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FACULDADE GUARAPUAVA

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

VINICIOS AYOLAN DE MELO MACHAJEWSKI

MÓDULO DE EFEITO COM CONTROLE SENSORIAL BASEADO EM


FILTROS ATIVOS

GUARAPUAVA
2022
VINICIOS AYOLAN DE MELO MACHAJEWSKI

MÓDULO DE EFEITO COM CONTROLE SENSORIAL BASEADO EM


FILTROS ATIVOS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito à obtenção
do título de Bacharel em Engenharia
Elétrica da Faculdade Guarapuava.

Orientador: Prof. José Luiz Geraldis

GUARAPUAVA
2022
Dedico este trabalho à minha família, em
especial ao meu filho, Raul.
AGRADECIMENTOS

À minha família, em especial a minha mãe, pelo apoio nos períodos


turbulentos que se seguiram na reta final da faculdade. Ao meu irmão e primos pelos
momentos de descontração que foram essenciais para manter o equilíbrio e as
energias durante todos os períodos difíceis.
Ao Professor e orientador José Luiz Saviel Geraldis, pela confiança
depositada em aceitar conduzir esse trabalho. Ao Prof. Me. Marinaldo José
Gasparetto pelo apoio prestado e pelas conversas sempre enriquecedoras. A todos
os professores do curso de Engenharia Elétrica da Faculdade Guarapuava que
compartilharam seus valorosos conhecimentos e assim contribuíram para a
realização desse trabalho.
Aos colegas, que por cinco anos estiveram caminhando juntos para a
formação acadêmica.
Conhecimento não é aquilo que você
sabe, mas o que você faz com aquilo que
você sabe.
(HUXLEY, Aldous)
RESUMO

Este trabalho trata de filtros analógicos de frequências aplicados em processadores


de efeito e seus métodos de controle da resposta em frequência. Visa o estudo para
viabilidade e implementação de um circuito processador de efeito controlado de
forma sensorial e em tempo real dos parâmetros ajustáveis. Uma análise de um
protótipo implementado a partir de circuitos conhecidos, com alteração do método de
controle executado por meio de sensores de posição espacial demonstra se o
método é viável e proporciona controle satisfatório dos parâmetros. O trabalho
demonstra a performance da aplicação com componentes utilizados.

Palavras-chave: Filtros analógicos. Processadores de efeito. Controle sensorial.


ABSTRACT

This work deals with analog filtering circuits applied in effect processors and their
frequency response control methods. It aims at the study for the feasibility and
implementation of an effect processor circuit controlled in a sensory and real-time
way of the adjustable parameters. A prototype implemented from known circuits with
alteration of the control performed by means of spatial position sensors will be
analyzed to know if the method is viable and provides satisfactory control of the
parameters. The study demonstrates the performance of the application with chosen
components.

Keywords: Analog Filters. Effect Processors. Sensory Control.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Representação de uma onda no tempo....................................................17


Figura 2 - Sinal analógico limpo x sinal analógico ruidoso........................................18
Figura 3 - a) Sinal contínuo e b) Sinal contínuo discretizado no tempo....................19
Figura 4: a) Sinal de valores discretos contínuos no tempo e b) Sinal digital...........19
Figura 5 - Analisador de espectro Mouser................................................................20
Figura 6 - Plugin analisador de espectro Blue Cat....................................................21
Figura 7– Simbologia de um amp-op........................................................................22
Figura 8 - Chip amp-op LM741 Texas Instruments...................................................23
Figura 9 - (a) Filtro passa baixas passivo, (b) Filtro passa altas ativo......................25
Figura 10 - Resposta de um filtro LP........................................................................26
Figura 11 - Resposta de um filtro HP........................................................................26
Figura 12 - Resposta de um filtro BP........................................................................27
Figura 13 - Resposta de um filtro BR........................................................................27
Figura 14 - Resposta de um filtro AP........................................................................28
Figura 15 - Resposta em frequência de um filtro passa-baixas Bessel....................29
Figura 16 - Resposta em frequência de um filtro passa-baixas Butterworth.............29
Figura 17 – Resposta em frequência de um filtro passa-baixas Chebyshev............30
Figura 18 - Configuração passa-baixa não inversora de ganho unitário...................31
Figura 19 - Configuração passa-baixa não inversora com ganho de saída..............32
Figura 20 - Configuração passa-baixa inversora com ganho de saída.....................32
Figura 21 - Configuração passa-alta não inversora com ganho unitário...................33
Figura 22 - Configuração passa-alta não inversora com ganho de saída.................34
Figura 23 - configuração passa-alta inversora com ganho de saída........................34
Figura 24 - Pedal wah-wah Cry Baby.......................................................................36
Figura 25 - Diagrama de blocos de um circuito Wah-wah........................................37
Figura 26 - Circuito de alimentação..........................................................................39
Figura 27 – CI ICL 7660............................................................................................40
Figura 28 – Simulação no Proteus de um circuito com ICL 7660.............................40
Figura 29 – Circuito de pré-amplificação..................................................................41
Figura 30 – Circuito de pré-amplificação..................................................................42
Figura 31 – Resposta em frequência do circuito de pré-amplificação......................43
Figura 32 – Filtro de variáveis de estado..................................................................44
Figura 33 – Filtro de variáveis de estado construído no Proteus..............................45
Figura 34 – Resposta da saída HP para valores de R10 = R11= 100kΩ..................46
Figura 35 – Resposta da saída LP para valores de R10 = R11 = 100kΩ.................46
Figura 36 – Resposta da saída LP e HP para valores de R10 = R11 = 100kΩ........47
Figura 37 – Resposta da saída BP para valores de R10 = R11 = 100kΩ.................47
Figura 38 – Resposta das saídas HP, LP e BP R10 = R11 = 100Ω.........................48
Figura 39 – Resposta das saídas HP, LP e BP para R10 = R11 = 3,3 kΩ...............49
Figura 40 – Resposta das saídas HP, LP e BP para R10 = R11 = 50 kΩ................49
Figura 41 – Fator Q para Rζ = 1k............................................................................. 50
Figura 42 – Fator Q para Rζ = 100k.........................................................................51
Figura 43 – Circuito de controle................................................................................53
Figura 44 – Valores do acelerômetro e inclinação para o eixo y..............................54
Figura 45 – Código para acréscimo da resistência...................................................55
Figura 46 – Código para decréscimo da resistência.................................................55
Figura 47 – Demonstrativo circuito de controle.........................................................56
Figura 48 – Pré-amp com ganho unitário..................................................................57
Figura 49 – Pré-amp com ganho unitário..................................................................58
Figura 50 – 440 Hz na saída HP...............................................................................59
Figura 51 – 440 Hz na saída LP...............................................................................59
Figura 52 – 10 kHz na saída LP................................................................................60
Figura 53 – 440 Hz na saída BP...............................................................................61
Figura 54 – 440Hz na saída LP................................................................................61
Figura 55 – Resposta do sinal de entrada original....................................................62
Figura 56 – Resposta da saída HP...........................................................................63
Figura 57 – Resposta da saída BP...........................................................................63
Figura 58 – Resposta da saída LP............................................................................64
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Blocos de montagem do filtro projetado..................................................38


Quadro 2 - Características dos componentes do circuito de controle........................56
Quadro 3 - Características das saídas do filtro..........................................................65
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÔNIMOS

A/D Analógico/Digital
Amp-Op Amplificador Operacional
AP All Pass
Bit Binary Digit
BP Band Pass
BR Band Reject
BW Bandwidth
CI Circuíto Integrado
CS Chip Select
fc Frequência de corte
FET Field Effect Transistor
FFT Fast Fourier Transform
GND Ground
HP High Pass
IDE Integrated Development Environment
INC Increment
LED light-emitting diode
LFO Low Frequency Oscillator
LP Low Pass
POT Potenciômetro
RC Resistivo Capacitivo
RH Resistor High
RL Resistor Low
RW Resistor Wipe
SCL Serial Clock
SDA Signal Serial Data
U/D Up/Down
Vpp Tensão de Pico a Pico
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................13
2 OBJETIVOS........................................................................................................... 15
2.1 OBJETIVO GERAL..............................................................................................15
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................15
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..............................................................................16
3.1 EFEITOS DE ÁUDIO NA MÚSICA......................................................................16
3.2 O SOM................................................................................................................. 16
3.3 O SOM COMO UM SINAL...................................................................................17
3.3.1 Analógico x Digital............................................................................................ 17
3.3.2 Amostragem do Sinal no Domínio da Frequência............................................20
3.3.3 Transformada de Fourier..................................................................................21
3.4 PRINCIPAIS COMPONENTES............................................................................22
3.4.1 Amplificadores Operacionais............................................................................22
3.4.2 Arduíno............................................................................................................. 23
3.4.3 Potenciômetro Digital........................................................................................24
3.4.4 Acelerômetro.....................................................................................................24
3.5 FILTROS..............................................................................................................25
3.5.1 Classificação dos Filtros...................................................................................26
3.5.2 Classificação Quanto ao Tipo de Curva............................................................28
3.5.3 Filtro Bessel...................................................................................................... 28
3.5.4 Filtro Butterworth...............................................................................................29
3.5.5 Filtro Chebyshev...............................................................................................30
3.5.6 Topologias Básicas...........................................................................................30
3.5.7 Filtros de Primeira Ordem.................................................................................31
3.6 EFEITOS BASEADOS EM FILTROS ANALÓGICOS..........................................35
3.6.1 Wah-Wah..........................................................................................................36
4 METODOLOGIA.....................................................................................................38
4.1 ALIMENTAÇÃO................................................................................................... 39
4.2 PRÉ-AMPLIFICAÇÃO..........................................................................................41
4.3 FILTRO DE VARIÁVEIS DE ESTADO.................................................................43
4.4 CIRCUITO DE CONTROLE.................................................................................51
5 RESULTADOS....................................................................................................... 54
5.1 TESTE DO CIRCUITO DE CONTROLE..............................................................54
5.2 TESTE DO FILTRO ANALÓGICO.......................................................................57
5.3 TESTES DE ÁUDIO.............................................................................................62
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................66
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 68
ANEXO A – Circuito do Filtro de Variáveis de Estado..........................................70
ANEXO B – Circuito de Controle............................................................................72
ANEXO C – Código do Circuito de Controle.........................................................74
ANEXO D – Circuito Protótipo de Filtragem e Controle.......................................78
13

