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Fundamentos da Metrologia

Dimensional

Prof. Laszlo Szabados Junior


ETEC Jorge Street

Fonte: Instrumentos para Metrologia Dimensional


(Utilização, Manutenção e Cuidados)
Mitutoyo Sul América Ltda.

26 de OUTRUBRO/2017
rev.:01
Fundamentos da Metrologia Dimensional

Índice Pág.
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 3
2. CONCEITOS FUNDAMENTAIS/TERMINOLOGIA .................................................. 3
3. A DEFINIÇÃO DO METRO PADRÃO .................................................................... 11
4. CRITÉRIO DE SELEÇÃO DO INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO .................................... 12
5. CLASSIFICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO .......................................... 12
6. PRINCIPAIS FONTES DE ERRO NA MEDIÇÃO ...................................................... 14
7. TIPOS DE INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO ........................................................... 16
8. PAQUÍMETROS ................................................................................................. 16
9. TRAÇADOR DE ALTURAS ................................................................................... 27
10. MICRÔMETRO ................................................................................................ 32
11. RELÓGIO COMPARADOR ................................................................................ 44
12. RELÓGIO APALPADOR .................................................................................... 51
13. COMPARADORES DE DIÂMETROS INTERNOS .................................................. 56
14. ESQUADROS COMBINADOS ............................................................................ 62

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1. INTRODUÇÃO

Este trabalho tem a finalidade de auxiliar a todos os profissionais que, de uma ou outra forma,
estão envolvidos com atividades de metrologia dimensional.

Aqueles profissionais que já estão engajados neste apaixonante mundo de metrologia,


encontrarão aqui uma forma de relembrar conceitos esquecidos e aqueles que estão iniciando,
terão o benefício de obter informações fundamentais de uma forma bastante simples, pois
nossa intenção aqui é mostrar a metrologia dimensional e seus recursos instrumentais tal como
eles são: muito simples.

O leitor encontrará no início definição dos principais termos usados, de forma a facilitar o
entendimento de conceitos fundamentais e a seguir, terá uma análise dos principais tipos de
instrumentos, como paquímetros, traçadores de altura, micrômetros, relógios comparadores,
relógios apalpadores, comparadores de diâmetros internos como relógio e esquadros
combinados.

Em cada caso será feita uma análise do princípio de funcionamento, resolução, leitura,
aplicação, cuidados, erro máximo admissível, calibração e os principais tipos.

Estamos satisfeitos, pois embora modestos, estamos contribuindo com você, que tanto
trabalha por um Brasil melhor.

2. CONCEITOS FUNDAMENTAIS/TERMINOLOGIA

O estabelecimento de uma terminologia básica contribuirá grandemente para uma maior


compreensão das atividades relativas à metrologia e seus recursos instrumentais.

A seguir se indicam os termos principais, tomando como referência o Vocabulário Internacional


de Metrologia: Conceitos fundamentais e gerais e termos associados (VIM 2012), editado pelo
INMETRO de acordo com a Portaria nº 232, de 08 de maio de 2012, baseada na 3a edição
internacional do VIM – International Vocabulary of Metrology – Basic and general concepts and
associated terms – JCGM 200:2012, elaborada pelo Bureau Internacional de Pesos e Medidas
(BIPM), pela Comissão Internacional de Eletrotécnica (IEC), pela Federação Internacional de
Química Clínica e Medicina Laboratorial (IFCC), pela Cooperação Internacional de Acreditação
de Laboratórios (ILAC), pela Organização Internacional de Normalização (ISO), pela União
Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC), pela União Internacional de Física Pura e
Aplicada (IUPAP) e pela Organização Internacional de Metrologia Legal (OIML).

2.1 Medição (VIM 2.1)


Processo de obtenção experimental dum ou mais valores que podem ser, razoavelmente,
atribuídos a uma grandeza.

NOTA 1: A medição não se aplica a propriedades qualitativas.


NOTA 2: A medição implica a comparação de grandezas ou a contagem de entidades.

