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Choque Elétrico

1. Introdução
a. O que é choque elétrico?
O choque elétrico é a sensação físio-patológica sentida por uma pessoa sujeita
a diferença de potencial entre as mãos, entre mão(s) e pé(s), entre os pés, ou
entre a cabeça e membro(s).

2. Tipos de contato
a. Contato direto
Contato direto do indivíduo com partes vivas da rede (fio desencapado)
Acontecem devido à ignorância, negligência ou imprudência. Ignorância por
não ter conhecimento que certo circuito pode produzir um choque, negligência
por não ler os avisos e as outras medidas de proteção e imprudência é a falta
de reflexão ou de cuidado aprendido e ocasionalmente tomar um choque.
b. Contato indireto
Contato com algum objeto que está com um potencial devido alguma falta ou
contato indevido (carcaça de motores, geladeira, registro do chuveiro, etc)
São mais frequentes e são acontecimentos imprevisíveis, possuem maior
perigo e a norma NR10 da maior importância.

3. Como acontece o choque elétrico?


a. Corrente ou tensão?
Devido a diferença de potencial em que duas partes do corpo do indivíduo é
submetido se ela for suficiente, gera uma corrente elétrica que circula dentro
do corpo.
Como o corpo humano possui características propícias para a circulação de
corrente elétrica, ele é considerado um condutor. Assim como qualquer
condutor, o corpo humano também possui resistência elétrica que varia de
acordo com situações externas e de pessoa para pessoa.
Como, área de contato, pressão de contato, resistência da pele e umidade da
pele.
b. Caminhos da corrente elétrica
Como a corrente elétrica circula no corpo dependendo de quais partes do
corpo sofreram a diferença de potencial, sua resistência também dependerá do
caminho da corrente. Por isso a dificuldade em medir essa resistência de forma
precisa.
c. Resistência do corpo humano e de contato
Imagens e gráficos mostrando a resistência média para alguns tipos de contato
Porcentagem da população submetida a certa tensão
Tabela com resistência de contato para várias superfícies e em condições seca
e úmida.

4. Características do choque elétrico


a. 1ª Lei de Ohm
V = Z*I => I = V/Z
Maior a tensão, maior a corrente que circula no corpo, para um R constante
Menor a resistência do corpo, maior a corrente que circula no corpo, para um
V constante
Quanto maior a corrente elétrica mais graves serão os efeitos fisiológicos.

Tabela com alguns valores de tensão e corrente média para certa trajetória da
corrente pelo corpo.
b. Fatores relacionados ao choque
Os danos físicos resultam dos efeitos diretos da corrente e conversão da
eletricidade em calor durante a passagem da eletricidade pelos tecidos;
A gravidade do acidente está ligada às características físicas da corrente e
condições do acidente, tais como: natureza da corrente (contínua ou
alternada); tensão; freqüência; resistência do corpo humano à passagem da
corrente elétrica, que varia segundo as condições ambientais; percurso da
corrente pelo corpo e tempo de duração da passagem.

5. Formas de ocorrer o choque


a. Choque estático
Contato com equipamentos que possuem eletricidade estática, como por
exemplo, um capacitor carregado. Características:
• Duração: enquanto permanecer o contato e a fonte de energia estiver ligada;
• Pequena duração: suficiente para descarregar a carga da eletricidade contida
no elemento energizado;
• Conseqüências: pequenas contrações ou até lesões irreparáveis. Na maioria
das vezes este tipo de choque elétrico não provoca efeitos danosos ao corpo,
devido a curtíssima duração.
b. Choque dinâmico
Através do contato ou excessiva aproximação do fio fase de uma rede ou
circuito de alimentação elétrico a descoberto.
c. Choque atmosférico
Recebimento de descarga atmosférica. O choque surge quando acontece uma
descarga atmosférica e esta entra em contato direto ou indireto com uma
pessoa, os efeitos desse tipo de choque são terríveis e imediatos, ocorre casos
de queimaduras graves e até a morte imediata.