1 INTRODUÇÃO

A utilização de meios eletrônicos para modulação do som remontam as


primeiras gravações em estúdio, na década de 40. Músicos e engenheiros de som
começaram a utilizar os equipamentos eletrônicos, de dentro do estúdio, para
criação de efeitos dos mais variados tipos para serem utilizados nos instrumentos
musicais e na música em si.
Assim, surge a necessidade de levar esses efeitos do estúdio para as
performances ao vivo dos palcos. A Gibson Guitar Corporation foi uma das primeiras
fabricantes de equipamentos musicais a incluir um circuito de efeitos em seus
amplificadores, que consistia em um efeito de vibrato primeiramente. Com essa
abertura, outras grandes marcas como Fender e Premier também aderiram a inserir
efeitos em seus amplificadores tradicionais. Logo, torna-se comum os efeitos como
vibrato, tremolo e reverb estarem presentes nestes.
Após a criação dos transistores integrados e sua diminuição significativa de
custo nos anos 60 as primeiras unidades de efeito separadas começaram a surgir no
mercado. Efeitos embutidos em grandes amplificadores agora podiam ser
produzidos em unidades compactas e portáteis, os chamados pedais de efeito. A
partir daí uma infinidade de efeitos criados por circuitos eletrônicos foram
desenvolvidos. Efeitos como o chorus, gerado por deslocamento de fase, os wah-
wahs baseados em filtros analógicos, e a saturação do sinal da distorção eram
facilmente encontrados em pequenos pedais nos sets dos músicos em circuitos com
uma qualidade cada dia maior.
Os módulos eletrônicos analógicos de efeitos para instrumentos musicais, em
sua grande maioria, possuem controle dos seus parâmetros por meio de
potenciômetros, os quais são manipulados mecanicamente pelo usuário e alteram a
resposta em frequência da saída do sinal de áudio, e criam assim os mais variados
efeitos. Quaisquer outros métodos de controle desses parâmetros, seja por telas
sensíveis ao toque ou outros tipos de sensores, geralmente se dão após a
conversão do sinal analógico para digital, só então haverá a manipulação do sinal de
áudio.
14

A sonoridade obtida nos circuitos analógicos ainda é a mais almejada por


músicos, engenheiros de áudio e pessoas que trabalham com música em sua forma
mais orgânica. O timbre de um amplificador analógico valvulado, por exemplo, traz
um som incrivelmente mais natural quando comparado a um som processado
digitalmente. Mesmo nos métodos de processamento digital, seja em softwares ou
em hardwares, como as pedaleiras, o que se busca é simular o circuito analógico.
Por mais avançadas que estejam as técnicas de processamento digital, com maior
fidelidade e níveis de amostragem muito altos, sempre haverá perda de informação
durante a conversão A/D e, consequentemente, da qualidade quando se comparado
ao processamento analógico.
Face ao apresentado, um estudo da reposta em frequência de um circuito de
filtros analógicos, quando manipulado por elementos microcontrolados, será
realizado. Após os dados colhidos e analisados o problema é verificar se é possível
implementar um método de controle sensorial com resposta satisfatória em termos
de qualidade do áudio e precisão de controle.
15

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

• Desenvolver um método de controle sensorial para processadores de efeito


musicais baseados em filtros analógicos.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Analisar os principais filtros analógicos utilizados em circuitos de efeito de


áudio para instrumentos musicais, seu funcionamento e métodos de implementação;
• Identificar os parâmetros de controle da resposta de saída desses filtros e os
componentes que alteram a resposta em frequência nesses circuitos;
• Verificar a viabilidade de implementação de um processador de efeitos para
instrumentos musicais baseado em filtros analógicos controlado sensorialmente;
• Analisar o circuito e protótipo por meio de simulações e análise de espectro
se o controle é satisfatório em termos de precisão, quantidade de efeito gerado e
níveis de ruído;
16

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Esta seção apresenta os conceitos do som como um sinal, as formas como


ele é processado por meios eletrônicos para criação de efeitos de áudio. Demonstra-
se os métodos básicos em filtros analógicos, topologias básicas dos circuitos e seus
principais componentes e de que forma o efeito é gerado.

3.1 EFEITOS DE ÁUDIO NA MÚSICA

Segundo Noceti (2011), os efeitos de áudio podem ser classificados em dois


grandes grupos: Analógicos e Digitais. No primeiro, sons de voz ou de instrumentos
musicais são processados por um circuito e têm os seus parâmetros, tais como
amplitude, fase e conteúdo espectral variados. No segundo grupo, diversos tipos de
som são produzidos por sintetizadores e, neste caso, não há necessidade de um
instrumento musical.

3.2 O SOM

Iazetta (2019), afirma que pode-se explicar o som como sendo uma variação
de pressão que se propaga em um determinado meio elástico, como o ar, por
exemplo e que irá vibrar em uma determinada frequência. Para que essas variações
de pressão em forma de ondas sejam percebidas pelos ouvidos, elas devem ocorrer
dentro de uma gama de frequências perceptíveis à audição humana. A essa gama
de frequências se dá o nome de espectro sonoro, que está compreendido entre 20 e
20.000 Hz.
Estas ondas são representadas graficamente na Figura 1 em dois eixos, o
horizontal (eixo x) para o tempo e o vertical (eixo y) para a amplitude. No eixo x do
tempo, observa-se a frequência, quantas vezes essa onda oscilará por unidade de
tempo. Ela equivale a altura da nota, ou seja, à propriedade dos sons serem mais
17

graves ou agudos. A amplitude da onda é análoga à propriedade da intensidade


sonora, do som ser mais forte ou fraco (ROSSI, 2008).

Figura 1- Representação de uma onda no tempo.

Fonte: Adaptado de Manual Prático de Acústica (2009) .

3.3 O SOM COMO UM SINAL

Os sons processados pelo circuito tratam-se de sinais de baixa frequência, os


quais podem ter inúmeras formas de onda. São elas que determinarão as
características do som: timbre, altura e volume. Essas formas de onda são
processadas e modeladas pelos circuitos eletrônicos para geração dos efeitos no
sinal de áudio.
Conforme Braga (1986), esses sinais são captados por dispositivos chamados
transdutores. Os transdutores são dispositivos que realizam a conversão de uma
forma de energia em outra. Em sistemas de áudio, os transdutores realizarão a
conversão do som em sinais elétricos. O som pode ser proveniente da voz humana,
nesse caso o transdutor seria o microfone, o qual converteria as ondas sonoras em
um sinal elétrico de baixa intensidade, ou um captador de guitarra ou baixo elétrico,
por exemplo. O sinal gerado pelo transdutor manterá a frequência e forma de onda
do som originalmente captado.

3.3.1 Analógico x Digital


18

Segundo Razavi (2000), o sinal proveniente do instrumento pode assumir


qualquer valor de amplitude dentro de dado intervalo de tempo, são os sinais
chamados de analógicos. Esse sinal será contínuo em todo instante do tempo e
carrega informação em qualquer instante amostrado. Apesar disso, são sinais de
difícil processamento, devido as irregularidades existentes em um circuito eletrônico
como inconstâncias de componentes, susceptibilidade a ruídos e sua sensibilidade
(Figura 2).

Figura 2 - Sinal analógico limpo x sinal analógico ruidoso.

Fonte: Adaptado de Roberts (2009).

Por outro lado, existem os sinais digitais, os quais são obtidos a partir de um
sinal analógico que passará por um processo de conversão Analógica-Digital
(FIGURA 3). Nessa forma de representação apresenta-se uma sequência de
números discretos, cada número representará um valor de sinal em cada instante de
tempo. Isso é chamado de amostragem do sinal. Como o sinal é definido apenas
nos instantes da amostragem, não se pode mais dizer que ele é uma função
contínua no tempo. Agora é um dito sinal discreto no tempo. Porém, tem-se os
valores das amplitudes de cada amostra em uma faixa contínua, logo ainda se
considera o sinal como analógico (SEDRA, 2011).
Pode-se representar cada amostra de sinal por um número com dígitos finitos.
Sedra (2011), chama de quantização, discretização ou simplesmente de
digitalização do sinal. A forma mais comum de representação para o sinal
digitalizado será o sistema numérico binário, no qual cada dígito assume somente
valores de 0 ou 1, correspondentes a dois níveis de tensão, chamados de alto e
baixo.
19

Figura 3 - a) Sinal contínuo e b) Sinal contínuo discretizado no tempo.

Fonte: Adaptado de Roberts (2009).

Logo o sinal digital será uma sequência de números que por si representarão
as amplitudes de cada amostra de sinal no tempo (FIGURA 4).

Figura 4: a) Sinal de valores discretos contínuos no tempo e b) Sinal digital.

Fonte: Adaptado de Roberts (2009).

Esses dígitos binários são chamados de “bits” e quanto maior seu número,
mais a palavra digital quantizada se aproxima do valor da amostra verdadeira. Logo,
quanto maior o número de bits, maior é a resolução da conversão analógico-digital.
Porém, quanto maior a resolução, mais complexo e caro torna-se o circuito projetado
(TOCCI, 2011).
Nota-se que, por maior que seja a resolução de um sistema conversor
analógico-digital, sempre haverá perda de informação. O que se busca no circuito
digital é chegar mais próximo possível da representação do sinal analógico. Aplica-
se aqui ao conceito de fidelidade e segundo Braga (1986), significa manter a forma
de onda do som o mais próximo possível do som original durante todo o
processamento do sinal de áudio pelo equipamento. Assim sendo, conclui-se que,
20

um circuito analógico preservará mais a sonoridade original e a qualidade, o que em


termos de áudio na música é o fator mais almejado.

3.3.2 Amostragem do Sinal no Domínio da Frequência

Quando se trabalha com processamento de sinais de áudio, uma forma


imprescindível de se estudar e avaliar o som se dá pela análise espectral do sinal,
que se dá no domínio da frequência. Comumente o gráfico é exibido em escala
logarítmica na escala vertical, eixo y, com a amplitude lida em dB e na escala
horizontal, eixo x, o espectro de frequências é exibido. Componentes de frequência
alheias ao sinal, como distorções ou outras imperfeições são facilmente visualizadas
já que se pode ver cada componente da frequência no espectro do sinal (BONFIM,
2002).