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NOTA 3: A medição pressupõe uma descrição da grandeza que seja compatível com o uso
pretendido dum resultado de medição, segundo um procedimento de medição e com um
sistema de medição calibrado que opera de acordo com o procedimento de medição
especificado, incluindo as condições de medição.

2.2 Metrologia (VIM 2.2)


Ciência da medição e suas aplicações.

NOTA: A metrologia engloba todos os aspectos teóricos e práticos da medição, qualquer que
seja a incerteza de medição e o campo de aplicação.

2.3 Resolução – de um dispositivo mostrador (VIM 5.12)


Menor diferença entre indicações de um dispositivo mostrador que pode ser significativamente
percebido.
Para dispositivo mostrador digital, é a variação na indicação quando o dígito menos significativo
varia de uma unidade.
Este conceito também se aplica a um dispositivo registrador.

2.4 Erros Máximos Admissíveis (VIM 4.26)


Valor extremo do erro de medição, com respeito a um valor de referência conhecido, admitido
por especificações ou regulamentos para uma dada medição, instrumento de medição ou
sistema de medição.

NOTA: O termo “tolerância” não deve ser utilizado para designar erro máximo admissível.

2.5 Incerteza de Medição (VIM 2.26)


Parâmetro não negativo que caracteriza a dispersão dos valores atribuídos a um mensurando,
com base nas informações utilizadas.

NOTA 1: A incerteza de medição inclui componentes provenientes de efeitos sistemáticos, tais


como componentes associadas a correções e a valores atribuídos a padrões, assim como a
incerteza definicional. Algumas vezes, não são corrigidos efeitos sistemáticos estimados mas,
em vez disso, são incorporadas componentes de incerteza de medição associadas.
NOTA 2: O parâmetro pode ser, por exemplo, um desvio-padrão denominado incerteza padrão
(ou um de seus múltiplos) ou a metade da amplitude dum intervalo tendo uma probabilidade
de abrangência determinada.
NOTA 3: A incerteza de medição geralmente engloba muitas componentes. Algumas delas
podem ser estimadas por uma avaliação do Tipo A da incerteza de medição, a partir da
distribuição estatística dos valores provenientes de séries de medições e podem ser
caracterizadas por desvios-padrão. As outras componentes, as quais podem ser estimadas por
uma avaliação do Tipo B da incerteza de medição, podem também ser caracterizadas por
desvios-padrão estimados a partir de funções de densidade de probabilidade baseadas na
experiência ou em outras informações.
NOTA 4: Geralmente para um dado conjunto de informações, subentende-se que a incerteza
de medição está associada a um determinado valor atribuído ao mensurando. Uma modificação
deste valor resulta numa modificação da incerteza associada.

2.6 Incerteza de Medição Instrumental (VIM 4.24)


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Componente da incerteza de medição proveniente do instrumento de medição ou do sistema


de medição utilizado.

NOTA 1: A incerteza de medição instrumental é obtida por meio da calibração do instrumento


de medição ou do sistema de medição, exceto para um padrão primário, para o qual são
utilizados outros meios.
NOTA 2: A incerteza de medição instrumental é utilizada na avaliação do Tipo B da incerteza de
medição.
NOTA 3: As informações referentes à incerteza de medição instrumental podem ser fornecidas
nas especificações do instrumento.

2.7 Calibração (VIM 2.39)


Operação que estabelece, sob condições especificadas, numa primeira etapa, uma relação
entre os valores e as incertezas de medição fornecidos por padrões e as indicações
correspondentes com as incertezas associadas; numa segunda etapa, utiliza esta informação
para estabelecer uma relação visando a obtenção dum resultado de medição a partir de uma
indicação.

NOTA 1: Uma calibração pode ser expressa por meio duma declaração, uma função de
calibração, um diagrama de calibração, uma curva de calibração ou uma tabela de calibração.
Em alguns casos, pode consistir duma correção aditiva ou multiplicativa da indicação com uma
incerteza de medição associada.
NOTA 2: Convém não confundir a calibração com o ajuste dum sistema de medição,
frequentemente denominado de maneira imprópria de “auto-calibração”, nem com a
verificação da calibração.
NOTA 3: Frequentemente, apenas a primeira etapa na definição acima é entendida como sendo
calibração.

