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Identificação de fatos, opiniões e argumentos em um texto


Mulheres e democracia
Pela igualdade de gênero nas esferas pública e privada

Renata Gil

Um dos critérios primordiais para se aferir o desenvolvimento social de um país é a abertura de seus
espaços de poder à ocupação feminina. Quanto menor a aceitação das mulheres, mais desigual é a sociedade e,
consequentemente, menor é a efetividade da democracia.
Neste domingo (8), Dia Internacional da Mulher, a reflexão que a Associação dos Magistrados Brasileiros
(AMB) propõe é sobre os obstáculos que o Brasil ainda precisa superar na questão de gênero. São inegáveis os
muitos avanços consolidados nos últimos anos. Também é incontestável, no entanto, que as brasileiras ainda
enfrentam obstáculos impensáveis para o sexo oposto.

A juíza Renata Gil, primeira mulher a presidir a AMB (Associação dos Magistrados do Brasil) - Raquel Cunha -
14.nov.19/Folhapress

A contribuição da magistratura, função essencial ao funcionamento da Justiça, tem sido fundamental para
a superação das desigualdades de gênero. Os juízes atuantes em tribunais de todo o país, no Conselho Nacional
de Justiça (CNJ) e nos tribunais superiores, contribuíram concretamente para a efetivação da Lei Maria da Penha,
marco do combate à violência contra as mulheres.
Mas, dentro da própria magistratura, no entanto, há muito a ser feito. A Folha, recentemente, publicou
um levantamento de suma importância para a compreensão dessa realidade. A partir de informações do CNJ e
dos Tribunais de Justiça, o jornal mostrou que as mulheres são 37,5% do total de magistrados estaduais. O
percentual cai para 20% quando considerada a composição das cortes de 2ª instância.
Não faltam dados que comprovem essa realidade. A pesquisa "Quem Somos. A Magistratura que
queremos", realizada pela AMB em parceria com professores da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
(PUC-RJ), apontou que na 1ª instância das justiças estadual, federal, trabalhista e militar, as mulheres são 36,7%
do total de juízes. Mas o índice baixa para 21,1% na 2ª instância e para 9,1% nos tribunais superiores.

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O estudo também mostrou que o percentual de ingresso de mulheres na magistratura tem diminuído. De
1990 a 1999, elas eram 38% do total de ingressantes, chegando a 41% no período de 2000 a 2009. Na última
década (2010 a 2018), entretanto, esse percentual caiu para 34%.
No Dia da Mulher, é preciso renovar os ânimos para vencer essa batalha, que, a despeito de sua
imemorialidade, revela-se mais urgente a cada hora. A inclusão das mulheres nos postos de comando é um
exercício de evolução republicana, por meio do qual a nação se preparará para os desafios do amanhã. É preciso
arregaçar as mangas de imediato, visto que o quadro almejado não só está distante do ideal como pode se afastar
ainda mais, gradualmente.
No que tange ao Judiciário, a AMB está comprometida a fomentar as condições para que a presença
feminina atinja o mesmo patamar existente na população brasileira (51% da população é de mulheres, segundo o
IBGE).
É preciso que essa proporção seja refletida nos Três Poderes e nas esferas decisórias da iniciativa privada
para que nossa democracia deixe de ser inacabada, no sentido de não mais tratar com desigualdade aqueles que
são, do ponto de vista jurídico, absolutamente iguais.

Renata Gil
Presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB)

TENDÊNCIAS / DEBATES
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao
propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do
pensamento contemporâneo.

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2020/03/mulheres-e-democracia.shtml. Acesso em: 13/03/20.

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