Figura 5 - Analisador de espectro Mouser.

Fonte: Mouser Brasil.

Enquanto que para a análise de um sinal no domínio do tempo é utilizado o


osciloscópio, para análise de espectro no domínio da frequência utiliza-se um
equipamento denominado espectrômetro ou analisador de espectro (FIGURA 5),
que pode ser implementado de forma digital por meio de plugins de softwares de
edição de áudio (FIGURA 6) ou equipamento físico.
Neste trabalho a análise é feita por meio de plugins devido ao seu custo
relativamente baixo e praticidade de uso. Existem várias opções disponíveis no
mercado, inclusive modelos gratuitos utilizados por profissionais de gravação e
mixagem.
21

Figura 6 - Plugin analisador de espectro Blue Cat.

Fonte: Bluecat Audio.

3.3.3 Transformada de Fourier

Para se obter a representação do espectro de frequências de um sinal, utiliza-


se a série de Fourier, que permite a representação de uma função periódica como
uma soma de senóides. Como os sinais de áudio tratam-se de funções não
periódicas, estende-se esse conceito para esse tipo de funções, tomando-as
funções como sendo funções de período infinito. Assim, a transformada de Fourier
será uma representação em forma de integrais de uma função não-periódica, que é
análoga a uma representação em séries de Fourier de uma função periódica (LATHI,
2006).
Para a transformação do domínio do tempo para o domínio da frequência
utiliza-se a Equação 01.

(01)

Essa equação é chamada transformada de Fourier. Nela se evidencia a


transformada de Fourier como sendo a transformação das integrais f(t) do domínio
do tempo para o domínio da frequência (ALEXANDER-SADIKU, 2013).
22

3.4 PRINCIPAIS COMPONENTES

Circuitos de filtros analógicos são compostos de componentes básicos, tais


como resistores, potenciômetros, transistores, capacitores e se o circuito for ativo,
amplificadores operacionais. Esse trabalho utilizará uma forma de potenciômetro
digital, para implementação do controle por meio de sensores como acelerômetro,
controlado por uma placa Arduíno.

3.4.1 Amplificadores Operacionais

Amplificador operacional, comumente chamado de amp-op, consiste de um


circuito integrado com a finalidade de amplificar um sinal de entrada. É capaz de
efetuar operações matemáticas como soma, subtração, multiplicação além de
derivação e integração. São componentes de baixo custo e combinados com
resistores e capacitores podem formar muitos circuitos úteis, dentre os quais os
filtros ativos utilizados nesse trabalho (HAMBLEY, 2016).
Conforme representação da Figura 7, o amp-op possui duas entradas,
denominadas inversora (-) e não-inversora (+) e uma saída V out, definido na
Equação 02. Representa-se o ganho de saída por A0, onde:

V out = A 0 (Vin1−Vin2 ) (02)

Figura 7– Simbologia de um amp-op.

Fonte: Texas Instruments (2015).


23

Conforme Wendling (2011), as principais características de um amplificador


operacional são o alto ganho em malha aberta, alta impedância de entrada e baixa
impedância de saída além de ter baixa sensibilidade à temperatura. As mais
relevantes para o projeto são o ganho de tensão e a resposta de frequência.
Para o ganho de tensão, como o sinal de áudio recebido é de baixa
amplitude, o alto ganho se faz necessário para uma amplificação satisfatória.
Segundo a fabricante do LM741 (FIGURA 8), o ganho de tensão A 0 é da ordem de
200.000.

Figura 8 - Chip amp-op LM741 Texas Instruments.

Fonte: Texas Instruments (2015).

Quanto a resposta de frequência, para que o sinal possa ser amplificado


adequadamente nos estágios de amplificação, é necessário que sua largura de faixa
seja suficientemente ampla para não haver atenuações indesejadas nas frequências
do sinal. Nos datasheets e manuais de fabricantes, geralmente representa-se a
largura de banda por BW, do inglês bandwidth.

3.4.2 Arduíno

Segundo McRoberts (2018), o Arduíno é uma plataforma de prototipagem que


consiste em um microcontrolador que trabalha em conjunto com um software para a
execução de sua programação. O Arduíno é uma plataforma de hardware e
softwares livres e é comumente utilizado em protótipos e diversas aplicações por
projetistas. Pela facilidade de se encontrar no mercado e o custo desse tipo de
microcontrolador, é o escolhido para o trabalho.
24

Utiliza sensores e os mais diversos componentes para desenvolvimento de


aplicações interativas independentes ou mesmo conectados a rede, a qual pode
receber dados de sensores ou enviar comandos para atuações na placa do Arduíno.
Diversos tipos de sensores podem ser utilizados em conjunto com o Arduíno,
nesse trabalho serão utilizados potenciômetros digitais, que serão controlados pelo
Arduíno, e acelerômetros que terão a função de, através da posição espacial, gerar
os dados de movimentos que efetuam o controle do potenciômetro.

3.4.3 Potenciômetro Digital

Potenciômetros digitais consistem em chips resistivos com entradas digitais.


Por meio destas é realizado o controle da resistência do potenciômetro, podendo
então ser manipulado por um microcontrolador.
São formados por elementos resistivos encapsulados no chip, os quais são
acionados pelas entradas digitais, como se fossem tiristores. Um potenciômetro
digital da fabricante Renesas, por exemplo, possui 99 elementos resistivos em um
encapsulamento e oferece 100 taps de controle.
Ele pode ser usado tanto como um potenciômetro de três terminais como um
resistor variável de dois terminais. Pode ser aplicado nos mais diversos circuitos que
necessitem de controle de sinal processado e ajustes de parâmetros que possam
ser executados com varação de resistência (RENESAS, 2019).

3.4.4 Acelerômetro

Acelerômetros são chips utilizados para medir a aceleração de um objeto.


Essa aceleração é análoga a sensação de peso, portanto tem suas medidas
relativas a gravidade (g). São muito utilizados na atualidade em smartphones,
controles de jogos eletrônicos, sistemas de navegação de veículos e demais
aparelhos que necessitem detectar inclinação.
Com sua capacidade de detecção precisa de movimentos e sua integração
com diversos tipos de microcontroladores, as aplicabilidades são inúmeras para
esse dispositivo. Permite o projeto e implantação de variados sistemas de controle e
25

detecção ou captação de dados de movimentos. Os quais são aplicados desde


circuitos de prototipagem até projetos industriais.
Para uso com microcontroladores são comumente encontrados chips com
giroscópio integrado. São programados pelo usuário e permitem uma gama que
pode ir de 250 a 2000 graus por segundo para o giroscópio e de +2g a +16g
(INVENSENSE, 2013).

3.5 FILTROS

Filtros são arranjos eletrônicos que permitem a passagem de determinada


faixa de frequência de um sinal, enquanto atenua outra. Eles são capazes de
modificar os sinais, separar frequências indesejadas, remover interferências e ruídos
e melhor a qualidade do sinal. Segundo Malvino (2016), pode-se classificar os filtros
em passivos e ativos.
Os filtros passivos têm em sua construção apenas componentes simples,
como resistores, capacitores e indutores. São utilizados em aplicações acima de 1
MHz e não apresentam ganho de potência.
Já os filtros ativos são construídos com resistores e capacitores em conjuntos
com amplificadores operacionais. Como são filtros para operar em baixa frequência,
abaixo de MHz, serão os utilizados nesse trabalho, já que os sinais audíveis que
serão trabalhados estão compreendidos na faixa de 20 a 20.000 Hz. A Figura 9
apresenta o circuito elétrico de um filtro passa baixas passivo e um passa altas ativo.

Figura 9 - (a) Filtro passa baixas passivo, (b) Filtro passa altas ativo.

Fonte: Adaptado de Malvino-Bates (2016).


26

3.5.1 Classificação dos Filtros

Malvino (2016), classifica os filtros quanto a sua função, ou seja, quais


frequências ele irá deixar passar ou atenuar. São cinco tipos básicos: low-pass (LP)
ou passa-baixas, high-pass (HP) ou passa-altas, band-pass (BP) ou passa-faixa,
band-reject (BR) ou rejeita-faixa e all-pass (AP) ou passa-todas, que consiste em um
filtro deslocador de fase.
Cada um desses filtros é descrito brevemente na sequência, bem como um
gráfico semplificado da resposta de cada um.
- Lowpass (LP) ou Passa-baixas – Esse filtro deixará passar as frequências mais
baixas até a frequência de corte e atenuará frequências maiores que a frequência de
corte (fc) conforme Figura 10.

Figura 10 - Resposta de um filtro LP.

Fonte: Adaptado de Malvino (2016).

- Highpass (HP) ou Passa-altas – Esse filtro atenua as frequências de zero até a


frequência de corte e permite a passagem de todas as frequências acima da
frequência de corte (FIGURA 11).

Figura 11 - Resposta de um filtro HP.

Fonte: Adaptado de Malvino (2016).


27

- Bandpass (BP) – Esse filtro permite a passagem das frequências entre duas
frequências de corte, inferior e superior e atenua as frequências acima e abaixo
dessa faixa. Podemos definir a largura de banda BW (bandwidth) na Equação 03:

BW =fcs – fci (03)

A Figura 12 apresenta a resposta em frequência de um filtro BP.

Figura 12 - Resposta de um filtro BP.

Fonte: Adaptado de Malvino (2016).

- Bandreject ou Rejeita-faixa (BR) – Esse filtro (FIGURA 13) também terá duas
frequências de corte, uma inferior e outra superior. Porém, permitirá a passagem das
frequências abaixo da frequência de corte inferior e das acima da frequência de
corte superior, cria-se assim uma faixa de rejeição de frequências a serem
atenuadas.

Figura 13 - Resposta de um filtro BR.

Fonte: Adaptado de Malvino (2016).

- Allpass ou passa-todas (AP) – Nesse filtro (FIGURA 14) todas as frequências


passarão, porém, ele provocará deslocamento de fase do sinal de entrada.
28

Figura 14 - Resposta de um filtro AP.

