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editorial
Editora Saber Ltda. Difundir a Tecnologia
Diretor
Hélio Fittipaldi
Nesta edição temos como destaque a tecno-
logia RFID aplicada. O leitor deve se perguntar...
www.sabereletronica.com.br mas por que a revista está com artigo que explica
twitter.com/editorasaber
desde a Rádiofrequência para chegar no que inte-
Editor e Diretor Responsável
Hélio Fittipaldi
ressa!? Bem, isto se deve a uma rápida pesquisa
Diretor Técnico que fizemos entre profissionais da Eletrônica. Hélio Fittipaldi
Newton C. Braga
Conselho Editorial Notamos que alguns pontos foram esquecidos
João Antonio Zuffo
Redação por aqueles que se formaram e não trabalharam na área de RF.
Natália F. Cheapetta,
Thayna Santos Por outro lado, mesmo os que estão até hoje trabalhando com
Revisão Técnica
Eutíquio Lopez RF, não conhecem certos detalhes que são importantes para a
Colaboradores
Humberto Barbato,
implementação de um projeto e que, estando na posição de quem
Newton C. Braga,
Valdemir Cruz ,
contrata, são determinantes para que ele considere esta como a
Willians Anderson Teixeira Coelho melhor solução (ou não).
Designers
Carlos C. Tartaglioni, Percebemos que informações sobre a impressora, por exemplo,
Diego M. Gomes
Produção eram muito vagas. Alguns pensavam que era só para imprimir a
Diego M. Gomes
antena, outros para imprimir caracteres no plástico e ainda, outros
que era para fazer a inserção do programa no chip.
Tudo isso nos mostrou como o mercado técnico (que serve de
PARA ANUNCIAR: (11) 2095-5339
publicidade@editorasaber.com.br consultor para os empresários que querem aderir a esta tecnolo-
Capa
Arquivo Editora Saber gia), tem seus buracos de conhecimento e, portanto, não consegue
Impressão
Parma Gráfica e Editora
ajudar para que haja um crescimento mais acelerado de projetos
Distribuição nesta área.
Brasil: DINAP
Portugal: Logista Portugal tel.: 121-9267 800 As empresas que desenvolvem produtos nesta área ainda não
conseguem se comunicar adequadamente com o mercado. Por
ASSINATURAS
www.sabereletronica.com.br que não utilizam os profissionais de Eletrônica formadores de opi-
fone: (11) 2095-5335 / fax: (11) 2098-3366
atendimento das 8:30 às 17:30h nião!?...
Edições anteriores (mediante disponibilidade de
estoque), solicite pelo site ou pelo tel. 2095-5330, ao Na próxima edição continuaremos com este tema, tratando das
preço da última edição em banca.

Saber Eletrônica é uma publicação bimestral


impressoras dos diversos fabricantes.
da Editora Saber Ltda, ISSN 0101-6717. Redação,
administração, publicidade e correspondência:
Rua Jacinto José de Araújo, 315, Tatuapé, CEP
03087-020, São Paulo, SP, tel./fax (11) 2095-
5333.

Associada da: Atendimento ao Leitor: atendimento@sabereletronica.com.br


Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade de seus autores. É vedada a reprodução total ou parcial dos textos
e ilustrações desta Revista, bem como a industrialização e/ou comercialização dos aparelhos ou idéias oriundas dos textos
mencionados, sob pena de sanções legais. As consultas técnicas referentes aos artigos da Revista deverão ser feitas exclu-
sivamente por cartas, ou e-mail (A/C do Departamento Técnico). São tomados todos os cuidados razoáveis na preparação do
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e Especializadas por alterações nos preços e na disponibilidade dos produtos ocorridas após o fechamento.

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índice
Tecnologias
14 Projetando sem EMI
18 Amplificadores com Feedback de Corrente
versus Feedback de Tensão
22 Conheça os Núcleos Magnéticos
26 RFID: Identificação por Radiofrequência

Eletrônica Aplicada
34 Eficiência energética na utilização de
Acionamentos Eletromecânicos

26
42 Fontes Chaveadas: Revisando Conceitos Básicos

Desenvolvimento
46 Osciladores a Cristal
50 10 Circuitos de Interface

Componentes
57 Componentes de Proteção contra Sobretensões
60 Circuitos com Novos Componentes

Instrumentação
63 Comparando a Performance de
Analisadores de Espectro

Opinião
66 Os Presidenciáveis na Casa da Indústria

Editorial 03
Seção do Leitor 05
Acontece 06

Índice de anunciantes
07 .......................................... Cika 21 .................................. Honeywell Capa 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ty c o
09 .................................... Monitor 25 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ta t o Capa 3 ................................ Agilent
11 ............................... FIIEE 2010 31 .................................... Metaltex Capa 4 .................................. Senai
15 ................................... Globtek 33 .................................... National

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seção do leitor

LED RGB
“Sou formado em Mecatrônica e atualmente trab-
alho com locação de iluminação para eventos, e uma
das novidades mais pedidas é a tal pista de LED. Gos-
taria de saber se em algumas das edições eu consigo
uma matéria que me condicione a montar placas
contendo LEDs, onde seja possível programar para
alternar cores ou até fazer desenhos. Lembrando
que não será necessário criar imagens tipo tv de
LED, mas somente alternar cores com LEDs RGB, ou
mesmo de cores específicas mas que, programadas,
poderiam gerar diferentes tipos visuais. Obrigado.”
Aires Ebrtolla
Por email
Saber Eletrônica 440
Prezado Aires, na edição nº 440 da revista
Saber Eletrônica encontra-se um artigo chamado “LED RGB com PWM para PIC
16F628A”, o qual acreditamos que possa auxiliá-lo na montagem e programação
da placa. Para adquirir a revista, basta entrar em contato com a Nova Saber através
do site www.novasaber.com.br . Se preferir a web, você pode assinar o portal
enviando uma solicitação para o email assinaturas@editorasaber.com.br .

Download Publicação de artigos PDF 446


“Gostaria de saber se é possível ter acesso “Olá! Gostaria de saber qual o procedi- “Pessoal da Saber Eletrônica: não estou
ao download da edição de número 205 da mento para enviar artigos para avaliação e conseguindo fazer o “download” da Revista
revista Saber Eletrônica.” posterior publicação na revista. Sou leitor Saber Eletrônica - 446 Abril/2010 em PDF. O
Renan Machado da Silva da Saber Eletrônica e gostaria de contri- que pode estar ocorrendo? Vocês poderiam
Por email buir. Desde já, agradeço a compreensão me ajudar, muito obrigado. “
e aguardo resposta.” Leidival José de Oliveira
Renan, por esta edição ser muito antiga Rony Marcolino de Andrade Piracicaba - SP
não é possível fazer o download. Mas, se Por email
preferir, você pode entrar em contato com Leidival, na editora utilizamos o sistema
a Nova Saber pelo site www.novasaber. Caro Rony, agradecemos o seu interesse. Linux e conseguimos baixar o PDF da Saber
com.br solicitando o seu exemplar. Inicialmente, envie um email com a Eletrônica edição de nº 446 clicando no link
proposta do artigo (assuntos que serão que está no Portal. No ambiente Windows,
abordados) para artigos@editorasaber. apareceu um erro ao clicar no mesmo link.
Contato com o Leitor com.br . Também deve constar neste email Para baixar, clicamos com o botão direito do
Envie seus comentários, críticas e o seu nome completo, além do cargo/ mouse em cima do mesmo link e escolhemos
su-gestões para o e-mail: a.leitor.sabe- função e empresa onde trabalha e/ou a opção “ SALVAR LINK COMO...” e o PDF foi
reletronica@editorasaber.com.br. instituição onde leciona ou desenvolve salvo na minha área de trabalho. Se o senhor
As mensagens devem ter nome alguma pesquisa. É importante ressaltar faz uso do Internet Explorer, então quando
completo, ocupação, empresa e/ou ins- que os artigos devem ser exclusivos e clica com o botão direito do mouse em cima
tituição a que pertence, cidade e Estado. ter cunho informativo e não comercial. do link (clique aqui) aparece a mensagem
Por motivo de espaço, os textos podem
Antes da publicação, ele será enviado “SALVAR DESTINO COMO”, tem a mesma
ser editados por nossa equipe.
para sua aprovação. função do “SALVAR LINK COMO”.

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abcdefghijklmnopqrstuvwxy
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

acontece
Nova linha de Biométricos
é apresentada pela CIS

Fabricante de soluções em captura de


dados para o mercado de automa-
ção bancária e comercial, a CIS lança
nova linha de Biométricos. Os novos
produtos são destinados para aplica-
ções de segurança, controle de acessos,
fronteiras, catracas, acesso à rede e
confirmação de identidade. Confira
abaixo alguns produtos:
O FS25 utiliza um sensor ótico CCD de
câmera digital, que permite a captura
da impressão digital em alta resolu-
ção. Por não possuir partes móveis, o a norma ISO14443A. O produto é um portado pelos usuários de notebooks
equipamento é extremamente robusto sensor stand alone, no qual a captura e utilizado em conjunto com PDA ou
e possui durabilidade. Sua parte óptica da digital e sua verificação são feitas equipamentos portáteis, ideal para apli-
é feita com lentes de vidro, que não no próprio equipamento. Sua memó- cações de dispositivos móveis. Como
risca ou se degrada com facilidade. O ria interna pode armazenar até 100 possui uma janela de detecção feita de
produto ainda possui exclusivo sistema impressões digitais. vidro, é muito mais robusto em com-
LFD (Live Finger Detection), que permite Scanner de impressão digital, pequeno paração com qualquer tipo de sensor
identificar tentativas de fraudes com a e compacto, que utiliza um sensor que utilize semicondutores. O dedo é
utilização de digitais falsas de silicones. óptico especialmente concebido para iluminado por 4 LEDs infravermelhos
O DigiScan Contact Less FS25 é a ver- proporcionar alta qualidade de imagem, durante a digitalização e a intensidade
são do sensor que possui decodificação o DigiScan Mini FS90 permite digita- da luz é automaticamente ajustada
interna, possibilitando, em um único lizar uma imagem com impressões de acordo com as características de
dispositivo, a utilização de scanner de quase distorcidas para o PC em 100 digitalização de impressões digitais para
impressão digital e leitor gravador de ms. Como tem um tamanho reduzido, otimizar a qualidade da imagem digital
cartões sem contato, compatível com é mais conveniente para ser trans- capturada.

Curtas
Soluções Práticas para o Setor Elétrico Monitor LCD de 8”

Especializada em instrumentos de medição, a Instrutherm A Intera - fabricante de monitores com tecnologia touch, acaba
anuncia itens destinados aos setores elétrico e eletrônico, de lançar o monitor LCD 8” ISM -0800S, que veio para subs-
destacando-se pela praticidade e relação custo x benefício. tituir os antigos monitores de 9” CRT no mercado de repo-
São eles: o testador de voltagem TV-300 e o de cabos de sição de Automação Comercial. O monitor também pode
rede, modelo TC-280, além do multímetro MD-300. ser comercializado para o mercado de informática, uma vez
Possuindo 8 LEDs indicadores, o TV-300 utiliza a própria que possui entrada VGA, para o de segurança, pois apresenta
voltagem como fonte de alimentação e detecta a tensão entradas de vídeo composto, pode ser utilizado em empresas
elétrica em tomadas, quadros de distribuição, entre outros. na área de servidores, e em locais com espaços limitados.
O TC-280 testa a continuidade de cabos de rede e telefonia, A fabricante trabalha atualmente com dois canais de atendi-
e também mede tensão e corrente elétricas. Com 600 volts mento, um que atende diretamente grandes clientes em OEM
de tensão máxima de entrada. e outro através de distribuidores, que atende todo o territó-
E para a medição de tensão, corrente e resistência, a empresa rio nacional, o mercado de automação comercial, segurança,
traz o multímetro MD-300, que também pode ser utilizado entre outros. No entanto, também pretende fechar alianças
em tomadas, além de interruptores, reatores de lâmpadas, com outros distribuidores de atuação nacional que, na avalia-
disjuntores etc. ção da sua diretoria, suportariam a entrega dos monitores e
Para mais informações acesse o site www.instrutherm. ajudariam a manter o estoque dos canais, fortalecendo dessa
com.br forma, o relacionamento com as revendas.

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acontece
Fabricantes asiáticos de chips
apostam em crescimento forte

Os fabricantes asiáticos de chips celulares inteligentes e computado-


acreditam em melhores resultados e res tablet precisam ser adicionados
na recuperação do setor mundial de como novo segmento de consumo,
tecnologia. A demanda por computa- somados à retomada nas vendas de
dores pessoais e a produção limitada computadores pessoais”, explica
das empresas de menor porte supe- Greg Noh, analista da HMC Invest-
rou as expectativas do mercado. ment & Securities. anterior e o prejuízo de 13% no mes-
A demanda superior à esperada por O mercado de chips da Samsung, que mo período do ano passado.
computadores pessoais e a produção reportou prejuízo operacional de A japonesa Elpida pode anunciar lucro
limitada das empresas de menor por- 670 bilhões de won há um ano atrás, trimestral recorde, enquanto a sul-
te resultaram em alta nos preços de deve se transformar em um lucro coreana Hynix exibirá avanço de 8%
chips de memórias Dynamic Random superior a 2 trilhões de won, o que ante os lucros do trimestre.
Access Memory (DRAM) e NAND, equivalerá à metade do lucro total da Há uma expectativa de que a Samsung
o que beneficia empresas como empresa, estimado em 4,3 trilhões de amplie seu investimento de capital
Samsung Electronics, Hynix Semicon- won. A margem operacional na divi- em chips de memória em cerca
ductor e Toshiba. são de chips da empresa, fabricante de US$ 2,5 bilhões ainda este ano,
“O crescimento da demanda será mais de memórias DRAM e NAND, tam- acompanhando Elpida, Powerchip e
forte do que no ciclo anterior de bém pode ter melhorado para cerca Nanya, que já anunciaram grandes
alta, uma vez que os mercados de de 23%, ante os 21% do trimestre planos de investimentos.

Produtos
Controladora PXI Express Quad-Core com processador Intel® CoreTM i7

A empresa National Instruments lançou


a controladora de alto desempenho NI
PXIe-8133, que possui um processador
quad-core Intel¨ CoreTM i7-820QM.
É a primeira controladora PXI Express
quad-core da indústria.
Combinando a tecnologia da Intel
com os avanços no barramento PCI
Express, a nova controladora ajuda os
engenheiros a reduzirem o tempo de
testes com o dobro de processamento
e taxa de transferência comparada a
controladoras anteriores da NI.
O processador Intel Core i7-820QM
oferece uma frequência de clock de
1,73 GHz e utiliza o Intel¨ Turbo Boost F1. Controladora embarcada oferece o dobro em poder de processamento e
Technology para incrementar automati- em taxa de transferência de dados comparados aos modelos anteriores.
camente a frequência de clock, depen-
dendo do tipo de aplicação utilizada. duplica a taxa total de transferência de A controladora tem como padrão uma me-
A controladora embarcada NI PXIe- 4 GB/s para 8 GB/s. Com esta caracte- mória de 2 GB de DDR3-1333 MHz RAM
8133 utiliza uma avançada tecnologia rística, os engenheiros podem trans- e com a opção de utilizar sistema opera-
PCI Express para oferecer quatro mitir simultaneamente um conjunto cional Windows XP ou Windows 7 32-bit.
links x4 Gen 2 PCI Express para fazer maior de canais de E / S, dando a eles Para aplicativos que usam intensamente a
interface com os chassis PXI. Utili- a habilidade de criarem um maior e memória, os engenheiros podem atualizar
zando- a com um chassi PXI Express, mais complexo registro de dados e de para 8 GB de memória RAM e para o
assim como o NI PXIe-1082, o sistema reprodução. Sistema Operacional Windows 7 64-bit.

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acontece
Implantação de Wireless
nas escolas

O Instituto Estadual de Educação


- IEE, localizado em Florianópolis, é a
primeira escola de Santa Catarina a ter
sua área interna totalmente coberta
por uma rede wireless. A implantação
faz parte dos planos da Secretaria de
Educação do Estado de disseminar esta
tecnologia para se antecipar ao Progra-
ma do Governo Federal que prevê a
distribuição de notebooks e netbooks
para alunos de escolas públicas.
Com a implantação no IEE, a Secretaria
já estuda novas instalações de wireless
em estabelecimentos educacionais ain-
da este ano, usando como critério de
escolha das escolas o seu desempenho
no Ideb - Índice de Desenvolvimento
do Ensino Básico.
Estão matriculados no IEE 8.900 alu-
nos e mobiliza cerca de 350 docentes F1. E=MC²
e funcionários. Foi por estes motivos
que a instituição foi selecionada para
ser a pioneira no projeto. Foram Etapas do Projeto de usuário: coordenação, professores,
instalados 27 pontos de acessos sem Em setembro de 2009 foi iniciado o alunos do matutino, alunos do ves-
fio, além da infraestrutura de supor- projeto com a instalação da infraes- pertino, Séries (sistema de uso dos
te e um link de rádio interligando a trutura básica, em conjunto com a funcionários, contendo dados sobre
rede local com o prédio da Secreta- parte elétrica e de cabeamento. Logo matrículas, notas dos estudantes, etc)
ria de Estado da Educação, fazendo o depois, começou a implantação dos e visitantes.
monitoramento. ativos de rede que foi concluída em O IEE já possuía anteriormente uma
“Ou as escolas se modernizam ou não outubro. rede cabeada comum, mas ela não
vão conseguir dar conta das novas Em termos de arquitetura, Dieter Erwin cobria todas as dependências da
necessidades dos alunos de hoje”, diz Christan, gerente técnico da Integra, instituição, limitando-se aos principais
Genivaldo Andrade Bulhões, gerente informa que os dois switches X450e setores (secretaria, direção, biblioteca,
de tecnologia de informação da Secre- foram alocados para o core da rede principais coordenações, sala dos pro-
taria de Estado da Educação de SC. (junto com um firewall e um servidor fessores e laboratórios de informática).
Os equipamentos utilizados para o DHCP - Dynamic Host Configuration Agora, observa Christan, “os computa-
projeto foram da empresa Extreme Protocol, que fornece endereços IP dores que não são atendidos pela rede
Networks, implantados pela Integra para os pontos de acesso, ambas solu- convencional serão plugados na rede
Tecnologia. Foi comprado um lote ções providas por outros fabricantes). sem fio, pois foram instaladas placas
composto pelos seguintes ativos da Já os modelos X250e foram distribu- wireless nos micros do colégio”.
família Summit: dois switches X450e ídos pelas instalações do IEE a fim A supervisão que fica por conta da
(com 24 e 48 portas); seis switches de interconectar os 27 Acess Points, Secretaria de Educação, os computa-
X250e de 24 portas; dois switches os quais são gerenciados pelo con- dores portáteis têm de ser cadastra-
X250e de 48 portas e um controlador trolador central WM20. “Um dos dos e o uso dos recursos é efetuado
wireless WM20. Foram adquiridos destaques é o emprego da tecnologia mediante logins, senhas e políticas de
também 27 Access Points 350-2D da Power Over Ethernet, que otimiza o controle e hierarquização de acessos.
família Altitude. uso da eletricidade para a implantação Assim, os administradores, a partir
A plataforma da Extreme foi escolhida, de dispositivos VoIP (Voz sobre IP) e da Secretaria, podem, por exemplo,
conforme explica Bulhões, por aten- wireless”, salienta Christan. bloquear determinados conteúdos,
der todos os requisitos de performan- Operacionalmente, a rede sem fio foi fixar restrições de horários, conceder
ce, robustez e segurança exigidos no segmentada em seis sub-redes, cada autorizações especiais para navegação,
edital. qual voltada para um perfil específico entre outras medidas.

