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Disciplina: Língua Portuguesa VIII
TÓPICOS
EM
FONÉTICA
FONOLOGIA
DO
PORTUGUÊS
1 Cronologia
– A classificação dos sons em vogais e consoantes remonta aos filósofos estóicos
gregos no séc. IV a.C.
– A partir do Sec. XV: invenção de aparelhos que possibilitaram as primeiras
tentativas de descrição fisiológica dos sons da fala, em base experimental.
– Sec. XVI: valorização da oralidade.
– Sec. XVII: estudo biológico da linguagem.
– Sec. XVIII: Fonética, como parte das ciências naturais.
– Vários trabalhos contribuíram para o desenvolvimento dos estudos fonéticos:
dentre eles, em 1780, Wolfgang Hellwag estudou o timbre das vogais e apresentou a
configuração triangular para os sistemas que têm apenas uma vogal de abertura
máxima, como o sistema vocálico português. Em 1791, o húngaro Kempelen
idealizou uma máquina falante, a primeira imitação dos ressoadores do órgão
fonador.
– Sec. XIX: a descoberta do sânscrito trouxe grande desenvolvimento aos estudos
fonéticos. → Lingüística comparativa histórica. → Fonética articulatória.
→ Leis fonéticas; foneticismo descritivo, como ciência natural ligado à Física e
Fisiologia.
→ novos aparelhos: palato artificial, laringoscópio, quimógrafo.
– Sec. XX:
→ Fonética experimental, com base em aparelhos especializados; descrição mais
acústica. A fonética se aproxima da ciência da linguagem (descrição física e
psicológica dos sons minuciosa).
→ A lingüística adquire o status de ciência.
→ 1928: surgimento da Fonologia → I Congresso Internacional de Lingüistas, em
Haia: Trubetzkoy, Jakobson e Karcevsky, membros do Círculo Lingüístico de Praga.
→ Definição do objeto próprio de investigação.
Fonética Fonologia
– “estudo da substância sonora, – “análise dos sons, do ponto de vista de
enquanto fenômeno físico”; estudo sua função na língua.”; “função
dos sons da fala, vistos sob diferentes lingüística do som”
aspectos.
– estuda o sistema de sons; a função do
– estuda os sons em geral; som dentro do sistema de uma língua
características físicas e articulatórias natural; função distintiva.
→ fone / substância fônica – → fonema / forma fônica
– uma primeira abstração: a
representação fonética não traduz o
fone em si.
Modo de articulação
– Oclusivas: resultam do fechamento total do canal expiratório por um dos órgãos da
fala (catástese - preparação dos órgãos para produzi-la; tensão - momento da
posição exigida para a sua realização; metástese - relaxamento dos órgãos). São
chamadas explosivas (no início da sílaba) e implosivas (no fim); oclusivas aspiradas
(quando produzidas com o sopro após a explosão).
– Fricativas: estreitamento da passagem de ar em um ponto qualquer do canal
expiratório, pela ação de um articulador em um dos vários órgãos da fala.
– Africadas: realização oclusiva mais fricativa, no mesmo ponto de articulação, é
quase simultânea. A metástese realiza-se lentamente, originando fricção. Inicia-se
como uma oclusiva e termina como fricativa (Callou & Leite, 1994).
– Nasais: uma parte da corrente do ar expirado passa pelas fossas nasais e outra, pela
boca. A ressonância nasal é contínua, a articulação bucal é momentânea.
– Laterais (contínuas): há um abaixamento dos lados da língua, liberando a passagem
do ar, enquanto a ponta ou dorso permanece em contato com o lugar de articulação
característica da consoante produzida.
– Vibrantes: caracteriza-se por uma articulação que compreende a saída livre do ar,
interrompida por uma ou várias oclusões, devidas às vibrações do órgão articulador
no momento da passagem de ar. Simples: uma só oclusão; múltipla: várias
oclusões. A realização ápicodental é a mais comum. Também há a realização velar
no RJ (múltipla velar passa a fricativa).
Papel das cordas vocais (força articulatória: fortes e lenes) – surdas e sonoras.
