Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
NAVEGANTES -SC
2020
CONTRIBUIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA NO TRATAMENTO DA OBESIDADE
Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o
mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja
parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e
corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de
investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação
aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).
1 DESENVOLVIMENTO
Para compreender como tudo isso ocorre, é preciso ter em mente que o
cérebro não é formado apenas por neurônios, por isso é importante conhecer
algumas áreas cerebrais, para trazer a luz como elas influenciam no
comportamento.
No cérebro existem duas áreas chamadas córtex pré-frontal e sistema límbico
que estão intimamente ligadas com o comportamento, emoções e aprendizagem do
indivíduo. O sistema límbico é a área das emoções e sentimentos ligados aos
desejos e prazeres. Ele é impulsivo e são emoções que controlam o comportamento
do indivíduo quando este sistema atua. Já o córtex pré-frontal é movido pela razão,
responsável pelo indivíduo pensar que gostaria de se comportar de tal maneira, e no
momento que ele pensa, se comporta. É um sistema consciente, que consegue
planejar o futuro, ou seja, de recompensa tardia. Ele é totalmente racional e analítico
(Brentegani,2020).
Compreender estes dois sistemas é fundamental para ajudar o cliente a
transformar o comportamento e mente “obesa”, em um comportamento e
mentalidade compatível de uma pessoa magra. Sendo assim, a proposta de trabalho
com base na neurociência é que o profissional tenha condições de trabalhar
interagindo sistema límbico e córtex pré-frontal na formação de novos hábitos no
indivíduo e na quebra dos antigos hábitos, para que posteriormente ele deixe de
comer agindo pelo sistema límbico e passando a agir mais pelo córtex pré-frontal.
Através do sistema límbico e do pré-frontal, somos capazes de criar
estratégias de processamento de informação e ajustar nossos conhecimentos para
entrar em ação.
O córtex pré-frontal do indivíduo que sofre de compulsão alimentar se
encontra totalmente desequilibrado, podendo muitas vezes estar inativo diante do
sistema límbico, por isso, a pessoa exagera com a comida e a tem como vício. Tanto
o sistema límbico como o córtex pré-frontal devem sempre estar em equilíbrio para
que a pessoa consiga se manter no peso. Agora, para a pessoa emagrecer é
preciso que o pré-frontal esteja dominante em torno de pelo menos 70% a 80% em
relação ao sistema límbico (Brentegani,2020).
É importante também entender, que nenhuma pessoa consegue agir 100%
através do seu pré-frontal, ela poderá ter deslizes ao longo do tratamento e, para
evitar que os deslizes aconteçam e não se tornem hábitos, é preciso ativar o córtex
pré-frontal do sujeito, antes que ele caia em compulsão pela comida proibida. Por
isso, é fundamental ensinar o cliente a pensar na “recompensa tardia” e não no
prazer imediato e questões como estas serão acionadas: o que ele irá ganhar se
não deslizar? O que ele vai perder se cair em compulsão? Que dor ele vai sentir se
não resistir? Essas são perguntas que ativam o córtex pré-frontal do cliente de
emagrecimento.
O indivíduo ao aprender a pensar antes de agir, será capaz de criar um hábito
mais positivo, e após, ele deverá apenas persistir nesta nova atitude para que seja
possível formar uma conexão neural firme e profunda no cérebro, ou seja, a criação
de um novo estilo de vida.
Mas como fazer o cliente agir através do córtex pré-frontal? Como ajudar uma
pessoa a emagrecer mesmo quando se trata de um problema metabólico e
hereditário?
As ferramentas/sessões de emagrecimento propostas no livro “Guia Prático
de emagrecimento para terapeutas”, foram criadas para realizar esta conversa entre
sistema líbico e córtex pré-frontal, equilibrando-os.
As sessões irão ensinar que emagrecer exige planejamento, consciência do
que está sendo realizado, e que deve ser feito por etapas, bem como, irá ajudar na
criação de insights e conexões que reforcem a mudança e transformação. O cliente
só precisa enxergar o próximo peso e não a estrada inteira, e isso traz um conforto
muito grande, assim, o emagrecimento não se torna um fardo e, a ansiedade e a
compulsão também não são estimuladas.
Se o cérebro de uma pessoa ficar somente na razão (córtex pré-frontal), ela
fica chata. Como já foi dito, de vez em quando tem que ter o deslize como, por
exemplo, tomar um refrigerante ou comer um doce. Por isso, a pessoa tem que viver
um dia de cada vez, sem ansiedade. Desta maneira, se o cliente sustentar a não
ingestão de hoje, significa que amanhã ele também poderá conseguir.