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acontece
Vendas de TVs LCD incentivam
a procura por tecnologia IPS

Com a Copa do Mundo as vendas cres-


centes de TVs LCD e plasma alcan-
çaram recordes em 2010, e forçaram
as empresas fabricantes a aderirem
à tecnologia IPS (In-Plane Switching)
como um diferencial no mercado.
Hoje, os painéis IPS são fornecidos
exclusivamente pela LG Displays. Com
o aumento da procura e a busca pela
qualidade, outros importantes grupos
globais divulgaram que também vão
iniciar a produção do painel.
Em uma comparação entre os meses de
janeiro e fevereiro, a produção de TVs
LCD cresceu 34%, enquanto a de plas-
ma teve um crescimento ainda maior,
contabilizando 45,2%. Se comparadas
com o mesmo período de 2009, a
produção e a venda dos produtos
representaram um crescimento de
120%.
Diante do crescimento das vendas e
da procura por aparelhos de melhor logia e que têm atraído a atenção dos às novas tecnologias. Na hora da
qualidade, como as telas com tecnolo- consumidores. compra ele opta pelo aparelho de
gia IPS, as empresas fabricantes estão As vendas de painéis com IPS, pela melhor qualidade de imagem e som,
investindo no diferencial. Telas com fabricante LG Displays, cresceram mas também preza pela economia,
imagens mais estáveis, ângulo de visão 66% no primeiro trimestre de 2010, tanto do valor da compra, quanto do
maximizado, economia de energia e comparado com o mesmo período do consumo de energia”, explica Pung
melhor custo-benefício são algumas ano anterior. “Notamos que o consu- Yong Jeong, diretor promocional da
das inovações oferecidas pela tecno- midor está cada vez mais “antenado” linha IPS na LG Displays na Coreia.

Rastreador com som:


monitoramento “on line” e interação com motorista
O uso da tecnologia vem se tornando
da central de monitoramento com furtos de veículos. O lançamento do
rotina no dia a dia das pessoas, e equi-
o motorista. Além disso, o aparelho DVR Veicular pode ajudar a diminuir
pamentos cada vez mais sofisticados
possui um botão de pânico que, quan- estes dados.
vem trazendo para mais próximo uma
do disparado, mostra à central uma O mercado de segurança eletrôni-
realidade que há alguns anos atrás
janela com o aviso e as orientações ca fechou o ano de 2009 com um
seria difícil imaginar. É o caso do DVR
das medidas a serem tomadas a partir crescimento de 7%, registrando um
Veicular, tecnologia exclusiva no Brasil
do que já foi previamente estabeleci- faturamento de aproximadamente
que foi lançada na Exposec (Feira In-
do com a empresa responsável pelo US$ 1,5 bilhão, segundo estimativas da
ternacional de Segurança Eletrônica).
monitoramento. ABESE. No País, há hoje mais de 650
Com até quatro câmeras embutidas
De acordo com os dados da Secreta- mil imóveis monitorados por sistemas
no veículo, o equipamento além de
ria do Estado de São Paulo, o Esta- eletrônicos de alarmes, o que corres-
possuir o localizador GPS, transmite
do registrou somente no primeiro ponde a 10,5% de um total de 6,18
em tempo real imagens via web. O
trimestre deste ano aproximadamente milhões imóveis com possibilidade
rastreador é o único no mercado com
17 mil roubos de veículos, mais de 1,7 de receberem sistemas de alarmes
som, ou seja, é possível a interação
mil roubos de cargas e mais de 24 mil monitorados.

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tecnologias

Projetando
Newton C. Braga

sem EMI
H
Uma das maiores preocupações que os á muitas maneiras de evitar que cir- • Evite trilhas de alta impedância, princi-
projetistas de equipamentos eletrônicos cuitos irradiem sinais indesejáveis palmente as que conduzem correntes
têm em nossos dias é com a Interferência ou ainda os transmitam através de intensas. As linhas de alimentação
cabos de alimentação. Essas manei- devem ser as mais largas possíveis;
Eletromagnética ou EMI. As exigências contra
ras podem ser abordadas já na fase de proje- • Nas linhas que devam conduzir sinais
as interferências causadas por equipamentos to dos circuitos, especificamente quando se e sejam algo longas: inclua um plano
são cada vez maiores e a ampliação do uso de projeta a placa de circuito impresso. de terra (quando possível) para servir
dispositivos de comutação rápida dificulta sua Evidentemente, nem sempre os cuida- de blindagem;
eliminação. dos com o projeto de uma placa permitem • Mantenha as linhas de sinais de altas
Veja, neste artigo, algumas dicas de como eliminar todas as interferências geradas por frequências e de RF- as mais curtas
um circuito, caso em que componentes possíveis. Na figura 1 mostramos o
projetar minimizando os problemas de EMI de
adicionais devem ser usados. No entanto, que deve (e o que não deve) ser feito
circuitos comuns. O artigo é baseado em um esses componentes já não precisarão dar neste caso;
interessante material fornecido pela Vishay conta de todo o serviço, reduzindo apenas • Evite linhas com derivações. Essas linhas,
(www.vishay.com). o que resta da EMI a um nível que torne o quando percorridas por sinais de altas
equipamento compatível com as exigências frequências causam reflexões e produ-
das normas. zem harmônicas.Na figura 2 ilustramos
o certo e o errado neste caso;
Partindo da Placa de • Em componentes sensíveis, use áreas
Circuito Impresso de blindagem nos seus terminais, de-
A distribuição correta das trilhas, sua vidamente aterradas, conforme exibe
espessura e a adoção de técnicas que per- a figura 3;
mitem blindar as trilhas críticas são alguns • Uma técnica importante para se evitar
dos pontos que devem ser considerados a captação e irradiação de EMI por
no projeto de placas de circuito impresso. terminais sensíveis de componentes
Assim sendo, os seguintes pontos principais consiste no anel de guarda, veja a figu-
devem ser observados quando do projeto ra 4. Esse anel deve ser devidamente
de uma placa: aterrado;

F1. Trilhas de sinal – as mais F2. Evitar linhas com


curtas possíveis. derivações.

14 I SABER ELETRÔNICA 447 I Maio/Junho 2010

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tecnologias

F3. Áreas de blindagem F4. Colocação do


devidamente aterradas. anel de guarda.

F5. Os circuitos devem ficar F6. Para redução do acoplamento por


bem separados. capacitância ou indutância.

F7. Áreas condutoras flutuantes F8. Componentes (L e C) para


devem ser aterradas sempre. desacoplamento da fonte.

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tecnologias
• Se um circuito utilizar alimentações daqueles que podem gerar EMI ou que sejam • Minimize os efeitos de cargas capaci-
separadas, evite que os componentes sensíveis a ela. Os seguintes cuidados são tivas em saídas digitais, principalmente
dos dois setores compartilhem da recomendados: em circuitos CMOS. Essa redução
mesma área. Deixe os dois circuitos • Componentes de polarização ou de pode ser obtida com uma diminuição
bem separados para que não haja pull-up/down devem ser colocados o do fanout. Com isso, a corrente na
acoplamento entre as fontes, observe mais próximo possível dos compo- comutação será menor.
a figura 5; nentes em que devem ser ligados;
• Evite cantos agudos para as trilhas. • Analise a possibilidade de se utilizar Conclusão
Faça curvas suaves de modo a evitar choques em modo comum, a exemplo Os procedimentos que apresentamos
problemas de campos; do exibido na figura 11, de modo a aqui envolvem apenas o projeto da placa de
• Se o circuito for do tipo multicamadas, cancelar sinais que possam afetar o circuito impresso e os componentes, além
cuide para que as trilhas dos diversos funcionamento do circuito; de alguns cuidados com acoplamentos e
níveis se cruzem sempre em ângulo • Desacople os pinos de alimentação dos desacoplamento de circuitos.
reto, para reduzir ao máximo o acopla- CIs de comutação ou sensíveis à EMI Nos casos em que esses procedimentos
mento por capacitância ou indutância, colocando capacitores apropriados, apenas reduzam, mas não levem aos níveis
conforme mostra a figura 6; o mais próximo quanto seja possível ideais de EMI, recursos adicionais precisarão
• Não deixe trilhas em forma de anéis desses pinos, conforme mostra a fi- ser empregados.
entre as camadas, pois elas atuam gura 12. Dê preferência a capacitores Esses recursos consistem no uso de
como antenas. cerâmicos multicamadas ou outros filtros de diversos tipos em configura-
• Não deixe áreas condutoras flutuan- que tenham frequências de ressonância ções que abordaremos em uma outra
tes (desconectadas), pois elas podem muito altas e grande estabilidade; oportunidade. E
funcionar como irradiadoras de EMI.
Sempre que possível, essas áreas de-
vem ser ligadas ao ponto de terra do
circuito, conforme ilustra a figura 7;
• Nos setores independentes que
devem ser alimentados por fontes
comuns, use sempre componentes de
desacoplamento na sua entrada. Na fi-
gura 8, indicamos como isso pode ser
feito com indutores e capacitores;
• Os circuitos de maior velocidade de
comutação, e que portanto podem
gerar mais EMI, devem ser colocados o
mais próximo quanto seja possível da
fonte de alimentação. Isso faz com que
a menor distância até a fonte reduza F9. Circuitos de maior velocid-
a possibilidade de geração de ruídos ade mais pŕoximos da fonte.
na própria linha de alimentação, veja
a figura 9;
• Nessa figura mostramos a disposição
recomendada dos diversos elementos
de um circuito, conforme sua veloci-
dade de operação;
• Circuitos de características diferentes
devem ser isolados. Em especial, de-
vem estar bem separados os setores F10. Separação de circuitos com
analógicos dos digitais de um circuito. características diferentes.
Na figura 10 damos uma ideia de
como isso deve ser feito.

Localização de
Componentes
Além das trilhas bem planejadas, deve-se
tomar especial cuidado com a disposição
de certos componentes, principalmente F11. Uso de choque em F12. Desacoplamento do pino de
modo comum. alimentação via capacitor.

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ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

tecnologias
Newton C Braga

Amplificadores com
Feedback de Corrente
versus Feedback de Tensão

P
O que seria melhor em um projeto ana- ara facilitar nossas explicações vamos que os amplificadores CFB têm melhores
lógico que emprega amplificadores operacio- denominar os amplificadores que características em termos de distorção e
nais: usar um amplificador com feedback de possuem realimentação de corrente taxas de crescimento.
corrente ou outro com feedback de tensão? O ou feedback de corrente pela sua sigla
que acontece é que nas aplicações comuns as em inglês CFB (Current Feedback), enquanto Características com
que aqueles com feedback de tensão serão Realimentação ou Laço
diferenças não ficam evidentes, o que pode
abreviados por VFB (Voltage Feedback). Fechado (Closed Loop)
causar alguma confusão entre os projetistas, Assim, para entender as diferenças deve- Dado um amplificador operacional na
entretanto, existem aplicações em que um tipo mos fazer um estudo separado das principais sua configuração típica, as conexões dos
é mais vantajoso que o outro. Para saber qual características de cada um. Começamos, en- resistores que determinam o ganho para
tipo usar é preciso conhecer as diferenças. tão, pelos amplificadores VFB. Eles oferecem as montagens não inversora e inversora
Veja, neste artigo, que é uma adaptação ao projetista condições de: são mostradas na figura 1, assim como as
• Menor nível de ruído; equações que determina os ganhos.
do Application Note OA-30 da National, quais
• Melhor performance em DC; Essas configurações são válidas tanto para
são as principais diferenças entre esses dois • Liberdade de feedback. os amplificadoresVFB como CFB. A diferença
tipos de amplificadores e quando cada um Por outro lado, os amplificadores CFB está no fato de que nos amplificadores CFB
deles deverá ser usado possuem as seguintes características que os resistores de realimentação possuem
se destacam: valores limitados. As folhas de dados desses
• Taxas de crescimento (Slew Rate) amplificadores fornecem os valores máximos
mais rápidas; recomendados para esses resistores.
• Menor distorção; Essas funções de transferência são váli-
• Restrições de feedback. das para um amplificador ideal. Em condições
Para que o projetista saiba qual topologia ideais, o ganho sem realimentação de um am-
escolher será importante comparar algumas plificador VFB e o ganho de transimpedância
características dos dois tipos de amplifica- de um amplificador CFB são infinitos.
dores. Essas características são: Assim sendo, podemos escrever as
• Características com realimentação funções de transferência ideais para a confi-
(closed loop); guração não inversora da seguinte forma:
• Características sem realimentação
(open loop); Vn/Rg = (Vo – Vn)/Rf
• Vantagens e desvantagens das Vo/Vin = (Rf + Rg)/Rg
etapas de entrada. Vo/Vn = 1 + R1/R2
Analisando essas características veremos
porque os amplificadores VFB possuem
melhor desempenho em DC e porque os Ou
amplificadores CFB possuem larguras de
banda maiores para a mesma potência e G = (Rf + Rg)/Rg
melhor performance de fase em faixas mais Vo = Vn x G
largas. Também será possível entender por-

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tecnologias
aga A tensão de saída é, portanto, dada pela
tensão de entrada multiplicada pelo ganho.

Características sem reali-


mentação dos amplificado-
res VFB (Open Loop)
A principal diferença entre os amplifi-
cadores VFB e CFB começa a se manifestar
quando tentamos comparar suas caracterís-
ticas sem realimentação. Para entendermos o
que ocorre, podemos usar a figura 2 como F2. Esquema inicial p/
ponto de partida para uma análise. análise dos VFBs.
As principais características desta confi-
guração para um amplificador ideal são:
• A impedância de entrada nas confi-
gurações inversora e não inversora
é infinita;
• A impedância de saída é nula.
A saída desses amplificadores consiste
de uma fonte de tensão que é controlada
pela diferença de potencial entre os dois
terminais de entrada. Isso também pode
ser denominado “tensão de erro” (Vd = V1
– V2). A saída é igual a esta tensão de erro F1. Montagens típica dos amplificadores F3. Característica Ganho x
multiplicada pelo ganho do amplificador sem não inversor e inversor. Faixa Passante.
realimentação (open loop).
Por este motivo, é comum especificar A saída é uma fonte de tensão contro-
Produto Ganho X Faixa o produto ganho-faixa passante de um lada pela corrente de erro da saída, que
Passante (Gain Bandwidth amplificador como sua característica de am- corresponde à entrada inversora. Uma vez
Product) plificação em função das diversas frequências que a rede de realimentação seja fechada,
Em relação a um amplificador não dos sinais. A sigla adotada costuma ser GPB o feedback faz com que uma corrente de
inversor, semelhante ao ilustrado na figura (Gain-Bandwidth Product). erro seja levada a zero, e então a corrente
1, o ganho de um amplificador não ideal é As características de GPB impedem que de feedback também.
finito. Isso significa que o ganho pode ser os amplificadores VFB tenham alto ganho e
dado por: amplas faixas passantes ao mesmo tempo. Independência da Faixa
A figura 3 mostra o que sucede na forma passante
Vo = V x [G/(1-G/A(s)] de um gráfico. Os amplificadores CFB se caracterizam
pela sua independência no que se refere ao
Características de ganho produto ganho x faixa passante. O motivo
Onde se A >> G, o denominador se sem realimentação CFB disso pode ser entendido quando se analisa
tornará 1 e o ganho do amplificador tenderá (Open Loop) a função de transferência da configuração
ao infinito. Para entender o que acontece com não inversora. A função de transferência é
No amplificador real, o ganho DC é ele- esses amplificadores podemos partir do dada por:
vado, caindo numa razão de 6 dB por oitava circuito equivalente apresentado na figura
quando a frequência aumenta, isso de uma 4. Há um buffer de ganho unitário entre as G
forma mais ou menos constante na faixa de duas entradas de um amplificador CFB. Em VO = VIN . Rf
operação. Quando a frequência aumenta, o condições ideais, esse buffer tem uma impe- 1+
Z(s)
valor de A(s) diminui. Quando A(s) = G, o dância de entrada infinita e uma impedância
ganho médio do circuito será metade do de saída nula. Com isso, as características
seu ganho DC. sem realimentação para um amplificador A função de transferência de um CFB
Isso é comumente referido como a faixa desse tipo ideal, são: parece semelhante à de um VFB. Quando Z
passante a – 3 dB do amplificador.A taxa em • Impedância de entrada infinita na se torna muito maior que R, então, o am-
que a faixa passante diminui é proporcional a configuração sem realimentação. plificador se aproxima do comportamento
1/G. Para a maior parte da faixa de frequên- • Impedância de entrada nula na ideal. Quando Z(s) cai até o ponto em que
cias, o produto do ganho pela faixa passante configuração inversora. se torna igual a Rf, então o ganho cai para
se torna constante. • Impedância de saída nula. metade do ganho em DC.

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tecnologias
Isso é bem diferente do que ocorre mente (a não ser que os dispositivos não meramente de um buffer de entrada, uma
com um VFB quando o ganho é determi- sejam casados) as correntes de polarização etapa de ganho e um buffer de saída. Com
nado por Rf e Rg. Para os amplificadores permanecem iguais numa ampla faixa de menos estágios, temos menor retardo dos
CFB, se o ganho é aumentado pela redução condições de operação. sinais no circuito sem realimentação. Isso se
do valor de Rg, em lugar de se aumentar Quando tanto a tensão de alimentação traduz em uma faixa passante mais ampla.
Rf, então a banda passante passa a ser como a tensão da entrada em modo comum A topologia básica de um CFB, exibida na
independente do ganho. são alteradas, as variações nas tensões cole- figura 7,tem uma única etapa de amplificação.O
Esta expressão mostra a importância de tor-emissor dos transistores são iguais para único nodo de alta impedância desse circuito é na
Rf para os amplificadores CFB. As folhas de os dois transistores, pois eles são casados. entrada para o bufffer de saída.Os amplificadores
dados dos CFB fornecem os valores de Rf Outras variações que podem surgir também VFB, em geral, exigem dois ou mais estágios para
recomendados para diversas faixas de ganhos. afetam os dois transistores da mesma for- que tenham ganho suficiente.Essas etapas adicio-
Um Rf muito grande ou muito pequeno pode ma, mantendo a tensão de offset baixa. Isso nais acrescentam um retardo ao sinal e levam a
comprometer a estabilidade. Por este motivo, resulta numa boa CMRR e PSRR. menores faixas passantes estáveis.
o resitor de feedback Rf pode ser usado para
ajustar a resposta de frequência. Topologia interna do CFB Distorção
Como regra geral, se o valor recomen- A etapa de entrada de um amplificador A distorção de um amplificador é afetada
dado de Rf é dobrado, a faixa passante será CFB também permite associar algumas pela distorção do ganho sem realimentação
cortada pela metade. características importantes. e pela velocidade média no circuito com
A etapa de entrada de um amplificador realimentação. A quantidade de distorção
Topologia Interna dos VFB desse tipo é apresentada na figura 6. sem realimentação contribui menos para o
Observando as características sem O que temos é um buffer de tensão. desempenho de um amplificador CFB devido
realimentação das topologias dos dois tipos Para a tensão de offset ser zero, a tensão à simetria básica desta topologia.
de amplificadores, as diferenças começam de entrada nos transistores NPN deve ser Observando novamente o circuito da
a ser mais perceptíveis. Entretanto, uma casada com Vcc do transistor PNP. figura 7, vemos que para cada transistor NPN
análise mais detida das etapas de entrada Como esses dispositivos são construídos existe um complementar PNP.
mostra diferenças ainda maiores entre os de forma diferente, não podemos esperar A velocidade é outro fator importante
VFB e CFB. que eles possuam características casadas. A que contribui para a distorção. Em muitas
Um amplificador VFB típico tem uma corrente de polarização não inversora é a configurações, o amplificador CFB tem uma
etapa de entrada semelhante à mostrada diferença entre as duas correntes de base, o faixa mais ampla que o equivalente VFB. Isso
na figura 5. que significa que a corrente de polarização significa que para uma determinada frequência,
Os amplificadores VFB possuem carac- de base depende de erros que ocorram no a parte mais rápida tem maior ganho e, com
terísticas DC melhores do que a dos ampli- estágio seguinte. isso, menor distorção.
ficadores CFB. Dentre as características dos
amplificadores VFB, destacamos: Vantagens da Topologia CFB Taxa de crescimento
• Baixa tensão de offset de entrada; Uma vantagem esquecida dos CFB é A performance em relação à taxa de cres-
• Correntes de polarização de entra- que eles normalmente precisam de menos cimento também é melhorada pela topologia
da casadas; estágios internos de ganho do que os equi- do CFB.Tomando como referência a figura 7,
• Alta relação de rejeição de fonte; valentes VFB. Ademais, os CFB consistem outra vez, vemos que a taxa de crescimento
• Boa rejeição em modo comum.
Uma análise da estrutura das etapas
de entrada das duas topologias explica as
vantagens dos VFB em operação DC.
A estrutura da etapa de entrada de um
VFB é a razão para esse desempenho.A etapa
de entrada utiliza um único par diferencial
com dois transistores bipolares que operam
com a mesma tensão e corrente de polariza-
ção. Essa configuração também é chamada de
“circuito balanceado”, dada a simetria entre
as duas entradas. Devido a essa simetria, não
existem tensões de offset (a não ser que os
dispositivos não sejam casados).
As entradas são as bases dos dois
transistores. Apesar das correntes de base
poderem variar consideravelmente devido
a processos de fugas e temperatura, nova- F4. Esquema inicial p/ F5. Etapa de entrada de
análise dos CFBs. um amplificador VFB.