2.7 Ajuste – de um instrumento de medição (VIM 4.30)


Operação destinada a fazer com que um instrumento de medição tenha desempenho
compatível com o seu uso.
O ajuste pode ser automático, semiautomático ou manual.

2.8 Regulagem – de um instrumento de medição (VIM 4.31)


Ajuste, empregando somente os recursos disponíveis no instrumento para o usuário.

2.9 Rastreabilidade Metrólogica (VIM 2.41)


Propriedade de um resultado de medição pela qual tal resultado pode ser relacionado a uma
referência através de uma cadeia ininterrupta e documentada de calibrações, cada uma
contribuindo para a incerteza de medição.

NOTA 1: Para esta definição, a “referência” pode ser uma definição duma unidade de medida
por meio de sua realização prática, ou um procedimento de medição que inclui a unidade de
medida para uma grandeza não-ordinal, ou um padrão.
NOTA 2: A rastreabilidade metrológica requer uma hierarquia de calibração estabelecida.
NOTA 3: A especificação da referência deve incluir a data em que ela foi utilizada no
estabelecimento da hierarquia de calibração, juntamente com qualquer outra informação

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metrológica relevante sobre a referência, tal como a data em que foi realizada a primeira
calibração da hierarquia de calibração.
NOTA 4: Para medições com mais duma grandeza de entrada num modelo de medição, cada
valor de entrada deveria ter sua própria rastreabilidade e a hierarquia de calibração envolvida
pode formar uma estrutura ramificada ou uma rede. O esforço envolvido no estabelecimento
da rastreabilidade metrológica para cada valor da grandeza de entrada deve ser
correspondente à sua contribuição relativa para o resultado de medição.
NOTA 5: A rastreabilidade metrológica dum resultado de medição não assegura a adequação
da incerteza de medição para um dado objetivo ou a ausência de erros humanos.
NOTA 6: Uma comparação entre dois padrões pode ser considerada como uma calibração se
ela for utilizada para verificar e, se necessário, corrigir o valor e a incerteza de medição
atribuídos a um dos padrões.
NOTA 7: O ILAC considera que os elementos necessários para confirmar a rastreabilidade
metrológica são uma cadeia de rastreabilidade ininterrupta a um padrão internacional ou um
padrão nacional, uma incerteza de medição documentada, um procedimento de medição
documentado, uma competência técnica reconhecida, a rastreabilidade metrológica ao SI e
intervalos entre calibrações (ver ILAC P-10:2002).
NOTA 8: O termo abreviado “rastreabilidade” é, às vezes, utilizado com o significado de
“rastreabilidade metrológica”, assim como de outros conceitos, tais como “rastreabilidade de
uma amostra, rastreabilidade dum documento, rastreabilidade dum instrumento ou
rastreabilidade de um material”, em que o histórico (o “rasto”) de um item está em causa.
Portanto, é preferível utilizar o termo completo “rastreabilidade metrológica” para evitar risco
de confusão.

2.10 Cadeia de rastreabilidade (VIM 2.42)


Sequência de padrões e calibrações utilizada para relacionar um resultado de medição a uma
referência.

NOTA 1: Uma cadeia de rastreabilidade metrológica é definida através duma hierarquia de


calibração.
NOTA 2: Uma cadeia de rastreabilidade metrológica é utilizada para estabelecer a
rastreabilidade metrológica dum resultado de medição.
NOTA 3: Uma comparação entre dois padrões pode ser considerada como uma calibração se
ela for utilizada para verificar e, se necessário, corrigir o valor e a incerteza de medição
atribuídos a um dos padrões.

