. [monografia de conclusão de Residência Médica].

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em <


https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv98965.pdf > Acessado em 22 de Agosto de 2020.

ROA, R. R. et al. Abordagem centrada nas pessoas. Rev Bras Med Fam Comunidade. v. 4, n. 16, p. 245-59, 2009.

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