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tecnologias
é determinada pela relação com que os dois CFB se encaixa em uma aplicação que exige Por outro lado, um amplificador VFB se
segundos transistores podem atuar sobre os altas taxas de crescimento, baixa distorção encaixa nas aplicações onde baixas tensões
capacitores de compensação Cc. ou a capacidade de se fixar o ganho e a faixa de offset ou especificações de baixo ruído
A corrente que pode ser fornecida por passante de forma independente. sejam necessárias. E
estes transistores é dinâmica e não é limita-
da a nenhum valor fixo como acontece nas
topologias VFB.
Com um sinal em degrau na entrada ou
uma condição de sobrecarga, a corrente
que flui nos dois transistores é aumentada,
e a condição de sobre-excitação é rapida-
mente eliminada.
Para a primeira ordem não existe limite
na taxa de crescimento para esta arquitetura.
Alguns amplificadores VFB têm estruturas
de entrada similares aos amplificadores
CFB de modo a tirar mais vantagem das
possibilidades de uma taxa de crescimento
mais alta. A combinação de faixas passantes
mais altas e taxas de crescimento permite
aos dispositivos CFB ter uma performance
respeitável em relação a distorção, enquanto
operando com baixas potências.
A disponibilidade de amplificadores ope-
racionais nas topologias VFB e CFB permite
aos projetistas selecionarem o melhor am- F6. Etapa de entrada de um F7. Topologia básica de um
plificador para sua aplicação. Um amplificador aplificador CFB. amplificador CFB.

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tecnologias

Conheça os Núcleos
Newton C. Braga

Magnéticos
O
Núcleos de materiais ferrosos ocupam s materiais magnéticos são utiliza- Transformadores de RF
posição de destaque dentre os elementos que dos basicamente com a finalidade Os transformadores de radiofrequ-
são usados na fabricação de diversos tipos de de concentrar as linhas de força ência ou RF operam normalmente com
do campo magnético criado por baixos níveis de energia em frequências
componentes eletrônicos. Entre os mesmos
uma bobina (ou por condutores) por onde acima de 500 kHz.
destacamos os indutores, transformadores, circulam correntes elétricas, conforme Suas aplicações mais comuns encon-
reatores, etc. Os materiais que apresentam mostra a figura 1. tram-se no acoplamento de sinais entre
propriedades magnéticas apropriadas para a De acordo com a natureza da corrente, etapas de um amplificador e no desaco-
construção desses dispositivos podem ser os teremos a indicação de diversos tipos de plamento da componente DC do circuito,
mais diversos e, além disso, empregados de núcleos. Assim sendo, as aplicações práticas observe a figura 3.
para os núcleos magnéticos serão separadas Nesta categoria podemos incluir alguns
várias formas, sozinhos ou associados.
nas seguintes categorias de componentes: transformadores de uso específico como
Neste artigo, vamos abordar um pouco os os baluns (balanced-unbalanced).
usos desses materiais Tranformadores de Potência
A finalidade básica de um transfor- Transformadores
mador de potência é converter a energia de Precisão
disponível na forma de uma corrente alter- São transformadores empregados
nada em uma ou mais tensões diferentes, como sensores e em instrumentação.
isolando o circuito fornecedor do circuito Um tipo comum é o transformador de
alimentado, veja a figura 2. corrente (Current Transformer ou CT), que
Podemos dividir os transformadores é usado em aplicações industriais para a
de potência em duas categorias. Os que conversão de energia.
operam com baixa frequência, normalmen- Outro tipo é o Flux Gate Magnetometer
te abaixo de 1 kHz, e os que operam com (Magnetômetro de Fluxo de Comporta)
alta frequência, acima de 1 kHz. que é utilizado para detectar campos mag-
Variações desses tipos são os transfor- néticos muito fracos ou ainda variações
madores de banda larga, transformadores muito pequenas do campo magnético. Uma
casadores de impedância e transformado- aplicação deste tipo de componente é na
res de pulsos. detonação de minas pela aproximação de

F1. As linhas de força do campo F2. Transformador de potên-


são concentradas. cia com dois secundários.

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tecnologias
estruturas (navios) que alterem o campo Materiais Manganês-Zinco
magnético da Terra no local (pela sua pre- Para cada tipo de aplicação deve ser Trata-se de um tipo de ferrite macia
sença), conforme ilustra a figura 4. colocado o material apropriado. Há uma de grande permeabilidade e baixas perdas
grande variedade de tipos, cujas composi- por correntes de turbilhão. Esse material
Reatores Saturáveis ções vão determinar as suas características pode operar com frequências que vão de
São componentes aplicados para o magnéticas. Apesar de haver uma padroniza- 1 kHz a 1 GHz (e até mesmo mais).
controle de tensão e corrente em circuitos ção quanto a designação, muitos fabricantes As densidades de fluxo de saturação
de alta potência. podem adotar nomes próprios para designar são baixas, ficando na faixa de 2.500 a
Fornos industriais e reguladores de seus materiais. Os principais tipos são: 4.000 gauss. Devido às suas baixas perdas
tensão de alta potência são alguns dos em frequências elevadas, essas ferrites são
equipamentos que usam esses reatores. Ferrite Macia usadas amplamente em transformadores
Uma variação desse dispositivo é o Esse tipo de material é obtido do de fontes chaveadas, indutores de filtros,
amplificador magnético ou MAG AMP, que óxido de ferro tirado da própria terra. amplificadores magnéticos e transforma-
opera segundo o mesmo conceito de se Metais como o níquel, zinco e manganês dores de corrente.
controlar uma corrente através da satura- são adicionados ao ferro para obter esse
ção do núcleo. Fontes chaveadas também tipo de núcleo. Núcleos Laminados
empregam esses componentes. O material é, então, prensado e co- São as conhecidas chapas de transfor-
zido de modo a se obter uma estrutura madores nos formatos EE, UI, EI - atente
Indutores Puros cristalina, que dota a ferrite assim obtida para a figura 6.
São componentes de uso geral, cuja com as propriedades magnéticas que a Normalmente são fabricadas em fer-
finalidade é apresentar uma indutância caracterizam. ro-silício, do tipo sem orientação ou com
em um circuito elétrico ou eletrônico.
Dentre as aplicações desses dispositivos
podemos citar os filtros, circuitos sinto-
nizados etc.
Os filtros contra EMI também devem
ser citados como aplicações importantes
para esses componentes.

Indutores para Armazena-


mento de Energia
A finalidade desses indutores é forne-
cer a energia armazenada no seu campo
magnético, quando a tensão no circuito é
comutada.
A aplicação mais comum encontra-se
em fontes chaveadas, conforme mostra o
circuito da figura 5, em que ele opera em F3. Transformador de RF para o aco- F4. Campo magnético da Terra defor-
conjunto com um capacitor de filtro. plamento entre etapas. mado pela presença do navio.
Quando a corrente que circula pelo
indutor cessa pela comutação do transis-
tor, que passa ao estado “off”, as linhas de
força do campo magnético do indutor se
contraem induzindo uma tensão inversa.
Essa tensão continua a alimentar o circuito,
ajudando assim a obter uma tensão contí-
nua de saída constante.

Transformadores Flyback
Trata-se de um tipo especial de trans-
formador que armazena energia e, ao
mesmo tempo, a transfere.
Normalmente é usado em conversão
de potência de baixo custo, como em
fontes chaveadas, fontes de altas tensões F5. Uso do indutor L em filtro F6. Chapas de ferro (EI) para
de monitores de vídeo e televisores. para fonte chaveada. núcleos laminados.

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tecnologias
alto grau de orientação. Outros materiais
utilizados são o ferro-níquel e o ferro-
cobalto.
Dada a sua forma de fabricação, os
custos são altos. Elas devem ser fabricadas
uma a uma e empilhadas de modo a formar
o núcleo. Este tipo de núcleo é o mais
colocado em aplicações que envolvem a
corrente alternada de 60 Hz.

Ferro em Pó
Esses núcleos são fabricados com
aproximadamente 99% de ferro puro na
forma de partículas extremamente peque-
nas. Esse material é misturado com uma
substância isolante e, depois, prensado,
resultando assim em materiais com pro-
priedades magnéticas importantes.
Normalmente, são utilizados agentes
colantes após a prensagem. Essa prensa-
gem deve ser cuidadosamente dosada, pois
deseja-se apenas que as partículas fiquem
próximas mas não haja contato elétrico
entre elas.
Na figura 7 mostramos a sequência tí-
F7. Sequência da fabricação pica de fabricação de núcleos deste tipo.
dos núcleos de ferro em pó. A permeabilidade obtida para os núcle-
os deste tipo é da ordem de 90. Podemos
dividir os núcleos fabricados com este
material entre três categorias, quanto a
permeabilidade:
a) Alta permeabilidade (60 – 90) que
são usados em filtros de armaze-
namento de energia e contra EMI,
com frequências de operação até
uns 75 kHz;
b) Média permeabilidade (20 – 50)
que são empregados em transfor-
madores de RF, indutores puros,
indutores de armazenamento de
energia em frequências nas faixa de
50 kHz a 2 MHz. Fontes chaveadas
de 250 kHz a 1 MHz se beneficiam
bastante do uso de indutores
com este tipo de material como
núcleo;
c) Baixa permeabilidade (7 – 20) que
são aplicados em circuitos de RF na
faixa de 2 MHz a 500 MHz. Alguns
componentes com este tipo de nú-
cleo podem operar em frequências
até 1 GHz.
Existem ainda outros tipos de materiais
usados na fabricação de núcleos e que se
F8. Processo de fabricação classificam no grupo dos “ferrites”. Pode-
dos núcleos toroidais. mos citar o MPP, que é feito prensando-se

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tecnologias
81% de níquel, 2% de molibdênio e 17% com ferro, silício e alumínio. Esse tipo de Como calcular
de ferro. Esse material pode ter permea- material é popular na fabricação de indu- Indutores Toroidais
bilidades entre 14 e 350, servindo para a tores para filtros EMI. As permeabilidade dos ferrites usados
fabricação de núcleos toroidais. em núcleos de componentes como toroi-
Como esses materiais podem ser Núcleos Toroidais em Fita des pode variar entre 20 e mais de 15 000.
fabricados com permeabilidade dentro Esse tipo de núcleo, cujo processo de Da mesma forma, os núcleos podem ter
de certos valores bem definidos, eles são fabricação é exibido na figura 8, pode ter dimensões (diâmetros) que variam entre
ideais para a manufatura de indutores as mais diversas composições como: 3 mm e mais de 6 cm.
puros. A maior faixa de uso, entretanto, • Deltamax (50% Ni/ 50% Fe); Para calcular o número de espiras de
está nos materiais cujas permeabilidades • 4750 (47% Ni/ 53% Fe); um indutor toroidal, temos as fórmulas
estão entre 60 e 170. • Mo-Permalloy 4-79 (80% Ni/ 4% mostradas a seguir:
Um outro material empregado na Mo / 16% Fe);
indústria de núcleos é o formado por • Supermalloy (80% Ni/ 4% Mo/ 16%
uma liga contendo 50 % de níquel e Fe)
50 % de ferro. Esse material é denominado • e muitas outras.
“Hi-Flux”, podendo ter permeabilidades Conforme o nome sugere, os núcleos
de 14 a 160. são fabricados a partir de uma fita do
Como os componentes feitos com material que é enrolada de modo a formar
esses núcleos podem suportar altos fluxos os toróides. Onde:
(até 6500 gauss), eles são ideais para apli- A aplicação vai depender da natureza N = número de espiras
cações que envolvem o armazenamento dos materiais empregados na fabricação e L = indutância em mH
de energia. pode variar bastante, uma vez que temos A L = índice de indutância em
O super MSS é um material com per- saturações numa ampla faixa de valores mH/1000 espiras.
meabilidades entre 25 e 125, sendo feito assim como a permeabilidade. E

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ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

tecnologias
Valdemir Cruz

RFID:
Identificação por
Radiofrequência

T
Cada vez mais, a tecnologia da identifi- odos os leitores devem se lembrar O Transponder Passivo
cação por radiofrequência faz parte do nosso do terrível acidente aéreo, ocorrido É aquele dispositivo constituído por
dia-a-dia. Muitas vezes temos esta tecnologia em setembro de 2006, envolvendo o alguns componentes: um chip de silício, uma
ao nosso lado, trabalhando por nós, e não Boeing 737 da Gol (Vôo 1907) e o antena e um substrato de filme plástico ou
nos atentamos a respeito disto. Ela está Embraer Legacy 600, o qual estava voando um encapsulamento (normalmente vidro,
para os EUA para ser entregue a um Cliente plástico ou epóxi).
presente nas aplicações mais cotidianas e nas
comprador daquele país. Ele é dito passivo pela ausência de uma
aplicações mais sofisticadas e complexas. RFID Noticiou-se muito, na época, a respeito bateria junto a este conjunto de compo-
é um acrônimo do nome “Radio-Frequency do desligamento de um equipamento do nentes. A sua alimentação vem da energia
IDentification”. Legacy por parte da tripulação, que viria gerada pela antena do leitor. (Figura 1)
a impedir o radar do controle de tráfego Ainda nesta família, podemos dividir
aéreo de receber as informações fidedignas estes transponders em três grupos: os
a respeito do posicionamento desta aero- transponders de baixa frequência, os trans-
nave; bem como impediria, também, que o ponders de alta frequência e os transpon-
conjunto de equipamentos de prevenção ders de ultra- alta frequência, conforme
de colisão (Traffic Collision Avoidance System espectro mostrado na figura 2.
- TCAS), existente em ambas as aeronaves,
conseguisse cumprir sua função e evitar a Transponder LF:
colisão fatídica. Pois é, o tal equipamento que Baixa frequência:
foi desligado é um transponder, em uma de Os primeiros transponders a surgirem
suas aplicações sofisticadas e complexas. para as aplicações comerciais (antes disto,
Quando falamos em transponder, temos já existia para aplicação aeronáutica, desde
que dividi-lo, primeiramente, em dois grupos: os anos 40), em meados dos anos 80, foram
o grupo dos transponders passivos e o grupo os transponders de baixa frequência — LF.
dos transponders ativos. Cada fabricante utilizava seu padrão de

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tecnologias

F1. Transponder F2. Espectro de RF =


passivo. LF + HF + UHF.

funcionamento e frequência de operação,


podendo variar desde 125 kHz a 135 kHz.
(figura 3)
Todos os fabricantes utilizam a frequência
de 125 kHz; a menos da Texas Instruments,
que optou por seu padrão de funcionamen-
to, half-duplex, frequência de operação em
134,2 kHz. Os demais fabricantes, que ope-
ram em 125 kHz, têm padrão de funciona-
mento full-duplex.
No sistema half-duplex, o leitor emite
um sinal em alta potência, o que serve
para interrogar o transponder e, ao mes- F3. Transponder F4. Transponder
mo tempo, para alimentá-lo. Em seguida, LF. HF.
o leitor se cala e aguarda a resposta do
transponder. Este padrão de funcionamento de fábrica e área de memória livre) para o transponder é fabricado a partir de um filme
é um pouco mais lento do que os demais, armazenamento de informações de uso da fino de plástico PET, com a antena depositada
contudo, permite maior distância na leitura aplicação. em material condutor e, no centro, o chip. Este
do transponder. tipo de transponder é muito utilizado em eti-
No sistema full-duplex, o leitor fica Transponder HF: quetas para identificação de caixas e pacotes
emitindo de forma contínua seu sinal e, Alta frequência na logística e, o leitor poderá ler dezenas de
o transponder, para responder, modula o Em meados dos anos 90, os fabricantes transponders simultaneamente e é bastante
retorno deste, ao leitor. Como o leitor está começaram a desenvolver seus dispositivos indicado na leitura em confinamento, ou seja,
energizando continuamente o transponder, operando em alta frequência — HF (13,56 na leitura de caixas e pacotes nas esteiras.
permite-se maior velocidade na transação e, MHz). Por ser uma frequência mais elevada, Os transponders ISO14443, que também
facilita a leitura de mais de um transponder com a velocidade de transação bem maior, podem ser construídos da mesma forma que
simultaneamente. Contudo, reduz-se a dis- comparativamente à baixa frequência, estes o ISO15693, operam na mesma frequência,
tância de leitura do mesmo. transponders já começaram a agregar mais possuem um UID de 32 bits e bastante área
Vale salientar que, nesta frequência, cada funcionalidades. Contudo, no intuito de de memória não volátil para uso da aplicação,
fabricante opera a sua maneira, e desta for- possibilitar o intercâmbio entre fabricantes, contudo, com a limitação na distância de leitura
ma, não há como intercambiar dispositivos foi criada uma norma internacional assina- (até 10 cm), para prover maior segurança nas
entre diversos fabricantes. Basicamente, lando as diretrizes de funcionamento desta transações. Lembrando que este padrão foi
estes transponders possuem um UID de 32 nova tecnologia: ISO15693 para logística e concebido para bilhetagem, ou seja, para arma-
ou 64 bits (UID significa número de iden- ISO14443A/B para bilhetagem. (figura 4) zenar informações financeiras e monetárias.
tificação única), há modelos somente para Os transponders ISO15693 possuem um A marca mais conhecida, para este tipo
leitura (somente com UID), há modelos para UID de 64 bits e possibilidade de páginas de de transponder, é a Mifare, que foi de pro-
gravação e leitura (onde o UID vem “zerado” memória não volátil, para uso livre da aplica- priedade da Philips e hoje, pertence à NXP.
e o Usuário atribui um UID ao transponder), ção. Operam em 13,56 MHz, full-duplex. Na Quando se fala em um cartão Mifare, na
e, há modelos multipaginados (com UID grande maioria das ocorrências, este tipo de realidade, está se falando em um transponder,

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tecnologias

F5. Transponder encapsu- F6. Transponder


lado em PVC. UHF.

encapsulado em plástico PVC (conforme na leitura do transponder, podendo chegar sobre uma placa de circuito impresso (PCI)
Norma ISO: 7810/7811) e, que opera confor- a mais de 10 metros, dependendo das e acondicionados em gabinete plástico ABS.
me a Norma ISO14443A. Outros fabricantes condições ambientais e da construção do Normalmente, divididos em circuito lógico
(TI, STM etc) operam conforme a Norma transponder e leitor. ou de controle, e circuito analógico de po-
ISO14443B. (figura 5) Grandes fabricantes de semicondutores tência (analog front-end).
provêm chips para a fabricação de transpon- Dependendo do fabricante do transpon-
Transponder UHF: ders passivos, tais como, Texas Instruments, der ativo, este circuito eletrônico pode estar
Ultra- Alta Frequência NXP Semiconductor, STMicroelectronics, contido dentro de um único chip, conhecido
No início dos anos 2000 iniciou-se um Atmel Corporation e EM Microelectronic. por ASIC(Application Specific Integrated Cir-
movimento para possibilitar a substituição No caso da Texas Instruments, é dispo- cuit). O chip ASIC é um chip desenvolvido
do código de barras EAN-13, na cadeia nibilizado um portfólio bastante extenso de unicamente para um produto e/ou para
varejista, por RFID. Contudo, antes que transponders de baixa e alta frequência. No uma aplicação, neste caso, um chipset para
cada fabricante desenvolvesse seu próprio caso da NXP Semiconductor, há a disponibi- transponder ativo.
padrão, os maiores interessados (grandes lização de alguns modelos de transponders e, Por ser alimentado por bateria, o
grupos varejistas, fabricantes de semicon- um portfólio bastante diverso de chips para transponder ativo possui maior potência
dutor e provedores de solução) se juntaram a fabricação destes transponders. na sua transmissão e, por consequência,
para a criação do padrão EPC, no português, Para transponder UHF, os fabricantes de possibilita maior distância na sua leitura;
Código Eletrônico de Produto. Nascem, semicondutores fornecem somente o chip, além de outras funcionalidades, especifica-
neste novo padrão, os transponders que para que outros agentes desta cadeia fabri- das pela aplicação.
operam na faixa dos 900 MHz. (figura 6) quem o transponder, conforme as diversas
Diferentemente dos transponders de aplicações e possibilidades de uso. Aplicações no Mercado
baixa (125 kHz a 135 kHz) e alta frequência No geral, o custo unitário de um
(13,56 MHz), que se comunicam através do O Transponder Ativo transponder ativo é maior do que de um
acoplamento magnético, onde a antena do É aquele dispositivo dotado de circuito transponder passivo. Este fator implica, e
transponder e a antena do leitor nada mais eletrônico, antena, substrato ou encapsula- muito, na escolha da tecnologia RFID, no
são do que bobinas que funcionam como mento e, sobretudo, a bateria para prover momento da tomada de decisão.
se fossem o primário e o secundário de um energia autônoma. Figura 8. Como já mencionado, o RFID está pre-
grande transformador; no transponder e Não há um padrão definido para trans- sente na vida de todos. Para exemplificar,
leitor de ultra- alta frequência — UHF, há o ponder ativo e nem frequência de operação vamos tentar ilustrar a cadeia de produção
princípio da propagação da onda eletromag- (pode variar desde 125 kHz a até 5,8 GHz). de algumas aplicações mais típicas:
nética. A antena do transponder, ao invés Cada aplicação especifica as condições gerais
de ser uma bobina, forma um dipolo (na para o uso de um dispositivo identificador Sistema de Controle de
maioria dos casos) que propicia a existência por radiofrequência, inclusive com normas Acesso e Ponto Eletrônico
de campo elétrico e magnético na condução internacionais ou regionais. Esta aplicação, bem aderente às tecno-
da informação, nas transações entre o trans- Diferentemente do transponder passivo, logias RFID (LF e HF), talvez a mais comum
ponder e o leitor. (figura 7) que utiliza um único chip, a construção de um e com a maior quantidade de integradores
Como este tipo de transponder utiliza transponder ativo, requer um conjunto de disponíveis no mercado, foi a que possibi-
o princípio da propagação da onda eletro- chips, ou seja, um circuito eletrônico com- litou a popularização da tecnologia RFID
magnética, possibilita uma distância maior posto por diversos componentes, montados no Brasil.

