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Mapa de Tendências,

Metodologias, Práticas
e Projetos de Educação
no Século XXI
Módulo II1

@CarolinaSanches
PRECISAMOS ESTUDAR
EDUCAÇÃO.
É assim que vamos abrir o módulo III. Um convite, uma convocação

para mergulharmos em ideias e pensamentos pedagógicos. Não

existe um FAZER sem o PENSAR e o SENTIR. Para sustentar novas

práticas e abordagens educacionais, precisamos olhar nossas bases.

Se chegamos aqui hoje, devemos reverenciar os pensadores do pas-

sado. E o fato de serem do passado, não significa que estão desatuali-

zados. LONGE DISSO. Quanto mais estudamos as obras de Maria

Montessori, Pestalozzi, Celestin Freinet, John Dewey, Rudolf Steiner,

Alexander Neill, Philippe Perrenoud, Antonio Nóvoa e José Pacheco,

mais fácil percebemos que suas ideias estão altamente sintonizadas

com o que vivemos hoje. Ah, sim… citamos esses, mas sabemos que

cabem ainda muitos outros na lista! Quem sabe não bolamos mais

um módulo para falarmos de quem ficou de fora dessa?


O nosso tempo exige rever nossas bases e encontrar novos posi-
cionamentos para educar na contemporaneidade. É inegável
que a escola está em transformação. Temos novos perfis de
alunos, o impacto da tecnologia, as descobertas da neurociên-
cia, a revolução da informação e da comunicação: diante desse
cenário, é preciso olhar para a história da Educação e reforçar,
redescobrir, resignificar, refundar alguns pensadores para
darmos conta do desafio que é ser professor em 2019.

Por que é importante estudar a história da


Educação? Por que olhar para metodologias
do século passado se o mundo mudou tanto?

Simples: é conectando o que já temos e mixando com o novo, que


conseguiremos criar novos caminhos para a nossa prática. Em
um momento tão delicado, em que pessoas que não são da Edu-
cação andam interferindo nas escolas, é urgente assumirmos
nossas posições para nos manifestarmos contra ou a favor de
certas posições educacionais. E só conseguimos nos posicionar
com conhecimento.

Que esse Módulo III inspire você a querer saber mais! Só de estar
lendo esse e-book já é um sinal que está procurando saber
mais… ótimo! Agora precisamos saber mais e mais profundo.

Vamos nessa?
“Se os educadores quiserem compreender
a fundo o significado essencial de sua
profissão, eles devem se abrir sem
reservas para a História da educação.”
Dermeval Saviani
A Casa das
Crianças
1850 - 1952 Itália

Vamos abrir a galeria de grandes educadores com ela, a revolucionária Maria Montesso-
ri. "Eu descobri a criança", dizia. Sim, a concepção de infância foi totalmente transfor-
mada por ela. Primeira mulher a se formar em medicina em seu país, foi também
pioneira no campo pedagógico. Saindo na frente no ensino para a primeira infância,
desenvolveu a Metodologia Montessori, que valoriza a independência das crianças.

Ela acreditava que a educação é uma conquista da criança. Montessori percebeu que já
nascemos com a capacidade de ensinar a nós mesmos, se nos forem dadas as condi-
ções. Ela batizou esta forma de aprendizagem de “Pedagogia Científica”.

Se na sua escola tem mesinhas, cadeirinhas, pias na altura das crianças, pode estar
certa: isso é coisa da Montessori. Essa adaptação do mundo adulto à criança foi ideia
dela e foi seguida por todas as escolas ao redor do mundo.

Ela encarava a criança como um ser completo, totalmente capaz e criativo. Apenas
precisam de liberdade para desenvolver as atividades que matem a sua sede por
conhecimento, atividades que desenvolvem a concentração e consequentemente a
disciplina.
“A criança que se desenvolve harmoniosamente e o adulto que
caminha ao lado dela, formam um quadro extremamente
apaixonante e atraente. É este o tesouro que necessitamos hoje:
ajudar a criança a tornar-se independente de nós a atuar por si,
para receber dela esperança e luz."

