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DIMENSIONAMENTO DOS

SISTEMAS DE ÁGUAS
RESIDUAIS DOMÉSTICAS

Caudais de descarga

• Os caudais de descarga dos aparelhos


sanitários dependem do tipo de aparelho.
Para efeito de cálculo devem ser usados os
valores mínimos indicados pelo
Regulamento, salvo nos casos em que os
fabricantes dos aparelhos sanitários
recomendem caudais de valor superior.

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Aparelho Caudal (l/min)
Bacia de retrete 90
Banheira 60
Bidé 30
Chuveiro 30
Lavatório 30
Máquina de lavar louça 60
Máquina de lavar roupa 60
Urinol de espaldar 90
Urinol suspenso 60
Lava-louça 30
Tanque de lavar roupa 60

Caudais mínimos de descarga dos aparelhos e equipamentos sanitários.

Caudais de cálculo

• Nos casos normais, é pequena a


probabilidade de todos os aparelhos
sanitários instalados num mesmo edifício
funcionarem ao mesmo tempo. A estes
aparelhos cuja probabilidade de descarga
simultânea é muito baixa, dá-se o nome de
aparelhos de utilização não simultânea.

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• Existem situações excepcionais em que os
aparelhos instalados (normalmente baterias
de aparelhos) são concebidos para
funcionarem em simultâneo (por ex.
chuveiros em balneários de recintos
desportivos, lavatórios ou chuveiros de
casernas militares, etc.). Neste caso,
designam-se por aparelhos de utilização
simultânea.

• Nas situações em que os aparelhos são de


utilização não simultânea, os caudais que
servem de base ao dimensionamento das
tubagens (caudais de cálculo) são obtidos a
partir do somatório dos caudais de descarga
do conjunto dos aparelhos instalados
(caudal acumulado), afectado de um
coeficiente de redução, que se designa por
coeficiente de simultaneidade.

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em que:
• Qc - caudal de cálculo
• Cs - coeficiente de simultaneidade
• Qa - caudal acumulado (somatório dos
caudais de descarga de todos os aparelhos
ligados)

• À semelhança do que foi referido para a


distribuição predial de águas, os coeficientes
de simultaneidade para o dimensionamento
das redes de drenagem podem ser obtidos
por via analítica ou gráfica.
• Utilizando o método do Regulamento, a sua
determinação faz-se por meio de um gráfico
que fornece directamentye o valor dos
caudais de cálculo a partir do conhecimento
dos caudais acumulados confluentes
(somatório dos caudais de descarga).

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Caudal
acumulado
(l/min.)

Caudal de
cálculo
(l/min.)

• Nos casos em que seja previsível a utilização


simultânea dos aparelhos instalados
(escolas, internatos, balneários, recintos
desportivos, quartéis, etc.,, o coeficiente de
simultaneidade que afecta o somatório dos
caudais de descarga deve ser igual à
unidade.

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• No caso de instalações onde uma parte dos
aparelhos ligados seja de utilização não
simultânea e a outra parte seja de utilização
simultânea, o caudal de cálculo obtêm-se
pela soma de duas parcelas, uma
correspondente aos aparelhos de utilização
não simultânea, afectada do respectivo
coeficiente inferior à unidade, e outra
correspondente aos aparelhos de utilização
simultânea, afectada do coeficiente igual à
unidade.

• Para situações não enquadráveis nos casos


anteriormente referidos, o coeficiente de
simultaneidade deverá ter em conta a
especificidade da instalação.

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Ramais de descarga
• Os ramais de descarga podem ser
individuais, se servem um só aparelho, ou
não individuais, se servem 2 ou mais
aparelhos.
• Os ramais de descarga individuais podem
ser dimensionados para um escoamento a
secção cheia, nos casos de sistemas com
ventilação secundária completa e nos casos
de sistemas apenas com ventilação primária,
desde que a distância entre o sifão e a
secção ventilada não ultrapasse o valor
máximo indicado no Regulamento. No caso
contrário, o dimensionamento deve ser feito
para um escoamento a meia secção.

Distâncias máximas entre o sifão e a secção ventilada, para


escoamento a secção cheia.