– Câmara Jr. (1953): as consoantes não constituem centro de sílaba e aparecem sempre
ao lado de uma vogal:
consoantes pré-vocálicas (posição explosiva), ou pós-vocálica (posição
implosiva). Essas posições correspondem a uma diferença articulatória:
a) pré-vocálica: domina a fase articulatória final, em que se desfaz uma obstrução e é
superado o impedimento bucal à passagem da corrente de ar. Nessa posição, cabe
ressaltar a consoante entre duas vogais, em que ocorre um enfraquecimento
articulatório e o aparecimento de alofones (r, l, n - rr, lh, nh).
b) pós-vocálica: a articulação concentra-se na fase de cerramento, e o abrimento bucal,
que produziu a vogal silábica, se reduz ou anula para criar o elemento consonântico
de travamento da sílaba.
Outras classificações:
CLARK & YALLOP (1990): os sons consonantais mostram uma maior constrição do
trato vocal do que os sons vocálicos e tem menos proeminência. As vogais são
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PIKE — critica o IPA, procura dar conta de todos os mecanismos articulatórios que
são válidos para os humanos. Seu objetivo é observar todos os tipos de ruídos/sons
produzidos pelos humanos, mais do que descrever os sons conhecidos que ocorrem
nas línguas. Com relação aos mecanismos articulatórios, menciona possibilidades
exóticas com a produção de oclusão ingressiva.
PETERSON & SOUP (1966) – usam uma descrição articulatória primária em termos
de ponto e modo, além de adicionar uma série de parâmetros secundários para
fornecer o detalhe descritivo necessário sobre o fluxo de ar, a corrente de ar e modo
de fonação. Diferem do IPA quanto ao ponto e modo de articulação, pois
estabelecem o modo de articulação de acordo com o grau de fechamento (do maior
para o menor) e especifica pontos de articulação horizontal (lábio para a glote) e
vertical (altura da língua). Esse sistema não tem sido amplamente usado.
Outras descrições: Jakobson et alii (1952), Jakobson & Halle (1956), Chomsky & Halle
(1968) e Ladefoged (1971/1982): usam ponto e modo de articulação, mais a teoria de
Pike, na tentativa de capturar tudo o que é fisicamente possível, para dar conta da
diversidade de sons observada nas línguas. Critérios utilizados para a descrição das
consoantes: local no trato vocal (labial, alveolar, pós-alveolar, palatal, velar, uvular,
faringal e glotal); posição da língua; modo de articulação; estreitamento; força (forte
e lene); duração (longas e breves); ascendência sonora (voice onset).
Sobre a vibrante:
– CÂMARA JR. (1953) — o /r/ inicial apresenta como variante facultativa uma
realização velar.
– Já o /r/ brando (intervocálico) contrasta com o /r/ forte (caro-carro, muro-murro).
– Uma primeira solução seria distinguir dois fonemas vibrantes em português, que se
contrastam em posição intervocálica, e que, em posição inicial, se reduzem a um
arquifonema representado pelo /r/ forte. Segundo Mattoso, o /r/ forte pode ser
considerado um aspecto especial do /r/ brando, em virtude de um maior número
de vibrações (/r/ múltiplo).
– Sistema consonântico latino: havia um único /r/, que podia ser geminado como
qualquer outra consoante. Não se tratava de um /r/ múltiplo em contraste com um
/r/ simples, mas apenas um grupo de duas consoantes iguais, entre as quais incide
a fronteira silábica, à maneira de qualquer outra geminação. O /r/ consonântico do
português corresponde a um enfraquecimento do /r/ simples latino em
conseqüência da posição intervocálica. O /r/ múltiplo prolonga o /r/ latino,
mantido em posição inicial ou medial não-intervocálica (rei, Israel, genro, erra).
– Porém, a análise fonêmica não pode apoiar-se num plano diacrônico, mas no
sincrônico. Notem-se:
1) a ausência do /r/ brando em posição inicial ou medial não intervocálica
(diferentemente de /z/ e /s/ que figuram em início de vocábulo ou medialmente,
depois de sílaba fechada — zelo/selo —, o que os coloca como fonemas distintos);
2) a anulação fonética do primeiro elemento de uma geminação consonântica continua
a ser regra viva em português.
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– Em vista disso, o Câmara Jr. conclui que o /r/ brando é um mero alofone de posição
intervocálica.
– Fonemicamente, corresponde a um enfraquecimento, à maneira do que sofreu o
/b/, o /d/ e o /g/, determinado por essa posição.
– A vibrante /r/ apresenta, além do alofone posicional — /r/ brando —, uma
variação livre como velar, que no sistema da língua substitui a sua vibração anterior
múltipla.
