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Sumário
1. Introdução ................................................................................................................. 1
2. Tipos de chumbadores.............................................................................................. 2
3. Diferenças entre chumbadores adesivos e grauteados ............................................ 3
4. Dimensionamento dos chumbadores adesivos ......................................................... 5
Fundamentos ............................................................................................................... 5
Chumbadores isolados ................................................................................................ 7
Chumbadores em grupo ............................................................................................ 10
Exemplo numérico ..................................................................................................... 14
5. Dimensionamento dos chumbadores grauteados ................................................... 16
Fundamentos ............................................................................................................. 16
Formas de ruptura dos chumbadores grauteados ..................................................... 17
Dimensionamento dos chumbadores isolados........................................................... 19
Influência da distância ao bordo ................................................................................ 21
Influência do espaçamento entre chumbadores ........................................................ 22
1. Introdução
O comportamento e o dimensionamento de chumbadores – elementos de aço usados
para transferir ao concreto forças de tração, de compressão, de corte ou corte
associado com tração ou com compressão – é assunto que está a merecer discussão
em nosso grupo, dado o seu crescente emprego em contraposição à carência de
normatização e de informação técnica no ambiente de projeto.
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associados à disposição dos projetistas sem que esses disponham do respaldo de
exigências normativas, nem de procedimentos recomendados para o respectivo
projeto.
2. Tipos de chumbadores
Os chumbadores podem ser classificados em dois grandes grupos:
1) os moldados in-loco, isto é, instalados na peça antes da concretagem, e
2) os pós-instalados, isto é aqueles que são assentados em furos feitos no
concreto. A depender de como são fixados, distinguem-se os pós-instalados fixados (a)
por dispositivos mecânicos do próprio chumbador; (b) por adesivos sintéticos ou (c) por
grautes, que estabelecem a aderência entre o chumbador e o concreto, como ilustra a
figura abaixo.
Os furos no concreto dos chumbadores adesivos são sempre menores do que 1,5
vezes o diâmetro da barra, geralmente 1,2 vezes, de acordo com as especificações dos
fornecedores dos adesivos, enquanto que os furos dos chumbadores grauteados são
sempre iguais ou maiores do que 1,5 vezes o diâmetro da barra. A presença de
agregados finos, inertes, nos grautes associada às demais diferenças físicas entre os
adesivos estruturais e os grautes, exige diâmetros maiores nos chumbadores
grauteados.
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para esse fim, fornecidas isoladas, sem o chumbador – como, por ex., os “Compound
Adesivo” da VEDACIT; os “Sikadur” da SIKA; os “Lokfix” da ANCHORTEC; os
“Concresive” da DEGUSSA – e de resinas fornecidas com o chumbador, identificados
no mercado por “chumbadores químicos” – como, por ex., os da FISCHER, da
ÂNCORA, da HILTI – caso este em que o fornecedor especifica diâmetro dos furos e
capacidade de carga prevista para o chumbador.
Os furos dos chumbadores adesivos devem estar limpos e secos, antes da aplicação
da resina, pois a presença de água na interface da resina com o concreto prejudica as
reações químicas entre o adesivo e o concreto. Após injetado o adesivo, o chumbador
é introduzido no furo e a cura se completará em horas (12h?, a depender do produto).
O graute sintético, do mesmo modo que no uso dos adesivos, será aplicado em furos
limpos e secos, ao contrário do graute cimentício, que será aplicado em furos úmidos,
saturados. Recomenda-se que, antes da aplicação do graute cimentício, os furos
permaneçam cheios d’água por algumas horas (12h?). Outra diferença importante, é
que, enquanto o graute sintético endurece em algumas horas, o graute cimentício exige
dias para ser submetido a cargas.
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de caráter excepcional nos chumbadores adesivos ou grauteados, sendo mais própria
de chumbadores moldados in-loco (ou de pré-concretagem).
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Concrete Elements, do ICC-ES (International Code Council – Evaluation Service),
aprovada em maio 2008, e com entrada em vigor em junho 2008. Essa Norma, bem
recente como se vê, define, além dos procedimentos de projeto dos chumbadores
adesivos, procedimentos de ensaio para avaliação de sua capacidade de carga e
controle de qualidade. Seu download é gratuito, no endereço :
http://www.icc-es.org/Criteria/
d, mm <=10 12.5 16 20 25 32
hef, min 60 70 80 90 100 130
Chumbadores isolados
A resistência do chumbador isolado, devidamente afastado das bordas da peça e em
região sem fissuração prevista - assim como, por ex., em blocos ou pilares - é a
resistência básica, ao se considerar a influência da distância ao bordo e dos
chumbadores em grupo.
onde
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Na0 – força de ruptura da aderência ou capacidade de carga do chumbador isolado, em
N
fbd – resistência de aderência de cálculo do adesivo, em MPa (N/mm²);
d – diâmetro nominal do chumbador, em mm;
hef – embutimento do chumbador, em mm.