As escolas que utilizam o Método Montessori valorizam a autonomia, a liberdade


com limites, a brincadeira como base da aprendizagem e o respeito pelo desen-
volvimento de cada criança no seu próprio ritmo.
Maria Montessori queria uma educação que fosse capaz de contribuir para a
construção do equilíbrio interior e da felicidade da criança.

A Educação Montessori tem ênfase no desenvolvimento do potencial humano,


no trabalho como atividade física e mental escolhida livremente, na
interdependência do homem com a natureza, na importância da família e ainda
no significado da criança para a vida adulta, um infante que tem competência
para aprender sozinho.
A Sociedade Americana de Montessori compartilha os
SEIS “PILARES EDUCACIONAIS” MONTESSORIANOS.

1- AUTOEDUCAÇÃO
As crianças têm uma tendência inata para
aprender conforme interagem com o ambiente
que as rodeiam. O método de Montessori procura
aproveitar esse mecanismo para que a criança
apreenda a matéria de livre vontade.

2- EDUCAÇÃO CÓSMICA
Quem ensina as crianças deve esforçar-se para
que todas as informações a transmitir estejam
encadeadas, organizadas de modo lógico para
elas. Isto trará outra vantagem: os estudantes
vão concluir que o mundo tem uma ordem que
deve ser respeitada e erguida pelo ser humano.

3-EDUCAÇÃO COMO CIÊNCIA


As observações que Montessori realizava dos
comportamentos e da evolução dos alunos eram
todas baseadas num método científico e num
regime que evitasse discrepâncias que pudes-
sem afetar a boa avaliação da eficácia dos
estudantes.
4- AMBIENTE PREPARADO
É importante que o espaço de aprendizagem
esteja adaptado às exigências físicas e psicoló-
gicas das crianças. Isto significa que a mobília
deve ser proporcional ao tamanho delas e que
haja tempo e material para que os estudantes
possam tomar iniciativa para aprender.

5- ADULTO PREPARADO
o adulto preparado corresponde não só ao
professor como a todos os que estiverem envol-
vidos na educação da criança no local escolar
(lares montessorianos).
Esse adulto deve conhecer bem as fases de
desenvolvimento da criança e ter conhecimento
sobre os traços que a ciência reconheceu em
cada fase da vida do estudante.

6- CRIANÇA EQUILIBRADA
Uma criança equilibrada é toda aquela cujas
características correspondam à norma para a
faixa etária em que se encontra. Como é que se
identifica a essa situação? Montessori acredita-
va que um estudante que “ame o silêncio, o tra-
balho e a ordem” está no percurso natural de
aprendizagem.
De lá pra cá, suas escolas montessorianas es-
palhadas pelo mundo inteiro continuam a dar
o que falar.
Vocês já ouviram falar na "Máfia Montessori"?
Não? Então explico: o Wall Street Journal fez
uma matéria mostrando algumas personali-
dades marcantes que estudaram em escolas
montessorianas, e que o sucesso delas não
pode ter sido por acaso. Os fundadores do
Google, Larry Page e Sergei Brin. O criador da
Amazon, Jeff Bezos. O cabeça da Wikipedia,
Jimmy Wales. Todos alunos que foram poten-
cializados pela abordagem montessoriana. O
resultado está aí, pro mundo inteiro ver.

(Curiosidade: Eu também estudei em escola


Montessoriana!)
Para saber mais:
Educação
pelo
amor
Johann Heinrich Pestalozzi
1746-1827, Suíça

Não é comum vermos pessoas falando ou citando Pestalozzi em


palestras e congressos. São poucos os estudiosos no Brasil sobre o
educador suíço. O que é uma pena, porque ele exerceu uma grande
influência no pensamento educacional e foi um defensor ferrenho
da escola pública. Ele lutou pela democratização da educação, pro-
clamando o que todos deveriam lutar também: é direito absoluto das
crianças ter plenamente desenvolvidos seus potenciais.

