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Paula Ramos Ghiraldelli – Morfologia – Linguística UFSCar 2019\2

AULA 3: Classificação dos morfemas (I)

 Vocábulo morfológico: Formado por morfemas

Unidade mínima significativa:


 Referencial – significação externa = referente às noções
do mundo objetivo (ações, estados, qualidades, ofícios,
seres, etc.).
Ex.: trabalhávamos.
 Gramatical – significação interna = referente às noções
gramaticais.
Ex.: trabalhá/ va/ mos

 Radical:
núcleo do vocábulo responsável pela significação externa da palavra.
Ex.: desencapetamento, falávamos.

 Afixos:
prefixos e sufixos
complementam ou alteram a significação externa da palavra.
Ex.: reformar.

 Desinências: elementos de significação interna.


de gênero  aluna
de número  alunas
verbais  viajávamos

 vogais temáticas: nominais e verbais


Exemplos: Vogais temáticas nominais: a, e, o
livro – livraria
carta – carteiro
respeito – respeitoso
Paula Ramos Ghiraldelli – Morfologia – Linguística UFSCar 2019\2

Exemplos: Vogais temáticas verbais: a, e, i


Amar (1ª conjugação)
Vender (2ª conjugação)
Partir (3ª conjugação)

Exemplos: Vogais de ligação: i, o

fácil – facilidade
gás – gasômetro

Exemplos: Consoantes de ligação: mais produtivas na língua: z, l

café - cafezal
capim - capinzal
pau - paulada
chá – chaleira
“t” é mais raro  café – cafeteira

 Vogal temática X vogal de ligação


 A diferença entre a vogal temática nominal e a vogal de ligação é que a
temática é fruto de uma transformação da vogal que já existia na palavra
base. Ex: (livro>livraria, carta>carteiro).
 A vogal de ligação não, ela é de fato um elemento novo inserido na
palavra. Ex: fácil > facilidade

 E a raiz?
A denominação raiz é vinculada à perspectiva diacrônica, por isso Kehdi
(1990) prefere a denominação radical.
Nem sempre há coincidência entre os enfoques sincrônico e diacrônico: em
“comer”, o radical é com- e a raiz é ed-.
(porque em latim, o verbo correspondente a comer é edere; cum + edere >
cumedere > comer).
Paula Ramos Ghiraldelli – Morfologia – Linguística UFSCar 2019\2

Classificação dos morfemas (II)

 morfema aditivo: adição de um segmento.


Ex.: in + feliz + mente
menin + a + s
cant + á + va + mos
 Ex.: órfão órfã
cidadão cidadã
carros carro

 morfema cumulativo: quando o morfe correspondente representa dois ou


mais morfemas amalgamados e fundidos.
morfema modo-temporal
morfema número-pessoal

 morfema superposto: não possui morfe correspondente e, por isso,


superpõe-se ao morfe vizinho, sobrecarregando-o de informação gramatical.

 Ex.: morfema modo-temporal {presente do indicativo} que se superpõe ao


morfe -o representante do morfema número-pessoal {1a. pessoa do singular}.
- Cant -o; vend -o; part -o
Paula Ramos Ghiraldelli – Morfologia – Linguística UFSCar 2019\2

 morfema substitutivo: quando há substituição ou alternância de vogais no


morfe raiz.
Ex.: oposições número-pessoais:
 fiz/fez, tive/teve, estive/esteve, pude/pôde  i > e, u > ô
 oposições modo-temporais: pode/pôde  ó > ô
 oposições de gênero: avô/avó  ô > ó

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