Fonte: Adaptado de Malvino (2016).

3.5.2 Classificação Quanto ao Tipo de Curva

Classifica-se também os filtros pelo aspecto de sua curva de resposta e


segundo Razavi (2011), cada tipo de curva pode ser aplicada em diferentes
topologias de circuito. Ou seja, a classificação por tipo de curva não difere o circuito
eletrônico em sua montagem e topologia, mas sim sua curva de resposta em
frequência.As principais funções de transferência que dão nome ao tipo de curva
dos filtros são Bessel, Butterworth e Chebyshev.

3.5.3 Filtro Bessel

São filtros comumente utilizados em sistemas de áudio. Esse tipo de filtro


(FIGURA 15) apresenta banda de passagem e de rejeição planas, parecida com o
filtro Butterworth. Porém o decaimento na região de transição entre as faixas de
passagem e de corte é suave e significativamente menor que no filtro Butterworth
(MALVINO-BATES, 2016).
Esse filtro produz um defasamento linear, o que compromete a inclinação da
zona de transição, porém em algumas aplicações essa característica pode ser útil.
Outro ponto interessante desse tipo de filtro, é que ele minimiza a distorção
que o sinal sofre durante o processo de filtro de frequências. Enquanto nas
aproximações Butterworth e Chebyshev não é dada atenção ao controle de fase do
sinal de saída, o filtro Bessel é projetado para criar um deslocameno linear de fase.
Logo, pode-se afirmar que um filtro Bessel troca um pouco da taxa de
decaimento pelo deslocamento linear de fase.
29

Figura 15 - Resposta em frequência de um filtro passa-baixas Bessel.

Fonte: Adaptado de Malvino-Bates, (2016).

3.5.4 Filtro Butterworth

Um filtro Butterworth, apresenta como o filtro Bessel, banda de passagem e


de rejeição planas. A região de transição se mostra mais acentuada que no filtro
Bessel. A medida que se aumenta a ordem n do circuito, a banda de passagem se
torna mais plana e a banda de transição mais abrupta (RAZAVI, 2011).
Como se observa na Figura 16, a planitude da banda de passagem é a maior
vantagem apresentada desse tipo de filtro, porém considera-se uma desvantagem o
decaimento relativamente lento na zona de transição.

Figura 16 - Resposta em frequência de um filtro passa-baixas Butterworth.

Fonte: Adaptado de MALVINO-BATES, (2016).

Esse filtro é chamado de aproximação maximamente plana.


30

3.5.5 Filtro Chebyshev

Dentre os três principais tipos, é o que apresenta a maior inclinação na


transição. Porém, é o filtro que possui maior oscilação, chamada na literatura sobre
filtros de ripple, na região de passagem. Comparado a um filtro Butterworth de
mesma ordem, a atenuação do Chebyshev sempre será maior (MALVINO-BATES,
2016).
A Figura 17 demonstra o comportamento de um filtro Chebyshev.

Figura 17 – Resposta em frequência de um filtro passa-baixas Chebyshev.

Fonte: Adaptado de Malvino-Bates, (2016).

O projeto para cada tipo de curva é geralmente feito por meio de softwares ou
tabelas de aproximações de filtros, visto a dificuldade de cálculo dependendo da
complexidade do filtro (SEDRA, 2000),
Existe uma aplicação online da fabricante de componentes eletrônicos Texas
Instruments, Filter Design Tool, para criação dos circuitos para cada aproximação,
que pode ser utilizada de forma gratuita.

3.5.6 Topologias Básicas

Classifica-se os filtros pela sua ordem, a qual é relacionada ao número de


circuitos RC presentes no circuito total, por exemplo, um filtro de primeira ordem é
composto por apenas um capacitor e um resistor, enquanto que um filtro de segunda
ordem possui dois capacitores e dois resistores formando dois circuitos RC. Obtém-
31

se filtros de ordens mais elevadas combinando filtros de primeira e segunda ordem


em série.

3.5.7 Filtros de Primeira Ordem

Nos filtros de primeira ordem, por existir apenas um circuito RC, só podem
produzir uma resposta passa-baixa ou passa-alta. Schaumann (2001), descreve e
exemplifica algumas formas de implementação para os filtros de primeira ordem,
com configurações inversora ou não inversora para circuitos de filtros ativos. A
seguir (FIGURAS 18 a 23) estão apresentados alguns modos de implementação de
filtros de primeira ordem com suas equações principais de ganho e frequência de
corte.
A Figura 18 apresenta um filtro passa-baixa com configuração não inversora
de ganho unitário. O ganho e a frequência de corte são definidos pela Equação 04 e
Equação 05, respectivamente:

Figura 18 - Configuração passa-baixa não inversora de ganho unitário.

Fonte: Autoria própria.

A v =1 (04)

1
f c= (05)
2 π R1 C 1

Nota-se que as equações de ganho e frequência são geralmente definidas


pelas relações de resistores e capacitores. Logo, o dimensionamento e o
32

posicionamento no circuito desses componentes, são o que definem as


características de cada tipo de filtro.
A Figura 19 apresenta um filtro passa-baixa com configuração não inversora.
O ganho e a frequência de corte são definidos pela Equação 06 e Equação 07,
respectivamente:

Figura 19 - Configuração passa-baixa não inversora com ganho de saída.

Fonte: Autoria própria.

R2
Av = +1 (06)
R1

1
f c= (07)
2 π R3 C 1

A Figura 20 mostra um filtro passa-baixa com configuração inversora. O


ganho e a frequência de corte são definidos pela Equação 08 e Equação 09.

Figura 20 - Configuração passa-baixa inversora com ganho de saída.

Fonte: Autoria própria.


33

R2
A v =−( ) (08)
R1

1
f c= (09)
2 π R2 C 1

Outro fator observado, são as frequências de corte, as equações são


basicamente as mesmas para filtros de primeira ordem. Apenas deve-se atentar
para a identificação correta dos resistores e capacitores.
A Figura 21 mostra um filtro passa-alta com configuração não inversora
e ganho unitário. O ganho e a frequência de corte são definidos pela Equação 10 e
Equação 11.

Figura 21 - Configuração passa-alta não inversora com ganho unitário.

Fonte: Autoria própria.

A v =1 (10)

1
f c= (11)
2 π R1 C 1

A Figura 22 mostra um filtro passa-alta não inversor com ganho de saída.


Tem-se três resistores, R1, R2 e R3. Nos quais R2 e R3 definirão a relação de
ganho, enquanto que R3 pode modificar a frequência de corte do circuito. Isso
demonstra a importância da identificação correta dos componentes para
dimensionamento do circuito.
34

Figura 22 - Configuração passa-alta não inversora com ganho de saída.

Fonte: Autoria própria.

O ganho e a frequência de corte são definidos pela Equação 12 e Equação


13, respectivamente:

R2
Av = +1 (12)
R1

1
f c= (13)
2 π R3 C 1

A Figura 23 mostra um filtro passa-alta com configuração inversora e ganho


definido pela relação dos capacitores C1 e C2, visto na Equação 10. A frequência de
corte é definida pela Equação 11.

Figura 23 - configuração passa-alta inversora com ganho de saída.

Fonte: Autoria própria.

C1
A v =−( ) (14)
C2
35

1
f c= (15)
2 π R2 C 1

Um filtro passa-faixa, segundo Pertence Jr. (2015), pode ser implementado


com a associação em cascata, ou seja, em sequência, das topologias passa-baixa e
passa-alta acima, porém, a mais comum e prática se dá pela configuração inversora.
Pode-se obter a frequência de corte a partir das equações de fc dos filtros passa-
baixa e passa-alta. Tem-se então para a frequência de banda passante f bw, a
Equação 16.

f bw= √ fc 1∗fc 2 (16)

Devido ao ganho no circuito na banda de passagem, essa solução, apesar de


bastante simples, não apresenta boa precisão em termos de resposta.
Observa-se que, com a alteração da resistência ou a capacitância do circuito,
varia-se a frequência de corte do filtro. Um controle desses parâmetros torna
possível a implementação de um circuito processador de efeito baseado em filtros
analógicos com controle em tempo real da resposta de saída.

3.6 EFEITOS BASEADOS EM FILTROS ANALÓGICOS

Uma das maneiras de geração de efeitos musicais consiste em filtros


analógicos do sinal de áudio. Com diferentes configurações, obtém-se diferentes
tipos de efeito. Trabalhando-se apenas com filtros de frequências os exemplos mais
comuns são o wah-wah e o envelope filter.
Tratando-se de modulação do sinal através dos filtros, existem o chorus,
flanger, phaser e vibrato como sendo os mais comuns. Estes irão gerar modulação
através do deslocamento de fase e somatória dos sinais defasados nas suas saídas
Todos esses efeitos podem ser projetados a partir de filtros ativos e ter os
parâmetros facilmente controlados com a variação dos seus componentes básicos.
36

3.6.1 Wah-Wah

Wah-wah é um efeito processador de sinal que contém basicamente um filtro


passa-banda com a frequência central variável e uma pequena largura de banda. O
controle dessa frequência variável é feito por meio de um potenciômetro acionado
mecanicamente com o uso do pedal (FIGURA 24). O nome wah-wah vem da
sonoridade produzida pelo pedal, que lembra a fonética do som falado “wah-wah”
(ZÖLZER, 2002).

Figura 24 - Pedal wah-wah Cry Baby.

Fonte: Dunlop, (2022).

O sinal de áudio que entra no circuito e passa pelo filtro passa-banda e pode
ser utilizado em sua totalidade na saída ou mixado com o sinal original de entrada
(FIGURA 25).
O controle pode ser feito também de forma automática, por meio de um
detector de envelope, que pela amplitude do sinal de entrada, gera o sinal que
controla o movimento da largura de banda do filtro. O efeito controlado de forma
automática é chamado auto-wah ou envelope-filter.
Para o controle automático do efeito, também pode-se se utilizar osciladores
de baixa frequência, os LFOs (Low Frequency Oscillator). Nesses osciladores uma
frequência pré-definida é quem controla a intensidade e velocidade com que o filtro
atuará para produção do efeito. A diferença é que enquanto no caso do envelope-
filter o controle depende totalmente da dinâmica com que o músico executa as
notas, o LFO permite executar ajustes através de knobs e botões.
No entanto, LFOs são geralmente encontrados em sintetizadores (teclados)
37

enquanto que o uso do envelope-filter é quase em sua totalidade utilizado para


guitarras e baixos elétricos.