Considerando que fbd = fbk / γm, temos de definir os valores de fbk e γm. Na análise
comparativa de 20 adesivos diferentes, Cook e outros (ACI Structural Journal, Jan-Feb
2001) identificaram que a maioria dos produtos atinge uma resistência média de
12MPa, com coeficiente de variação inferior a 20%. Conservativamente, adotaríamos
um valor médio de 10MPa, que conduz a
Para termos uma idéia comparativa desse valor com a resistência da aderência de
cálculo das barras de aço nervuradas no concreto, segundo a NBR 6118:2003 9.3.2.1,
em região de boa aderência:
C 20 25 30 35 40 50
5/fbd 2,01 1,73 1,53 1,38 1,27 1,09
Vê-se, pelos valores da tabela acima, que o valor sugerido de 5 MPa para a resistência
de cálculo é 1,5 vezes o valor dessa resistência de um concreto C30, em situação de
boa aderência, o que me parece suficientemente conservativo. Estimaria receber
opiniões a respeito.
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Desse modo, a resistência básica de um chumbador adesivo isolado, para efeito de
projeto (no desconhecimento do adesivo que será usado), seria:
Na0 = 5. . d. hef
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Onde os valores das áreas A e Ao são determinados conforme as indicações das
figuras abaixo.
Área A Área Ao
A = (c + ccr) . 2ccr
Ao = (2ccr ) ²
Nessa expressão, adotar para c o menor dos valores de c existentes, se for o caso.
Chumbadores em grupo
A resistência do chumbador pode também ser afetada desfavoravelmente quando
usamos múltiplos chumbadores, espaçados entre si de uma distância inferior à
distância crítica, a partir da qual o desempenho de cada chumbador não é afetado por
chumbadores vizinhos, comportando-se como chumbador isolado. A figura que se
segue identifica a distância c de um chumbador ao bordo da peça e a distância s entre
dois chumbadores vizinhos.
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É intuitivo perceber que a distância crítica scr entre dois chumbadores é o dobro da
distância crítica ccr de um chumbador à face da peça. Portanto, posso escrever que
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Observa-se, na figura acima, em que hef foi mantido constante e variou-se a distância
entre os chumbadores, O modo de ruptura mudou do arrancamento do cone de
concreto, iniciando na ponta dos chumbadores, para o arrancamento dos próprios
chumbadores, com cones menores de concreto, espaçados. Já na figura abaixo as três
figuras têm grupo de chumbadores com a mesma relação (s / h ef) = 1, porém
aumentando o embutimento hef.
onde:
A – a área que circunscreve os chumbadores a distâncias dos eixos das barras iguais a
c ≤ ccr, conforme se esclarece no exemplo numérico, em mm²;
onde:
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fbdmax = 4,7. (fcd. hef)1/2 / d (unidades N, mm)
nessa expressão:
Exemplo numérico
Resolução:
Nao = 125.600 N;
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Adotado para a resistência de aderência de cálculo da resina epóxi: f bd = 5 MPa
(5N/mm²), e para a resistência à compressão de cálculo do concreto: f cd = 30/1,4 =
21,4MPa.
Identifica-se que:
a) o cobrimento desses chumbadores c=100mm < ccr = 7.ø = 140mm;
Cálculos:
A/Ao = 2,45
Ψgo = n1/2 – (n1/2 – 1). (fbd / fbdmax)1,5 = (4)1/2 – (41/2 – 1).(5/21,8)1,5 = 1,89 >1,0
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5. Dimensionamento dos chumbadores grauteados
Fundamentos
Não custa repetir, os chumbadores grauteados, assim como os adesivos, incluem-se
no grupo de chumbadores pós-instalados ou de pós-concretagem, que são implantados
em furos feitos no concreto e fixados a este por aderência. No caso dos adesivos, com
auxílio de resinas poliméricas, e, no caso dos grauteados, através de grautes. Entre os
chumbadores pós-instalados, contamos ainda com os mecânicos, que, como seu nome
indica, são fixados ao concreto por ação mecânica, distinguindo-se os de expansão e
os de reação. O outro grupo de chumbadores, nessa classificação, é o dos moldados
in-loco ou de pré-concretagem, implantados no concreto antes da concretagem.
