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Instituto Missionário Palavra da Vida

Aluno: Raidno Cavalcante de França Júnior Ano do curso: 3ºano

Disciplina: TBNT Epístolas Gerais Professor: Marcelo Silva

Data: 16/11/2020

ARTIGO:
“Como lidar com o sofrimento segundo 1 Pedro”

Eis um tema muito dentro da realidade humana atual. Desde a queda do homem
no pecado, o sofrimento tem feito parte de nossas vidas. O grande desafio talvez não
seja deixar de sofrer, mas aprender a conviver com ele. Afinal, o mundo é caído para o
pecado e infelizmente jaz do maligno (1Jo 5.19). Tendo esse fato, as vezes o amor,
soberania e existência de Deus é colocado a prova e contestada. "Como um Deus que se
diz ser amor, deixa a humanidade sofrer, inclusive seus devotos?". Perguntas como essa
geram dúvidas e dúvidas geram ansiedade e consequentemente revolta contra Deus.
Logo, se não há um lidar genuíno com o sofrimento, a fé enfraquecerá, e em nossa ânsia
de buscar soluções próprias para nossos problemas, nos afastaremos cada vez mais de
Deus.
A carta de 1 Pedro contém ensinos valiosos referentes a esse assunto.
Observando com cuidado essa carta, teremos conselhos bem valiosos para nosso viver
cristão, como enfrentar o sofrimento com piedade.

 Introdução ao tema
Antes de nos aprofundarmos na carta, é bom entender como o sofrimento
funciona hoje em dia. Como já dito, o sofrimento entrou no mundo a partir da queda do
homem. Hoje a natureza sofre por consequência do pecado. Os homens sofrem por
causa do pecado. O sofrimento atinge a todos. Há sofrimento físico. Há dor amortecida
e dor aguda. A dor causa sofrimento. Mas há muitas formas de sofrimento que não se
irradiam da dor física, mas sim de uma dor emocional por exemplo. Dois grandes
fatores para o sofrimento se chamam medo e ansiedade. O luto, a solidão, o desprezo, a
humilhação resultam nesse sofrer. O sofrimento emocional pode ser tão profundo
quanto a dor física. Há uma complexidade no sofrimento, pois abrange a mente, as
emoções, o físico e o espírito. A depressão profunda por exemplo, é uma terrível
realidade para muitos que não sabem como lidar com esse sofrimento.
Isso nos leva para o personagem principal no meio disso tudo; Deus. Não é o
homem. Como Deus está presente em nosso sofrimento? Primeiro, precisamos entender
e aceitar que Deus, em nenhuma momento da história bíblica, nos diz que nossa vida
será isenta de sofrimentos, pelo contrário, Jesus nos diz que nesse mundo teremos
aflições, mas logo em seguida nos consola em dizer "tende bom ânimo, pois eu venci o
mundo" (Jo 33.16). Deus não nos poupa do sofrimento, mas caminha conosco pelo
sofrimento. Deus trabalha as circunstâncias dolorosas da nossa vida e as transforma para
o nosso bem (Rm 8.28). Mesmo que as circunstâncias não mudem, Deus mesmo é a
razão da nossa alegria (Hc 3.17-18). E estando alegre nEle, podemos nos alegrar nas
próprias tribulações. Compreenderemos então o que é enfrentar o sofrimento com
piedade.