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tecnologias

F7. A informação se propaga F8. Transponder F9. Cartões de prox-


segundo os campus E e H. ativo. imidade RFID.

Até início dos anos 90, os crachás de


controle de acesso e de controle de ponto
eletrônico, utilizam a tecnologia do código
de barras e, em alguns casos, a tecnologia da
tarja magnética.
Estas duas tecnologias são frágeis, no
que tange à segurança dos dados armaze-
nados no crachá e de fácil replicação por
falsificadores.
Além disto, para a leitura destes crachás,
o usuário tinha que passá-lo numa fenda
(chamada slot reader), com o crachá posicio-
nado da forma absolutamente correta e na
velocidade também correta, para que a leitura
tivesse sucesso. Isto provocava, desta forma, F10. Transponder tipo F11. Tag ativa p/ controle de
um gargalo no processo, principalmente, nos chaveiro. acesso veicular.
sistemas de controle de ponto eletrônico ou
catraca de acesso, onde há uma fila de pessoas Outro formato de transponder para Cadeia fornecedora
aguardando para utilizar o sistema. controle de acesso de pessoas, menos Fabricante de Semicondutor → Dis-
Com o advento da tecnologia RFID e utilizado porém, é o transponder tipo tribuidor → Indústria → Integrador →
os cartões de proximidade (transponder chaveiro, que, como o nome bem diz, pode Cliente.
encapsulado em PVC conforme a Norma ser transportado pelo usuário junto ao seu Os fabricantes de semicondutores
ISO7810), a operação de acesso em catracas molho de chaves. Figura 10. fornecem, através da distribuição oficial,
e a tomada do ponto eletrônico ficaram Quando falamos em sistema de contro- todos os componentes eletrônicos neces-
extremamente mais rápidas, evitando, ou di- le de acesso, não podemos nos esquecer sários para a fabricação de transponder e
minuindo absurdamente, as filas. (figura 9) do controle de acesso veicular, bastante leitor RFID.
Outra vantagem da tecnologia RFID, nesta utilizado em condomínios residenciais e Empresas com objetivo industrial fabri-
aplicação, é a possibilidade de se combinar comerciais. cam, através da utilização destes compo-
com a tecnologia biométrica, onde o padrão Tags maiores e mais potentes são insta- nentes, os transponders tipo cartão, tipo
biométrico do usuário fica armazenado na ladas no vidro parabrisas do veículo, ou no chaveiro ou automotivo, bem como os
memória do chip RFID e, ao aproximar o car- chassi (parte inferior do veículo), e, leito- leitores RFID e seus agregados de infraes-
tão do leitor, esta informação é confrontada res/antenas, adequadamente posicionadas, trutura e controle.
com a informação lida pelo leitor biométrico fazem a leitura destes tags e enviam o UID Para que a solução RFID chegue ao
(digital, íris, face, mão etc.). Desta forma, pode- para o sistema analisar e permitir, ou não, Cliente Final, há um agente muito impor-
se aumentar muito a segurança no sistema o acesso deste veículo ao local desejado. tante, envolvido nesta cadeia: trata-se do
de acesso de pessoas a determinados locais Figura 11. integrador.
e a determinadas informações, como por Para controle de acesso veicular, a uti- O integrador tem a missão de identifi-
exemplo, em um sistema de acesso a banco lização de tag ativa se encontra em curva car a necessidade do Cliente Final e unir a
de dados hospedados em servidores. ascendente. mais aderente tecnologia RFID (transpon-

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tecnologias
ders e leitores) aos demais hardwares de que não são possíveis no código de barras, é a possibilidade do inventário em tempo
infraestrutura e controle, a um software mesmo utilizando o código 2D, que permite real, nas suas lojas. Pois, o grande problema
gestor do sistema; instalar tudo isto no uma grande quantidade de informações, in- enfrentado hoje, onde o código de barras
local da utilização, “startar” o sistema, viabiliza a gravação de informações ao longo EAN-13 ainda impera, é saber o momento
treinar todos os envolvidos e usuários, do processo de movimentação, necessitando exato de transferir mercadorias estocadas
e por fim, manter o sistema funcionando a inclusão de novas etiquetas de código de no almoxarifado das lojas para as gôndolas.
perfeitamente através dos tempos. barras, com as novas informações. Acredito que muitos dos leitores já
O leitor de código de barras não conse- foram ao supermercado em busca de de-
Sistema de Movimentação gue ler mais de uma etiqueta simultaneamen- terminados produtos e não os encontraram
de Materiais te, bem como ler etiquetas que estejam den- nas prateleiras. Contudo, o mais cruel desta
Esta aplicação, bem aderente às tecno- tro de caixas master. Para o leitor RFID, isto história é que, na grande maioria das vezes,
logias RFID (HF e UHF), talvez seja a mais não é problema. Ele lê e grava informações, o produto está disponível no almoxarifado
potencial a médio e longo prazo no Brasil. em diversas etiquetas eletrônicas a qualquer do supermercado e não foi reposto na gôn-
Como o mercado brasileiro é muito momento ou fase do processo. Com certeza, dola. Para evitar este tipo de ocorrência, o
sensível ao custo, a utilização da tecnolo- traz mais confiabilidade e muito mais agilida- supermercado tem que dispor de um bata-
gia do código de barras ainda impera nos de aos processos, principalmente nestes dias lhão de empregados repositores, que devem
centros de distribuição e na cadeia varejista atuais, onde a presença das lojas virtuais está rodar a loja constantemente para verificar
brasileira. Contudo, esta realidade tende a crescendo cada vez mais.As lojas são virtuais, se algum produto está em falta e necessita
mudar dentro de alguns anos. mas os produtos por elas comercializados reposição. Isto gera custo de mão-de-obra
Em meados dos anos 90, a IATA - Interna- são reais e precisam chegar rapidamente nos e, principalmente, desconforto ao Cliente
tional Air Transport Association iniciou o estudo lares dos Clientes. Desta forma, precisa-se de deste supermercado, pois, os corredores
prático para a substituição do código de bar- agilidade tanto nos centros de distribuição ficam abarrotados de pallets com produtos
ras no check-in e transporte de bagagens no destas lojas quanto nos centros de distri- atrapalhando a passagem das pessoas e dos
sistema aeroportuário. Esta intenção ajudou buição dos transportadores de mercadorias carrinhos.
no desenvolvimento da tecnologia HF e o contratados. A implantação da tecnologia RFID
nascimento da norma ISO15693. Impressoras de código de barras, lar- numa loja de supermercado requer muitas
Em alguns aeroportos do mundo foram gamente empregadas em sistemas de intervenções, como, a substituição das atuais
montados grandes leitores RFID (para movimentação de materiais, atualmente
testes de campo), contudo, devido à alta já possuem a habilidade de, além da im-
complexidade da aplicação, que envolve pressão visual das informações na etiqueta
todos os aeroportos do mundo e os fabri- (via cabeça térmica), também gravarem as
cantes de aeronaves, predominantemente, informações no chip RFID, instalados nestas
até o momento, ainda convivemos com a etiquetas eletrônicas através de módulo
etiqueta de código de barras grudada à gravador OEM adequadamente posicionado
nossa bagagem quando viajamos. no interior destas. Figura 14.
Veja ao lado, imagem de um leitor RFID Outro mercado bastante potencial é a
HF, que foi montado como um portal numa cadeia varejista, os grandes supermercados
esteira de bagagens no terminal 1 do aero- já dispõem de lojas conceituais, onde os
porto de Heathrow, em Londres, Inglaterra. produtos são identificados por etiquetas
Figura 12. eletrônicas.
Este leitor foi integrado por uma em- A grande vantagem do advento desta F12. Leitor RFID em terminal
presa utilizando tecnologia Texas Instru- tecnologia para a cadeia supermercadista de aeroporto.
ments e leitor da alemã Feig Electronics.
Apesar dos aeroportos ainda não usarem
o RFID no seu dia-a-dia, a tecnologia HF foi
adotada por empresas de logística ao redor
do mundo, sobretudo na Europa e EUA, onde
a mão-de-obra é mais cara. Figura 13.
A grande vantagem do RFID sobre o
código de barras é que uma etiqueta ele-
trônica, além de seu UID, disponibiliza área
de memória para a gravação de informações
pertinentes a uma determinada movimen-
tação, tais como: origem, destino, número
de lote, número de NF, data e hora de cada
movimento, agentes envolvidos etc. Coisas F13. Empresas de logística
adotam o RFID-HF.

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tecnologias
gôndolas de metal por gôndolas de material A fabricação de leitores e antenas RFID, O uso da tecnologia RFID na cronome-
isolante, provavelmente, à base de plásticos; principalmente para a tecnologia UHF, ainda tragem esportiva surgiu nas Olimpíadas de
a substituição dos atuais carrinhos, também está a cargo das empresas europeias e norte 1986, em Atlanta, EUA.
de metal, por carrinhos plásticos e a inclusão americanas. No Brasil, certamente, centenas de milha-
de baias com portal RFID no lugar das atuais Tal qual no sistema de controle de acesso, res de pessoas a cada ano vestem em seus cal-
caixas registradoras. Em compensação, have- aqui, o integrador também tem a missão de çados esportivos, o chip eletrônico, dispositivo
rá a redução na quantidade de empregados identificar a necessidade do Cliente Final e unir a indispensável para que a tomada de tempo e
necessários por loja. mais aderente tecnologia RFID (transponders e o levantamento de curva de desempenho do
No entanto, ainda há muitos desafios leitores) aos demais hardwares de infraestrutura atleta sejam viabilizadas. Figura 15.
a serem vencidos pela frente, um deles é e controle, a um software gestor do sistema; Grandes tapetes são posicionados no
o custo da implantação desta tecnologia, instalar tudo isto no local da utilização,“startar” chão das vias públicas, por onde milhares de
principalmente no Brasil onde o custo é o sistema, treinar todos os envolvidos e usuá- pés passam de forma apressada rumo à fita
relevante. rios, e por fim, manter o sistema funcionando de chegada. A cada passada, estes tapetes,
perfeitamente através dos tempos. que na realidade são grandes antenas RFID
Cadeia fornecedora
Fabricante de Semicondutor → Dis- Sistema de Cronometragem
tribuidor → Indústria → Integrador → Esportiva
Cliente. Esta aplicação, bem aderente às tecnolo-
Os fabricantes de semicondutor forne- gias RFID LF e UHF, está presente no dia-a-
cem, através da distribuição oficial, todos os dia dos esportistas amadores mundo afora,
componentes eletrônicos necessários para a inclusive no Brasil.
fabricação de transponder. Quem não conhece a famosa Corrida
Empresas com objetivo industrial fabri- Internacional de São Silvestre? Ou a Maratona
cam, através da utilização destes componen- Internacional de São Paulo? Ou a Volta Inter-
tes, os transponders tipo etiqueta e agregados nacional da Pampulha? Ou a Meia Maratona
de infraestrutura e controle pertinentes. Internacional do RJ? F14. Impressora de
código de barras.

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tecnologias
conectadas aos leitores RFID, leem o chip do
atleta e enviam o UID do transponder para
um software especializado em processar esta
informação. Figura 16.

Cadeia fornecedora
Fabricante de Semicondutor → Distribui-
dor → Provedor da Solução → Cliente.
O fabricante de semicondutor fornece,
através da distribuição oficial, todos os
componentes eletrônicos necessários para a
fabricação de transponder e leitor RFID.
Empresas com objetivo industrial fabri-
cam, através da utilização destes componen-
tes, os transponders adequados, bem como
os leitores e antenas RFID e seus agregados
de infraestrutura e controle.
Para que a solução RFID chegue ao Clien-
te Final, estas mesmas empresas provêm a
solução como um todo, em forma de Serviço
de Cronometragem Esportiva.
Para cronometragem de automobilismo,
o tag ativo é extremamente aderente.
Algumas empresas envolvidas:
Fabricante de Semicondutor:
• Texas Instruments.
Distribuidor da Tecnologia RFID:
• Arrow Brasil.
Indústria de leitor, antena e transponder
RFID e Integrador de Sistema:
• Chiptiming;
• Cronoserv.
A possibilidade de uso da tecnologia
RFID é infinita. Além das descritas anterior-
mente, outras podem ser citadas:
• Controle e Gestão de Ativo Imo-
bilizado;
• Identificação de Animais (gado,
ovelhas; peixes, animais de esti-
mação); F15. Calçado esportivo
• Gestão de Resíduos Sólidos; com chip eletrônico.
• Gestão de Abastecimento de
Veículos;
• Bilhetagem em Transporte Público
(Bilhete Único);
• Identificação de Chaves Automo-
tivas (Imobilização);
• Pedagiamento (Via Fácil/ Sem
Parar);
• Identificação de Pallets.
• Identificação de Pacientes em Am-
biente Hospitalar;
• Identificação e Rastreabilidade
de Enxovais em Lavanderia In-
dustrial;
• Gestão de Bibliotecas. E F16. Os tapetes são antenas
RFID conectadas aos leitores.

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abcdefghijklmnopqrstuvwxy
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

Eletrônica Aplicada
Energia

Eficiência energética
na utilização de
Acionamentos
Eletromecânicos
Willians Anderson Teixeira Coelho

D
e todos os recursos necessá- Esse é o tipo de frase que nós estamos
rios para a manutenção da acostumados a ouvir em vários setores da
sociedade moderna em que indústria nesses tempos de crise energéti-
vivemos, com certeza a energia ca e de tarifas crescentes do kWh.
é o mais fundamental. É um recurso que Pequenos ganhos percentuais em
por muito tempo tem sido considerado termos de eficiência energética são co-
como inesgotável e disponível de forma memorados como se fossem verdadeiras
irrestrita. conquistas. Neste tipo de situação, as pers-
Entretanto, assuntos como aqueci- pectivas de alcançar maiores ganhos ener-
mento global, desequilíbrio climático e géticos são simplesmente ignoradas.
escassez de recursos naturais têm levado Nesta matéria iremos mostrar que
governos do mundo todo a atentar para existem outros aspectos muito mais re-
a necessidade de otimizar a utilização da levantes do que somente o rendimento
matriz energética existente para atender do motor que devem ser levados em
a crescente demanda por energia ao in- consideração na elaboração de um projeto
vés de continuar consumindo de forma elétrico/mecânico de um sistema ou uma
predatória os recursos naturais. Não máquina com o objetivo da obtenção da
considerar esta realidade pode trazer máxima eficiência energética. A observa-
impactos futuros catastróficos ao meio ção desses fatores com certeza acarretará
ambiente e à própria manutenção da em grande economia de energia e maior
vida na Terra. Veja na figura 1 o gráfico eficiência do conjunto.
da evolução do consumo de energia
elétrica no mundo. Economias no
Estudos feitos pela ANEEL - Agência consumo de energia
Nacional de Energia Elétrica indicam que Em estudo realizado pela ZVEI (Zen-
o acionamento de máquinas e sistemas tralverband Elektrotechnik- und Elektro-
mecânicos por motores elétricos é respon- nikindustrie) na Alemanha, se concluiu
sável por cerca de 70% a 80% da energia que no ano de 2006, o potencial de econo-
elétrica consumida pelas indústrias e mia de energia da indústria alemã seria de
que aproximadamente 15% de toda essa 27.5 bilhões kWh, o que corresponde a 11
energia transforma-se em perdas. usinas de geração de energia com 400 MW
“Portanto, melhorias em termos de rendi- de potência cada uma. Isto representaria
mento (projeto construtivo do motor elétrico) uma economia de energia de 2.2 bilhões
significam grande economia de consumo de €/ano e uma redução de 16.9 milhões de
energia”. toneladas de emissões de CO2/ano.

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F1. Evolução do consumo de energia elé-
trica no mundo (Fonte : OECD, 2008).

Deste total, foi realizada uma análise


da participação dos diversos potenciais
consumidores de energia como mostra
a figura 2:
Como pode ser verificado no gráfico
desta Figura, um total de 2,2% de econo-
mia poderia ser obtido com a utilização de
motores de alto rendimento e 9% poderia
ser economizado com a utilização de acio-
namentos controlados eletrônicamente
por conversores de frequência. Ainda se-
ria possível economizar em torno de 20%
pela otimização de sistemas mecânicos
que consomem um total de 68,5%.
Estes números demonstram que o
potencial de economia possível é bem
maior que a pode ser obtida somente com
a utilização motores de alto rendimento.