6. Efeitos do choque
a. Tipos de acidentes
1 - Pela ação direta da corrente elétrica no coração e órgãos respiratórios,
podendo ocasionar a interrupção do funcionamento dos mesmos;
2 - Por queimaduras, como conseqüência da exposição ao arco elétrico,
momento em que a energia elétrica é transformada em energia calorífica, cuja
temperatura chega a ser superior a mil graus centígrados;
3 - Pela ação indireta do choque elétrico, quando a vítima cai de uma escada
ou do alto de um poste, ou ainda por asfixia mecânica, quando a língua sob
efeito da corrente elétrica se enrola, fechando a passagem do ar que leva
oxigênio para os pulmões.
b. Manifestações do choque
• Contrações musculares;
• Comprometimento do sistema nervoso central, podendo levar à parada
respiratória;
• Comprometimento cardiovascular provocando a fibrilação ventricular –
"parada cardíaca";
• Queimaduras de grau e extensão variáveis, podendo chegar até a necrose do
tecido.
c. Consequências
Tetanização: CONTRAÇÃO MUSCULAR SUSTENTADA POR
ESTÍMULOS ELÉTRICOS REPETIDOS EM INTERVALOS INFERIORES
À DURAÇÃO DA CONTRAÇÃO MUSCULAR PRODUZIDA POR UM
ÚNICO DESSES ESTÍMULOS
Para respiratória: CONTRAÇÃO MUSCULAR SUSTENTADA POR
ESTÍMULOS ELÉTRICOS REPETIDOS EM INTERVALOS INFERIORES
À DURAÇÃO DA CONTRAÇÃO MUSCULAR PRODUZIDA POR UM
ÚNICO DESSES ESTÍMULOS
Fibrilação cardíaca/ventricular: A parada cárdio-respiratória por fibrilação
ventricular ou assistolia é a principal causa de óbito após a lesão elétrica. A
parada respiratória pode ser causada pela passagem da corrente elétrica pelo
cérebro causando inibição da função do centro respiratório, contração tetânica
do diafragma e da musculatura torácica e paralisia prolongada dos músculos
respiratórios. Fibrilação do músculo de uma ou mais das câmaras do coração,
levando ao distúrbio de algumas funções do órgão. Quando limitada aos
ventrículos (fibrilação ventricular), leva à circulação insuficiente de sangue e à
falha do coração
Queimaduras: DESENVOLVIMENTO DE CALOR, POR EFEITO JOULE
NO CORPO HUMANO, PROVOCADO PELA PASSAGEM DA
CORRENTE ELÉTRICA
Dos efeitos principais a fibrilação ventricular e as queimaduras são
irreversíveis.

7. Efeitos no corpo humano


a. Circunstâncias do choque
1. Intensidade da Corrente - Quanto maior for a intensidade da corrente que
percorrer o corpo, pior será o seu efeito no mesmo. As correntes elétricas de
baixa intensidade provocam a contração muscular, situação em que a vítima
muitas vezes não consegue se desprender do objeto energizado;
2. Frequência - As correntes elétricas de alta freqüência são menos perigosas
ao organismo humano do que as de baixa freqüência;
3. Tempo de Duração - Quanto maior for o tempo de exposição à corrente
elétrica, maior será seu efeito danoso no organismo;
4. Natureza da Corrente - O corpo humano é mais sensível à corrente alternada
de freqüência industrial (50/60 Hz) do que à corrente contínua.
5. Condições Orgânicas do Indivíduo - Os efeitos do choque elétrico variam
de pessoa para pessoa, e dependem principalmente das condições orgânicas da
vítima. Pessoas com problemas cardíacos, respiratórios, mentais, deficiência
alimentar, etc., estão mais propensas a sofrer com maior intensidade os efeitos
do choque elétrico. Os idosos submetidos a uma intensidade de choque
elétrico relativamente fraca, podem sofrer sérias conseqüências;
6. Resistência do Corpo - A resistência ôhmica do corpo varia de indivíduo
para indivíduo. A epiderme seca tem uma resistividade que depende do seu
estado de endurecimento (calosidade). Esta é maior nas pontas dos dedos do
que na palma da mão, e maior nesta do que no braço. A pele molhada diminui
a resistência de contato, permitindo assim a passagem de maior intensidade de
corrente elétrica;
b. Sensação no corpo
Tabela das sensações de cada intensidade do choque
Gráfico da zona tempo/corrente
c. Trajeto da corrente

8. Proteção contra o choque elétrico (NR 10.2.8 e 10.2.9)


a. Como evitar o choque direto?
• ISOLANDO A PESSOA (PISO + PAREDES)
• COLOCANDO FORA DO ALCANCE
• EQUALIZANDO OS POTENCIAIS
• COLOCANDO BARREIRAS
b. Proteção contra o choque
i. Isolação das partes vivas

• Quando a isolação recobrir a parte viva. O material isolante deve ser


capaz de suportar os inconvenientes ou condições mecânicas, elétricas
ou térmicas às quais ele pode vir a ser submetido;
• Este material isolante só pode ser retirado por destruição;
• No caso dos equipamentos e materiais montados em fábrica, a
isolação deve atender às prescrições relativas às normas desses
equipamentos e materiais;
• Quando a isolação for feita durante a execução da instalação, a
qualidade desta isolação deve ser verificada através de ensaios
análogos aos destinados a verificar a qualidade da isolação de
equipamentos similares industrializado;
• As tintas, vernizes, lacas e produtos análogos não são, geralmente,
considerados como constituindo uma isolação suficiente.
ii. Barreiras ou Invólucros
Deve ser usada quando a isolação das partes vivas for inviável ou não
for conveniente para o funcionamento adequado da instalação. Estas
partes devem estar protegidas contra o contato por barreiras ou
invólucros.
• Estas barreiras ou invólucros devem satisfazer a NBR 6146 (graus de
proteção providos por invólucros de equipamentos elétricos) a qual
especifica os ensaios de tipo para verificação das várias classes de
invólucros;
• As partes vivas devem estar no interior de invólucros ou atrás de
barreiras que confiram pelo menos o grau de proteção IP4X;
• As barreiras e invólucros devem ser fixados de forma segura e
possuir robustez e durabilidade suficientes para manter os graus de
proteção e a apropriada separação das partes vivas nas condições
normais de serviço, levando-se em conta as condições de influências
externas relevantes;

