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Na sua incessante caminhada para melhorar o desempenho dos seus processos, a Toyota identificou

os três inimigos de qualquer sistema de operações: desperdícios (muda), variações (mura), e


sobrecargas (muri).

Estes termos, vulgarmente conhecidos como os 3M ou 3Mu, não são uma invenção da Toyota. A sua
origem está associada às artes marciais japonesas muito antes Toyota.

Nas artes marciais, qualquer movimento em excesso é um desperdício (muda), uma vez que consome
energia ao atleta e deixando-o mais exposto a um ataque. Da mesma forma, qualquer movimento ou
pensamento irregular (mura) ou não natural, ou uma posição não natural, irá dificultar as
ações/movimentos. Finalmente, fazer demasiadas coisas ao mesmo tempo ou usar técnicas que ainda
não domina é sobrecarregar (muri).

O mais famoso dos três demónios é o Muda. E este pode, de acordo com Taiichi Ohno (1912-90),
apresentar-se-nos de sete formas diferentes:

 Transporte;
 Movimento;
 Esperas;
 O excesso de processamento;
 Defeitos e Retrabalho;
 Stocks;
 Excesso de produção.

Desde que Taiichi Ohno desenvolveu o conceito, foram acrescentados outros tipos de desperdícios.
O maior de todos é o desperdício da capacidade/criatividade humana. A filosofia Lean Thinking é o
antídoto certo para eliminar este demónio…

Focalizar apenas na eliminação dos mudas, ignorando os demais demónios, é um erro. Pensar global
e actuar local também se aplica neste combate.

3M ou os três demónios dos processos 1 de 2


Nos processos e nas operações, o Mura (irregularidades e variabilidade) manifesta-se de várias
formas:

 A procura irregular por parte do mercado;


 Existências em stocks (ex. situações de excesso que contrastam com as de rutura);
 Velocidade irregular dos processos de produção ou alterações nas quantidades de produção;
 Qualidade irregular das peças ou serviços;
 Ritmo de trabalho irregular ou errático;
 Formação desigual dos operadores;
 Distribuição desigual da carga de trabalho.

A filosofia Lean Thinking por si não é capaz de eliminar este malvado demónio… Six Sigma é a
metodologia certa para eliminar o mura.

E por fim, o Muri (sobrecarregar, irracionalidade) … … o foco principal aqui são sobre as pessoas. No
entanto, também pode aplicar-se a materiais, equipamento e organizações. Aqui estão alguns
exemplos:

Pessoas

 Trabalhando interruptamente por longos períodos;


 Elevando cargas pesadas;
 Esforços excessivos ou desnecessários;
 Postura incorrecta ou falhas ergonómicas nos postos de trabalho;
 Insalubridade dos postos de trabalho (ex. ruídos, vibrações, etc.);
 Tarefas muito difíceis ou muito exigentes;
 Tarefas muito monótonas ou aborrecidas;
 Humilhação, mas provavelmente também os excessos de elogios.

Organizações

 Exigir ao fornecedor que cumpra prazos, qualidade e preços sem que da nossa parte
tenhamos feito grande esforço nesse sentido (exigindo apenas! não estabelecendo qualquer
relação win-win entre as partes);
 Abusos de poder ou de posição (ex. situações de monopólio, controlo de mercados, etc.).

Máquinas e Materiais

 Levar máquinas e ferramentas para além dos limites de capacidade, levando ao aumento do
uso e desgaste e maior exposição aos acidentes;
 Ignorar as orientações de manutenção preventiva;
 Sobrecarregar veículos, transportadores, contentores além dos seus limites de carga;
 Falhas no armazenamento de materiais (ex. materiais expostos a ambientes corrosivos,
poeiras, etc).

O antídoto para eliminar o muri:

Ao contrário dos anteriores demónios, não há uma solução genérica… a engenharia dos processos
pode ajudar, recorrendo-se de áreas como a Ergonomia, o Estudo dos Métodos e às vezes os 5S
podem ajudar.

João Paulo Pinto,


Coordenador da XVIII Edição da PG Lean Management
http://cltservices.net/pt-pt/formacao/pg-lean-management

COMUNIDADE LEAN THINKING - AGOSTO DE 2015

3M ou os três demónios dos processos 2 de 2

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