– CÂMARA JR. (1987): é preciso se levar em conta a posição mais favorável ao
desdobramento de todo o elenco das consoantes. A posição preferencial é a de
primeira consoante antes da vogal da sílaba, mas a consoante pode se encontrar em
posição intervocálica, separando duas sílabas, ou não-intervocálica, quer no início
de vocábulo, quer medial, depois de outra consoante da sílaba precedente (caro,
rato, genro).
– Conclui o autor que as consoantes intervocálicas, em português, apresentam-se um
tanto enfraquecidas pelo ambiente vocálico, em cujo meio se acham. São, por isso,
alofones posicionais das não-intervocálicas correspondentes, de articulação muito
mais firme.
– Pode-se dizer que, em posição não-intervocálica, há neutralização das oposições
entre /r/ forte e /r/ brando. Não há nenhum /r/ brando inicial, ou seja, existem
duas vibrantes que só se opõem em posição intervocálica, com neutralização nas
outras posições.
– CALLOU & LEITE (1994) — Tradicionalmente, diz-se que há apenas duas espécies
de r que se opõem fonologicamente apenas em posição intervocálica (careta/carreta,
tora/torra) embora o r ocorra em outros contextos: a) inicial (rato); b) final de sílaba
no meio de palavra (corta); c) final de palavra (bilhar); d) como segundo elemento
de grupo consonântico (prato).
– A existência de apenas duas vibrantes que se opõem em posição intervocálica
implica em dizer que nos outros ambientes a oposição é neutralizada.
1) em posição inicial só corre o r forte (múltiplo);
2) como segundo elemento de grupo consonântico ocorre de preferência o r fraco
(simples);
3) em posição pós-vocálica pode ocorrer um ou outro.
– No RJ, parece predominar a ocorrência (3), a não ser quando se encontra seguida de
palavra iniciada por vogal, contexto em que se realiza como vibrante simples,
passando de pós-vocálica a pré-vocálica.
– Em posição final absoluta, a consoante é débil e a sua ausência é muitas vezes
compensada por uma maior duração da vogal precedente (cantá, falá, escrevê).
– Segundo Callou & Leite (1994), Câmara Jr. (1953) afirmou que existia um único
fonema vibrante. Mas, em trabalhos posteriores concluiu, com base na realidade
fonética, que existem duas vibrantes, que só se opõem em posição intervocálica,
com neutralização nas outras posições.
– Callou (1987): O r fraco realiza-se quase sempre como uma vibrante apical simples
(tepe alveolar sonoro), podendo ser realizada como retroflexo (como o seu
correspondente forte).
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– O r forte varia mais amplamente na sua realização e apresenta no falar culto carioca
as seguintes variantes:
1) vibrante múltipla anterior ápico-alveolar sonora [ r ];
2) vibrante múltipla posterior-uvular [ ρ ];
3) fricativa velar surda [ x ];
4) fricativa laríngea ou glotal (aspiração) surda [ h ];
5) zero fonético ou vibrante simples [ r ] quando a palavra seguinte se inicia por vogal.
– Informações históricas:
– As autoras reafirmam o que diz Câmara Jr. a respeito das geminadas /-rr-/:/-r-/: a
oposição era puramente quantitativa e só mais tarde passou a apresentar uma
diferenciação qualitativa.
– A substituição de vibrações apicais por vibrações uvulares e velares do /R/ em
português parece datar de fins do séc. XIX (Vianna, 1973).
– A articulação anterior do r forte foi substituída por uma realização posterior em
português e em outras línguas românicas.
– Explicações:
1) mudança em função da tensão necessária para articular as vibrações que produzem
um r ápico-alveolar;
2) outros lingüistas preferem ver na passagem da articulação velar vibrante para uma
velar fricativa e desta para uma aspiração um processo de relaxamento e
comodidade articulatória.
– O sistema de traços:
→ A noção de traço distintivo foi proposta por Jakobson.
→ Assim como na Física tem-se o átomo subdividido, na Fonética, o fonema é
subdividido em um número mínimo de traços distintivos.
→ O sistema de traços, segundo JAKOBSON, FANT & HALLE (1951), é postulado
através de uma base acústica, acompanhada de uma definição articulatória.
– há um inventário universal de 12 traços distintivos que possuem correlatos
físicos precisos e que podem explicar quaisquer semelhanças ou diferenças entre
fonemas nas línguas do mundo.