Rendimento de sistemas F2. Consumo de energia elé- F3. Conceito de


eletromecânicos trica na indústria alemã. rendimento.
Para sabermos como aperfeiçoar o uso
da energia, devemos primeiramente saber • Energia potencial: m x g x ∆H; Portanto, para verificar quanta energia
o que é energia. • Energia cinética: ½ x m x v2; é utilizada para a realização de um traba-
Em física, energia é o potencial de • Energia elétrica: V x I x t; lho é necessário verificar quanta potência
trabalho armazenado em um sistema ou • Energia térmica, energia química, é consumida durante o tempo de execução
a capacidade de um sistema em realizar energia radiante, etc... do trabalho.
trabalho. Existem várias formas de ener- Ou simplesmente potência x tempo: Entretanto, boa parte do trabalho reali-
gia, por exemplo: E=Pxt zado é feito por máquinas que apresentam

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Eletrônica Aplicada
Energia
perdas internas durante o seu funciona- e pela corrente de magnetização O uso de cobre ao invés de alumínio
mento, fazendo com que uma parcela da de excitação na bobinagem do na fabricação de rotores com anel de
potência fornecida na entrada da máquina motor; curto-circuito também podem contribuir
não seja convertida em trabalho na saída • Perdas no ferro devido a correntes para a redução das perdas pela queda
da máquina, mas seja consumida pela Eddy de perdas (estator lamina- da resistividade característica do rotor e
própria máquina. do), perdas por Histerese e pela consequentemente das perdas ôhmicas do
A relação entre a potência fornecida qualidade da chapa metálica uti- motor (figura 8).
na entrada de uma máquina e a potência lilizada; O uso de motores de alto rendimento
de saída da máquina convertida em tra- • Perdas adicionais devido ao projeto possibilita ganhos consideráveis e devem
balho é conhecida como rendimento desta do motor como ventilador, perdas ser utilizados nas seguintes situações:
máquina (figura 3). por fricção de rolamentos e veda- • Muitas horas de operação diária;
Quanto maior for o rendimento de ções, fluxo eletromagnético (entre- • Maior parte das operações com car-
uma máquina maior será a utilização por ferro), harmônicos entre outros. ga próxima a nominal (>75%);
parte desta máquina da potência na sua Veja a representação gráfica destas • Poucas operações de partidas e
entrada para a execução de um trabalho perdas na figura 5. paradas e de frenagem;
na sua saída. Os métodos possíveis para minimizar • Ciclo de operação continuo (S1).
O rendimento de uma máquina estas perdas e aumentar o rendimento do O uso de um motor de alto rendimento
completa é obtido pelo produto do motor elétrico são o aumento das dimensões não trará ganhos significativos em termos
rendimento de todos os estágios que das partes ativas do motor ou pela utilização de economia de energia nas seguintes
compõem o sistema: conversor de frequ- de materiais mais nobres com uma menor situações de operação:
ência, motores, redutores, transmissões resistividade na fabricação do motor. Na • Baixa utilização;
externas (sistemas de polia/correia, fusos, figura 6 vemos uma representação das regi- • Baixo número de operações por
etc), ou seja, todas as partes envolvidas ões de perda de energia no motor elétrico hora;
no processo de acionamento. Observe a Podemos ver na figura 7 que para • Aplicações de partida e parada
figura 4. uma mesma potência mecânica, o au- (ciclo de trabalho >S1);
Os esforços no sentido de aumentar o mento das dimensões mecânicas D²L • Aplicações com restrições de espa-
rendimento do motor elétrico em 1% ou permite a redução do conjugado mecâ- ço e peso.
2% são inúteis quando em um sistema mal nico necessário e, consequentemente, a Existem também perdas devido ao
projetado, por exemplo, temos: utilização do motor. Como as perdas no cálculo e seleção incorreta do motor a
• Um motor de alto rendimento motor são proporcionais ao conjugado ser utilizado para a carga a ser acionada.
superdimensionado (devido à mecânico, o aumento das dimensões do Uma seleção incorreta ou superdimen-
curva característica de rendimento motor permite um aumento do rendi- sionada pode levar a um desperdício
do motor); mento do motor. de mais de 20% da energia fornecida. A
• Utilização de transmissões externas
de baixo rendimento como fusos,
polia/correia, entre outros;
• Acionamento de bombas / venti-
ladores em sistemas com variação
de vazão por obstrução do fluxo
(válvulas e palhetas ajustáveis).
Em muitos casos, esses sistemas
podem representar perdas de eficiência
maiores que 50 %.
A seguir são fornecidos alguns pro- F4. Rendimento
cedimentos com os quais é possível obter de um sistema.
economia de energia elétrica quando utili-
zando acionamentos eletromecânicos.

Perdas nos motores


elétricos assíncronos
Os motores elétricos assíncronos apre-
sentam os seguintes fatores de perdas de
energia em seu projeto construtivo:
• Perdas no cobres causadas pela
densidade de corrente superficial
da corrente geradora de torque F5. Perdas de energia em
um motor elétrico.

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seguir apresentamos a título de exemplo Especialistas podem realizar estes Perdas nas transmissões
a curva de rendimento para um motor estudos e medições em campo visando mecânicas
de indução trifásico em função da carga especificar o melhor equipamento para O uso de motoredutores de engrena-
aplicada (figura 9): a aplicação. gens helicoidais / cônicas, que possuem
Notamos que um motor de indução A utilização de peças de reposição um alto rendimento, contribui com a
trifásico apresenta um melhor rendi- originais para os motores também pode redução das perdas do sistema. Quanto
mento para valores de cargas próximas contribuir para a minimização das per- maior a perda na transmissão mecânica
à nominal (motor bem especificado) das. Estatores rebobinados por terceiros menor é a potência transferida do motor
e baixos rendimentos para valores de geralmente não obedecem aos mesmos para a máquina acionada. Essa perda
cargas diferentes da nominal (motor padrões de qualidade adotados pelo fa- de potência é desperdiçada na forma de
mal especificado). Com isto poderemos bricante. A cultura da rebobinagem leva calor. Observe a tabela 1.
obter grandes benefícios em termos de ao aparecimento de motores, com vida A transmissão efetuada através do
rendimento ao se substituir um motor útil reduzida e com um baixo rendimen- sistema polia/correia, apresenta um
sobredimensionado por um mais ade- to, o que aumenta os gastos com energia baixo rendimento, que depende ainda
quado (bem dimensionado). elétrica (figura 10). do alinhamento e da tensão de ajuste

F6. Regiões de perda de energia F7. Perdas em função das


em um motor elétrico. dimensões do motor.

F8. Rotor com anel de curto- F9. Curva de rendimento de


circuito de cobre. um motor elétrico.

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Eletrônica Aplicada
Energia
das correias (tabela 2). Quanto maior o Engrenamentos por contato deslizante Motor controlado por
escorregamento ou o esticamento dos (coroa e rosca sem fim) possuem um rendi- conversor de frequência
elementos de transmissão maior é o mento muito menor que os engrenamentos Os conversores de frequência são
efeito negativo sobre o rendimento do por contato de rotação (engrenagens heli- equipamentos projetados para a operação
acionamento. A utilização de transmis- coidais e cônicas), tabela 3. A quantidade de motores elétricos de forma controlada
são direta no eixo acionado é sempre o de potência perdida por estágio por um e otimizada. O seu uso possibilita econo-
melhor método. engrenamento coroa e rosca sem fim de- mias de energia consideráveis através das
As perdas de potência que ocorrem pende principalmente do número de fios seguintes características do sistema:
nos motoredutores se devem ao rendi- de rosca da rosca sem fim (figura 13). Potência fornecida somente de acordo
mento de seus components individuais. Engrenamentos coroa e rosca sem fim com a real necessidade da carga. Para
Esta potência é dissipada em forma de geram muito calor por ação da fricção por fornecer um torque constante para a carga
calor no óleo lubrificante e através da deslizamento. Por isto engrenamentos co- acionada é necessário termos uma relação
parede da carcaça até o seu exterior roa e rosca sem fim operam mais quentes constante entre tensão (V) e a frequência
(figura 11). que outros tipos de redutores na mesma (f), aplicadas ao motor ( V / f = constante).
Os fatores que contribuem com as per- potência nominal (figura 14) CALOR = A figura 15 mostra a relação V/f em um
das de potência dos redutores podem ser perda de energia = ineficiência. motor controlado por um conversor de
divididos em perdas não dependentes da Um fator que contribui para a redução frequência.
carga e perdas dependentes da carga. das perdas de potência nos redutores é a O fluxo magnético e o torque do
As perdas não dependentes da carga utilização de óleo sintético em substitui- motor são proporcionais a uma cons-
podem ser divididas em: ção ao óleo mineral devido a:
• Perdas por agitação no óleo de- • Redução da fricção (e também do
vido a: ruído);
• Velocidade dos engrenamentos • Aumento da eficiência dos engre-
e rolamentos; namentos;
• Profundidade de imersão dos • Aumento da eficiência por agitação
engrenamentos; no óleo;
• Temperatura do óleo; • Redução da temperatura de ope-
• Viscosidade do lubrificante; ração;
• Forma construtiva; • Aumento da vida útil do óleo;
• Formato da carcaça. • Aumento do tempo entre trocas
• Perdas nos rolamento sem carga: de óleo;
• Tipo de lubrificação; • Maior estabilidade a oxidação. F10. Motor elétrico e
• Tipo de rolamentos; rotores.
• Velocidade dos rolamentos;
• Pré-carga dos rolamentos.
• Perdas nas vedações sem carga:
• Rugosidade do eixo;
• Velocidade do eixo;
• Material do anel de vedação;
As perdas dependentes da carga po-
dem ser divididas em:
• Perdas nos rolamento;
• Tipo de lubrificação;
• Tipo de rolamentos; T1. Rendimento dos diferentes
• Perdas nos engrenamentos: tipos de engrenagens.
• Lubrificante e viscosidade;
• Tipo de engrenamento (helicoi-
dal, cônico, sem fim);
• Velocidade circunferencial maior
que 18m/s;
• Perdas por contato de 1,5% por
estágio;
• Carga.
Na figura 12 temos a divisão em
porcentagem da perda de potência nos
redutores: T2. Rendimento dos diferentes
tipos de acoplamentos.

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tante k cujo valor é mantido até que a • Aumento das perdas nos conduto- senta altas perdas no rotor que ocorrem
frequência de inflexão do motor (60Hz) res (aquecimento); durante o processo de aceleração devido
seja alcançada. A partir daí entramos na • Flutuações de tensão (queda) que a diferenças entre a velocidade do motor,
região de enfraquecimento de campo (V podem causar queima do motor; a frequência do motor e as altas correntes
/ f não constante), a potência se mantém • Sobrecarga no sistema elétrico / de pico durante a partida do motor. O uso
constante e o torque cai. Quando a fre- gastos adicionais com condutores de conversores de frequência permite o
quência aplicada ao motor é alterada, a e dispositivos de proteção; aumento da freqüência proporcional à
rotação do mesmo se altera de acordo • Pagamento de altas multas às con- rotação do rotor, portanto eliminando
com a fórmula abaixo: cessionárias de energia elétrica. perdas no rotor. As correntes de pico são
Rampas de aceleração e desaceleração reduzidas e as partidas mais suaves pro-
programáveis que suavizam a partida e longam a vida útil de todo o acionamento
120.f parada do motor, diminuindo assim o (figura 17).
n= p
consumo médio de corrente (sistemas com A energia cinética armazenada no
elevado número de partidas e paradas por sistema mecânico deve ser absorvida
Onde:
hora) em comparação com os mesmos durante a desaceleração. Normalmente
f é a frequência em Hz
motores ligados direto à rede. O motor esta energia é convertida em perda por
p é o número de polos do motor.
trifásico conectado direto na rede apre- aquecimento durante a frenagem. Com

Como a potência é dada pela relação


entre o torque e a rotação (P = M . n), quan-
do a rotação do motor é alterada (numa
situação de carga com torque constante
como a descrita anteriormente), existe
uma alteração proporcional na potência
consumida (até a freqüência de inflexão),
e também da energia consumida, para
mais ou para menos.
• O conversor de frequência possi-
bilita um rendimento entre 92% F11. Perdas de energia em um redutor
e 98% dependendo da potência mecânico de velocidade.
nominal do motor acionado.
• O conversor de frequência possi-
bilita a eliminação da componente
reativa existente para a manuten-
ção dos campos eletromagnéticos
dos motores ligados à rede. Isso
possibilita a melhora do fator de
potência, definido como sendo
relação entre a potência aparente
(componente ativa mais compo-
nente reativa) e a potência ativa
(somente a componente ativa da
potência). O gráfico da figura 16 F12. Percentuais de perda de energia em
descreve esta relação: um redutor mecânico de velocidade.
Quanto menor a potência reativa
(kVAr) absorvida, mais próxima será a
potência aparente (kVA) da potência ativa
(kW), e mais próximo será o fator de po-
tência do valor ideal 1. Quando se deseja
aumentar o fator de potência para o mais
próximo de 1, na verdade o que se deseja
é a diminuição da componente reativa da
potência que não produz trabalho.
As principais consequências de termos
um fator de potência baixo são: F13. Tipos de engrenagens T3. Rendimento dos diferentes
rosca sem fim. tipos de Rosca sem fim.

Maio/Junho 2010 I SABER ELETRÔNICA 447 I 39

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Eletrônica Aplicada
Energia

F14. Dissipação de calor de redutores de F15. Curva característica V/F de um motor elétrico
engrenagens cônicas e rosca sem fim. controlado por conversor de frequência.

F16. Triângulo F17. Comparativo de dissipação de energia no motor elétrico


das potências. com partida direta x com conversor de frequência.

o conversor de frequência é possível o Durante a vida útil de um motor elé- energia regenerativa excedente para outro
armazenamento desta energia cinética trico, os custos com eletricidade podem conversor de frequência ligado a ele. Com
liberada durante a desaceleração para chegar a 97% do total gasto com a compra e isso, essa energia poderá ser aproveitada no
ser utilizada na fase de operação motora operação do equipamento. Estudos indicam acionamento de outro motor (por exemplo:
(figura 18). que o uso de um conversor de frequência um motor em uma translação acelerando e
Limitação da corrente de partida do leva a uma economia de até 40% de energia outro em uma elevação em desaceleração).
motor em até 150% da corrente nominal por acionamento em relação a um motor Existe também a possibilidade de re-
do conversor. Um motor ligado direto ligado direto à rede (figura 19). Se levar- torno da energia regenerativa para a rede
à rede pode apresentar uma corrente mos em conta o consumo total de energia elétrica, através de módulos de potência
de partida de até 750% de sua corrente de uma indústria, a economia ficaria em com regeneração de energia. Com a utili-
nominal. Para aplicações com muitas par- torno de 8%. Concluímos então, que o custo zação desse módulo, a energia excedente
tidas e paradas isto pode representar um de aquisição do equipamento se paga em no circuito intermediário do conversor, ao
excedente no consumo de energia. pouco tempo. invés de ser dissipada em um resistor de
O controle vetorial do motor que Possibilidade de reaproveitamento frenagem, é convertida em tensão alternada
possibilita a otimização da magnetização da energia regenerativa que é retornada e devolvida para a rede de alimentação,
do motor pela utilização do modelo mate- pelo motor quando este trabalha no modo proporcionando economia na energia con-
mático do motor e informações do campo gerador. Isso poderá ser feito através da sumida pelo equipamento. Esse módulo
girante para calcular o escorregamento interligação dos circuitos intermediários regenerativo possui na entrada, ao invés de
necessário no motor para obter o torque e CC dos conversores (figura 20). Quando o uma ponte retificadora, uma ponte a tran-
a rotação desejados. Este método permite motor trabalha como freio (modo regene- sistores permitindo assim, fluxo de potência
um controle de rotação mais preciso e rativo), este gera uma energia regenerativa nos dois sentidos (figura 21).
uma maior dinâmica ao motor com uma que retorna para o circuito intermediário do Função economia de energia para apli-
minimização das perdas. conversor, que poderá passar esta mesma cações com cargas não dinâmicas como

40 I SABER ELETRÔNICA 447 I Maio/Junho 2010

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F19. Comparativo de potência con-
sumida por um motor elétrico com
F18. Gráfico de rotação x energia rege- partida direta x com conversor de
nerativa no motor elétrico. frequência.

F20. Aproveitamento de energia regene- F21. Regeneração de energia


rativa entre conversores de frequência. para a rede de alimentação.

bombas e ventiladores, onde o motor de a reduções cúbicas no consumo de corrente


indução recebe uma magnetização apro- por parte do motor. Segundo o PROCEL/
priada para atingir o seu torque de saída, CEPEL o potencial médio de economia de
sendo mantida constante e com redução energia neste tipo de acionamento é de 25%
da tensão aplicada ao motor baseado na à 30%, podendo em alguns casos chegar a
demanda da carga (figura 22). O conversor economias ainda maiores.
detecta a rotação do motor no momento
da partida e inicia uma operação de busca Conclusão
dessa rotação. Caso essa função não seja A economia de energia em máquinas
utilizada, o conversor fará com que o motor e equipamentos industriais não depende
vá até a rotação zero (frenagem) e a partir somente do rendimento dos motores utili-
daí até a rotação desejada (aceleração). A zados, mais sim do rendimento do sistema F22.Economia de energia através de função
utilização dessa função gera economia de como um todo. Para a realização desta de controle de magnetização do motor.
energia que deveria ser gasta na partida e economia devem ser reduzidas as perdas
na frenagem do motor. de potência do sistema e a potência solici- Os fatores que podem auxiliar na redu-
Economia também em sistemas de con- tada pelo sistema. Os fatores que podem ção da potência solicitada pelo sistema são
trole de vazão, que pode ser realizado pela auxiliar na redução da perda de potência o controle da rotação necessária, a redução
simples variação da velocidade ao invés da são o uso de redutores com um maior rendi- do torque solicitado pela carga pelo uso de
obstrução da passagem de fluído (realizado mento, uso de motores de alto rendimento, transmissões diretas e rígidas com um míni-
por válvulas e palhetas ajustáveis). Como a utilização de conversores de freqüência, mo de atrito no processo, desligamento do
variação da carga em função da velocidade armazenamento e reutilização da energia equipamento quando não utilizado, otimi-
para este tipo de acionamento é proporcio- regenerativa, dimensionamento adequado zação do ciclo de trabalho do equipamento
nal ao cubo, reduções de velocidade levam para a demanda da carga entre outros. entre outros. E

Maio/Junho 2010 I SABER ELETRÔNICA 447 I 41

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abcdefghijklmnopqrstuvwxy
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

Eletrônica Aplicada
Energia

Fontes Chaveadas:
Revisando Conceitos Básicos
As fontes chaveadas, fontes co- Fonte chaveada do tipo • Rendimento muito maior, com con-
usado em computadores sequente menor geração de calor;
mutadas ou Switched Mode Power As fontes chaveadas não são tão • Regulagem muito melhor;
Supplies – abreviadamente SMPS, modernas quanto se possa pensar. Já há • Muito menores tamanho e peso (não
estão presentes numa grande muito tempo elas têm sido usadas em precisam dos pesados transforma-
aplicações em que o rendimento e o es- dores com núcleo laminado).
quantidade de equipamentos mo- paço ocupado são requisitos importantes As fontes lineares ou analógicas co-
dernos. Essas fontes consistem na para esse tipo de aplicação. Assim, nas muns têm baixa eficiência porque devem
solução ideal para os casos em que aplicações militares, aeronáuticas e ae- dissipar o excesso de tensão para fazer
roespaciais, as fontes desse tipo já estão sua redução na forma de calor. Uma fonte
se necessita de alto rendimento e presentes há muitos anos. linear típica tem um rendimento inferior a
tamanho reduzido,substituindo as No entanto, com os mesmos requisi- 50%. Por outro lado, as fontes chaveadas
tradicionais fontes lineares. tos de rendimento e tamanho cada vez chegam a alcançar 90% de eficiência.
mais solicitados nos equipamentos de
Apesar de estarem presentes consumo, as fontes chaveadas hoje estão Um pouco de história
em toda parte, ainda são muitos presentes em quase todos eles. Monitores Na verdade, o conceito de chavear uma
os profissionais que não dominam de vídeo, televisores, carregadores de tensão de modo a se fazer sua regulagem,
celulares e computadores são apenas ou ainda permitir que seu valor seja alte-
totalmente o seu princípio de fun- alguns exemplos de equipamentos que rado, é muito antigo. Nos carros antigos
cionamento, o que é de extrema fazem uso desse tipo de fonte. (décadas de 30 e 40) os rádios ainda eram
importância quando se pretende As fontes chaveadas são importantes valvulados, precisando de tensões eleva-
porque apresentam diversas vantagens das para polarização. Essa tensão elevada
trabalhar com uma delas. em relação aos tipos comuns de fontes era conseguida com um circuito chaveador
Neste artigo revisamos alguns lineares, tais como: eletromecânico, o vibrador.
conceitos básicos sobre o funcio-
namento desse tipo de fonte

Newton C. Braga
www.newtoncbraga.com.br

F1. Circuito vibrador usado em carros


antigos. (1930/ 1940).