2.11 Repetitividade – de um instrumento de medição (VIM 5.27)


Aptidão de um instrumento de medição em fornecer indicações muito próximas, em repetidas
aplicações do mesmo mensurando, sob as mesmas condições de medição.
Estas condições incluem:
 Redução ao mínimo das variações devido ao observador.
 Mesmo procedimento de medição.
 Mesmo observador.
 Mesmo equipamento de medição, utilizado nas mesmas condições.
 Mesmo local.
 Repetições em um curto período de tempo.

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Repetitividade pode ser expressa quantitativamente em termos das características da dispersão


das indicações.

2.12 Exatidão de medição (VIM 2.13)


Grau de concordância entre um valor medido e um valor verdadeiro dum mensurando.

NOTA 1 A “exatidão de medição” não é uma grandeza e não lhe é atribuído um valor numérico.
Uma medição é dita mais exata quando fornece um erro de medição menor.
NOTA 2 O termo “exatidão de medição” não deve ser utilizado no lugar de veracidade de
medição, assim como o termo “precisão de medição” não deve ser utilizado para expressar
exatidão de medição, o qual, contudo, está relacionado a ambos os conceitos.
NOTA 3 A “exatidão de medição” é algumas vezes entendida como o grau de concordância
entre valores medidos que são atribuídos ao mensurando.

2.13 Classe de exatidão (VIM 4.25)


Classe de instrumentos de medição ou de sistemas de medição que satisfazem requisitos
metrológicos estabelecidos, destinados a manter os erros de medição ou as incertezas de
medição instrumentais dentro de limites especificados, sob condições de funcionamento
especificadas.

NOTA 1 Uma classe de exatidão é usualmente caracterizada por um número ou por um símbolo
adotado por convenção.
NOTA 2 O conceito de classe de exatidão aplica-se a medidas materializadas.

2.14 Veracidade de medição (VIM 2.14)


Grau de concordância entre a média dum número infinito de valores medidos repetidos e um
valor de referência.

NOTA 1 A veracidade de medição não é uma grandeza e, portanto, não pode ser expressa
numericamente. Porém, a norma ISO 5725 apresenta características para o grau de
concordância.
NOTA 2 A veracidade de medição está inversamente relacionada ao erro sistemático, porém
não está relacionada ao erro aleatório.
NOTA 3 Não se deve utilizar o termo “exatidão de medição” no lugar de “veracidade de
medição”.

2.15 Precisão de medição (VIM 2.15)


Grau de concordância entre indicações ou valores medidos, obtidos por medições repetidas,
no mesmo objeto ou em objetos similares, sob condições especificadas.

NOTA 1 A precisão de medição é geralmente expressa numericamente por características


como o desvio-padrão, a variância ou o coeficiente de variação, sob condições especificadas
de medição.
NOTA 2 As “condições especificadas” podem ser, por exemplo, condições de
repetibilidade, condições de precisão intermediária ou condições de reprodutibilidade
(ver ISO 5725–1:1994).

NOTA 3 A precisão de medição é utilizada para definir a repetibilidade de medição, a


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precisão intermediária de medição e a reprodutibilidade de medição.


NOTA 4 O termo “precisão de medição” é algumas vezes utilizado, erroneamente, para
designar a exatidão de medição.

2.16 Erro de medição (VIM 2.16)


Diferença entre o valor medido de uma grandeza e um valor de referência.

NOTA 1 O conceito de “erro de medição” pode ser utilizado:


a) quando existe um único valor de referência, o que ocorre se uma calibração for realizada por
meio dum padrão de medição com um valor medido cuja incerteza de medição é desprezável,
ou se um valor convencional for fornecido; nestes casos, o erro de medição é conhecido;
b) caso se suponha que um mensurando é representado por um único valor verdadeiro ou um
conjunto de valores verdadeiros de amplitude desprezável; neste caso, o erro de medição é
desconhecido.
NOTA 2 Não se deve confundir erro de medição com erro de produção ou erro humano.

2.17 Faixa nominal (VIM 5.1)


Faixa de indicação que se pode obter em uma posição específica dos controles de um
instrumento de medição.
Faixa nominal é normalmente definida em termos de seus limites inferior e superior, por
exemplo: “100oC a 200oC”. Quando o limite inferior é zero, a faixa nominal é definida
unicamente em termos do limite superior por exemplo: a faixa nominal de 0V a 100V é expressa
como “100V”.
Ver observação do item 5.2.