– Os traços são entidades discretas (não-contínuas, pontuais) e dicotômicas
(ausência ou presença de uma determinada propriedade).
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Traços:
– anterior e coronal – ponto de articulação
– contínuo – relacionado ao modo de articulação
– sonoro – relacionado ao modo de emissão
– lateral, nasal e soante – traços de classe
Exemplo da abordagem gerativa para a explicação da alofonia dos fonemas /t/ e /d/:
t ts / _____i
d dz / _____i
Neutralização X Debordamento:
– CÂMARA JR. argumenta que a grafia com <o> ou <u> em “pérola” é uma mera
convenção e que uma pronúncia como núm[i]ro é logo rechaçada. Afirma que há
distinção entre /e/ e /i/, “embora seja difícil encontrar pares opositivos
mínimos”. Não há oposição de significado entre núm[i]ro ou núm[e]ro (as duas
realizações são possíveis).
– O que essencialmente caracteriza as posições átonas é a redução do número de
fonemas.
HALL (1943)
Considera a vogal nasal um alofone do fonema oral correspondente, ao qual
se sobrepõe a nasalidade. Trata-se de um fenômeno supra-segmental, um fonema
não-linear, que, do mesmo modo que o acento, poderia afetar os fonemas silábicos.
quando ocorre não é detectável pelo ouvido; (3) é possível uma realização não
nasalizada da vogal seguida de um travamento consonântico ([fi ka]).
Tal regra dá conta de: c[ã]minha (cama pequena) X c[a]minha (3a. p. sing.
pres. do ind. de caminhar).
Obs.: a oposição “c[ã]minha (cama pequena) X c[a]minha (3a. p. sing. pres. do ind. de
caminhar)”, existente em posição pretônica no mesmo ambiente de consoante nasal,
foi usada por PONTES (1965) para defender a hipótese de que há vogal oral e vogal
nasal.
Para Mira Mateus (1975), Almeida (1976), Pardal (1977) e Wetzels (1991), a
vogal nasal é gerada por derivação fonológica a partir de vogal oral seguida de
consoante nasal na estrutura subjacente.
1 “as vogais nasais existem sempre nas representações fonológicas das formas que
as manifestam em superfície”. Essa alternativa representa a inserção de cinco
elementos na matriz fonológica;
1 Proposta de MORAES & WETZELS (1992): calcada na Fonologia Experimental – métodos experimentais que
fornecem evidências empíricas para o fonólogo que estuda as relações entre o componente fonológico e fonético.
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C V C V C V C V
f o n Ε t i k a
camada CV:
distingue posições funcionais (pico/não pico) → dá conta do caráter
silábico/não silábico dos segmentos, dispensando tal traço (+/- silábico).
“define as unidades primitivas de ‘timing’ no nível sub-silábico da
representação fonológica”(CLEMENTS & KEYSER, 1983: 11 apud MORAES &
WETZELS, 1992: 156), ou seja, o tempo da organização segmental.
• Hipótese no caso das nasais: se apenas a camada segmental da consoante nasal for
apagada na superfície (ou parcialmente apagado, em termos fonéticos), haverá,
conseqüentemente, um alongamento compensatório da vogal vizinha, que irá
então se associar à posição deixada livre, gerando um rearranjo do timing no
interior da sílaba em questão.
Ponto de vista de CÂMARA JR. (1987: 47): deve-se “procurar esse traço
distintivo na constituição da sílaba. Em outros termos: a vogal nasal fica entendida
como um grupo de dois fonemas, que se combinam na sílaba – vogal e elemento
nasal”.
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– Concluindo...
• Hipótese de interpretação bifonêmica das vogais nasais
1) A vogal nasal é efetivamente mais longa que a oral.
2) A vogal nasalizada é, em geral, ligeiramente mais breve que a oral, o que descarta
as explicações articulatória e co-articulatória2 para a maior duração das nasais,
reforçando a hipótese de serem dois processos distintos.