Quando se pensa a longo prazo, de que um comportamento é para sempre, o
sistema límbico entra em ação lembrando isso o tempo todo, e o sujeito com certeza
irá cair em compulsão. Isso ocorre porque ninguém consegue ser o tempo todo
racional. Por isso, que dietas tão restritivas fazem mal, porque de repente a pessoa
não aguenta e coloca tudo a perder, aumenta a sua ansiedade, compulsão e não
aprende a pensar e ter hábitos congruentes com sua meta (Brentegani,2020).
Durante o processo, a mente do indivíduo deverá ser blindada para enfrentar
todas as tentações, porque certamente elas irão acontecer. A pessoa tem que
compreender que todo resultado almejado, dependerá da forma como ela pensa e
se comporta. Ou seja, seu resultado será congruente com seus hábitos,
pensamentos e comportamentos então, se ela age com atitudes de uma pessoa
gorda ele vai engordar, caso se comporte como uma pessoa magra e reprograma a
mente a pensar magro, emagrece.
É preciso entender que, ao deixar o indivíduo agir mais pelo sistema límbico o
resultado não será possível, pois ele vai desistir do tratamento, irá voltar a engordar,
e ainda reprovar o trabalho dos profissionais envolvidos. Pior, poderá procurar
outros meios como remédios e uma bariátrica, por exemplo. Sendo assim, é
fundamental acordar o cliente e traze-lo sempre de volta a realidade e a focar nos
seus objetivos.
Toda pessoa que sofre de compulsão seja ela por drogas, álcool, comida ou
compras, estão realizando escolhas através do seu sistema emocional (límbico). Em
suas mentes, elas podem desistir de qualquer coisa, menos do vício e mal
conseguem notar como isso afeta a sua vida. O vício é sua válvula de escape e ele
não entende que o efeito é momentâneo, depois tudo piora (Brentegani,2020).
Entenda o que acontece quando o sistema límbico controla a vida do sujeito:
o córtex pré-frontal irá ligar o sistema dopaminérgico ao sistema do comportamento.
Caso não existisse o sistema pré-frontal atuando como filtro, o sistema
dopaminérgico (emoção, sentimento imediato, desejo) influenciará diretamente o
sistema comportamental todas às vezes. Sendo assim, o profissional tem que
trabalhar para que o cliente utilize este filtro para conseguir controlar seus
pensamentos e ações.
O problema é que, o “propósito de comer” da pessoa obesa com o objetivo de
sentir prazer já está enraizado no seu inconsciente, em seu sistema líbico e assim,
eles começam a se confrontar com o sistema comportamental.
Por isso que durante todo o programa de emagrecimento é enfatizado que,
não adianta o cliente ter ações no momento em que o alimento se encontrar na sua
frente, ele tem que estar preparado e programado para enfrentar estas situações. Se
ele tiver um sistema racional atuando, vai conseguir sair de uma situação de
compulsão da melhor maneira.
Para isso acontecer, existem duas técnicas infalíveis que devem ser
ensinadas: primeiro, ensinar o cliente a dialogar com seus vícios através de
perguntas; e segundo, visualizar os problemas presentes e futuros se continuar
engordando, ou seja é primordial trabalhar na sua dor para que nunca se esqueça
de todos os problemas vivenciados e riscos por estar acima do peso.
Normalmente o córtex pré-frontal é usado para direcionar o indivíduo a se
comportar rumo a um propósito específico, mas como isso surge? Tudo é
desencadeado através dos pensamentos que é a primeira engrenagem cerebral da
mudança de hábitos.
Ao considerar que o sujeito busca na comida uma forma de alívio e prazer, é
preciso entender como esse mecanismo ocorre em sua mente para tratar. Quando
uma pessoa sente prazer, seu cérebro libera um neurotransmissor chamado
serotonina, mas o sujeito também pode ter um aumento de dopamina num primeiro
momento (impulso antes de atacar a comida, ou apenas ao imaginá-lo), mas no
final, após o deslize não irá sentir satisfação, e sim sofrimento por não ter
conseguido se controlar. Essa é a maior frustração do obeso, é a dieta com dor, por
isso não dura muito tempo.
Mas como fazer para que os clientes realizem uma dieta sem dor? Como
ensiná-los a usar o córtex pré-frontal?
Quando uma pessoa começa a fazer dietas e atividades físicas, em um
primeiro momento ela vai sofrer. Sente dor de não poder comer uma coisa ou outra
a qual estava habituada, pode se sentir injustiçada por ter que submeter a uma dieta
e ter que ir para academia, porque ela não gosta. Tudo isso acontece porque é ruim
liberar dopamina para uma coisa que você não pode ou não quer, então é desafiante
no início quebrar seus hábitos, principalmente para aqueles que estão com seus
vícios enraizados há muito tempo. Por isso, no começo, todos irão sofrer um pouco
e cabe ao profissional explicar isso ao cliente, para que ele entenda e entre no jogo
consciente do que ele vai passar, e que é necessário superar para que ele se
transforme.