42 I SABER ELETRÔNICA 447 I Maio/Junho 2010

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Ligando-se e desligando-se a linha O chaveamento do transistor faz mador é importante, pois ele também
de alimentação de 6 V de um carro com que ele alimente com uma tensão atua como o elemento de isolamento,
era possível obter um sinal pulsante, pulsante um transformador, cujas carac- que isola o circuito de saída da fonte da
facilmente alterado com o emprego de terísticas vão depender da tensão que se rede de energia nos casos em que isso
transformadores e outros recursos. Na deseja na saída da fonte. Esse transfor- é necessário.
figura 1 mostramos um antigo circuito
vibrador de carro, usado para se obter o
“+B” de um rádio a válvulas a partir de
uma pilha de 1,5 V.
Nos equipamentos mais modernos já
podemos encontrar a tecnologia de cha-
veamento de tensão em circuitos como
os que produzem a alta tensão para o
cinescópio de um televisor. O circuito de
flyback de um televisor, se não é chamado
de fonte chaveada, tem seu modo de ope-
ração comutado.
Entretanto, as tecnologias de chave-
amento e alteração das tensões com ren-
dimento muito alto evoluíram, passando F2. Chaveamento da tensão usando um
a usar dispositivos de estado sólido de transistor como comutador.
grande eficiência como os MOSFETs de
potência, além dos transformadores com
núcleos de ferrite. Operando em frequ-
ências muito altas, os transformadores
podem ser pequenos e ter rendimentos
muito elevados.

Princípio de Operação
A ideia básica que envolve a operação
de uma fonte chaveada, como seu próprio
nome indica, é chavear uma tensão, ou
seja, ligar e desligar um circuito de modo
que, na média, possamos obter o valor
de tensão desejado, conforme ilustra a
figura 2.
Essa tensão pulsante obtida pode ser
filtrada e aplicada à carga ou então apli-
cada a um transformador, para depois
ser retificada e filtrada como numa fonte F3. Diagrama básico de
convencional linear. Para entender como uma fonte chaveada.
funciona uma fonte chaveada típica po-
demos partir do diagrama básico exibido
na figura 3.
Na entrada temos um circuito de
retificação e filtragem, que fornece uma
tensão contínua não regulada para o sis-
tema. Essa tensão alimenta o circuito de
chaveamento e controle.
O circuito de controle gera um sinal
PWM (Pulse Width Modulation), de que
trataremos mais adiante, para o chavea-
mento de um transistor, que no modelo
dado é bipolar, mas que nos circuitos mais
modernos costuma ser de efeito de campo
de potência. F4. Regulador – série
com diodo zener.

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Eletrônica Aplicada
Energia
Para regular a tensão de saída existe
um divisor de tensão que a amostra
constantemente, fornecendo um sinal de
realimentação que controla o oscilador.
Modificando-se a frequência ou o ciclo
ativo (conforme veremos) do oscilador,
a tensão induzida no transformador se
altera, e com isso a tensão de saída pode
ser regulada.
Neste exemplo, o circuito de reali-
mentação é direto, caso em que se perde o
isolamento entre a entrada e saída, porém F5. Regulagem da fonte chaveada através
nos circuitos normais isso é feito através de modulação PWM.
de recursos como isoladores ópticos ou
transformadores, que mantêm essa carac-
terística de isolamento da fonte.

O problema da regulagem
As fontes lineares convencionais
utilizam uma tensão de referência para
determinar a forma como um elemento
de potência (um transistor bipolar) con-
duz, mantendo assim a tensão constante
numa carga, dentro de uma faixa de
correntes drenadas, conforme indica o
circuito básico da figura 4. F6. Modulação PRM – mantendo
Numa fonte chaveada, a tensão de 12 V sobre a carga.
saída é mantida através da variação da
frequência (PRM), ou da largura dos pul-
sos aplicados (PWM). Existem, portanto,
duas tecnologias de controle nas fontes
chaveadas para as quais o profissional
deverá estar atento ao fazer um projeto,
análise ou diagnóstico de problemas.

PWM:
Pulse Width Modulation
Na regulagem por PWM (Pulse Width
Modulation ou Modulação de Largura de
Pulso) o que se faz é modificar a largura
do pulso aplicado à carga ou ciclo ativo,
de modo que a tensão média que o sinal
representa possa ser alterada, conforme
mostra a figura 5.
Assim se o sinal tiver um ciclo ativo
de 50%, a tensão média aplicada à carga
será de 50% da tensão de entrada. Se a
corrente na carga aumentar fazendo com
que a tensão caia, o circuito compensará
isso aumentando o ciclo ativo do sinal.
O controle é feito por um sistema de
realimentação.
Observe que nesse sistema o que se
modifica é a duração do pulso ou o ciclo
ativo. A frequência do sinal permanece
constante. Isso é conseguido, aumentan- F7. Diagrama de blocos de
uma fonte chaveada.

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do-se o período OFF na mesma proporção
que o período ON diminui e vice-versa,
de modo que a soma da duração dos dois
(período) se mantenha constante.

PRM:
Pulse Rate Modulation
Nesse tipo de modulação, em que
temos a modulação da taxa de pulsos,
altera-se somente a duração do pulso,
conforme é visto na figura 6.
Assim, quando a largura do pulso
(tempo ON) diminui, o tempo OFF não
se altera. O resultado é que é a soma
dos dois tempos diminui e, com isso, o
período. Temos então um aumento da
frequência, ou da taxa de repetição dos
pulsos.
Um regulador desse tipo pode ter
sua frequência em torno de 100 kHz nas
condições em que se encontra sem carga,
e essa frequência pode cair para menos
de 50 kHz na condição de plena carga.
Uma desvantagem desse tipo de re-
gulagem é que a alteração da frequência
traz alguns problemas para o projeto dos
circuitos contra EMI, uma vez que eles não
estarão operando numa frequência fixa.

Uma Fonte Completa


Na figura 7 temos o diagrama de uma
fonte chaveada em blocos com todas as
funções.
Nessa fonte temos os blocos do mode-
lo básico com que começamos este artigo,
mais alguns outros adicionais. Um deles
é o bloco standby (espera) que coloca
a fonte num estado de baixo consumo
quando ela não é exigida por um certo
tempo. Um outro bloco importante é o de
acionamento externo, que permite ligar
e desligar a fonte por software.

Conclusão
As fontes chaveadas tornam-se cada
vez mais comuns em todos os tipos
de equipamentos que usamos. Com-
ponentes específicos para esse tipo de
aplicação possibilitam um crescente
aumento de seu rendimento, além de
agregar recursos que as tornam muito
melhores.
Entender como essas fontes funcio-
nam, e as diversas tecnologias de que se
dispõe hoje, é fundamental para todos os
profissionais de Eletrônica. E

Maio/Junho 2010 I SABER ELETRÔNICA 447 I 45

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abcdefghijklmnopqrstuvwxy
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

Desenvolvimento

Osciladores
a Cristal
O
A melhor forma de se obter um s cristais de quartzo aproveitam a indutância dos terminais assim como
o fenômeno da ressonância sua resistência, o que nos leva ao circuito
sinal de frequência fixa estável e associado às suas propriedades equivalente exibido na mesma figura.
preciso, é através de um oscilador piezoelétricas. Quando excita- Entretanto, dada a boa tensão que um
controlado por cristal de quartzo. dos eletricamente, eles tendem a vibrar cristal gera quando vibra e sua sensibili-
em uma única frequência que depende dade, é possível elaborar circuitos simples
Os cristais mantêm a frequência de suas dimensões e do modo como o onde esse elemento é usado como controle
de oscilação de um circuito dentro corte foi feito. de frequência. A seguir damos uma sele-
de limites rígidos e mudam muito Cristais de poucos quilohertz a muitos ção desses circuitos.
megahertz podem ser obtidos com facili-
pouco de características, mesmo dade nas casas especializadas para serem Oscilador até 100 kHz
com a temperatura. usados como base no controle da frequ- (2 transistores)
Neste artigo trazemos uma ência de circuitos osciladores. Na figura 1 O circuito ilustrado na figura 3
temos o símbolo adotado para representar utiliza transistores NPN de uso geral e
seleção de circuitos simples de um cristal de quartzo comum e o aspecto pode ser empregado para gerar sinais
osciladores a cristal, que podem físico do tipo mais comum. até 100 kHz.
ser usados como base (clock) para Basicamente, um cristal consta de uma Os capacitores devem ser cerâmicos e,
peça de quartzo cujas dimensões e modo eventualmente, o capacitor de realimen-
inúmeras aplicações do desenvol- de corte em relação ao cristal original vão tação de 10 pF pecisará ser alterado para
vedor de projetos determinar sua frequência. Nessa peça compensar as tolerâncias dos componen-
são colocados os eletrodos de fixação, tes utilizados.
conforme mostra a figura 2. A alimentação pode ser feita com
Newton C. Braga A presença deste elemento de excita- tensões de 6 a 12 V, sendo 9 V o valor
ção funciona como as placas de um capa- recomendado para os valores usados dos
citor e, além disso, deve ser considerada componentes.

F1. Símbolo e aspecto de F2. Cristal de quartzo e seu


um cristal comum. circuito equivalente.

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Oscilador até 500 kHz Faixa de Frequências L
(1 transistor) 60 a 85 MHz 7 espiras de fio 28 em forma de 0,5 cm
O oscilador apresentado na figura 4 85 a 110 MHz 4 espiras de fio 28 em forma de 0,5 cm T1. Característica
pode gerar sinais até 500 kHz e tem boa da bobina L.
estabilidade. A bobina L consta de 8 es-
piras de fio 28 em uma forma de 0,5 cm
sem núcleo.
Os capacitores devem ser cerâmicos e
há uma tolerância tanto na faixa de tensões
de alimentação quanto nos valores dos
componentes.
Experiências podem ser feitas com os
componentes de polarização e mesmo com
os capacitores cerâmicos de 560 pF e 1n2,
no sentido de se encontrar a combinação
que dê melhores resultados com o cristal
usado.

Oscilador até 3 MHz


(1 transistor)
A frequência máxima do oscilador exi- F3. Circuito do Oscilador a cristal até
bido na figura 5 está em torno de 3 MHz. 100 KHz com dois transistores.
O trimmer ajusta o melhor ponto de
oscilação de modo a compensar as capaci-
tâncias internas do próprio cristal.
O circuito deve ser alimentado com
tensões de 6 a 12 V, e todos os capacitores
devem ser cerâmicos.
Em função da frequência do cristal,
os capacitores de 220 pF devem ter seu
valor alterado de modo a se obter melhor
realimentação. Esses componentes devem
ter seus valores aumentados proporcional-
mente com frequências menores.

Oscilador até 110 MHz


(1 transistor)
Com o circuito mostrado na figura 6 é
possível gerar sinais até uma frequência F4. Circuito de um oscilador até 500 Khz
de 110 MHz. com um transistor apenas.
A bobina L terá seu valor dependendo
da faixa de frequências em que irá operar o
oscilador, segundo a seguinte tabela 1.
Os capacitores são cerâmicos e o resis-
tor em paralelo com o cristal tem valores
que dependem da frequência. Para a faixa
de 60 a 85 MHz ele deve ser aumentado
para 3k3 ou mesmo 4k7.
Transistores equivalentes ao BF494
como o BF495, ou mesmo 2N2222 podem
ser usados neste circuito.

Oscilador até 65 MHz


(1 transistor)
Com o circuito ilustrado na figura 7 é
possível gerar sinais até 65 MHz. F5. Circuito de um oscilador até 3 MHz
usando um transistor.

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Desenvolvimento

Os valores de L e de C1 dependem da com elementos internos já incorporados Oscilador para 27 MHz


faixa de frequências do sinal a ser gerado, para a elaboração de um oscilador externo (2 transistores)
conforme a seguinte tabela 2. As bobinas do tipo RC ou controlado a cristal. O oscilador apresentado na figura
são enroladas em formas de 0,5 cm. Na figura 8 exibimos como implemen- 9 pode servir de base para circuitos de
Os capacitores são cerâmicos e o tran- tar um oscilador a cristal com frequências transceptores e walk-talkies, operando na
sistor pode ser qualquer tipo NPN de RF, a até 4 MHz, usando este componente. faixa dos 11 metros (27 MHz).
exemplo dos BF494, BF495 ou 2N2222. Observamos que a frequência máxi- O circuito ressonante formado pelo
A alimentação pode ser feita com ten- ma dependerá da tensão de alimentação, capacitor de 47 pF em paralelo com a bo-
sões entre 9 e 12 V, e pequenas alterações assim os 4 MHz só serão alcançados com bina é importante para se obter a máxima
nos valores dos capacitores podem ser alimentação superior a 9 V. intensidade de sinal para a saída.
necessárias para compensar as tolerân- O trimmer ajusta o ponto ideal de A bobina consiste em 6 espiras de fio
cias dos componentes. oscilação de modo que o circuito seja 28 em forma de 0,5 cm. Pode-se usar uma
inicializado ao se ligar a alimentação. bobina com núcleo ajustável e, então,
Oscilador CMOS Isso é conseguido compensando-se as substituir o capacitor por um trimmer que
com o 4060 capacitâncias internas do cristal. varra a faixa de 5 a 50 pF.
O circuito integrado CMOS 4060 consis- Lembramos ainda que o sinal obtido Os demais capacitores do circuito
te em um contador divisor de frequências na saída deste circuito é retangular. devem ser cerâmicos e os transistores
admitem equivalentes como o 2N2222.
Faixa de Frequências C1 L
15 a 25 MHz 100 pF 12 espiras Oscilador CMOS
25 a 50 MHz 56 pF 8 espiras com o 4001/4011
50 a 65 MHz 27 pF 8 espiras T2. Valores A frequência máxima do oscilador
para L e C1. exibido na figura 10 é da ordem de 5
MHz, dependendo da tensão de alimen-
tação. Com tensões mais baixas, o circuito
se torna mais lento e não consegue oscilar
nas frequências mais altas. Os 5 MHz são
conseguidos com tensões acima de 9 V.
Os capacitores são cerâmicos e visto
que os circuitos integrados 4001 e 4011
possuem 4 portas (das quais apenas 3 são
usadas), e sendo elas intercambiáveis, a
pinagem não é dada.
O sinal obtido na saída deste circuito
é retangular.

Oscilador até 30 MHz (FET)


F6. Circuito de um oscilador até O circuito mostrado na figura 11 pode
110 MHz com um transistor. gerar sinais de boa intensidade até uma

F7. Circuito de um oscilador até F8. Circuito de um oscilador a cristal


65 MHz com um transistor. até 4 MHz usando o CI4060.

48 I SABER ELETRÔNICA 447 I Maio/Junho 2010

SE447_Osciladores.indd 48 16/7/2010 10:59:02


frequência de 30 MHz, dependendo ape- de um projeto que utilize um oscila- nas e valores de capacitores poderão
nas do cristal usado e do circuito tanque dor, o leitor deve estar atento para as ser necessárias para compensar essas
de saída. pequenas diferenças de características diferenças, e até mesmo mudanças de
O circuito formado por L1 e CV deve dos componentes empregados, as quais valores de resistores de polarização,
ser ressonante na frequência de operação podem influir no seu funcionamento. estas em função dos ganhos dos tran-
do circuito. Em muitos casos, alterações de bobi- sistores colocados. E
Observamos que os transistores de
efeito de campo de junção MF102 e BF245
têm praticamente as mesmas característi-
cas, mas sua pinagem é diferente.
O sinal é retirado por 3 ou 4 espiras de
uma bobina enrolada sobre L1.

Oscilador com comparador


Freqüências até pouco mais de 100
kHz podem ser obtidas com um oscilador
baseado num dos quatro comparadores
de tensão existentes no circuito integra-
do LM139/239 ou 339, conforme vemos
a figura 12.
A alimentação pode ser feita com F9. Circuito de oscilador para
tensões de 5 a 12 V, e o sinal obtido na 27 MHz com 2 transistores.
saída é retangular com um ciclo ativo de
aproximadamente 50%.
Os outros comparadores do mesmo
circuito integrado podem ser usados
em outras aplicações, uma vez que são
independentes.
Observe a existência do resistor de
pull-up necessário ao circuito, já que sua
, saída é feita com um transistor com o
coletor aberto.

Conclusão
Os circuitos que vimos neste artigo
são sempre de grande utilidade, pois
osciladores são necessários em uma
i n f i n idade de apl icaçõ es prát ica s. F10. Oscilador CMOS com
Lembramos apenas que na elaboração o CI 4001/4011.

F11. Circuito para oscilador F12. Circuito de oscilador a cristal


até 30 MHz com FET. com comparador de tensão.

Maio/Junho 2010 I SABER ELETRÔNICA 447 I 49

SE447_Osciladores.indd 49 16/7/2010 10:59:08


abcdefghijklmnopqrstuvwxy
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

Desenvolvimento

10 Interface Circuitos de

Microprocessadores, microcontroladores e o
próprio PC possuem saídas que podem ser usadas
para controlar circuitos externos. As portas desses
dispositivos normalmente são compatíveis com
lógicas TTL e CMOS, o que permite utilizar circuitos
relativamente simples no interfaceamento para o
controle de cargas de alta potência. A seleção dos
circuitos que apresentamos dá muitas opções aos
leitores e algumas das configurações mostradas têm
simulações feitas em computador
Newton C. Braga

N
a porta paralela de um PC e quantas cargas deverão ser controladas
em muitos microprocessadores e quantas saídas o dispositivo usado
obtemos sinais de controle de possuir.
dois níveis: (alto = 5 V) e baixo (0
V), que podem ser utilizados para excitar Circuito Simples
circuitos externos. com Transistor
A corrente drenada/fornecida por O circuito ilustrado na figura 3 pode
esses circuitos é muito baixa, o que signi- usar um transistor NPN de uso geral para
fica uma impedância relativamente alta controlar um pequeno relé sensível, bem
ao circuito. Além de haver a degradação como um transistor de média potência
do sinal quando carregamos essas saídas, ou Darlington para controlar diretamente
existe o perigo de dano ao circuito interno uma carga de maior potência.
do buffer, conforme mostra a figura 1. Para um BD135, por exemplo, pode-
Assim, embora na configuração mais mos controlar com certa folga cargas até
simples possamos excitar diretamente 500 mA, e com um Darlington cargas
LEDs, de acordo com a figura 2, sempre maiores, lembrando que esses compo-
é interessante usar dispositivos amplifi- nentes podem ter fontes de alimentação
cadores e, para maior segurança, dispo- com tensões diferentes de 5 V, mas com
sitivos de isolamento. terra comum. Os transistores devem ser
Na verdade, o isolamento é altamente dotados de radiadores de calor.
recomendável quando o circuito controla- Na figura 4 temos a simulação do cir-
do é de alta potência ou tem alimentação cuito, onde a carga é um resistor de 100
feita pela rede de energia. ohms. Observe que aplicamos um sinal
Os circuitos que trazemos mostram retangular de 5 V (de 2 Hz) ao circuito
apenas um dos pinos de saída dos micro- para obter a forma de onda correspon-
processadores ou porta paralela do PC. A dente no osciloscópio. O gerador de
quantidade desses circuitos dependerá de funções cria o sinal equivalente ao obtido

50 I SABER ELETRÔNICA 447 I Maio/Junho 2010

SE447_Circuitos.indd 50 16/7/2010 10:54:24


Desenvolvimento

F1. As correntes nas saídas dos micro- F2. Saída protegida por resistor isola- F3. Circuito com transistor NPN
processadores são muito baixas. dor e dispositivo amplificador. para controle da carga.

na porta paralela de um PC. Este circuito


alimenta a carga quando sua entrada está
no nível alto.

Interface com dois


Transistores
Temos duas vantagens no circuito
exibido na figura 5. A primeira é que preci-
samos de uma corrente menor de entrada,
carregando assim muito menos a porta
paralela ou a saída do microcontrolador
com que o circuito vai ser usado.
A segunda vantagem está no fato de
que o primeiro transistor pode excitar
facilmente um transistor PNP de média
potência permitindo assim o controle di-
reto de cargas de boa potência como relés,
motores, lâmpadas, solenoides, etc.
A alimentação da etapa de potência
pode ser feita com tensão maior do que 5 F4. Simulação do circuito anterior para
V, dependendo apenas das exigências da uma carga resistiva de 100 ohms.
carga que será controlada. É claro que,
no caso de cargas de maior potência, o Podemos usar também um transistor
transistor usado deve ser dotado de um de maior potência para Q2, controlando
radiador de calor. desse modo cargas de maior potência
O circuito ativa a carga quando o ní- diretamente. Lembramos, entretanto, que
vel no pino de saída da porta é alto. Um esta configuração não é isolada como as
transistor como o BD136 pode controlar anteriores.
cargas até 500 mA. A simulação feita no Para transistores de maior potência
computador, usando uma carga de 100 deve-se considerar a necessidade dos
ohms, é mostrada na figura 6. mesmos usarem dissipadores de calor.
Neste caso, a alimentação do setor de po-
Configuração com dois tência também pode ser feita com tensão
Transistores – ll diferente de 5 V.
A configuração observada na figura Na figura 8 vemos a mesma configu-
7 utiliza dois transistores NPN, ativando ração com transistores PNP, caso em que
a carga quando a entrada vai ao nível obtemos o acionamento da carga com os
baixo (0 V). níveis altos de saída da porta paralela ou F5. Circuito de controle com
dois transistores.