Pestalozzi afirmava que seu “objetivo era formar nova vida em


comunidade, despertar nas crianças novas forças, desenvolvendo
nelas o sentimento de fraternidade e justiça como em família.”
"É de grande importância que os homens sejam induzidos a aprenderem por
si mesmos, que lhes seja permitido desenvolverem-se livremente. É só assim
que se produz e se faz evidente a diversidade do talento individual.”
Pestalozzi

Um visionário. Antecipando concepções do movimento da Escola Nova, que só


surgiria na virada para o século XX, Pestalozzi afirmava que a função principal
do ensino é levar as crianças a desenvolver suas habilidades naturais e inatas.
Segundo ele, o amor deflagra o processo de autoeducação. Por esse motivo, criti-
cava tanto as escolas de sua época, caracterizando-as como um “imenso pân-
tano responsável pelas misérias do povo”. Ele condena toda e qualquer escola
que não promova a atividade do aluno: “Fora com as escolas em que só profes-
sores e livros trabalham.”

Isso pode parecer bastante elementar para a gente, em pleno século XXI. Mas se
pensar direitinho, ainda é vigente a lógica da transmissão, em que os professo-
res e livros dominam o processo educativo. Pestalozzi acreditava que só era
possível educar equilibrando a tríade cabeça - coração - mão. O fazer, o sentir
e o pensar. Ele afirmava que conhecimento e ação devem caminhar juntos
sempre. É o famoso "aprender fazendo", que muitas escolas se inspiraram em
Pestalozzi.
Castelo de Yverdon, onde Pestalozzi fundou o seu instituto de educação. A sua
prática era tão diferente, que professores de outros países da Europa viajavam
para estudar diretamente com Pestalozzi os novos métodos de ensino que
seriam tão importantes para a criação de uma nova educação. Seu princípio
fundamental é que a escola deve funcionar com o mesmo amor existente no lar.

É preciso construir uma atmosfera


de segurança e afeto na escola.

Para o grande educador suíço, a família e a escola são a base fundamental para
o desenvolvimento da infância e, sem a ação conjunta das duas, é impossível
educar integralmente.
Para saber mais:
Quem é
Carolina
Sanches?

Jornalista, pedagoga e ludóloga, é diretora e co-fundadora do LER CONECTA,


uma agência elástica de conhecimento. Criamos, Planejamos, Produzimos, Rea-
lizamos projetos de Edutainment voltados para educadores, pais e crianças.
Especialista em Mídia e Educação, produziu conteúdos de materiais educativos
para as Bibliotecas Parque, Secretaria de Cultura do RJ, FIRJAN, Fundação Itaú,
Instituto Natura, Cultura Inglesa e o Canal Gloob.
Coordena projetos sócio-culturais que cruzam Leitura, Ludicidade e Tecnologia
em LABs pelo Rio de Janeiro. Em 2015, escreveu o livro "Minha primeira coleção
– A arte de colecionar arte," - livro de Arte Contemporânea para crianças. Coor-
dena projetos na Casinha do Saber - o lugar de pensar a infância, parceria com
a Casa do Saber no Leblon, voltado para pais, crianças e educadores. Cria e
dirige projetos de Educação informal no Conecta.La - Coworking no Humaitá.
Produziu o conteúdo do material didático de Escrita Criativa e Design Thinking
para o Edify. Seu novo projeto é o Círculo Mágico: Lab de Board Games - para
adultos e crianças conhecerem o universo do Design de Narrativas de Jogos.
Está desenvolvendo livros interativos e jogos que cruzam literatura e ludicidade
que serão lançados em 2019 pela Estrela Cultural. Atua como consultora educa-
cional em escolas do RJ, Edify e Estrela. Na Bienal do Livro de 2019 é a curadora
do Espaço Infantil e do Fórum de Educação.

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