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Currículo na História da
Capítulo 3
Educação Brasileira
Contextualização
Já compreendemos que há uma polissemia de conceitos em torno do
currículo escolar, já percorremos seu histórico, caracterizamos suas teorias e
seus paradigmas, que vem demarcando este campo de estudos, desde seu
surgimento até a atualidade. Consideramos que você já está bem situado em
relação a esta disciplina. A partir de agora, convidamos você para seguir um
itinerário histórico sobre o currículo escolar no Brasil, pois pretendemos que,
durante esse percurso, você possa se sentir preparado para caracterizar os
principais movimentos curriculares na história da educação e sistematizar as
suas influências no fazer pedagógico da educação brasileira.
Os currículos são
Dito isto, queremos afirmar que os currículos são historicamente
historicamente
construídos e carregados de intencionalidades, valores, conteúdos, construídos e
entre outras coisas. Isto pode ser observado pelas reformas educacionais e carregados de
curriculares, promovidas em diferentes momentos históricos, as quais têm sido intencionalidades,
direcionadas de acordo com as necessidades econômicas, sociais, políticas, valores, conteúdos,
ou atendendo a outros interesses; ou seja, pelas formas de produção de um entre outras coisas.
sistema capitalista, conforme já vimos nos capítulos anteriores.
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Estruturas Curriculares - Inter e Transdisciplinaridade
Atividade de Estudos:
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• TRALDI, Lady Lina. Currículo – Teoria e prática. São Paulo: Atlas, 1977.
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Embora houvesse,
Embora todo este esforço estivesse mais centrado na busca pela
neste período, a
implementação de um currículo tecnicista e tradicional (principalmente durante
propagação das
a ditadura militar, após o golpe de 1964), surge, neste contexto de lutas, uma
ideias progressivistas
de Dewey, o que forte mobilização para “[...] o desenvolvimento inicial de Freire [...]; ou seja,
permaneceu, de para o surgimento de uma tendência crítica de caráter marxista, de maneira
fato, na organização que [...] as questões educacionais voltaram a ser analisadas a partir de
dos currículos e no uma abordagem mais sociológica.” (MOREIRA, 1990, p. 125). Diante desse
treinamento dos contexto, novos modelos de currículo seriam necessários, porque
professores, foi a
vertente tecnicista. o conteúdo curricular, para se constituir em instrumento
de conscientização e emancipação do oprimido, precisa
corresponder à reapresentação organizada, sistematizada e
desenvolvida aos indivíduos, das coisas que eles desejam
entender melhor. Como consequência, o ponto de partida
da seleção e organização do conteúdo curricular deve
ser a situação existencial presente e concreta dos alunos.
(MOREIRA, 1990, p. 129).
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Brasil. Segundo Moreira (2001, p. 16), houve, por exemplo, “[...] a presença
de duas vertentes críticas: uma, associada à pedagogia crítico-social dos
conteúdos [...],outra, associada às propostas de educação popular.” A primeira
representada por Demerval Saviani, Guiomar Namo de Mello e José Carlos
Libâneo e, a segunda, por Paulo Freire. Para Lopes e Macedo (2002, p. 13),
“essas duas vertentes nacionais [...], pedagogia histórico-crítica e pedagogia
do oprimido – disputavam hegemonia nos discursos educacionais e na
capacidade de intervenção política [...].” A partir dessas duas vertentes, a
primeira fortemente centrada nos conteúdos universais a serem ensinados
pela escola e, a segunda, focada na exploração dos significados e sentidos da
palavra para o estudante; ou seja, partindo da cultura popular ou de palavras
e conceitos que representem para os alunos algo de concreto. Os defensores
da pedagogia crítico-social dos conteúdos argumentavam, contrariamente
ao saber restrito ao contexto cultural do aluno, em detrimento dos saberes
universais. Na perspectiva Freiriana, o currículo seria organizado a partir
das demandas da vida social, sem negar a importância dos conteúdos ditos
universais. Nas palavras de Moreira (1990, p. 178), “o que Freire realmente
não aceita é a separação entre transmissão e produção do saber.”
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Ufa! Haja fôlego! Este itinerário no Brasil foi intenso; mas, afinal, como
isso se deu na prática pedagógica das escolas? Todas as tendências e
movimentos se efetivaram? Vamos ver isso a seguir na próxima seção
deste capítulo.
Pensamos que isso pode ser feito conforme o interesse de cada um. O
Texto é bastante explícito e direto, portanto, de fácil compreensão.
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Atividade de Estudos:
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Educação Brasileira
Parece não haver saída. Moreira (2001, pp. 30-31) explica que o estudo
das práticas curriculares contribui tanto para o avanço teórico do campo,
quanto para suas reformulações. Com base neste argumento, acresce nta:
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Foi durante os anos oitenta do século XX, tomando autores marxistas como
referencial teórico que, tanto a pedagogia crítico-social dos conteúdos, como a
educação popular analisaram os problemas educacionais brasileiros por meio
de uma postura dialética, ao mesmo tempo em que fizeram uma análise crítica
das tendências curriculares anteriores, com o propósito de identificar possíveis
contribuições e superar suas limitações. Todavia, há de se considerar que a
prática curricular no país não conseguiu incorporar os princípios da tendência
crítica, exceto a experiência de São Paulo, Porto Alegre, Bahia e algumas
outras eventuais, que foram brevemente realizadas.
Conceitos, como: Por fim, é a partir dos anos noventa do século XX, com as condições
multiculturalismo, pós-modernas do nosso contexto, que novas categorias de ação e de análise
subjetividades, adentram mais uma vez no âmbito dos currículos escolares. Conceitos, como:
identidades, multiculturalismo, subjetividades, identidades, singularidades, alteridade, entre
singularidades, outros, passam a dinamizar novamente as críticas em relação às práticas de
alteridade, entre currículo ainda vigentes. Práticas consideradas ainda tradicionais e, portanto,
outros, passam a
descontextualizadas. O que vem se buscando, pelo menos no plano teórico,
dinamizar novamente
está relacionado com modelos ou práticas curriculares com base na ideia de
as críticas em relação
rede, teia de relações, currículos híbridos, currículos multiculturais, currículos
às práticas de currículo
ainda vigentes. e cotidiano escolar, entre outros. Essa nova visão, segundo Moreira (1997),
amplia as nossas possibilidades de inovação das práticas, sem deixar de levar
em conta que o currículo é, sem dúvida, um campo de contradições, lutas e
conflitos que giram sempre em torno de símbolos, interesses e significados.
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Algumas Considerações
Conforme pretendíamos inicialmente, foi possível Identificarmos que os
principais movimentos curriculares na História da Educação brasileira seguiram
basicamente a lógica dos modelos norte americanos, com implicações ainda
mais explicitas com o acordo denominado PABAEE, realizado entre Brasil e os
Estados Unidos. O que caracterizou um movimento genuinamente brasileiro
foi, apenas, o movimento da pedagogia critíco-social dos conteúdos e a
pedagogia crítica voltada para as classes mais populares.
Referências
CRUZ, G. B. A prática docente no contexto da sala de aula frente às reformas
curriculares. Educar, Curitiba, n. 29, 2007, p. 191-205.
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