 Introdução a carta
Esta carta foi endereço a cristãos que passavam por provações difíceis e,
provavelmente, àqueles que estavam sofrendo perseguição naquele momento. O
objetivo principal em 1 Pedro 1 é os confortar em suas provações; apresentar
considerações que lhes permitam sustentá-los com o espírito correto e mostrar o poder
sustentador e purificador do Evangelho.
Ao longo da carta, Pedro ensina que o sofrimento deve ser esperado como
reação ao testemunho cristão, e que isso não deveria causar medo ou autopiedade, mas
alegria, por causa de sua identificação com Cristo e porque esse sofrimento é controlado
quanto ao tempo e à extensão. Pedro discorre sobre nosso privilégio e a vitória de Cristo
sobre os poderes das trevas e da morte. Por que então ainda deveríamos sofrer? Se
compreendermos por que o sofrimento vem, não apenas vamos aceitá-lo, mas nos
alegrar no mesmo. Jesus sofreu por nós, agora nós participamos dos seus sofrimentos, e
um dia vamos compartilhar da sua glória. Porque ele sofreu por nós, podemos nos
alegrar quando somos considerados dignos de sofrer por ele. A realidade do nosso
sofrimento por Jesus é a garantia de que pertencemos a ele. Isso nos traz força e
esperança. Quando os crentes sofrem como cristãos, Deus é glorificado. E exalamos o
perfume de Cristo que atrai outros ao Senhor.

Logo, devemos enfrentar os sofrimentos:

 Sabendo que temos uma identidade regenerada (1.1 - 2.10)


Pedro inicia essa carta saudando todos os "escolhidos" de Deus que estão
exilados pelo mundo inteiro. Pedro faz com que todos os cristãos gentios, sintam-se
parte da família de Deus. Esse mesmo Deus que já atuava desde o AT no meio de Seu
Povo. Isso não é apenas um lembrete que o apóstolo faz, mas um incentivo a olhar para
Deus como um Pai consolador. Ele não apenas havia escolhido eles, mas estava
cuidando de cada um e dando as ferramentas necessárias para passar pelas dificuldades
na época. Muitos estavam sendo perseguidos e maltratados, buscavam seu verdadeiro
lar, assim como Israel estava indo a terra prometida, por isso Pedro ao longo da carta
sempre faz essas analogias com o AT e o povo de Israel, pois mesmo não fazendo parte
de um Israel étnico, Deus os havia separado como um Israel espiritual, Abraão é uma
pessoa chave para esse entendimento, pois através dele, todo povo de Deus,
independente da região ou do tempo, fazia parte dessa família israelita de Deus.
Apesar da importância de Abraão, o personagem central para essa identidade
regenerado sempre foi e continuará sendo o próprio Cristo, autor e consumador da nossa
fé. É Ele que é nossa esperança viva (1.3) ao nascermos de novo. Essa nova família de
Deus só é possível através dessa esperança em torno de Cristo, da sua morte e
ressurreição. Para todos nós que temos essa esperança, o sofrimento e as dificuldades
servem para nos orientar a verdade esperança celestial e não mundana, Pedro inclusive
compara o sofrimento como fogo purificador, que aprofunda nossa fé em Cristo.
Quando Pedro mostra todas as imagens do povo de Israel no AT para os cristãos
da época, ele busca com isso colocar o sofrimento cristão em uma nova história escrita
por Deus. Essa nova história passa para os cristãos uma nova perspectiva e atitude para
enfrentar o sofrimento de forma piedosa, sabendo que isso nos proporcionará
recompensas eternas no céu.
Esse ponto nos ensina a lidar com o sofrimento com a seguinte visão: nossa
salvação em Cristo Jesus, não é determinante para ficarmos isentos de sofrimentos e
adversidades, pelo contrário, nós teremos cada vez mais a tendência de ser perseguidos,
no entanto, quando Pedro nos adverte como povo escolhido de Deus, não lembra apenas
que somos filhos desse Deus, mas como filhos temos a responsabilidade de utilizar as
ferramentas que Ele concede para enfrentamos esse sofrimento com uma perspectiva do
Reino e não humana. Infelizmente nossa tendência é olhar para dificuldade, e as vezes
com nossas atitudes, acabamos pensando que esses problemas são maiores que Deus.
Mas não, Ele nos chamou e esse chamado inclui relacionamento constante. Passamos
por dificuldade sim, mas Ele está sempre do nosso lado, como Pai Amoroso que é, nos
acolhendo em Sua família espiritual.

