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A Doutrina e a Jurisprudência identificou uma nova nuance dessa aplicação, no que tem se
denominado de eficácia diagonal dos Direitos Fundamentais. É ume teoria interessante que tem
ampla aplicação nas relações consumeristas, trabalhistas e entre hipossuficientes de maneira
geral. A leitura é valiosa tanto na seara da vida prática, quanto no âmbito de concursos públicos.
Vamos lá.
Daí, exatamente, dado esse cenário de verticalidade da relação Estado-Indivíduo, que se fala
em eficácia vertical dos Direitos Fundamentais. A eficácia vertical dos direitos fundamentais,
portanto, remonta a sua própria origem. Ao nascimento como uma ideia de limitação do poder
superior.
Lado outro, dado o desenvolvimento das relações humanas, ligado ao fenômeno do pós
positivismo, passou-se a falar na eficácia horizontal dos direitos fundamentais. E explico.
Tal como visto em post anterior, o pós positivismo trouxe novos ares interpretativos. Uma
aplicação maior do texto constitucional, dentro de um cenário de empoderamento da
constituição (máxima eficácia do texto constitucional). Esses sinais levaram a aplicação dos
direitos fundamentais dentro das relações privadas.
A Justiça do Trabalho tem também amplamente aceito essa teoria, entendendo que na
relação do trabalho, deve o direito salvaguardar a parte mais fraca da relação. Nesse sentido,
vejamos as palavras do Prof. Sérgio Gamonal:
Essa teoria é relativamente nova e já plenamente aplicada pela jurisprudência pátria. Espero
que a leitura tenha sido proveitosa e instigue o debate e o conhecimento.
Eduardo Gonçalves*
Todos sabemos que os direitos fundamentais surgiram numa ideia de limitação do poder
absoluto do Estado e proteção do indivíduo, conferindo-se direitos básicos e garantias a
qualquer pessoa. Nesta relação Estado-indivíduo, diz-se que há uma eficácia vertical dos
direitos fundamentais, pois nesta relação há um poder “superior” (o Estado) e um
infinitamente “inferior” (o indivíduo), certo que não estão em posições iguais, sendo evidente a
proeminência de força do Estado.
Após a evolução da teoria dos direitos fundamentais, passou-se a reconhecer que os direitos
fundamentais não incidem apenas em relações desiguais, porém também em relações
particulares em que há uma igualdade de armas. Aqui, surge a eficácia horizontal dos direitos
fundamentais que é justamente incidência e observância de todos os direitos fundamentais nas
relações privadas (particular-particular).
Esta eficácia horizontal já foi reconhecida mais de uma vez pelo STF: “As violações a direitos
fundamentais não ocorrem somente no âmbito das relações entre o cidadão e o Estado, mas
igualmente nas relações travadas entre pessoas físicas e jurídicas de direito privado.
Assim, os direitos fundamentais assegurados pela Constituição vinculam diretamente não
apenas os poderes públicos, estando direcionados também à proteção dos particulares em
face dos poderes privados.” (http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?
docTP=AC&docID=388784).
Até aqui tudo tranquilo, tudo favorável. Todavia, é necessário lembrarmos que as relações
privadas nem sempre se apresentam de forma igualitária, sendo bastante comum
encontrar situações em que os particulares estão em posições bastante desiguais. Os maiores
exemplos estão nas relações de trabalho e de consumo onde o poder econômico das pessoas
jurídicas pode ocasionar violações aos direitos fundamentais dos trabalhadores/consumidores,
estes que são a parte fraca da relação.
Foi justamente a partir destas relações que o autor Sergio Gamonal desenvolveu a teoria
da eficácia diagonal dos direitos fundamentais que consiste na necessária incidência e
observância dos direitos fundamentais em relações privadas (particular-particular) que
são marcadas por uma flagrante desigualdade de forças, em razão tanto da hipossuficiência
quanto da vulnerabilidade de uma das partes da relação.
Trata-se de uma eficácia diagonal por que, em tese, as partes estão em situações equivalentes
(particular-particular), mas, na prática, há um império do poder econômico, razão por que se
defende a observância dos direitos fundamentais nestas relações.
A este respeito, o TST já tem aplicado a eficácia diagonal dos direitos fundamentais nas
relações trabalhistas para combater atos discriminatórios
(http://aplicacao5.tst.jus.br/consultaunificada2/inteiroTeor.do?
action=printInteiroTeor&format=html&highlight=true&numeroFormatado=RR%20-%201882-
80.2010.5.02.0061&base=acordao&rowid=AAANGhAA+AAAO8aAAI&dataPublicacao=05/0
8/2016&localPublicacao=DEJT&query=efic%E1cia%20and%20diagonal).
Portanto, pessoal, gravem que a eficácia diagonal dos direitos fundamentais é a incidência dos
direitos fundamentais em relações privadas marcadas pela desigualdade entre os particulares,
especialmente onde se verifique um contraponto entre o poder econômico e a vulnerabilidade
(jurídica ou econômica). Este é um tema que certamente será cobrado em provas subjetivas e
orais de alto nível!
Poder disciplinar compartilhado nas relações de trabalho e a eficácia diagonal dos direitos
fundamentais
A Constituição da República de 1988, em seu artigo 5º, inciso LV, estabelece que
inerentes”. (gn)
para que dele se possa haurir essa óbvia conclusão. E, a propósito do tema, não se
particulares.
Nesse sentido, bem pontua Daniel Sarmento que “os direitos fundamentais não se
aplicam apenas às relações verticais de poder, mantidas pelo Estado com seus
Logo, atualmente, entende-se hoje que os direitos fundamentais devem ser aplicados
poder existente entre as partes. A expressão foi utilizada pela doutrina chilena, mais
AIRR-77700-47.2009.5.04.0019 e TST-RR-7894-78.2010.5.12.0014.
E é nesse cenário que se percebe uma das maiores virtudes do Direito do Trabalho:
31.2012.5.15.0133)
jurídicas privadas.
A partir dessa ordem de ideias, a doutrina mais atenta tem defendido, com razão, a
pois, que a dispensa por justa causa, notadamente por ato de improbidade, seja
Entretanto, como bem lembra Claudimir Supioni Júnior ainda prevalece no sistema
atual a figura do empregador que atua por conta própria e de forma totalmente
privadas.[5]
Segundo Enoque Ribeiro dos Santos, o poder disciplinar compartilhado tem como
ordem constitucional.