***
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Na figura (a), vê-se um chumbador simples – barra nervurada (deformed bar) ou
rosqueada (threaded) ; na (b), um chumbador com ressalto na extremidade – barra lisa
(smooth bar).
Esses furos podem ser feitos por impacto, com auxílio de marteletes, ou por rotativa,
com auxílio de furadeiras (port.-bras.) ou berbequins (port.). Resultados experimentais
indicaram maior dispersão na resistência dos chumbadores grauteados em furos feitos
com marteletes do que naqueles feitos com furadeiras.
Os grautes, por sua vez, podem ser à base de polímeros (epóxi ou poliéster) ou à base
de cimento, com adição de agregados finos, em qualquer dos casos. Os grautes
poliméricos, injetados, normalmente, em furos secos e limpos, atingem sua resistência
de projeto ao fim de 24h, enquanto que os grautes cimentícios, injetados em furos
úmidos e saturados, só atingem sua resistência, geralmente, após 14 dias de idade.
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(a) (b)
(1) (2)
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de concreto, formado a partir do ressalto, conforme ilustram as figuras e fotos que se
seguem.
(c) (d)
(3) (4)
A figura (c) e foto (3) , ilustram rupturas de chumbador com ressalto na interface
graute-concreto, e, a figura (d) e foto (4), rupturas por arrancamento do cone de
concreto.
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- no caso de ruptura na interface graute-chumbador:
onde
onde
Para definição dos valores de fbd e fbd0, usarei o mesmo critério utilizado no
dimensionamento dos chumbadores adesivos, qual seja o de especificarmos, em
projeto, um valor mínimo aceitável de fbd e fbd0 para todos os produtos disponíveis no
mercado. Desse modo, o adesivo que for usado na obra deverá satisfazer essa
resistência, a ser aferida, na própria obra, por prova de carga conforme procedimento
de nossa NBR 14827 (até que haja entre nós especificação própria para ensaio dos
grautes).
Zamora e outros (ACI Structural Journal, Mar-Apr 2003, p.222-9), com base em seus 114
ensaios e extenso banco de dados, propõem os seguintes valores característicos
(referidos a quantis de 5%, como em nossa Norma):
resultando:
****
Os chumbadores isolados, com ressaltos, sob força de tração, podem apresentar duas
formas de ruptura, conforme já visto, sendo uma a ruptura da aderência na interface
graute-concreto, já discutida, e a outra a ruptura por arrancamento do cone de
concreto, representadas, numericamente, pelas equações que se seguem, em
unidades N, mm.
Na = Ψ. Na0
onde:
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Distinguindo-se:
A – a área que circunscreve os chumbadores a distâncias dos eixos das barras iguais a
c ≤ ccr, em mm²;
Ao –a área que circunscreve um chumbador isolado e igual a (2.ccr)², em mm².
Os valores de ccr pode assumir as expressões 7d, 5do ou 1,5hef, a depender do tipo de
ruptura considerado, conforme esclareci acima.
Referências bibliográficas
Documentos Normativos
- ABNT – NBR 10091:1987 – Chumbadores. Dimensões e Características Mecânicas. 4 p.;
22
- ABNT – NBR 14827:2002 – Chumbadores Instalados em Elementos de Concreto ou
Alvenaria – Determinação de resistência à tração e ao cisalhamento. 15 p.;
- ABNT – Projeto 04:003.01-104:2002 – Chumbadores – Terminologia. 8 p.
- ABNT – 2º Projeto 04:003.01-081 - Chumbadores mecânicos pós-instalados em concreto – Avaliação
do desempenho. 2002, 35 p.
- ACI Committee 318, Building Code Requirements for Structural Concrete (ACI 318-08),
2008, 471 p.
- ICC-ES – AC308 – Acceptance Criteria for Post-Installed Adhesive Anchors in Concrete
Elements. 2008, 125 p.
- R.A. Cook and J.L. Burtz – Design Guidelines and Specifications for Engineered Grouts.
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- DNIT – Norma DNIT 082/2006 ES – Furos no Concreto para Ancoragem de Armadura.
Especificação de Serviço. 2006, 6p.
Artigos e monografias
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International, Dec.2007, p.30-1
- RYAN VULETIC, and JOHN PEARSON – Understanding Adhesive Anchors. Building Safety Journal,
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- ROLF ELIGEHAUSEN, RONALD A. COOK, and JÖRG APPL - Behavior and Design of Adhesive
Bonded Anchors. ACI Structural Journal, Nov-Dec. 2006, p.822-31
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- W. FUCGS, R. ELIGEHAUSEN and J.E. BREEN – Concrete Capacity Design Approach (CCA) for
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