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• Os ramais de descarga não individuais são
dimensionados sempre para escoamentos
inferiores ou iguais a meia secção.
• O diâmetro interior dos ramais de descarga
é calculado como se indica:
 Determina-se o caudal acumulado do
conjunto dos aparelhos sanitários servidos
pelo ramal;
 Determina-se o caudal de cálculo
correspondente ao caudal acumulado,
através do gráfico do Regulamento;
 Determina-se o diâmetro do ramal através
da fórmula de Manning-Strickler ou dos
ábacos correspondentes.

em que:
• Q - caudal de cálculo (m3/s)
• Ks - coeficiente de Strickler que traduz a
rugosidade da tubagem (m1/3s-1)
• S - secção molhada do escoamento (m2)
• R - raio hidráulico do escoamento (m)
• i - inclinação da tubagem (m/m)

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• O raio hidráulico R é obtido através do
quociente entre a área da secção molhada e
o perímetro molhado do escoamento.
• Para escoamento em tubos circulares a
secção cheia e a meia secção, o raio
hidráulico pode ser obtido através da
divisão do diâmetro interior da tubagem (D)
por quatro
(R = D/4), donde virá que:

• Para escoamentos
em tubos circulares
com secção cheia:

• Para escoamentos
em tubos circulares
a meia secção:

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No quadro seguinte indicam-se alguns valores
da constante KS de rugosidade, função do
tipo de material.

Constituição das tubagens Ks (m1/3. s-1)

PVC 120
Cimento liso, chapa metálica sem
soldaduras, fibrocimento 90 a 100
Cimento afagado, aço com protecção
betuminosa 85
Reboco, grés, betão, ferro fundido 75

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• Para além do valor que for obtido no
cálculo, os ramais de descarga obedecem a
diâmetros mínimos regulamentares.
• Os ramais de descarga não individuais não
podem ter diâmetros inferiores a qualquer
dos ramais individuais que para ele
contribuem.

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Diâmetros mínimos regulamentares
para os ramais de descarga individuais

Ramais de ventilação

• Nos casos em que se verifique a


necessidade de existirem ramais de
ventilação, o seu diâmetro interior deve ser
igual ou superior a 2/3 do diâmetro dos
ramais de descarga que ventilam.

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Tubos de queda

• O diâmetro dos tubos de queda deve ser


constante ao longo de todo o seu
desenvolvimento e não deve ser inferior ao
maior dos diâmetros dos ramais que para ele
confluem, com um mínimo de 50 mm.
• Define-se como taxa de ocupação de um
tubo de queda a relação entre a área da
secção ocupada pelo líquido que se escoa e
a área total da secção do tubo de queda.

em que:
 tS - taxa de ocupação;
 Sesc - área da secção recta do tubo de queda
ocupada pelo caudal que se escoa;
 Stotal - área total da secção recta do tubo de
queda.

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• Se o sistema a dimensionar possuir
ventilação secundária, os tubos de queda
devem ser dimensionados para uma taxa de
ocupação máxima de 1/3.

• Caso contrário, isto é, se o sistema a


dimensionar não possui ventilação
secundária, a taxa de ocupação deve variar
entre 1/3 e 1/7, em função do diâmetro do
tubo de queda, de acordo com a tabela
indicada no Regulamento:

Diâmetro do tubo de Taxa de ocupação (ts)


queda (mm)
D = 50 1/3
50 < D < 75 ¼
75 < D < 100 1/5
100 < D < 125 1/6
D > 125 1/7

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O diâmetro de um tubo de queda é
calculado em função do caudal de
cálculo e da taxa de ocupação através da
expressão:

em que:
• D - diâmetro interior do tubo de queda (mm);
• Q - caudal de cálculo (l/mm);
• ts - taxa de ocupação.

O dimensionamento dos tubos de queda é


assim feito da seguinte forma:

 Determina-se o caudal acumulado do


conjunto dos aparelhos sanitários servidos
pelo tubo de queda;
 Determina-se o caudal de cálculo
correspondente ao caudal acumulado,
através do gráfico do Regulamento;
 Calcula-se o diâmetro do tubo através da
equação anterior ou através do ábaco do
Regulamento.

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Determinação dos diâmetros dos tubos de queda.

Colunas de ventilação

• O diâmetro das colunas de ventilação


secundária determina-se em função do
diâmetro do tubo de queda respectivo e do
comprimento máximo da coluna, através da
expressão seguinte ou do ábaco do
Regulamento.
• O diâmetro das colunas de ventilação não
deve decrescer no sentido ascendente.

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em que:
 Dv - Diâmetro da coluna de ventilação (mm)
 Lv - Altura da coluna de ventilação (m)
(assume-se geralmente 3,0 m por piso)
 Dq - Diâmetro do tubo de queda (mm)

Determinação do diâmetro das colunas de ventilação secundária.

