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PROGRAMA PERFUMARIA ANCESTRAL

AS DEUSAS E SUAS PLANTAS

Aula 4
CRIANDO SEU PERFUME TESTE

Licensed to PÂMELLA FRÜHAUF PEREZ - pamfruhauf@gmail.com

COM A HISTORIADORA E ESPECIALISTA EM CHEIROS

Palmira Margarida
CRIAÇÃO DO SEU PERFUME TESTE

1. Não se preocupe se ficará bom ou ruim, pois isso é


só um teste e o primeiro passo de um longo e profundo cami-
nho. Você irá perceber que em perfumaria nem sempre vale
o que está escrito, principalmente tratando-se de perfumaria
natural. A proporção entre notas baixas, médias e altas nem
sempre respeitam as convenções teóricas. Um bom perfume
depende muito mais do processo imaginativo e criativo do
perfumista, relacionada a sua memória da paleta de cheiros,
do que de técnica.

2. Não fica ansiosa! Lembre-se, nosso movimento é


slow! Nenhum perfume fica pronto em dias ou semanas. Uma
fórmula finalizada pode levar anos. Grandes perfumistas per-
correm até três anos para chegar a uma formulação próxima
ao que a sua imaginação ou marca lhe pediu. Além disso, as
tentativas de formulações precisam de um tempo de matura-
ção, um perfume que não tenha ficado tão bom ou marcante
hoje, após alguns meses de frio e escuro pode tornar-se reve-
lador.

3. Toda formulação precisa de cuidado. OEs gostam

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de frio e escuro, caso peguem Sol ou fiquem expostos perto
de uma lâmpada, por exemplo, o aroma de seu perfume por
rançar ou amargar. Perfumes naturais em processo de cria-
ção devem ser mantidos no escuro, na geladeira, em frascos
de vidro, de preferência âmbar. Além disso, tente os man-
ter deitados para que óleos muitos densos não congelem ao
fundo do frasco e fiquem impossibilitados de “conversarem”
com seus amigos menos voláteis. Afinal, o tempo de matura-
ção serve para esse “namoro”.

4. A criação de perfume começa com a escolha da sen-


sação que você almeja sentir. Algo mais aveludado? Agudo?
Gritante? Marcante? Quais sensações você deseja sentir e
passar com o seu perfume?

5. A partir da escolha das sensações que almeja do seu


perfume, é hora de traçar qual a família (mesmo que básica),
contêm mais elementos das sensações que te agradam no
momento, lembrando que o que te agrada tem a ver com os
seus processos emocionais, o que veremos posteriormente:
DOCE / ORIENTAL / FRUTADO / FRESCO / FLORAL / TER-
RA?

6. A partir desta escolha você irá traçar quais OEs apre-


sentam cheiros que mais combinam com o que você deseja.

7. As trincas acima são combinações clássicas entre


as nove plantas básicas na PA. Escolha a sua trinca, crie seu
perfume e, posteriormente, vá adicionando outros OEs de
sua preferência, anote todas as sensações e concepções olfa-
tivas que você terá mediante as modificações em seu perfume
teste.

8. Tenha sempre em mente que a qualidade do óleo,


tipo de extração, tipo de solo e clima em que foi cultivado
irá ser o ponto chave da qualidade do seu perfume, além da
criatividade do perfumista. No entanto, é quase impossível,
mesmo para um bom perfumista, criar boas fragrâncias com
óleos ruins. Para exemplificar essa questão deixe o seu nariz
comparar uma Ylang ylang completa, super extra, extra, Fra-

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ção I, II e III. O tipo de extração “completa” é a mais rara e a
que oferece o óleo mais puro, com o melhor perfume. Já a de
fração III não é indicada para uma perfumaria mais refinada.