E como diminuir esta dor a ponto conquistar um novo comportamento?
Fazendo o cliente repetir várias vezes uma ação mais positiva, ou seja,
ensina-lo a ter uma conversa diária entre seu sistema líbico e seu córtex pré-frontal.
Para isso, é preciso intervir na primeira engrenagem cerebral da mudança de
hábitos que é a transformação do pensamento (raiz do problema), e isso, será
realizado através das sessões de emagrecimento ou agindo na terceira engrenagem
cerebral que é o comportamento do cliente (Brentegani,2020).
Para formar um novo comportamento no momento em que o sujeito estiver
com alimentos em sua frente, é preciso instigá-lo a realizar perguntas que o
desperte e que sejam diferentes das que ele tinha o hábito de fazer anteriormente,
para que, partindo dessas questões ele consiga mudar seus comportamentos.
É aquela velha história: se continuar a fazer as mesmas coisas, terá sempre
os mesmos resultados (Lewis Carroll, no filme Alice no país das maravilhas,2010).
Portanto, se o cliente continuar a fazer as mesmas perguntas o qual tinha o hábito
de realizar antes de comer, terá os mesmos comportamentos antigos e vai continuar
a engordar.
O segredo de tudo é treino, prática e repetição. É estar treinado e preparado
antes do ato acontecer. É fundamental motivar o cliente, sem deixa-lo esquecer as
conquistas e vitórias que ele terá ao longo do processo de emagrecimento. Assim, o
profissional também estará ativando o seu córtex pré-frontal, pois estará trazendo a
consciência do sujeito todo o pesadelo e que ele não quer mais viver, e lembrando
tudo que ele gostaria de ter no lugar dessa dor.
A partir de agora será apresentado o roteiro das sessões utilizadas bem como
seus objetivos:
2 RESULTADOS
Tabela 1 Observações
Número total de sessões 10 Realizadas uma vez por
semana.
Número total de pacientes 20 1 homem e 19 mulheres
participantes
Emagreceram pouco de 2 Desistiram do tratamento antes
(2 a 6 quilos) da 6º sessão.
Emagreceram significativamente 8 Realizaram o tratamento até o
entre (7 a 15 quilos) final.
Apresentaram melhoria na 5 Todos os que apresentaram
saúde problemas de saúde
relacionados a obesidade
obteram resultados.
Apresentaram mudanças de 18 Em relação a prática de
hábitos exercícios, alimentação e
relação com a comida.
Apresentaram uma 18 Passaram a pensar congruente
transformação de mentalidade com uma mente magra,
melhorou a compulsão,
ansiedade, autoestima, convívio
social, autoconfiança e a
percepção sobre si.
Desistiram no meio do caminho 2 Não se comprometeram com o
tratamento e por isso foram
dispensados ou decidiram não
seguir em frente.
3 CONCLUSÃO
O método proposto irá se tratar de uma técnica muito eficaz que promove
emagrecimento e faz com que o cliente consiga manter o novo peso adquirido.
Através dos questionários e sessões realizadas, foi possível observar que é possível
emagrecer uma pessoa através dos princípios da neurociência, incentivando na
mudança das suas 4 engrenagens cerebrais.
Dos 20 pacientes que participaram destas sessões, todos apresentaram um
emagrecimento e mudança de mentalidade e hábitos de vida, embora estas
transformações se aparentaram em níveis diferentes a cada paciente. Portanto,
conclui-se que, esta metodologia não é indicada apenas a pessoa que está em
busca de emagrecimento, ela ajuda também aqueles que estão precisando realizar
uma manutenção da sua saúde, melhorar a qualidade de vida, emoções, hábitos e
não estão conseguindo fazer isso sozinhos.
As ferramentas e sessões tratam o indivíduo de uma forma integral
respeitando todos os fatores necessários para um emagrecimento definitivo e
duradouro, mas o terapeuta deve sempre estar atento em trabalhar a motivação e a
adesão do cliente ao tratamento, bem como, ao perceber a falta de adesão por parte
do cliente, é preciso conscientizá-lo que para seguir adiante, é preciso estar
presente, ativo e comprometido. Caso contrário, o terapeuta não deverá dar
sequência ao tratamento, pois estará perdendo o seu tempo e o do cliente, se
frustrando com os resultados, e comprometendo a sua atuação profissional, pois o
paciente quando não apresentar resultados, irá responsabilizar o profissional, e não
a si próprio pelo fracasso. Esta é uma questão que dever ser considerada e
ponderada em qualquer trabalho de emagrecimento.
Finalizando, quanto mais conhecimento científico o profissional que trabalha
com emagrecimento adquirir, mais consistência e resultados ele irá apresentar,
nesse sentido, a neurociência, epigenética, os conceitos de neuroplasticidade são a
chave para desvendar e tratar a obesidade.
REFERÊNCIAS