 Sabendo que o sofrimento dá sentido à nossa Missão (2.11 - 4.11)


Tendo a verdade de que fazemos parte de uma nova família em Cristo, também
percebemos que o sofrimento cristão, abre os olhos para missão que temos no mundo. É
através da nossa vivência pela Graça de Deus em meio a perseguição que somos
incentivados a testemunhar sobre a misericórdia de Deus para os perdidos.
Pedro então, encoraja os cristãos a se submeterem ao governo da época, o
império romano (2.13-17). Sim, ele reconhece que é um governo injusto, mesmo assim,
não deixa de lado o exemplo de Cristo, que escolheu também se submeter ao governo
romano e ainda amou seus inimigos.
Esse talvez seja um dos maiores desafios dos cristãos no mundo, se submeter a
um sistema corrupto. É por isso que olhar para Cristo é um dever diário de todo crente,
pois é quando olhamos para a cruz, que testemunhamos o maior ato de amor e
submissão do mundo. Como Paulo nos ensina em Filipenses 2, Cristo, mesmo sendo
Deus não considerou isso em sua morte, pelo contrário, se entregou por vontade própria
para que tivéssemos hoje a oportunidade de usufruir dessa nova vida nEle, dentro de sua
família, ser exemplo como Ele foi (e é), e testemunhar disso através do nosso lidar com
o sofrimento, de forma piedosa.
Claro que Pedro é realista, ele sabe que o sofrimento não irá acabar, até que
Cristo volte. Por isso, ele lembra da reivindicação futura. Sofremos sim, mas por tempo
limitado, por outro lado, temos uma recompensa eterna prometida por Deus ao Seu lado.
Essa verdade é intensa nas palavras de Pedro aos cristãos, que independente se fossem
mortos pelo fato de ser seguidores de Cristo, continuariam a usufruir do viver
satisfatório com o Senhor Jesus.

 Sabendo que o sofrimento trás esperança eterna (4.12 - 5.9)


Chegando finalmente na parte final da carta, Pedro relembra as palavras de Jesus
aos seus discípulos, que deveriam considerar motivo de alegria ser perseguidos por
causa dEle. Os cristãos precisavam sentir essas palavras como chama em seus corações,
para que assim alimentassem cada vez mais uma esperança futura que é eterna.
Pedro também direciona uma mensagem para os líderes da igreja na época. Para
que possam acolher e cuidar desses cristãos que estão sendo perseguidos e também os
incentiva a serem líderes dispostos a servir e sofrer também como Cristo.
Pedro também destaca a ação de satanás no meio cristão. Os cristãos precisavam
ver que a luta deles não era com um império terreno como o império romano, mas com
as mazelas do inimigo. Tanto que Pedro os exorta a todos a resistir o mal com a fé firme
(5.9).
Isso nos é aplicável diretamente, pois infelizmente, fazemos de pessoas e
sistemas terrenos nossos principais inimigos, quando já verdade é contra os seres
espirituais malignos. E nada melhor do que lutar contra esse mal, do que as promessas
de vitória em Cristo Jesus.

 Conclusão
A carta de 1 Pedro é um dos principais lembretes bíblicos da esperança que
temos de uma vida eterna em Cristo, através das dores e sofrimentos. O fato de estar
nesse mundo, sofrendo, não muda o fato de que pertencemos ao povo de Deus,
escolhido e amado por Ele. Essas dificuldades, vivenciadas e enfrentadas por nós, é uma
bela oportunidade de testemunharmos o quanto nosso Deus é grandioso e amoroso, não
por causa dos sofrimentos aqui, mas simplesmente porque o peso da Glória futuro ao
lado dEle é muito maior que qualquer coisa que passarmos por aqui. É essa promessa
que acende em nós a esperança de seu retorno, para enfim, estarmos glorificados
eternamente.

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