Fonte: Adaptado de Zolzer, (2002).

Com as principais configurações dos filtros ativos, suas variáveis e


componentes, torna-se possível o projeto de diferentes filtros com diferentes formas
de controle dos seus parâmetros. Cabe ao projetista utilizar tais conhecimentos
aliados a criatividade para implementação dos mais diversos circuitos de efeito de
áudio.
38

4 METODOLOGIA

Dividiu-se o projeto em duas etapas principais para seu desenvolvimento:


Projeto e simulação do filtro e montagem de protótipo.
O filtro projetado foi também dividido em blocos para mais fácil simulação e
montagem. São eles os blocos de: Alimentação, Pré-Amplificação, Filtro Analógico e
Controle. Cada bloco refere-se a uma etapa de processamento do sinal de áudio
que passa pelo circuito. Os dois principais são efetivamente o circuito filtro
analógico, qual gera uma banda de passagem que se movimenta no espectro das
frequências e o de controle, que controla a variação desse movimento por meio do
movimento dos sensores.
O Quadro 01 resume a descrição de cada bloco.

Quadro 1 - Blocos de montagem do filtro projetado


BLOCO DESCRIÇÃO

Alimentação Alimentação -9 V, 0, +9v para os amp-ops.

Pré-Amplificação Amplificação do sinal de baixa intensidade da entrada.

Filtro Analógico Filtro de variáveis de estado: gera cortes de


frequências no sinal de áudio.

Responsável pelo controle do movimento da banda


Controle passante e das frequências de corte dentro do espectro
das frequências

Fonte: Autoria própria


39

4.1 ALIMENTAÇÃO

O circuito projetado baseou a construção dos seus blocos de pré-amplificação


e de fitro em circuitos com amplificadores operacionais. Para alimentação dos amp-
ops, faz se necessário o uso de fontes simétricas de alimentação. É de
conhecimento que pedais de efeito utilizam fontes simples ou baterias de 9 V para
sua alimentação. Para tanto, julgou-se necessário alimentar o circuito
simetricamente, mas de forma que seja possível a utilização de fontes de pedal-
board ou bateria.
Duas opções foram encontradas para alimentação: a utilização de duas
baterias 9 V conectadas em estrela. Essa forma de conexão da bateria mostrada na
Figura 26 permite obter-se +9 V e -9 V em cada terminal, além de um ponto central
de 0 V.

Figura 26 - Circuito de alimentação.

Fonte: Autoria própria.


40

Outra forma possível, é a utilização de um CI dobrador de tensão, como o ICL


7660. Esse CI realiza conversão da tensão de alimentação de positivo para negativo
para uma faixa de entrada de 1,5 V a 12 V, resulta em tensões de saída
complementares de -1,5 V a -12 V.
A Figura 27 mostra a função dos terminais do circuito integrado ICL 7660 e
sua configuração como inversor de tensão.

Figura 27 – CI ICL 7660.

Fonte: RENESAS (2019).

A Figura 28 demonstra a simulação através do software Proteus de um CI ICL


7660 quando aplicados +9 V no seu pino de entrada e a respectiva saída simétrica
de valor negativo -9 V.

Figura 28 – Simulação no Proteus de um circuito com ICL 7660.

Fonte: Autoria própria.

Essa solução torna possível alimentar qualquer circuito com amp-ops que
necessitem alimentação simétrica.
41

4.2 PRÉ-AMPLIFICAÇÃO

A segunda etapa será a da pré-amplificação. Como o sinal proveniente do


instrumento tem baixa intensidade, é necessário amplificar esse sinal antes de
enviá-lo para o circuito filtro. Esse circuito foi baseado na pre-amplificação do pedal
Mutron, qual possui um filtro analógico em configuração semelhante a utilizada
nesse trabalho (FIGURA 29).

Figura 29 – Circuito de pré-amplificação.

Fonte: Autoria própria.

Essa é uma configuração inversora de amplificação simples, mais um filtro,


utiliza o mesmo amplificador operacional do circuito do filtro, o TL072. Como cada CI
apresenta dois circuitos diferentes de amp-ops, utiliza-se o mesmo para melhor
aproveitamento de espaço na construção das placas de circuito impresso.
O ganho será definido pela relação de R3 e (R1+POT1). O potenciômetro é
colocado na entrada em série com R1 para permitir controle do ganho do sinal. O
equacionamento é definido por:
42

R3
A v =−( ) (17)
R 1 + POT 1

Por meio da ferramenta Osciloscópio Digital do software Proteus, simula-se o


circuito com entrada de 100mV e os valores arbitrários de R 3 =120 k para obter-se
um ganho unitário de 2, visualiza-se facilmente o sinal com o dobro do seu valor de
entrada (canal A) na saída (canal B). A simulação é demonstrada na Figura 30.

Figura 30 – Circuito de pré-amplificação.

Fonte: Autoria própria.

Como além de um amplificador, tem-se um filtro para as altas frequências que


possam surgir provenientes do instrumento, alimentação ou processamentos
anteriores, analisa-se a resposta em frequência desse bloco também.
A frequência de corte é definida pela Equação 18.

1
f c= (18)
2 π R3 C 3
43

A resposta em frequência simulada do bloco de pré-amplificação é mostrada


na Figura 31, onde se observa a atuação do filtro nas frequências acima de 100 kHz
e região de transição acentuada.

Figura 31 – Resposta em frequência do circuito de pré-amplificação.

Fonte: Autoria própria.

4.3 FILTRO DE VARIÁVEIS DE ESTADO

O filtro de variáveis de estado é o principal e mais importante bloco do


circuito. Nesse bloco ocorre o efeito no sinal de áudio. Com o filtro atuando no sinal,
gera-se uma banda de passagem que se move dentro do espectro das frequências
audíveis, causando o efeito conhecido como wah-wah.
Dentro da literatura pesquisada, diversas configurações de filtros são
encontradas e possíveis de serem projetadas. Encontrou-se uma configuração
chamada filtro de variáveis de estado, esse filtro é descrito por Zolzer e é a base do
envelope-filter Mutron, um famoso pedal auto-wah que tem sua documentação
disponibilizada livremente na web.
44

Essa configuração permite simultaneamente três tipos de saídas: Passa-altas,


passa-banda e passa-baixas. Devido a essa praticidade de se ter os três tipos de
saída em um único circuito, essa topologia foi a escolhida (FIGURA 32).

Figura 32 – Filtro de variáveis de estado.

Fonte: ZOLZER (2002).

O circuito apresenta dois fatores de controle possíveis, a frequência de corte,


que segue a mesma modelação matemática dos circuitos básicos de primeira ordem
e o fator de amortecimento, dados respectivamente por:

1 R
f c= ζ= (19, 20)
2 π Rf C 2 (R+ Rζ )

Nota-se na Figura 32 que existem dois capacitores C e dois resistores R ζ,


logo, os valores dos dois componentes devem ser iguais para manter-se a simetria
na proximidade da região de corte das frequências passantes. Caso haja
desparelhamento desses valores, observa-se a formação de ondulações na zona de
transição.
A Figura 33 mostra a construção do circuito dentro do software Proteus. Para
a simulação e construção física dos circuitos, são escolhidos capacitores e
resistores de valores que associados produzam uma frequência de corte dentro do
espectro audível, o qual varia de 20 a 20.000 Hz. O potenciômetro digital aplicado é
de 100 kΩ, portanto a simulação realiza-se com a variação do resistor R 10 e R11
dentro desses valores e os capacitores calculado e escolhido de 2.2 nF.
45

Figura 33 – Filtro de variáveis de estado construído no Proteus.

Fonte: Autoria própria.

O circuito construído é simulado dentro do software Proteus para


comprovação dos valores calculados. A variação dos valores de R10 e R11 realiza-se
manualmente em cada simulação por conveniência, visto que essa alteração se dará
pelos potenciômetros digitais, controlados por meio do sensor espacial, que serão
inseridos em série após os resistores de 3.3 kΩ.
Para efeito prático, denomina-se neste trabalho os resistores R f, (R10 e R11) de
resistores de controle, visto que são eles os responsáveis pela alteração das
frequências que gerarão o efeito. No protótipo físico, tais resistores são os
potenciômetros digitais.
Para valor de resistência máxima dos potenciômetros digitais (100 kΩ),
calculou-se uma frequência de corte de 723 Hz. A qual é comprovada na simulação
do circuito. Essa frequência está dentro do espectro audível e numa região
localizada entre médios e os médios graves. Essa região proporciona boa percepção
às modulações de áudio, logo conclui-se que os valores calculados estão dentro dos
padrões esperados.
As Figuras 34 e 35 mostram o corte das frequências em 723 Hz nas saídas
passa-alta e passa-baixa, respectivamente.
Observa-se a simetria das atuações nas duas saídas, assim como a região de
passagem mostra a mesma inclinação. Durante a simulação, os ganhos das duas
saídas também são os mesmos.
46

Figura 34 – Resposta da saída HP para valores de R10 = R11= 100kΩ.

Fonte: Autoria própria.

Para a saída passa-baixa tem-se o seguinte gráfico:

Figura 35 – Resposta da saída LP para valores de R10 = R11 = 100kΩ.

Fonte: Autoria própria.

A Figura 36 apresenta os dois sinais de resposta em frequência para os


resistores R10 e R11 em 100 kΩ. A visualização do gráfico da resposta em frequência
permite comprovar que a frequência de corte é a mesma nas duas saídas.
Para a saída passa-banda, a frequência de corte f c será a frequência central
da banda passante, como demonstrado no gráfico da Figura 37.
47

Figura 36 – Resposta da saída LP e HP para valores de R10 = R11 = 100kΩ.

Fonte: Autoria própria.

A variação dos valores dessas resistências é o que permite o movimento da


banda passante dentro no espectro das frequências. É esse movimento que causa a
sensação sonora do efeito proposto, chamado popularmente de wah-wah.

Figura 37 – Resposta da saída BP para valores de R10 = R11 = 100kΩ.