2.18 Instrumento (de medição) mostrador (VIM 4.6)


Instrumento de medição que apresenta uma indicação.
Exemplos:
 Voltímetro analógico.
 Frequencímetro digital.
 Micrômetro.

A indicação pode ser analógica (contínua/descontínua) ou digital. Valores de mais de uma


grandeza podem ser apresentados simultaneamente. Um instrumento de medição indicador
pode, também, fornecer um registro.

2.19 Resultado de uma medição (VIM 2.9)


Conjunto de valores atribuídos a um mensurando, juntamente com toda outra informação
pertinente disponível.

NOTA 1 Um resultado de medição geralmente contém “informação pertinente” sobre o


conjunto de valores, alguns dos quais podem ser mais representativos do mensurando do que
outros. Isto pode ser expresso na forma duma função densidade de probabilidade (FDP).
NOTA 2 Um resultado de medição é geralmente expresso por um único valor medido e uma
incerteza de medição. Caso a incerteza de medição seja considerada desprezável para alguma
finalidade, o resultado de medição pode ser expresso como um único valor medido. Em
muitos domínios, esta é a maneira mais comum de expressar um resultado de medição.
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NOTA 3 Na literatura tradicional e na edição anterior do VIM, o resultado de medição era


definido como um valor atribuído a um mensurando obtido por medição, que podia se referir
a uma indicação, ou um resultado não corrigido, ou um resultado corrigido, de acordo com o
contexto.

2.20 Sistema de medição (VIM 4.5)


Conjunto de um ou mais instrumentos de medição e frequentemente outros dispositivos,
compreendendo, se necessário, reagentes e insumos, montado e adaptado para fornecer
informações destinadas à obtenção dos valores medidos, dentro de intervalos especificados
para grandezas de naturezas especificadas.
Um sistema de medição pode consistir em apenas um instrumento de medição

2.21 Valor de uma divisão (VIM 4.22)


Diferença entre os valores da escala correspondente a duas marcas sucessivas.
O valor de uma divisão é expresso na unidade marcada sobre a escala, qualquer que seja a
unidade do mensurando.

2.22 Valor nominal (VIM 5.3)


Valor arredondado ou aproximado de uma característica de um instrumento de medição que
auxilia na sua utilização.
Exemplos:
 100Ω como valor marcado em um resistor padrão.
 1L como valor marcado em um recipiente volumétrico com uma só indicação.
 0,1 mol/L como a concentração da quantidade de matéria de uma solução de ácido
clorídrico, HCL.
 25oC como ponto pré-estabelecido de um banho controlado termostaticamente.

2.23 Padrão de medição (VIM 5.1)


Realização da definição de uma dada grandeza, com um valor determinado e uma incerteza de
medição associada, utilizada como referência.

EXEMPLO 1 Padrão de medição de massa de 1 kg com uma incerteza-padrão associada de 3 μg.


EXEMPLO 2 Resistor-padrão de 100 Ω com uma incerteza-padrão associada de 1 μΩ.
EXEMPLO 3 Padrão de medição de frequência de césio com uma incerteza-padrão relativa
associada de 2 x 10-15.
EXEMPLO 4 Solução-tampão de referência com um pH de 7,072 e uma incerteza padrão
associada de 0,006.
EXEMPLO 5 Conjunto de soluções de referência de cortisol no soro humano, para o qual cada
solução tem um valor certificado com uma incerteza de medição.
EXEMPLO 6 Material de referência que fornece valores com incertezas de medição associadas
para a concentração em massa de dez proteínas diferentes.

NOTA 1 A “realização da definição duma dada grandeza” pode ser fornecida por um sistema de
medição, uma medida materializada ou um material de referência.