Maio/Junho 2010 I SABER ELETRÔNICA 447 I 51

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Desenvolvimento

portas de saída de microcontroladores.


Na figura 9 temos a simulação deste
circuito em computador, observado-se
que a carga utilizada foi um resistor de
100 ohms.
Obviamente, podem ser usadas cargas
indutivas como relés, motores e solenoi-
des.

Usando Comparador
de Tensão
Os comparadores de tensão, como os
da série LM139/239/339, consistem em
dispositivos que podem ser utilizados
com vantagens como elementos de in-
terfaceamento de circuitos com a porta
paralela de um PC ou a saída de um
microprocessador.
Na figura 10 mostramos o modo mais
simples de se fazer isso com resistores F6. Simulação do circuito com 2 transis-
fixos na polarização de entrada. tores usando uma carga de 100 ohms.
Uma solução interessante que pode
ser adotada em alguns casos é a ilustrada
na figura 11 em que um trimpot de ajuste
é empregado.
Esse trimpot de ajuste permite levar o
nível de transição do sinal da porta em
que se obtém o disparo ao valor ideal.
Isso possibilita que mesmo micropro-
cessadores que forneçam tensões menores
de saída em suas portas, como algumas
versões modernas que apresentam sinais
de 2,7 V ou 3,3 V, também possam ser
usados no interfaceamento de circuitos F7. Circuito para ativar a carga F8. Circuitos para ativar a carga quando
externos, sem a necessidade de se alterar quando a entrada vai a 0 V. a entrada vai para o nível alto.
o circuito.
Veja que os resistores de referência
foram calculados para duas tensões de
alimentação do comparador: 6 V e 12 V.
Para outras tensões o leitor pode fazer o
cálculo, lembrando que para uma saída
de disparo de 5 V, o nível da tensão de
referência deve ser de 2,5 V.
Recordamos que as saídas dos com-
paradores LM139/239/339 são em coletor
aberto, exigindo um resistor pull-up. A
corrente máxima drenada pela saída é de
16 mA (tip) para uma alimentação de 5 V.
Com isso, essa etapa pode excitar direta-
mente transistores e outros dispositivos
com facilidade.
A inversão da ação de comutação, com
a saída indo ao nível alto quando a entra-
da vai ao nível baixo, pode ser feita com a
aplicação da tensão de referência na entra-
da não inversora, observe a figura 12. F9. Simulação do circuito anterior
para uma carga de 100 ohms.

52 I SABER ELETRÔNICA 447 I Maio/Junho 2010

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F10. Comparador de tensão usando F11. Comparador de tensão com
resistores fixos na entrada. trimpot de ajuste na entrada.

F12. Invertendo a ação de F13. Circuito com transistor e optoaco-


comutação do circuito. plador para controle da carga.

F14. Interface usando acopla-


dor óptico e comparador.

F15. Circuito para controle de


relés com duplo isolamento.

Maio/Junho 2010 I SABER ELETRÔNICA 447 I 53

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Desenvolvimento

Os resistores de referência são calcula-


dos da mesma forma que no caso anterior
e o uso do trimpot também é permitido.

Interface Isolada
com Transistor
O circuito da figura 13 tem a vantagem
de usar um acoplador óptico, isolando-o
da carga controlada.
O acoplador é o 4N25 ou equivalente, e
a energia para excitar o LED vem da pró-
pria porta paralela. Este circuito fornece
uma saída digital que pode ser usada para
excitar portas TTL ou CMOS. Veja que F16. Circuito para o disparo de TRIAC com
a alimentação do circuito pode ser feita carga resistiva usando opto-diac.
com tensões de 5 a 12 V. A resistência de
carga é pequena, uma vez que a corrente
disponível não é das maiores.

Interface Isolada
com Comparador
Na figura 14 temos uma interface
usando um acoplador óptico e o compara-
dor LM339 ou qualquer equivalente. Nes-
ta aplicação, amplificadores operacionais
também podem ser empregados.
O ponto de disparo pode ser ajustado
no trimpot de 10 kohms. No entanto, nada
impede que tenhamos um disparo fixo,
colocando neste ponto um divisor resisti- F17. Circuito para o caso de
vo com dois resistores de 10 kohms. carga indutiva.
Lembramos que os comparadores da
série LM139/239/339 possuem transis- óptico empregado de modo a se obter o O circuito visto na figura 16 faz uso de
tores em coletor aberto; assim, deve ser ponto ideal de disparo com o sinal da um MOC3010 e é indicado para o disparo
usado um resistor pull-up e a corrente porta no nível alto. de cargas resistivas.
será drenada pela saída quando ela for Uma possibilidade para se encontrar Para cargas indutivas temos a confi-
ao nível baixo. o melhor valor consiste em se usar no guração exibido na figura 17.
A alimentação do setor do compara- desenvolvimento do projeto um trimpot e, Observe que o acoplador óptico (iso-
dor pode ser feita com fonte separada e depois, substituí-lo por um resistor fixo. lador óptico) fornece um isolamento de 7
tensão diferente de 5 V. Levando em conta que os relés de 12 000 volts, o que garante uma segurança
V comuns são especificados para uma total para o dispositivo de controle, no
Controlando relés corrente de 50 mA, a fonte deve ser di- caso o computador.
Para controlar relés de forma segura mensionada prevendo-se o instante em
com um duplo isolamento, sugerimos o que todos eles estejam acionados. Conse- Usando o ULN2001/2/3/4
circuito da figura 15. quentemente, para uma interface em que Os circuitos integrados da série
O isolador óptico isola o circuito do as 8 saídas da porta paralela sejam usadas, ULN2001/2/3/4 também designados por
microprocessador ou do PC do circuito de a fonte deve ser capaz de fornecer os 400 MC1411/12/13/14 consistem de Drivers
acionamento dos relés, que pode operar mA exigidos. que podem fornecer até 500 mA de saída
com tensão diferente de 5 V. Na verdade, para controle direto de cargas a partir de
com o uso de relés de 12 V é possível obter Disparando TRIACs entradas de sinais digitais.
melhor desempenho. Os relés de 12 V são Para o disparo de cargas de alta potên- Os quatro circuitos se diferenciam pela
mais fáceis de conseguir, mais sensíveis cia ligadas à rede de energia, nada melhor configuração interna de seus transistores
e com isso podem facilitar a montagem do que usar TRIACs. Para essa finalidade Darlington, veja a figura 18.
da interface. podem ser usados acopladores ópticos Assim, suas aplicações dependem
O resistor R1 deve ter seu valor esco- com opto-diacs como os da série MOC3010 apenas da lógica de controle a ser usada,
lhido de acordo com o tipo de acoplador (110 V) e MOC3020 (220 V). ou seja, do tipo de PC, microcontrolador

54 I SABER ELETRÔNICA 447 I Maio/Junho 2010

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Desenvolvimento

F18. Os quatro drivers se diferenciam pela con-


figuração interna dos transistores Darlington.

ou microprocessador que vai fazer o in-


terfaceamento. A tabela 1 dada a seguir
mostra essas características.
Na figura 19 temos um circuito típico
de interfaceamento de um PC com uma
carga de alta potência (500 mA), por
exemplo, conjuntos de relés, solenoides
ou mesmo motores.
Na figura 20 vemos a pinagem do
circuito integrado utilizado.

Junho/Julho 2010 I SABER ELETRÔNICA 447 I 55

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Desenvolvimento

Com CIs
Uma outra forma de fazer o interfa-
ceamento de microprocessadores, PCs e
outros dispositivos lógicos através de suas
portas de saída é com o uso de circuitos
integrados digitais, tal qual o ilustrado
na figura 21.
Este circuito permite demultiplexar
um valor digital entre 0 e 15 (0000 a 1111)
em uma de 8 saídas no nível alto (TTL).
Podemos então controlar até 16 circui-
tos externos endereçados digitalmente,
conforme a seguinte tabela 2:
Veja que os pinos das saídas da porta
paralela de 5 a 8 (DB5 a DB8) podem
ser usados para controlar um segundo
conjunto de circuitos com outro demulti-
plexador como este.

Conclusão
Os circuitos que vimos aqui são F19. Circuito de interface de um PC
apenas algumas sugestões para as con- Com carga de alta potência.
figurações que podem ser usadas no
interfaceamento de circuitos digitais com Combinando-se circuitos isolados com
circuitos de potência. circuitos de alta potência pode-se agregar
Evidentemente, essas configurações ao circuito segurança na capacidade de
podem ser modificadas conforme a apli- controle. O modo como isso poderá ser
cação e até mesmo combinadas de modo feito dependerá da habilidade de cada
a se obter o controle desejado. desenvolvedor. E
Tipo Aplicação (compatibilidade)
MC1411/ULN2001A Uso geral, DTL e TTL, PMOS e CMOS F20. Pinagem do circuito
MC1412/ULN2002A PMOS lógica de 14 a 25 V – contém zener interno utilizado.
TTL ou CMOS com alimentação de 6 V – possui resistor de 2,7 k ohms em
MC1413/ULN2003A
série com a entrada
TTL ou CMOS com alimentação de 8 a 18 V – possui resistor de
MC1414/ULN2004A
10,5 k ohms em série com a entrada T1. Características de
aplicação dos drivers.

Decimal Binário (Saída ativada)


0 0000 S1
1 0001 S2
2 0010 S3
3 0011 S4
4 0100 S5
5 0101 S6
6 0110 S7
7 0111 S8
8 1000 S9
9 1001 S10
10 1010 S11
11 1011 S12
12 1100 S13
13 1101 S14
14 1110 S15 T2. Características de
15 1111 S16 ativação das saídas F21. Uso do CI 74154 para o
do CI74154. interfaceamento de µPCs.

56 I SABER ELETRÔNICA 447 I Maio/Junho 2010

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abcdefghijklmnopqrstuvwxy
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

Componentes

Componentes de Proteção contra

Sobretensões
Q
Grande parte das falhas que uando um pulso de sobretensão A velocidade de ação e a resistência
atinge um circuito, seus com- para a condução do transiente são as
ocorrem em equipamentos ele- ponentes podem não suportar principais características desse tipo de
trônicos se devem a sobretensões. sua presença e com isso quei- proteção.
Essas sobretensões podem ter marem-se. Tipos com resistências da ordem de
Conforme indicamos na introdução, 100 m ohms capazes de conduzir correntes
diversas origens, sendo a principal essas sobretensões podem entrar em um de 40 000 A podem ser encontrados para
a própria rede de energia e a linha equipamento de diversas maneiras: pela aplicações industriais. Na condição de
que eventualmente transmita linha de alimentação, pela linha de trans- desligado (alta impedância), a resistência
missão de sinais ou mesmo pelos cabos que é da ordem de 10 G ohms e a capacitância
um sinal para o equipamento. acoplam sensores. da ordem de 1,5 pF.
Como proteger os equipamentos A ideia básica para se proteger um Esse tipo de proteção é usado para des-
contra as sobretensões e quais equipamento contra sobretensões é ligar carga de surtos de alta energia e sobrecar-
em paralelo com o ponto onde possa apare- gas diretamente a partir da rede de energia.
componentes usar são os temas cer essa sobretensão um dispositivo capaz Como ele não limita o surto até o momento
que analisaremos neste artigo de atuar no momento em que ela esteja em que a tensão de ruptura seja atingida,
em que veremos os diversos tipos presente, estabelecendo um percurso para torna-se necessário usar elementos adicio-
a mesma conforme ilustra a figura 1. nais de proteção. Devem ser empregados
de tecnologias empregadas para Existem diversos componentes dispo- dispositivos adicionais de proteção depois
essa finalidade níveis para realizar essa tarefa e é deles que de sua entrada de alimentação.
vamos tratar a partir de agora.
Diodos de Ruptura
Supressores a Gás (Breakover)
Esses dispositivos consistem de am- Os diodos de ruptura ou breakover
Newton C. Braga polas cheias com um gás que, ao receber são tiristores bidirecionais com uma alta
a sobretensão, se ioniza, passando de um capacidade de condução de corrente. Es-
estado de alta resistência para baixa resis- ses componentes podem ser usados para
tência, observe a figura 2. proteger circuitos do lado da alimentação,
Tipos comuns podem apresentar dois veja exemplo dessa proteção bidirecional
ou três eletrodos, como os exibidos na fi- na figura 4.
gura 3, de modo a fornecer uma proteção Os diodos de ruptura disparam inde-
tanto longitudinal quanto transversal. pendentemente do tipo de crescimento da

F1. Ligação de dispositivo de proteção em F2. Ampola com gás


paralelo na entrada do circuito. ionizante.

Maio/Junho 2010 I SABER ELETRÔNICA 447 I 57

SE447_Componente.indd 57 16/7/2010 10:52:14


Componentes

tensão, pois são muito rápidos, com uma


taxa de crescimento típica de 5 kV/µs. A
tensão de ruptura típica para esses compo-
nentes está na faixa de 100 V a 290 V.
Os diodos de ruptura operam segundo
um processo que tem duas etapas. Em
uma primeira etapa, os transientes de alta
tensão são cortados segundo as mesmas
características de um diodo zener.
No entanto, quando a ação de avalan-
che termina (depois que a tensão de ruptu-
ra é alcançada) o circuito passa a funcionar
como um tiristor que passa para o estado F3. Tipos comuns de supresso- F4. Proteção bidirecional de circuitos
de condução. Nessa condição, a queda de res a gás (2 e 3 terminais). (lado da alimentação).
tensão é muito baixa, da ordem de 3 V, e os
diodos podem manusear picos de corrente
de mais de 200 A tipicamente.
Quando a corrente no dispositivo
cai abaixo do valor de manutenção, da
ordem de 150 mA, o diodo volta ao seu
estado de não condução (desligado)
apresentando resistências da ordem de
5 M ohms ou mais.
A capacitância apresentada é da ordem
de 100 a 200 pF.
Da mesma forma que os supressores
a gás, os diodos de ruptura são usados
para eliminar surtos de alta tensão e alta
energia. Embora possuam uma capacidade
menor de proteção que os supressores a
gás, eles apresentam a grande vantagem
de sua ação ser independente da taxa de
crescimento da tensão.
A Corona Brasil é um fabricante desse
tipo de diodo em nosso país (www.corona-
brasil.com.br). Essa empresa dispõe de tipos F5. Curva típica de ação de um Diodo
com tensões de rutpura de 600 V a 1 600 V. Supressor (1N5908).

Diodos Supressores A ou mais. Sob essas condições, podemos Esse componente é aplicado em circui-
Os diodos supressores também são ter picos de dissipação de 1 500 W. tos de 5 V com uma potência de pico de
denominados diodos TAZ (Transiente Ab- Esses diodos são componentes espe- dissipação de 1500 W e uma corrente de
sorption Zeners – Diodos Zener de Absorção cialmente desenvolvidos para a proteção fuga de 300 µA.
de Transientes) ou diodos de avalanche. de circuitos contra surtos, dada sua alta
Esses componentes são usados nos cir- velocidade de resposta. Com compo- Diodos Retificadores
cuitos eletrônicos depois do transformador nentes bidirecionais pode-se proteger Diodos retificadores comuns, como o
e antes dos chips que devem ser protegidos. circuitos contra pulsos de qualquer 1N4004, também podem ser empregados
Na figura 5 temos a curva característica polaridade, em circuitos de proteção contra transien-
(Ppp x tp) para um desses diodos. Todavia, ao se usar esse tipo de su- tes. Esses componentes podem ser usados
Eles não são indicados para proteção pressor deve-se tomar cuidado com sua em linhas de sinal devido a sua corrente
na entrada do circuito, dada sua baixa ca- corrente de fuga que pode carregar linhas de fuga muito baixa. Sua alta velocidade
pacidade de dissipação, da ordem de 5 W de sinais de alta impedância. Os sinais permite que transientes muito rápidos que
no máximo. transmitidos podem, então, sofrer distor- consigam passar através do transformador
Nesses componentes, as correntes de ções com a presença desse componente. sejam cortados.
fuga são da ordem de 1 mA, e a corrente de Um diodo desse tipo é o 1N5908 Na figura 6 mostramos como usar
pico máxima que eles podem suportar por fabricado pela Microsemi, SGS e ST Mi- diodos retificadores em circuitos de
poucos milissegundos é da ordem de 100 croelectronics. proteção.

58 I SABER ELETRÔNICA 447 I Maio/Junho 2010

SE447_Componente.indd 58 16/7/2010 10:52:21


F6. Diodos retificadores em circuito de F7. PTC e fuzível para proteção F8. Capacitores para reduzir os
proteção bidirecional. contra transientes na rede. transientes da rede de energia.

Diodos Schottky
Os diodos Schottky, pela sua baixa
tensão de condução no sentido direto, da or-
dem de 0,3 V, podem ser usados na proteção
dos circuitos depois dos transformadores ou
do lado dos chips. Entretanto, dada sua baixa
dissipação, eles não são indicados para os
casos em que a proteção seja exigida para
surtos de grande duração.
A alta velocidade de ação desses diodos,
menor do que 100 picossegundos, permite
que eles respondam a pulsos de duração
muito curta.