Fonte: Autoria própria.

Para valores mínimos da resistência de controle, simula-se R 10 e R11 com


apenas 100 Ω, a frequência de corte mostra-se em torno de 723 kHz, já muito acima
das frequências audíveis. Logo, um corte nessa região do espectro não é
interessante para o proposto, que é a geração de um efeito sonoro.
48

Como até essa etapa foram executadas apenas simulações para observar o
comportamento do filtro de variáveis de estado, foi colocado, por conveniência,
apenas um resistor na entrada de cada amp-op: R10 e R11, respectivamente. Mas a
partir da constatação de que um corte nessa região não faz sentido, observa-se a
necessidade de calcular uma resistência mínima de controle.
A Figura 38 mostra graficamente como o filtro não apresenta corte no
espectro audível, até 20 kHz para a saída passa-baixas e um corte total para as
saídas passa-alta e passa-banda.

Figura 38 – Resposta das saídas HP, LP e BP R10 = R11 = 100Ω.

Fonte: Autoria própria.

Sabe-se que a máxima frequência audível é de 20 kHz. Estabelece-se então


um valor mínimo de resistor de controle para que se trabalhe dentro do espectro de
frequências audíveis.
Através da equação 19, calcula-se para uma frequência de 20 kHz, um
resistor de valor de 3,617 kΩ. Logo, o valor de um resistor comercial mais
aproximado é o de 3,3 kΩ, para fc = 20kHz. Todas as simulações após calculados
valores de resistências e capacitores são realizadas com valores comerciais desses
componentes, visto que, objetiva-se a construção de protótipo físico. O qual é
testado com tais componentes com tolerância de valores de até 5%.
A resposta em frequência para valor dos resistores de 3,3 kΩ é vista na
Figura 39.
49

Figura 39 – Resposta das saídas HP, LP e BP para R10 = R11 = 3,3 kΩ.

Fonte: Autoria própria.

Para observação do movimento da frequência de corte, alterou-se os valores


de R10 e R11 e realizou-se nova simulação para cada valor.
Define-se os valores de R 10 e R11 para metade, 50 kΩ, nota-se então o
movimento da frequência de corte para 1,447 kHz, conforme calculado. Sua
demonstração gráfica simulada apresenta-se na Figura 40. Onde as linhas
representadas são respectivamente: BP = passa-banda, LP = passa-baixas, HP =
passa-altas.

Figura 40 – Resposta das saídas HP, LP e BP para R10 = R11 = 50 kΩ.

Fonte: Autoria própria.


50

Outra alteração possível na resposta em frequência, é o fator Q, como


demonstrado na Equação 21:

Q=2 ζ (21)

Nota-se que o fator Q está diretamente ligado ao fator de amortecimento


nesse circuito, como demonstrado na equação 20. Portanto, qualquer alteração nos
valores de R8 e R9 irá alterar esses dois parâmetros. Esse fator requer atenção no
dimensionamento desses componentes, para evitar ganho excessivo na saída, o
que pode causar distorção no sinal, ou sinal de saída demasiadamente baixo.
Para visualização da resposta em frequência da variação do fator Q variou-se
entre Rζ = 1k e Rζ = 100k, que corresponde ao resistor R 9 do circuito projetado e
gerou-se o gráfico no software Proteus.
Visualiza-se na Figura 41 o gráfico da simulação com valores de Rζ = 1k, com
uma curvatura menos acentuada.

Figura 41 – Fator Q para Rζ = 1k

Fonte: Autoria própria.

Na Figura 42, a simulação é realizada com valor de Rζ = 100k. Nota-se então


a curvatura bem mais aguda, comprovando o fator Q mais acentuado para valores
maiores de Rζ.
Tal fato demonstra a possibilidade de se trabalhar com o fator Q em um
circuito passa banda para criar-se modulação do áudio.
51

Figura 42 – Fator Q para Rζ = 100k

Fonte: Autoria própria.

Visualiza-se assim os parâmetros possíveis de modulação do sinal de áudio


através de um filtro ativo e identifica-se que o método mais fácil de variação desses
parâmetros se dá pelo controle dos resistores R f e Rζ.
Uma variação em tempo real de qualquer desses elementos gera uma
modulação no sinal de áudio processado no circuito, o que produz o efeito
conhecido como wah-wah.

4.4 CIRCUITO DE CONTROLE

O circuito de controle é formado por 3 componentes básicos:


microcontrolador, acelerômetro e potenciômetro digital, conforme Figura 43. Suas
funções são basicamente identificar o movimento da mão de quem o controla,
interfacear o movimento do sensor com o potenciômetro e transmitir a variação do
movimento para o espectro de frequências passantes, gerando a modulação do
áudio.
Para o estudo e implementação do trabalho, foi utilizado o modelo de
acelerômetro MPU 6050. Esse acelerômetro utiliza o protocolo e comunicação I²C
que efetua a comunicação em dois canais: SDA (Signal Serial Data) e SCL (Serial
Clock), que enviarão para o microcontrolador dados do movimento em três eixos, x,
52

y e z. Esse módulo é composto ainda por um giroscópio e sensor de temperatura, os


quais não são utilizados nesse trabalho.
O código para uso do acelerômetro é desenvolvido com auxílio de uma
biblioteca específica “wire.h”, que gera três leituras dos eixos x, y e z
respectivamente, com valores que variam de – 20000 a 20000, com 0 sendo o ponto
onde o sensor está posicionado de modo plano. Nesse trabalho usou-se apenas o
movimento do eixo y para o controle do potenciômetro, porém uma simples
alteração e incrementação no código permite usar os dois eixos remanescentes para
outros controles ou finalidades.
O potenciômetro escolhido foi o X9C104, ele possui três terminais, análogos
ao potenciômetro analógico (RH, RW e RL), terminais para alimentação +Vcc e GND
e os terminais de controle Up/Down (U/D), Increment (INC) e Chip Select (CS). O
código do circuito de controle consiste em interpretar o valor de posição recebido do
acelerômetro, e a partir das condicionais, aumentar ou diminuir a resistência do
potenciômetro digital, o qual por sua vez tem duas unidades inseridas em série após
os resistores de 3,3 kΩ (que limitam a frequência de corte em 20kHz) e formam o
elemento de controle da resposta em frequência do circuito.
O X9C104 consiste internamente de 99 fets conectados em série. A medida
que o CI recebe pulsos de comando para incrementar ou decrementar resistência,
os gates dos fets vão se fechando ou abrindo, a resistência vai aumentando ou
diminuindo a resistência total.
Tal comando é realizado por uma estrutura de condicional que depende da
posição do sensor espacial, acelerômetro. O qual gera valores lineares a medida
que sua posição espacial varia.
Após os testes de inclinação optou-se por aumentar a resistência para valores
acima de 10000 do acelerômetro e diminuir para valores para menores que -1000.
Valores entre esses dois números não alteram a resistência e portanto não
modificam a resposta do filtro e ficam no ângulo normal da mão do músico que está
tocando o instrumento.
A Figura 43 mostra o esquemático do circuito de controle. Nela pode-se
observar os terminais para conexão do potenciômetro no circuito analógico: RH e RL
são os terminais das pontas e RW o terminal central.
53

Figura 43 – Circuito de controle

Fonte: Autoria própria.

O código criado para funcionamento do controle está disponível no ANEXO C


desse trabalho. Para se comandar os dois potenciômetros, recomenda-se para
praticidade, a mesma conexão para os pinos INC U/D e CS, visto que o comando
deve ser sincronizado e o mesmo para os dois elementos. Ou se pode criar novas
linhas iguais as que comandam o mesmo, apenas com pinagens diferentes.
54

5 RESULTADOS

Para avaliação dos resultados, o circuito foi montado em protoboard e


realizados testes em duas etapas: testes e avaliação do circuito de controle e testes
em laboratório do circuito do filtro de variáveis de estado.

5.1 TESTE DO CIRCUITO DE CONTROLE

Primeiro testou-se a funcionalidade do acelerômetro como sensor de posição


espacial. É possível visualizar os valores assumidos pela posição do sensor no eixo
y por meio do gráfico gerado pelo plotter da IDE do Arduíno, exibido na Figura 44.
Foram executados movimentos posicionando o sensor nos ângulos aproximados de
– 90º, - 45º, 0º. 45º e 90º.

Figura 44 – Valores do acelerômetro e inclinação para o eixo y.

Fonte: Autoria própria.

Observou-se também a velocidade de resposta do sensor, a qual conforme


datasheet do fabricante está em 300 ns e aplicando-se o movimento, nota-se no
monitor serial e serial plotter do Arduíno que a variação de valores conforme
movimento do sensor é praticamente instantânea.
Na sequência associa-se no código fonte a relação entre o movimento de
inclinação do sensor acelerômetro e a atuação do potenciômetro digital e faz-se
variar sua resistência conforme valores lidos do eixo y. Para valores acima de
10.000, ocorre o aumento da resistência conforme trecho do código na Figura 45. E
valores abaixo de -1.000 o decréscimo, conforme trecho do código na Figura 46.
55

Figura 45 – Código para acréscimo da resistência.

Fonte: Autoria própria.

O código programado contém as descrições de cada etapa executada como


comentários após os símbolos “//”. O código base completo encontra-se nos anexos
deste trabalho.

Figura 46 – Código para decréscimo da resistência.

Fonte: Autoria própria.


56

Incluiu-se no circuito e na programação também, dois LEDs de teste, que


sinalizam quando as condições foram atingidas para acréscimo ou decréscimo do
resistor, respectivamente.
Nos terminais do potenciômetro, para fins de teste, aplicou-se uma tensão de
5 V, provenientes do próprio Arduíno. Carregou-se o código e foram realizadas
medidas de tensão em relação ao terra no terminal wipe. A variação da tensão
ocorreu dentro do esperado, o potenciômetro digital comportou-se exatamente como
um potenciômetro analógico, sem picos ou oscilação da tensão na saída. O tempo
médio observado para ir de 0 a 5 V foi de 4,5 s.
Na Figura 47, observa-se na linha amarela do gráfico que houve inclinação
superior a 10.000 (aproximadamente 45º), resultando na condição para enviar nível
lógico alto para o potenciômetro. Logo, o LED vermelho acende indicando que o
potenciômetro está incrementando tensão no terminal de saída.