A supressão das barreiras, a abertura dos invólucros ou coberturas ou a


retirada de partes dos invólucros ou coberturas não deve ser possível a
não ser:
• com a utilização de uma chave ou de uma ferramenta;
• após a desenergização das partes vivas protegidas por essas barreiras,
invólucros ou coberturas, não podendo ser restabelecida a tensão
enquanto não forem recolocadas as barreiras, invólucros ou coberturas;
• Esta prescrição é atendida com utilização de intertravamento
mecânico e/ou elétrico. Que haja interposta uma segunda barreira ou
isolação que não possa ser retirada sem a desenergização das partes
vivas protegidas por essas barreiras, e que impeça qualquer contato
com as partes vivas.
iii. Graus de proteção dos equipamentos
Tabelas com características de proteção de equipamentos
iv. Sinalização (NR 10.10.1 c) e d))
Imagens com exemplificação (ALTA TENSÃO, PERIGO, ETC)
v. Proteção complementar
• Uso do dispositivo a corrente diferencial - DR, conforme a NBR
5410;
• Estatísticas mostram redução de até 98% de número de mortes
vitimadas por choque elétrico, com uso de DR;
• Presta-se à proteção de qualquer tipo de pessoa, enquanto a proteção
total se aplica a pessoas comuns e a parcial a qualificados/advertidos.
vi. Colocação fora de alcance
De fato colocar partes vivas ou não da rede fora do alcance de leigos.
Tabela com informativos
Imagens de exemplificação
vii. No final coloca uma tabela comparativa de cada tipo de proteção
c. Como evitar o choque indireto?
• É o conjunto de prescrição que visa impedir que apareça na instalação uma
tensão de contato que possa resultar em risco de efeito fisiológico perigoso
para as pessoas;
• Esta tensão de contato pode aparecer na massa dos equipamentos ou nos
elementos condutores estranhos à instalação, devido a um defeito de
isolamento;
• Principais medidas de proteção contra choque elétrico, prescritas pela NBR
5410, são:
-Seccionamento automático da alimentação;
-Desligamento rápido da fonte pelo dpcc (dispositivo de proteção
contra curto circuito;
-Uso de dispositivos DR de alta sensibilidade (di <= 30ma).
• Emprego de equipamentos da classe II ou por isolação equivalente;
• Separação elétrica. • Uso de tensão extra baixa de segurança
d. Proteção contra contatos indiretos
i. Proteção passiva
1- Isolação dupla: uma isolação que apresenta função específica e
ainda função de segurança
• podemos ter várias formas de conceber a isolação dupla, tais
como:
• principal
• suplementar
• dupla
• reforçada
2 - Locais não condutores: mesmo princípio da isolação duplas, com
uma dupla barreira isolante interposta entre as partes vivas, pessoa e
terra.
3- Separação Elétrica: a alimentação do circuito se dá por meio de um
transformador de separação. Não há ligações com a terra. Devem ser
evitadas as faltas e não há ligação dos invólucros com a terra. Há sim,
uma ligação equipotencial entre as massas.
*Risco: avaliação permanente do isolamento das instalações é
necessária
4- Locais Equipotenciais: tentam evitar o aparecimento da diferença de
potencial entre 2 pontos que possam ser simultaneamente tocados.
ii. Proteção por tensão extra baixa
SELV: quando é usada uma tensão de alimentação inferior à tensão de
contato limite UL. Ex.: 12 V em piscinas.
PELV: quando além de se usar uma tensão como acima, um dos
condutores é aterrado.
FELV: quando a tensão segura é utilizada por razões funcionais dos
equipamentos
iii. Seccionamento automática da alimentação

• Destina-se a evitar que uma tensão de contato se mantenha por um


tempo que possa resultar em risco de efeito fisiológico perigoso para as
pessoas.
• Esta medida de proteção requer a coordenação entre o esquema de
aterramento adotado e as características dos condutores de proteção e
dos dispositivos de proteção.

Dispositivo de proteção deve seccionar automaticamente a alimentação


do circuito ou equipamento protegido contra contatos indiretos. Este
dispositivo atua sempre que uma falta entre parte viva e massa no
circuito ou equipamento considerado der origem a uma tensão de
contato superior ao valor apropriado de UL.

slides - documento
1 - O que é choque elétrico - Introdução ​(GERSON)
2 - Tipos de contato - tipos de contato ​(GERSON)
3 - Características do choque elétrico - características do choque elétrico
(​ROGERIO)
4 - Tipos de choque - Formas de ocorrer choque (​ROGERIO)
5 - Efeitos do choque - Efeitos do choque/Efeitos no corpo humano (​ROGERIO)
6- Proteção contra o choque elétrico - proteção contra choque elétrico ​(IGOR)

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