3) Os resultados da pesquisa experimental endossam a explicação fonológica de
alongamento compensatório para a maior extensão das nasais e confirmam a
realidade fonética da camada temporal (esqueleto) e da representação subjacente
das vogais nasais como V+ N.
a) A vogal nasal (constrastiva), tônica ou átona, corresponde a dois segmentos
na base, V e N.
b) O elemento nasal (N) nasaliza a vogal precedente.
c) Em um segundo momento, a consoante nasal cai, gerando um alongamento
compensatório da vogal precedente, agora já nasalizada, que passa então a
ocupar dois posições temporais.
d) “Uma regra atribuiria às vogais nasais (tônicas ou átonas) seguidas de
oclusivas parte do tempo da consoante subseqüente, o que explicaria, de um
lado, o fato de serem as nasais mais longas, neste contexto, que as vogais
orais correspondentes e, de outro, a perda da duração consonântica” (p. 164).
2 Explicação articulatória: as nasais apresentariam uma duração superior à das orais por exigirem um gesto
articulatório suplementar (abaixamento/elevação do véu palatino).
Explicação co-articulatória: em caso de V+ Cnasal, a vogal, oral ou nasal, seria mais breve; no caso de V + Cnão-
nasal, seria mais longa. (exs. candinha; cadinho; caninho)
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5.4 Os ditongos
“As vogais mais altas das séries anterior e posterior podem ocupar posição
de núcleo ou de margem da sílaba. Teríamos, assim, um [i] e [u] silábicos
ou assilábicos [y] e [w]. Neste segundo caso têm-se os chamados ditongos
ou tritongos que contrastam com vogais simples” (CALLOU & LEITE,
1990: 90).
só sói sol
– Distinção entre vogais assilábicas que formam ditongos verdadeiros e aquelas que
podem surgir em fronteiras silábicas pelo encontro de uma vogal [+ alta] com
uma vogal [- alta]
Neste caso, a qualidade da vogal assilábica é previsível: [y] depois de “i” e [w]
depois de “u”. “Pode-se dizer que é quase unânime a interpretação não-fonêmica
dessas vogais.” (CALLOU & LEITE, 1990: 91)
CÂMARA JR. reviu sua posição inicial devido ao baixo rendimento dessas
oposições e à própria redução do ditongo em exemplos como “vou”, “sou”. Os
ambientes em que /i/-/y/ e /u/-/w/ estabelecem diferença de significado são
pouco produtivos em Português, como pode ser observado nos exemplos acima.
[oy] foi
[ y] dói, rói
[uy] fui
– “Os chamados ditongos crescentes ocorrem com menor freqüência – e são mais
instáveis – sempre antecedidos de consoante velar [k] ou [g] em formas como
qual, igual, freqüente, eqüestre, quinqüênio, ungüento, agüentar etc.. Os ditongos [wo]
e [wu] que ocorrem em formas como quotidiano e profícuo sofrem normalmente
redução. Numa forma como circuito é possível uma realização como ditongo
decrescente [uy] (mais freqüente) ou crescente [wi] (mais raro)” (CALLOU &
LEITE, 1990: 92).
– Tritongos orais
Exs.: [way] Uruguai
[wey] averigüei
[wow] averigüou
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Referências bibliográficas:
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BECHARA, Evanildo (1987). Moderna gramática portuguesa. São Paulo: Companhia Editora
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Zahar.
CALLOU, Dinah (1987). Variação e distribuição da vibrante na fala urbana culta do Rio de Janeiro.
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CÂMARA JR., J. M. (1977). Para o estudo da fonêmica portuguesa. Rio de Janeiro, Padrão.
___ (1979). História e estrutura da língua portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Padrão.
___ (1987). Estrutura da língua portuguesa. Petrópolis: Vozes.
___ (1989). Princípios de lingüística geral. 7. ed. Rio de Janeiro: Padrão.
CLARK, J. & YALLOP, C. (1990). An introduction to phonetics and phonology. Cambridge: Basil
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CUNHA, Celso & CINTRA, Luís F. Lindley (1985). Nova gramática do português contemporâneo.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
DUBOIS, J. et alii (1973). Dicionário de lingüística. São Paulo: Cultrix, 1973.
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MAIA, E. M. (1985). No reino da fala. São Paulo: Ática.
MATEUS, M. H. M. (1982). Aspectos da fonologia portuguesa. Lisboa, Centro de Lingüística da
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PIKE, Kenneth (1947). Phonemics: a technique for reducing languages to writing. Ann Arbor,
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PONTES, E. (1965). Estrutura do verbo no português coloquial. Belo Horizonte. Dissertação de
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ROCHA LIMA, C. H. da. (1996). Gramática normativa da língua portuguesa. Rio de Janeiro, José
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