Figura 47 – Demonstrativo circuito de controle.

Fonte: Autoria própria.

Resume-se as caracteísticas dos dois principais componentes do circuito de


controle na Quadro 2, em termos de velocidade de resposta da atuação do
componente e a sua precisão.

Quadro 2 - Características dos componentes do circuito de controle.


Componente Velocidade de Resposta Precisão
Acelerômetro MPU 6050 Excelente Excelente
Potenciômetro X9C104 Lenta Excelente
Fonte: Autoria própria.
57

5.2 TESTE DO FILTRO ANALÓGICO

Os testes do protótipo foram realizados em laboratório com auxílio de


osciloscópio e gerador de sinais.
Com o gerador de sinais, foram introduzidos sinais no terminal de entrada e
observados os mesmos nas três saídas do circuito: HP, BP e LP. A resistência de
controle foi mantida em 22 kΩ.
Houve dificuldades com o gerador de sinais utilizado, o qual não estava
gerando menos de 1,1 Vpp. Pretendia-se testar o circuito com valores de entrada em
torno dos 0,1 V, que é o valor aproximado das saídas de instrumentos musicais
passivos de corda, para o qual o circuito é pensado.
Os testes foram executados com valores mínimos possíveis com o
equipamento, já que mesmo assim permitem o funcionamento do filtro, porém, no
bloco de pré-amplificação utilizou-se resistores R1 = R3 = 120 kΩ, conforme a
Figura 48, para um ganho unitário que não gera tensão excessiva na saída.

Figura 48 – Pré-amp com ganho unitário.

Fonte: Autoria própria.


58

Os valores das tensões Vpp de entrada e saída obtidos em laboratório podem


ser visualizados na Figura 49 e comprovam o bloco com ganho unitário. A entrada
está em amarelo com 1 Vpp por divisão e a saída em azul com 2 Vpp por divisão.
Outra observação possível, é da configuração inversora do amplificador,
invertendo a polaridade do sinal.
É importante ressaltar que durante essa medida, para o sinal de saída, o
osciloscópio está configurado para 2 V por divisão, e mostra uma onda de saída com
a metade do tamanho da entrada na visualização do display. Porém seus valores de
pico a pico são próximos. Com a saída com um leve ganho de 1,88 V para 1, 92 V.

Figura 49 – Pré-amp com ganho unitário.

Fonte: Autoria própria.

Em seguida são executados os testes nas três saídas do filtro de variáveis de


estado com os resistores de controle em 22 kΩ para uma fc = 3,3 kHz. A Figura 50
compara o sinal de entrada (em amarelo) e o sinal na saída HP (azul) para 440 Hz
aplicados na entrada.
Nota-se a grande atenuação do sinal, sendo esta a saída que atenua as
frequências baixas e deixa passar as altas. Enquanto o sinal na entrada apresenta
1,88 Vpp, a saída está com apenas 168 mV. Logo conclui-se que o circuito se
comportou como esperado nessa configuração.
59

Figura 50 – 440 Hz na saída HP.

Fonte: Autoria própria.

A Figura 51 exibe a saída LP com os 440 Hz apicados.

Figura 51 – 440 Hz na saída LP.

Fonte: Autoria própria.

Analogamente, notou-se que na saída LP, a frequência de 440 Hz obteve


ganho. Sendo 400 Hz uma frequência considerada baixa e esta uma saída passa
baixas, o circuito comportou-se de maneira esperada.
Para efeito comparativo, aplicou-se um sinal de frequência 10 kHz na entrada
60

do circuito e se manteve o osciloscópio na saída passa-baixas, LP. Visualiza-se,


então, a atenuação total do sinal de frequência mais alta na saída passa baixas
(FIGURA 52).

Figura 52 – 10 kHz na saída LP.

Fonte: Autoria própria.

Novamente, o circuito comportou-se da maneira esperada em relação ao


corte de frequências. Porém, o que se nota até aqui é que as atenuações na região
de corte e os ganhos do sinal na banda passante são significativos nas saídas HP e
LP, o que pode resultar em inconformidades no sinal de áudio. Tal fato torna
necessário o estudo dos ganhos nesse modelo de circuito para trabalhos
posteriores.
Já na saída BP, notou-se a atenuação dos 440 Hz (FIGURA 53), porém com
a frequência ainda passando em um valor aceitável, visto que essa frequência está
na região de corte do filtro BP mas não se espera supressão total dessa frequência.
Mais uma vez o circuito comporta-se de maneira esperada.
Dentre as três saídas do circuito, a saída passa-banda é a que se mostra
mais estável em relacão aso valores de pico a pico da senóide. Tanto nas
simulações realizadas, quanto nos testes de laboratório com o osciloscópio,
demonstra a melhor comportamento nas relações de ganho.
61

Figura 53 – 440 Hz na saída BP.

Fonte: Autoria própria.

Os ganhos nas saídas HP e BP se mostraram já nas simulações realizadas e


o ganho unitário se mostrou presente na saída passa-banda, BP. A tentativa de se
diminuir o ganho com a seleção apropriada de novos resistores causa diminuição
proporcional do ganho da saída BP em relação às outras duas saídas, HP e LP,
como visto na simulação da Figura 54. Logo a diferença de ganho entre essas
saídas sempre se mostra presente, o que é um ponto negativo do circuito projetado.

Figura 54 – 440Hz nas saída LP, HP E BP.

Fonte: Autoria própria.


62

5.3 TESTES DE ÁUDIO.

Para a execução dos testes utilizou-se o plugin Spectrum Meter da fabricante


PreSonus. O plugin consiste num analisador de epectro que mostra o espectro
sonoro do áudio com diversas configurações de exibição. O mesmo foi configurado
para exibição o modo FFT (Fast Fourier Transform), que se baseia na Transformada
Rápida de Fourier para gerar a curva de resposta no espectro sonoro e o range de
frequências de 20 Hz à 20 kHz.
O sinal de áudio utilizado foi um timbre de cordas e o acorde de Lá Maior,
devido a sua boa abrangência de frequências dentro do espectro sonoro. A fc
mantida em torno de 4kHz. Foi realizada a amostragem da resposta para o sinal
original após o bloco de pré-amplificação e para as saídas passa-altas, passa-banda
e passa baixas.
A Figura 55 exibe o comportamento do sinal após a pré amplificação, ainda
sem processamento. Observa-se um comportamento homogêneo das frequências,
sendo que ainda não existe atenuação de frequências dentro do espectro audível.

Figura 55 – Resposta do sinal de entrada original.

Fonte: Autoria própria.

A Figura 56 exibe o sinal após a saída HP. Nota-se a grande atenuação das
frequências baixas no gráfico gerado.
63

Figura 56 – Resposta da saída HP.

Fonte: Autoria própria.

Quando da percepção auditiva, fica ainda mais clara a atenuaçao dos graves.
O som apresenta claramente a característica aguda e estridente do filtro high-pass.
Na sequência, o ensaio é realizado na saída passa-banda. Aqui, o corte de
frequências se mostra mais sútil, tanto visualmente no gráfico gerado (FIGURA 57)
quanto na percepção auditiva.

Figura 57 – Resposta da saída BP.

Fonte: Autoria própria.


64

Para melhor visualização e audição, aumentou-se o fator Q e diminui-se a


frequência de corte. Nessa situação o efeito é bem mais perceptível sonoramente.
No gráfico da percebe-se a descida de atenuação aguda entre 2 kHz e 5 kHz.
Por último, o teste é realizado na saída passa-baixas. Para essa saída,
observou-se um ganho demasiado nas frequências baixas, o que causou distorção
leve no áudio. Logo, esse ponto requer atenção em projetos futuros. Outro fator,
perceptível durante a audição, foi a presença de ruído de baixa frequência. Esse
ruído pode estar frequente nas outras saídas, mas o corte das frequências baixas
nas saídas HP e BP podem ter subtraído o sinal perceptível audivelmente.
Outro fator que contribui para a presença desse tipo de ruído é o ganho das
baixas frequências nessa saída, visto que além do sinal sonoro, o ganho de ruídos
nessa região do espectro também será considerável.
Sugere-se para estudos posteriores, estudar as relações de ganho e a
identificação das fontes de ruído de baixa frequência no sinal. A Figura 58 mostra o
alto ganho das frequências baixas na saída LP.

Figura 58 – Resposta da saída LP.

Fonte: Autoria própria.

Os testes se mostraram satisfatórios, as três saídas dos filtros projetados


exibiram as respostas esperadas. Sonoramente, a atenuação é leve, porém
perceptível.
65

Resume-se as observações das três saídas no Quadro 3, que classifica os


ganhos da banda passante, atenuações nas frequências de corte e o nível de ruído
audível em cada saída.

Quadro 3 - Características das saídas do filtro.


Saída Ganho Atenuações Nível de Ruído

HP Normal Forte nas baixas Muito baixo

BP Normal Sútil nas baixas Muito Baixo


Forte nas altas
LP Alto Forte nas altas Médio

Fonte: Autoria própria.