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Colectores prediais

• O diâmetro dos colectores prediais não deve


ser inferior ao maior dos diâmetros das
canalizações que para ele confluem, com um
mínimo de 100 mm.
• Os colectores prediais devem ser
dimensionados para um escoamento não
superior a 1/2 secção.

O diâmetro interior dos colectores prediais é


calculado como se indica:

 Determina-se o caudal acumulado do


conjunto dos aparelhos sanitários servidos
pelo colector predial;
 Determina-se o caudal de cálculo
correspondente ao caudal acumulado,
através do gráfico do Regulamento;
 Calcula-se o diâmetro do colector através
da fórmula de Manning-Strickler ou através
da tabela seguinte (para tubos de PVC).

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Caudais (litros por minuto)
Diâmetro
DN (mm) interior Inclinação
(mm)
1% 2% 3% 4%
110 105,1 276 390 478 552

125 119,5 389 550 673 777

140 133,9 527 745 912 1053


160 153,0 751 1063 1301 1503
200 191,4 1365 1931 2365 2730
250 239,4 2479 3506 4294 4959
315 301,8 4598 6503 7965 9197

Os caudais foram calculados para para tubos de PVC com Ks = 120 m1/3 s-1
com escoamento a 1/2 secção utilizando a fórmula de Manning-Strickler

Ramais de ligação

• O diâmetro dos ramais de ligação prediais


não deve ser inferior ao maior dos diâmetros
das canalizações que para ele confluem,
com um mínimo de 125 mm.
• Os ramais de ligação devem ser
dimensionados para um escoamento não
superior a 1/2 secção, independentemente
de o sistema público ser separativo ou
unitário.
• O diâmetro interior dos ramais de ligação é
calculado do mesmo modo que os
colectores prediais.

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CAPACIDADE DE
AUTOLIMPEZA DAS
TUBAGENS DE FRACA
PENDENTE

• Nos casos em que as águas a drenar


contenham elevados teores de gorduras,
lamas, etc., dever-se-á proceder à verificação
da capacidade de auto limpeza das tubagens
de fraca pendente, nomeadamente de
colectores prediais e ramais de ligação.
• Para que exista autolimpeza em termos
satisfatórios, a tensão de arrastamento
deverá ser superior a 2,5 Pa.
• A tensão de arrastamento é calculada pela
expressão:

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em que:
τ - tensão de arrastamento (Pa)
γ - peso específico da água residual (9800 N/m3)
 R - raio hidráulico do escoamento (m)
 i - inclinação da tubagem (m/m)

• A verificação da auto limpeza também pode


ser avaliada pelo cálculo das velocidades de
escoamento, as quais não devem ser
inferiores a 0,6 m/s. Para o caso de águas
residuais com teores elevados de gorduras
recomendam-se velocidades mais elevadas,
da ordem de 1,2 m/s.
• Os parâmetros que caracterizam as
condições de escoamento em tubos de
secção circular parcialmente cheia (secção
molhada, perímetro molhado, raio hidráulico,
velocidade, etc.,) podem ser obtidos através
dos respectivos valores correspondentes à
secção cheia, conforme se indica na tabela
seguinte.

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y/D θ Q/Qf V/Vf P/Pf b/D R/Rf e τ/ττf
0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000
0.100 0.021 0.401 0.205 0.600 0.254
0.200 0.087 0.615 0.295 0.800 0.482
0.300 0.196 0.776 0.369 0.917 0.684
0.400 0.337 0.902 0.436 0.980 0.857
0.500 0.499 1.000 0.500 1.000 1.000
0.600 0.671 1.072 0.564 0.980 1.111
0.700 0.836 1.120 0.631 0.917 1.185
0.800 0.976 1.140 0.705 0.800 1.217
0.900 1.065 1.124 0.795 0.600 1.192
1.000 0.999 1.000 1.000 0.000 1.000

y – altura de escoamento da secção parcialmente cheia; D – diâmetro interior;


Q - caudal da secção parcialmente cheia; Qf – Caudal de secção cheia;
V – velocidade da secção parcialmente cheia; Vf – Velocidade da secção cheia;
P – perímetro molhado da secção parcialmente cheia; Pf – perímetro molhado
da secção cheia;
R – raio hidráulico da secção parcialmente cheia; Rf - raio hidráulico da secção
cheia
τ – tensão de arrastamento da secção parc. cheia; τf - tensão de arrastamento
da secção cheia

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