Diodos Zener
Na prática, os diodos zener não são
muito indicados para proteção contra
sobretensões dada sua impedância diferen-
cial elevada, acima de 4 ohms tipicamente, F9. Varistores
que tem como resultado uma dissipação comuns.
elevada que limita a aplicação do diodo nos
circuitos de proteção que estejam sujeitos de energia, para reduzir as componentes disso não podem conduzir muito mais do
a surtos prolongados. de alta frequência, incluindo transientes, que alguns ampères de pico.
Com essa impedância, os pulsos mais observe a figura 8.
intensos ainda podem desenvolver uma Contudo, nas linhas de sinal eles não Conclusão
tensão elevada no circuito, o que impe- são recomendados, pois podem afetar o As impurezas da rede de energia podem
de sua ação como dispositivo protetor próprio sinal. afetar muito os equipamentos eletrônicos,
eficiente. Os varistores (figura 9) também devendo haver uma preocupação muito
podem ser empregados na proteção de grande não só por parte dos projetistas, mas
Outros Componentes circuitos, se bem que suas características também dos instaladores de equipamentos
Há diversos outros componentes que limitem bastante esse tipo de aplicação. eletrônicos.
podem ser usados na proteção contra Eles possuem tempos de resposta peque- Não obstante, a maioria dos equipamen-
transientes. nos , limitam a tensão independentemente tos modernos possuir um ou mais recursos
Os resistores PTC (Positive Temperature de sua polaridade e podem dissipar uma para a proteção contra sobretensões, poderá
Coefficient) podem ajudar nos circuitos boa potência. Todavia, esses protetores haver a necessidade do profissional imple-
protegidos por fusíveis, conforme ilustra manifestam entre seus terminais uma mentar mais um.
a figura 7. tensão que depende da corrente que estão Mais do que isso, a solução adotada em
Nos circuitos em que hajam outros siste- conduzindo, o que pode causar o apare- um determinado equipamento pode não ser
mas de proteção que resultem em correntes cimento de sobretensões remanescentes conveniente para a aplicação, o que exige a
instantâneas muito elevadas, capazes de no circuito. adoção de novas medidas protetivas.
queimar o fusível, um PTC pode ajudar na Finalmente, temos os TRIACs que são Neste artigo oferecemos algumas dessas
sua limitação, evitando a queima do fusível usados em algumas aplicações, mas que têm soluções, mostrando as características dos
quando o circuito de proteção atuar. uma ação bastante limitada no circuito. Eles principais componentes utilizados para essa
Os capacitores também podem ser uti- serão destruídos se um surto muito rápido finalidade, para que o leitor saiba escolher
lizados em alguns casos, do lado da rede (maior do que 100 V/s) aparecer, e além aquele que melhor se adapte ao seu caso. E

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Componentes

Circuitos com
Novos Componentes
Novos componentes estão Componente da ST Microe- vimento como de seu sentido. A saída é
sendo lançados constantemente, lectronics maximiza o Apro- digital, e o posicionamento dos sensores
veitamento da Energia de separados é em quadratura. Na figura
numa taxa que fica difícil para o Painéis Solares 2 mostramos o circuito típico de apli-
profissional de Eletrônica acom- O circuito integrado SPV020 da ST Mi- cação do dispositivo, que é fornecido
panhar. croeletronics (www.st.com) consiste em um em invólucro SIP de quatro terminais.
conversor tipo buck cuja finalidade é maxi-
Assim, a seleção daqueles que mizar a energia gerada por painéis solares, Drive de Linha de 3,3 V com
são principais e que podem resul- independentemente da temperatura ou da Ganho Ajustável
tar em novas aplicações é muito intensidade da luz incidente. O circuito apresentado se baseia no
A otimização da conversão de energia DRV603 da Texas Instruments (www.
importante. é obtida através de uma lógica embutida ti.com) e consiste em um driver de linha livre
Neste artigo, selecionamos no CI que executa o algoritmo denomina- dos ruídos de comutação, projetado para
alguns componentes lançados do MPPT (Max. Power Point Tracking) nas aplicações PDP/LCD de TV, Blu-ray, Home
células conectadas ao conversor. Theater e Set Top Boxes. Este componentes
recentemente com circuitos prá- Um ou mais conversores podem ser pode alimentar cargas de 2,5 kohms com
ticos de aplicação. ligados aos painéis solares, e graças ao uma tensão de alimentação de 5 V. A faixa
fato da máxima energia ser computada de resposta vai de 20 Hz a 20 kHz e a relação
Newton C. Braga localmente, o nível de eficiência do sistema sinal-ruído é maior que 109 dB.
alcança o máximo. Na figura 1 temos um Na figura 3 temos um circuito típico
circuito de aplicação para este componente. deste componente. Informações completas
Características: podem ser obtidas no datasheet disponível
• Faixa de tensões de operação: 0 - 36 V; no site da Texas Instruments.
• Proteção contra sobrecarga, sobre-
corrente ; Amplificador Classe D com o
• Selfstart embutido; Circuito Integrado NCP2823,
• Eficiência de até 95%. da On Semicondutor
O NCP2823 é um pequeno amplificador
Circuito com o A1230 – Chave integrado que pode ser montado em uma
Dupla de Dois Canais de Sen- placa de apenas 1,45 x 3,7 mm, fornecendo
sores Hall uma potência de 3 W numa carga de 4
Este componente da Allegro Microsys- ohms. Também pode ser ligado em ponte
tems (www.allegromicro.com) consiste de (BTL) para maior potência. O CI tem ajuste
duas chaves de efeito Hall casadas em um externo de ganho e um consumo de apenas
mesmo substrato. Os elementos de efeito 1,8 mA para o NCP2823A. O circuito pro-
Hall têm um espaçamento de 1 mm e o cessa sinais de uma entrada analógica con-
regulador LDO é integrado, possibilitando vertendo-a em digital (PWM) para excitar
uma operação com apenas 3,3 V. A proteção a carga de baixa impedância. As aplicações
ESD é integrada e a estrutura é robusta, principais incluem os telefones celulares, câ-
garantindo ainda mais sua operação em meras, GPS e outros equipamentos portáteis
ambientes severos. com áudio alimentados por bateria.
Os dois elementos do dispositivo Na figura 4 o circuito básico da apli-
possibilitam sua aplicações em circuitos cação, observando-se que pouquíssimos
em que se deseja detecção tanto do mo- componentes externos são necessários.

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F1. Circuito de aplica-
ção do SPV1020.

F2. Sensor Hall da Alle-


gro Microsystems.

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Componentes

F3. Aplicação prática do


Driver de linha.

F4. Amplificador com o NCP2823


da ON - Semiconductor.

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Instrumentação

Comparando a Performance de
Analisadores de Espectro
A
Os analisadores de espectro análise de sinais através de um Uma ampla resposta plana é necessá-
são instrumentos indispensáveis analisador de espectro envolve ria para evitar os erros de conversão. Estes
fatores como faixa dinâmica, erros normalmente são compensados,
no dia-a-dia do profissional das precisão e velocidade, os quais mas o processo é imperfeito, na maioria
Telecomunicações. Com eles, é devem estar presentes nos instrumentos dos casos, podendo permanecer erros tão
possível ter uma ideia do que empregados. grandes como +/- 0,25 dB tipicamente.
No entanto, dependendo da tecno- O uso de DSPs permite diminuir este
ocorre com um sinal não só na logia utilizada, um desses fatores pode tipo de erro.
sua frequência, mas em um am- comprometer o outro, o que significa que
plo domínio, o que é fundamental nem sempre é possível obter o máximo Comparação da
de precisão com o máximo de veloci- Faixa Dinâmica
para análise e diagnósticos de dade ou faixa dinâmica. Desta forma, As tecnologias digitais mais modernas
problemas. Existem duas tecno- dependendo do tipo de trabalho a ser que empregam conversores analógico-
logias usadas nos analisadores realizado pelo profissional, é preciso digitais e DSPs estão se tornando mais
entender como as diversas tecnologias comuns e mais avançadas. Na maioria dos
de espectro, Varredura (sweep) e empregadas e as características que elas aparelhos, a tecnologia digital é concentrada
Análise por Transformada Rápida adicionam aos instrumentos podem in- algumas etapas depois das etapas de FI e
de Fourier (FFT). fluir na análise de um sinal. do amplificador logarítmico. Não obstante,
Neste artigo, vamos comparar as existem analisadores em que esta tecnologia
Veja, neste artigo, as diferenças duas tecnologias encontradas nesses já é implementada após a etapa de FI e a
entre as tecnologias e no que isso instrumentos em alguns tipos de medi- filtragem é feita por técnicas FFT ou por
influi nos resultados das análises. das. Uma delas é a que faz uso de um implementação digital de filtros de FI.
processo de varredura (sweep) e a outra A mudança do processo de conversão
Ele é baseado em documentação utiliza a análise pela Transformada Rá- pode resultar numa melhora da faixa
da Agilent Technologies pida de Fourier (FFT), que é uma técnica dinâmica dos FFTs em relação aos equipa-
digital. mentos que se baseiam em varredura.

Newton C. Braga Comparando a Precisão Faixa Passante dos ADCs


da Amplitude A relação sinal/ruído efetiva de um
Os dois tipos de analisadores de es- processo de conversão de um sinal da
pectro apresentam erros de amplitude. forma analógica para digital (ADC) pode
Contudo, os tipos por varredura (sweep) ser melhorada substancialmente, limi-
possuem recursos para correção que tando-se sua faixa passante. No caso dos
levam a melhores resultados, conforme analisadores de espectro de tipo sweep, um
ilustra a figura 1. pré-filtro analógico limita a faixa passante
No analisador de espectro por var- para o ADC em aproximadamente 2,5
redura, a precisão de amplitude dos vezes a faixa passante final.
filtros de resolução de largura de banda Os pré-filtros analógicos também são
(RBW = Resolution Bandwidth) pode ser usados nos analisadores tipo FFT, mas os
maior porque eles estão centralizados seus benefícios estão limitados devido a
na mesma frequência. No caso dos FFT, sua faixa mais larga. Como o espalhamen-
entretanto, a linearidade do processo de to inteiro de frequências é processado no
conversão do sinal depende do conver- FFT, o pré-filtro analógico é mais estreito,
sor A/D e, portanto, é ele que determina com uma banda fixada em aproximada-
a precisão. mente 1,25 vezes a faixa do FFT.

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Instrumentação

Efeito do Auto-ranging de varredura diminui. Nos analisadores Taxas de varredura maiores resultam
O auto-ranging é uma técnica poderosa de espectro tradicionais, eles são manti- em erros de amplitude maiores. No entan-
para expandir a faixa e a resolução de um dos dentro de valores conhecidos, limi- to, nos filtros digitais esses erros podem
sistema ADC, e com isso a faixa dinâmica. tando-se a velocidade de varredura dos ser compensados através de algoritmos
Nos analisadores tipo sweep, a intensidade filtros. Os erros de resposta dos filtros apropriados, de modo a se reduzir seus
do envelope na resposta de um pré-filtro variam com o quadrado da faixa passan- efeitos.
varia levemente o suficiente para que o te, o que significa que seus valores são
ADC possa mudar de faixa e com isso muito menores quando a faixa passante Velocidade
acompanhar o envelope. é reduzida. A maior vantagem dos analisadores
O auto-ranging também pode ser Os filtros Gaussianos são os mais FFT é a sua velocidade em medidas que
usado na análise FFT, no entanto, a faixa usados nos analisadores de espectro tipo exijam a utilização de filtros de resolução
não pode ser mudada dentro do espalha- sweep devido a sua boa seletividade (para de bandas estreitas (RBW) e um espa-
mento de frequências de um único FFT. sinais de igual nível), e além disso são lhamento de frequências relativamente
Assim, o piso de ruído de cada FFT é comparativamente rápidos. grande. O processamento FFT pode ser
tipicamente mais elevado e isso, por sua As limitações decorrentes das caracte- modelado para agir como centenas de
vez, limita a faixa dinâmica. Com o ana- rísticas dos filtros podem ser contornadas filtros RBW ligados em paralelo.
lisador sweep temos, então, uma melhor de diversas formas, sendo uma delas a que Assim, no caso de uma análise em
faixa dinâmica. utiliza técnicas digitais. Apesar dos efeitos faixa estreita, um instrumento FFT pode
dos filtros estarem presentes tanto nas alcançar velocidades maiores analisando
Velocidade de Varredura configurações analógicas quanto digitais, muitas frequências ao mesmo tempo.
usando um Filtro Digital as respostas e características dos filtros Todavia, para faixas mais largas ocorre
Longos períodos de medida nos ana- analógicos não podem ser alteradas, o uma sobrecarga computacional, o que
lisadores de espectro tipo sweep resultam que não acontece com os filtros digitais, pode comprometer os benefícios do pro-
de medidas que, normalmente, requerem onde elas são facilmente modificadas pelo cessamento paralelo.
faixas estreitas e um espalhamento maior uso de DSPs. A análise FFT é uma abordagem valiosa
de frequências. Essa situação ocorre geral- Com isso, analisadores que fazem uso para análise de sinais em bandas estreitas,
mente em espalhamentos de frequência dessas técnicas digitais passam a ter carac- onde os tempos dos tipos de varredura
abaixo de 100 kHz tipicamente, e também terísticas melhoradas como, por exemplo: podem ser inaceitavelmente longos.
em medidas de espúrios de baixo nível, • Melhor fator de linearidade dos A figura 2 mostra uma comparação dos
onde faixas estreitas são utilizadas para filtros para maior seletividade em tipos de analisadores tratados neste artigo.
diminuir o nível de ruído médio. qualquer faixa selecionada; Uma outra vantagem dos analisado-
Para varreduras de faixas estreitas, • Incrementos de banda (10 %) me- res FFT é a apresentação dos resultados
o fator limitante na velocidade é a ca- nores para otimizar o tempo de de de todo o espectro de freqüência em um
pacidade do filtro de resolução de faixa varredura e banda passante; único ciclo de aquisição.
responder ao envelope ou às variações • Características dinâmicas previ-
de intensidade resultantes do processo síveis (tempo de resposta para as Continuum de Performance
de varredura. A limitada velocidade de variações do envelope) que causam Quando diversas FFTs são usadas
resposta do filtro é responsável por erros erros de intensidade e frequência para cobrir um único espalhamento de
na exibição da frequência e na amplitude. devido a varredura podem ser freqüências, a faixa dinâmica pode ser
Esses erros aumentam quando o tempo corrigidas com precisão. melhorada pelo emprego de filtragem e
auto-ranging em cada segmento de FFT.
Por exemplo, se 10 FFTs são utilizados
para cobrir um único espalhamento de
frequência, a faixa de frequências do
pré-filtro pode ser fixada em um valor
de apenas 1/10 de um único FFT, o que
permite uma melhora na faixa dinâmica.
Neste caso, os resultados de cada FFT são
unidos de modo a formar um “continuum”
que abrange todo a faixa do espectro que
está sendo analisada.

Faixa Dinâmica de Tipos


com FFT Múltiplos
Quando diversas FFTs são usadas
F1. Os analisadores com varredura analógica para cobrir um único espalhamento de
permitem obter melhores resultados.

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F2. Comparação entre os anali- F3. Detalhe da curva de Análise por FFT em
sadores Sweep e FFT. comparação com os tempos dos sinais.

frequências, a faixa dinâmica pode ser dá ênfase a faixa dinâmica, enquanto


melhorada através do uso de filtragem e que o outro dá prioridade à velocidade
auto-ranging para cada segmento FFT. Por de medida.
exemplo, 10 FFTs proporcionam 10 pos- A escolha é feita em função da faixa
sibilidades de auto-ranging na captura da de resolução. Nas aplicações comuns, um
magnitude do espectro no espalhamento analisador escolhe a FFT por filtros RBW
das frequências medidas. abaixo de 10 kHz e análise por varredura
com RBW de 10 kHz e acima. Se a otimi-
Velocidade nos FFTs zação da faixa dinâmica for selecionada
Múltiplos (existindo essa opção), o analisador esco-
A velocidade das medidas em um lhe automaticamente a melhor varredura
analisador que use diversas FFTs não sem que haja comprometimento das
será a mesma que se obtém em um outras características.
instrumento com uma FFT. No entanto, Os tipos de varredura também podem
os benefícios obtidos pela possibilidade ser selecionados manualmente de modo
de se estreitar a faixa de cada FFTs são a otimizar a velocidade, faixa dinâmica
maiores do que os resultantes da redução ou precisão.
da velocidade. Todavia, é preciso ter cuidado porque
Quando se usam diversas FFTs, a ve- o aumento da precisão, por exemplo,
locidade final será determinada por vários pode comprometer outras características.
fatores, incluindo-se o tempo de aquisição O operador deverá estar apto a escolher
de dados, o tempo de processamento e o melhor ajuste para a análise que está
o tempo de comutação. Um valor típico sendo feita.
para análise em faixa estreita é de 1,83/
RBW do tempo de varredura multiplicado Conclusão
pelo número de FFTs. Os analisadores por varredura e FFT
No gráfico da figura 3 vemos a porção apresentam características diferenciadas
plana da curva de análise FFT em com- que podem ser mais importantes em
paração com o tempo de processamento determinados tipos de trabalho. Assim,
dos sinais. o operador de tais instrumentos deverá
conhecer as limitações de cada um de
Varredura Automática modo a saber quando uma análise está
e Manual (ou não) dotada de erros inerentes ao
Muitos analisadores de espectro pos- próprio princípio de funcionamento do
suem recursos para selecionar de modo aparelho.
automático o modo de varredura. O usu- Esse conhecimento também é impor-
ário pode selecionar entre dois algoritmos tante para que se saiba ajustar as próprias
aquele que está mais de acordo com o características de um instrumento especí-
sinal a ser analisado. Um dos algoritmos fico para uma dada aplicação. E

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opinião

Os Presidenciáveis na
Casa da Indústria
Humberto Barbato
Presidente da Abinee

P
ara comemorar o Dia da Indústria, mica do país, por outro, não foi nada amistosa a ser feito para cortar gastos de custeio, e
em 25 de maio último, a Confede- ao setor produtivo, mantendo anos a fio o para garantir uma melhoria substancial em
ração Nacional da Indústria - CNI câmbio aviltado e juros exorbitantes, o que sua eficiência.
- realizou um evento que ficará se choca com a agenda da indústria. Marina Silva, a quem passei a respeitar
marcado na história da entidade como um Por exemplo, na questão cambial, maior muito mais, demonstrou uma enorme sensibili-
dos seus mais importantes momentos. responsável pelo atual movimento de de- dade e o quanto valoriza a democracia. Mesmo
Elogiado por todos pela oportunidade, sindustrialização, a candidata deixou-nos a fora de seu habitat, interagiu e conquistou os
pela formatação e pela organização, o evento impressão de que, se eleita, dará continui- presentes ao demonstrar sua preocupação
reuniu para um debate com empresários da dade à política hoje adotada. Falando de com os problemas da indústria e do país. Ao
indústria, os três principais pré-candidatos propostas para um possível governo seu, afirmar que o Brasil não pode ser um país só de
às eleições presidenciais deste ano: Dilma Dilma admitiu que a atual situação tributária commodities, defendeu o fim da acomodação
Rousseff, José Serra e Marina Silva. é caótica, e assumiu o compromisso de fazer do Estado, que não faz as reformas necessárias
Foi um evento extremamente escla- a tão aguardada reforma. e acaba, com isso, prejudicando importantes
recedor, de valor inestimável, para que José Serra esteve muito a vontade ao segmentos da economia. Ela chamou a atenção
pudéssemos estabelecer um diálogo com falar com os empresários, mostrando conhe- dos empresários ao classificar esta atitude de
os postulantes sobre a Agenda da Indústria, cer os detalhes da agenda proposta, o que “consenso ôco”. Ou seja, ela quis dizer que não
e para conhecer quais as propostas de cada lhe permitiu fazer uma análise mais profunda adianta falar da necessidade de uma reforma,
um e quais delas se alinham com as nossas dos temas. De forma equilibrada, criticou o há que se ter compromisso. Sobre isso, Marina
demandas. Governo por ter reconhecido a China como foi contundente ao dizer que os políticos, em
O encontro tomou proporções além economia de mercado, ao mesmo tempo em campanha, assumem o compromisso com
das expectativas, tendo sido acompanhado que apontou uma fragmentação na área de as reformas, mas, quando no poder, fazem a
pela internet, segundo a CNI, por cerca de comércio exterior, que leva o Brasil a não reforma do compromisso. Neste ponto, ela
200 mil pessoas, o que mostra que os temas ter uma política de defesa comercial. Aliás, tocou a sensibilidade de todos aqueles que
referentes à indústria não são de cunho esta é uma questão extremamente sensível ainda acreditam no desenvolvimento do país
corporativo, mas, sim, de interesse do País. para o setor eletroeletrônico que perde através das reformas estruturais.
Justifica-se, pois o setor industrial é o grande competitividade lá fora e, agora, começa a De maneira geral, os três presidenciáveis
responsável pela geração de emprego, renda perder no nosso próprio quintal. mostraram-se preparados para o diálogo
e divisas. Serra atribuiu às distorções da política proposto pelo evento, o que, de antemão,
O documento “A Indústria e o Brasil - econômica do país a perda de peso da in- representou um primeiro compromisso
Uma Agenda para Crescer Mais e Melhor”, dústria. Para nós empresários, ouvir de um com o crescimento do país, ancorado na
entregue antecipadamente aos candidatos, candidato que o tema “desindustrialização” capacidade produtiva da nossa indústria.
foi elaborado por mais de 1.500 empresários está entre suas preocupações, foi um grande Este encontro proporcionado pela CNI
e traduz a importância da indústria, alertando alento. Lembro que coube a mim dirigir a foi um verdadeiro exemplo de democracia
para os obstáculos que devem ser superados Serra uma das perguntas do debate. Indaguei e de demonstração da importância da
de modo que se ganhe competitividade e se que tipo de reforma fiscal seria feita em um indústria no contexto da nação. Indepen-
afaste o fantasma da desindustrialização. possível governo seu, uma vez que o Brasil dentemente de quem venha a vencer as
Dilma Rousseff, a primeira a apresentar vive há anos uma dicotomia na administração eleições, esperamos que os compromissos
suas ideias, de forma técnica, se utilizou das pública com os gastos de custeio altos e pou- sejam efetivamente cumpridos para que
ações do atual governo, do qual fez parte, cos investimentos, ao mesmo tempo em que os principais obstáculos à competitividade
destacando principalmente feitos da área a carga tributária estrangula o setor privado. sejam corrigidos e que a nossa indústria
macroeconômica. Se, por um lado, a política Apontando para a excessiva obesidade da volte a ser o grande vetor do crescimento
monetária garantiu, sim, a estabilidade econô- máquina, ele respondeu que existe muito do Brasil nas próximas décadas. E

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