66

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve por objetivo a implantação de um projeto de um circuito


analógico de efeito para instrumentos musicais que pudesse ser controlado por
movimentos por meio de sensores de posição espaciais. Unir o mundo analógico e
uma interface microcontrolada com sensores de movimento formam o desafio maior.
Eram esperados ruídos no sinal, principalmente devido a montagem do
circuito protótipo em protoboard para a realização dos ensaios do estudo. Porém, o
circuito projetado comportou-se de maneira a superar as expectativas nesse quesito,
pois ois ruídos foram, de modo geral, consideravelmente baixos, sendo
imperceptíveis nas saídas passa-alta e passa-banda. Com exceção da saída passa-
baixas, a qual apresentou ruído de baixa frequência, qual não foi possível elucidar
sua fonte no presente estudo.
Também na saída passa-baixas houve ganho mais significativo das
frequências graves, que a depender do nível de entrada, gera leves distorções no
sinal de áudio. Conclui-se então, a saída passa-baixas do circuito projetado, como
foco para estudos posteriores.
O efeito gerado pelo filtro é sutil, porém claro e perceptível em sua
sonoridade. Associado a outros efeitos em cascata, torna-se mais claro e musical.
Quanto ao circuito de controle, o sensor de posição espacial utilizado
(acelerômetro MPU6050) se mostrou extremamente preciso quanto a sensibilidade
das posições de inclinação nos três eixos, com um range de 0 a 18.000 unidades a
cada 45º da sua posição. Além da velocidade da resposta excelente, pode trabalhar
na casa dos nano segundos.
O potenciômetro digital utilizado se mostrou satisfatório, com seus 99 níves,
consegue-se um ajuste preciso para diversas aplicações. O fator negativo, para este
trabalho, foi a velocidade de comutação dos fets internos que fazem o aumento da
resistência do componente. Como a média para ir do zero ao máximo foi de 4,5
segundos, movimentos mais velozes da mão do operador do módulo podem não
chegar a comutar suficientemente a resistência de modo a gerar um efeito
perceptível. Tal velocidade pode também ter sido afetada pela velocidade de
67

processamento do Arduíno, visto que este é um microcontrolador simples e pode ser


substituído por outros com melhor processamento.
Para trabalhos futuros, pretende-se melhorar a velocidade do módulo de
controle com a realização de estudos com outros microcontroladores e componentes
mais velozes e precisos, principalmente em relação ao potenciômetro digital.
Implantar o protótipo em circuito definitivo, com blindagem adequada e torná-lo
completamente utilizável. Expandir o método de controle aplicando-o em outras
espécies de efeitos visando viabilidade comercial.
Por fim, o estudo foi profícuo, o método de controle se mostrou eficaz e
criativamente pode se expandir para as mais diversas áreas que possam utilizar os
objetos aqui estudados e ser aprimorado em trabalhos posteriores.
68

REFERÊNCIAS

NOCETTI FILHO, S.; DALCASTAGNÊ, A. L.; GONTIJO, W. A.Filtros e Efeitos de


Áudio Analógicos e Digitais, 2011, São Paulo. Anais. Disponível em:
>http://aesbrasil.org.br/wp-content/uploads/2018/anais/Anais_AESBR2011.pdf>
Acesso em: 15 abr. 2022.

IAZZETTA, Fernando. Tutoriais de áudio e acústica. Departamento de Música da


ECA-USP. Disponível em:
<http://www.eca. usp. br/prof/iazzetta/tutor/>. Acesso em: 23 abr. 2022.

ROSSI, Sueli da Silva. A senóide e os sons musicais. 2008.

BRAGA, Newton C. Amplificadores de Áudio. [s.n.], 1986. 76 p. Disponível em:


<amplificadores_jm.pdf (google.com)>. Acesso em: Amplificadores de Áudio
(download) (newtoncbraga.com.br)

MCROBERTS, Michael. Arduino básico. Novatec Editora, 2018.

RAZAVI, Behzad. Fundamentos de microeletrônica. Grupo Gen-LTC, 2000.

SEDRA, S. A.; SMITH, Kenneth C. Microeletrônica. Quinta Edição. 2011.

TOCCI, Ronald J.; WIDMER, Neal S.; MOSS, Gregory L. Sistemas Digitais;
princípios e aplicações. 10ª. Edição. Rio de Janeiro: MZEditora, 2007.

ALEXANDER, Charles K.; SADIKU, Matthew NO. Fundamentos de circuitos


elétricos. AMGH Editora, 2013

HAMBLEY, Allan R. Engenharia Elétrica - Princípios e Aplicações, 6ª edição.


Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo GEN, 2016.

WENDLING, Marcelo. Amplificadores operacionais. Faculdade de Engenharia de


Guaratinguetá-Universidade Estadual Paulista" Júlio de Mesquita Filho"-UNESP,
Guaratinguetá, 2010.

MALVINO, Albert P.; BATES, David J. Eletrônica-Vol. 2: 8ª Edição. McGraw Hill


Brasil, 2016.

ZÖLZER, Udo et al. DAFX-Digital audio effects. John Wiley & Sons, 2002.

RENESAS. Digitally Controlled Potentiometer (XDCP™). 11 Jan. 2019. Disponível


em:
<https://www.renesas.com/us/en/document/dst/x9c102-x9c103-x9c104-x9c503-
datasheet>. Acesso em: 20 mai. 2022.
69

INVENSENSE,MPU-6000 and MPU-6050 Product Specification. 19 Ago. 2013.


Disponível em:
<https://invensense.tdk.com/wp-content/uploads/2015/02/MPU-6000-
Datasheet1.pdf>. Acesso em 20 mai. 2022

BONFIM, Marlio. Medidas Elétricas. Conversores Digital/Analógico (D/A) e


Analógico/Digital (A/D), DELT, UFPR, 2002.

SCHAUMANN, Rolf; MAC ELWYN VAN VALKENBURG, Xiao; XIAO, Haiqiao.


Design of analog filters. New York: Oxford University Press, 2001.

PERTENCE JR, Antonio. Amplificadores Operacionais e Filtros Ativos-8.


Bookman Editora, 2015.

LATHI, B.P. Sinais e Sistemas Lineares. Disponível em: Minha Biblioteca, (2nd
edição). Grupo A, 2006.
70

ANEXO A – Circuito do Filtro de Variáveis de Estado


71

ARDUÍNO ARDUÍNO
2

7
1

7
1
U5
U/D

U/D
CS
CLK

CS
CLK
POTENCIÔMETRO DIGITAL 1 POTENCIÔMETRO DIGITAL 2
W1

W1
B1

A1

B1

A1
C1
6
5
3

6
5
3
10pF

Audio In
POT 1 R3
1M R7
120k
22k

R6 C4 C5
22k

C2 U2 2.2nF 2.2nF
U1
R4 U3
R10 U4
4.7uF 4.7k R11
3.3k
C3 OPAMP 3.3k
OPAMP
OPAMP
OPAMP
2.2uF
R2
220k R8
22k
HP out BP out LP out

R9
120k
72

ANEXO B – Circuito de Controle


73
74

ANEXO C – Código do Circuito de Controle


75

#include<Wire.h>

//Endereço em hexadecimal do sensor MPU 6050


const int ENDERECO_SENSOR=0x68;  

int acelX, acelY, acelZ;

const int pinoINC = 7;


const int pinoUD = 6;
const int pinoCS = 5;

const int ledTeste = 10;


const int ledTesteo = 11;

void setup(){

 // Pinos de Saída para o potenciômetro digital


  pinMode(pinoINC, OUTPUT);
  pinMode(pinoUD, OUTPUT);
  pinMode(pinoCS, OUTPUT);

  digitalWrite(pinoCS, HIGH); //Ativa Resistor


 
  Serial.begin(9600);

  //Inicializa a biblioteca Wire


  Wire.begin();
  Wire.beginTransmission(ENDERECO_SENSOR);
  Wire.write(0x6B);
  
  //Inicializa o sensor
  Wire.write(0);
  Wire.endTransmission(true);

}
void loop(){
 
  //Começa uma transmissão com o sensor
  Wire.beginTransmission(ENDERECO_SENSOR);

  //Enfilera os bytes a ser transmitidos para o sensor


  //Começando com o registor 0x3B
  Wire.write(0x3B);  // starting with register 0x3B (ACCEL_XOUT_H)

  //Finaliza e transmite os dados para o sensor. O false fará com que seja enviado uma mensagem
  //de restart e o barramento não será liberado
  Wire.endTransmission(false);
 
  //Solicita os dados do sensor, solicitando 14 bytes, o true fará com que o barramento seja
liberado após a solicitação
76

  //(o valor padrão deste parâmetro é true)


  Wire.requestFrom(ENDERECO_SENSOR, 14, true);  
 
  //Armazena o valor dos sensores nas variaveis correspondentes
  acelX = Wire.read()<<8|Wire.read();  //0x3B (ACCEL_XOUT_H) & 0x3C (ACCEL_XOUT_L)  
  acelY = Wire.read()<<8|Wire.read();  //0x3D (ACCEL_YOUT_H) & 0x3E (ACCEL_YOUT_L)  
  acelZ = Wire.read()<<8|Wire.read();  //0x3F (ACCEL_ZOUT_H) & 0x40 (ACCEL_ZOUT_L)  

  //Comandos do potenciômetro.
  if (acelY>10000){

  // Prepara para alterar a resistência


  digitalWrite(pinoCS, LOW);
  delay(1);
  digitalWrite(pinoUD, HIGH); // Aumenta
  delay(1);
  // Faz a transição de incremento
  digitalWrite(pinoINC, HIGH);
  delay(1);
  digitalWrite(pinoINC, LOW);
  delay(1);
  digitalWrite(pinoINC, HIGH);
  delay(1);
  // Salva posição
  digitalWrite(pinoCS, HIGH);
  delay(1);

  digitalWrite(ledTeste, HIGH);
 
  digitalWrite(ledTesteo, 0);
  delay(1);
} else if (acelY< -1000) {

  // Prepara para alterar a resistência


  digitalWrite(pinoCS, LOW);
  delay(1);
  digitalWrite(pinoUD, LOW); // Diminui
  delay(1);
  // Faz a transição de incremento
  digitalWrite(pinoINC, HIGH);
  delay(1);
  digitalWrite(pinoINC, LOW);
  delay(1);
  digitalWrite(pinoINC, HIGH);
  delay(1);
  // Salva posição
  digitalWrite(pinoCS, HIGH);
77

  digitalWrite(ledTeste, LOW);
  delay(1);
  digitalWrite(ledTesteo, HIGH);
  delay(1);

}else{
  digitalWrite(pinoCS, HIGH);

  digitalWrite(ledTeste, LOW);
  delay(1);
  digitalWrite(ledTesteo, LOW);
  delay(1);  
}
   delay(1);
 
  //Printa o valor X do acelerômetro na serial
  Serial.print("Acelerômetro X = ");
  Serial.print(acelX);
 
  //Printa o valor Y do acelerômetro na serial
  Serial.print(" \tY = ");
  Serial.print(acelY);
  
  //Printa o valor Z do acelerômetro na serial
  Serial.print(" \tZ = ");
  Serial.println(acelZ);

  delay(200);
}
78

ANEXO D – Circuito Protótipo de Filtragem e Controle


79

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