9. Sobre tentar utilizar sintéticos junto aos óleos natu-


rais: essa pergunta é bem recorrente e acarreta o que no-
meamos de “perfume misto”, ou seja, que apresenta matéria
prima natural e sintética. A maioria dos perfumes do final do
século XIX para o início do século XX tiveram essa caracte-
rística, pois foi justamente o memento de transfiguração da
sociedade para a industrialização. O Chanel 5 é um perfu-
me misto, por exemplo. Muitas pessoas, por acharem óleos
essenciais para a perfumaria muito caro, como as jasmins,
rosas, lírios e vetiver de boa qualidade, acabam por subs-
tituí-los por suas sintetizações. Isso por um lado é bom por
questões ambientais. Nós não deveríamos mais utilizar sân-
dalo e palo santo, por exemplo, por serem plantas com riscos
de extinção ou que sua retirada da natureza causa grandes
impactos ambientais. A extração do pau rosa é proibida e
só pode ser feita com legislação e plantações apropriadas.
Caso seu intuito seja apenas criar um cheiro para mercado,
não há problema em fazer essas fusões. No entanto, é neces-
sário um estudo mais aprofundado, já que alguns materiais
de perfumaria sintética podem ser tóxicos, além deles “amar-
rarem” os cheiros naturais, retirá-los o movimento e a autenti-
cidade. Além disso, NENHUM aroma sintetizado será igual
ao natural. Jamais uma cumarina (a enzima do cumaru sinte-
tizada) será igual a uma fava tonka (outro nome vulgar para
o cumaru) real. Isso porque a composição química perfeita
de um aroma natural ocorre por sua SINERGIA. Ou seja, por
sua GEOMETRIA SAGRADA onde todas as enzimas, mesmo
as não aromáticas, fazem parte do movimento e estruturação
da criação do aroma pela planta. Outro ponto, e que estu-
daremos detalhadamente mais a frente, é que óleos naturais
apresentam frequências energéticas elevadas que podem ser
corrompidas pelos sintéticos, como também suas proprieda-
des medicinais.

ALGUMAS PEQUENAS DICAS...

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• Que canela e vetiver não combinam facilmente
• Que camomila é gentil, mas nem tanto, cuidado com ela
no frasco!
• Que as rosas salvam perfumes
• Que vetiver ou patchuli ficam lindo com qualquer fruta cí-
trica
• Que vetiver, apesar de ser nota baixa, é capaz de deixar
um perfume fresco. (veremos nas próximas aulas)
• Que baunilha é apaixonante e amável com todas as flores
• Que sálvia, apesar de não ser muito comentada na perfu-
maria, fica linda em perfumes frescos, cítricos, marítimos,
ozônios
• Que canela com sálvia é um sensual moderno
• E rosas com baunilha é um sensual clássico
• Que lavanda pode fazer cheiro de mar e também de ar
• Que laranja deixa o perfume feliz e pode salvar uma com-
binação ruim.
PIANO DE NOTAS

Alta Alta Média Média Média Baixa Baixa Baixa


alta média alta média baixa alta média baixa
Alecrim
Laranja Laranja
Salvia Salvia
sclarea sclarea
Lavanda Lavanda
Camomila Camomila
Gerânio Gerânio
Rosa
Ylang Ylang
ylang ylang
Baunilha Baunilha
Vetiver Vetiver
Patchouli
Canela

TRINCAS E ACORDES BÁSICOS DA PERFUMARIA ANCESTRAL

Proporção entre as notas, lembrando que você não precisa


seguir esta proporção:

Baixa Média Alta

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LEMBRE DO MÉTODO DE “3 CASAS”

Esse método serve para qualquer militragem que você for


trabalhar, basta aplicar a regra de três.

Em um perfume de frasco 30 ml:


10 ml para nota baixa
10 ml para nota média
10 ml para nota alta

Isso não é uma regra, trata-se, apenas, de uma metodologia


para você não se perder!

ACORDES QUE AGRADAM A MAIORIA DOS NARIZES


FLORAL ORIENTAL DOCE
BAIXAS BAIXAS BAIXAS
Canela ou Canela Baunilha
nada Baunilha
Baunilha (para um oriental MÉDIAS
doce) Ylang ylang
MÉDIAS Patchouli
Ylang ylang (para um oriental ALTAS
Rosas penetrante) Camomila ou
nada
ALTAS MÉDIAS Laranja ou
Gerânio Ylang ylang nada
Rosas

ALTAS *Baunilha com


Laranja ou ylang ylang é
uma dupla doce
nada
linda.
(muito pouco,nes-

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se caso seria
oriental fresco)
FRUTADO TERRA

BAIXAS FRESCO BAIXAS


Canela Vetiver
Baunilha BAIXAS Patchouli
Vetiver
MÉDIAS MÉDIAS
Ylang ylang MÉDIAS Lavanda
(terra fresca ou
Sálvia sclarea molhada)
ALTAS
Camomila ALTAS
Laranja ALTAS
Lavanda Alecrim ou
Alecrim nada

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