NOTA 2 Um padrão de medição serve frequentemente de referência na obtenção de valores


medidos e incertezas de medição associadas para outras grandezas da mesma natureza,
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estabelecendo assim uma rastreabilidade metrológica através da calibração de outros


padrões, instrumentos de medição ou sistemas de medição.
NOTA 3 O termo “realização” é empregado aqui no sentido mais geral. Designa três
procedimentos de “realização”. O primeiro, a realização stricto sensu, é a realização física da
unidade de medida a partir da sua definição. O segundo, chamado “reprodução”, consiste, não
em realizar a unidade a partir da sua definição, mas em construir um padrão altamente
reprodutível baseado num fenômeno físico, por exemplo, o emprego de laseres estabilizados
em frequência para construir um padrão do metro, o emprego do efeito Josephson para o volt
ou o emprego do efeito Hall quântico para o ohm. O terceiro procedimento, chamado “adoção”,
consiste em adotar uma medida materializada como padrão. É o caso do padrão de 1 kg.
NOTA 4 A incerteza-padrão associada a um padrão é sempre uma componente da incerteza-
padrão combinada (ver o Guia ISO/IEC 98-3:2008, 2.3.4) num resultado de medição obtido ao
se utilizar o padrão. Esta componente é frequentemente pequena em comparação a outras
componentes da incerteza-padrão combinada.
NOTA 5 O valor da grandeza e a incerteza de medição devem ser determinados no momento
em que o padrão é utilizado.
NOTA 6 Várias grandezas da mesma natureza ou de naturezas diferentes podem ser realizadas
com o auxílio dum único dispositivo, chamado também de padrão.
NOTA 7 A palavra “embodiment” é algumas vezes utilizada em inglês no lugar de
“realização”.

2.24 Padrão Internacional (VIM 6.2)


Padrão reconhecido por um acordo internacional para servir, internacionalmente, como base
para estabelecer valores e outros padrões de grandeza a que se refere.

2.25 Padrão Primário (VIM 6.4)


Padrão que é designado ou amplamente reconhecido como tendo as mais altas qualidades
metrológicas e cujo valor é aceito sem referência a outros padrões de mesma grandeza.
O conceito de padrão primário é igualmente válido para grandezas de base e para grandezas
derivadas.

2.26 Padrão de Referência (VIM 6.6)


Padrão, geralmente tendo a mais alta qualidade metrológica disponível em um dado local ou
em uma organização, a partir do qual as medições lá executadas são derivadas.

2.27 Padrão de Trabalho (VIM 6.7)


Padrão utilizado rotineiramente para calibrar ou controlar medidas materializadas,
instrumentos de medição ou materiais de referência.
Um padrão de trabalho é, geralmente, calibrado por comparação a um padrão de referência.
Um padrão de trabalho utilizado rotineiramente para assegurar que as medições estão sendo
executadas corretamente é chamado Padrão de Controle.

2.28 Padrão Itinerante (VIM 6.9)


Padrão, algumas vezes de construção especial, para ser transportado entre locais diferentes.

Exemplo: Padrão de frequência de Césio, portátil, operado por bateria.

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3. A DEFINIÇÃO DO METRO PADRÃO

3.1 A Definição Atual


Em 20 de outubro de 1983, na 17ª Reunião do “Le Bureau Internacional des Poids et Measures”,
sediado no bairro de Sèvres, Paris/França, foi determinada a nova definição do metro:

 “Um metro é a distância percorrida pela luz, no vácuo, no intervalo de tempo de 1 segundo
dividido por 299.792.458”.

Esta definição é universal e se aplica a todo tipo de medições, desde o lar até a astronomia. O
metro em si não foi alterado, o que ocorreu foi mais uma impressionante melhoria na exatidão
de sua definição.
O erro atual de reprodução por este meio corresponde a ± 1,3 x 10-9, isto é, ± 0,0013 µm.
Em terminologia mais atual dizemos 1,3 nm (nm = nanômetros) o que significa um erro de 1,3
milímetros para 1.000 quilômetros!

3.2 Definição Anterior


Anteriormente, em outubro de 1960 (11ª Reunião do “Le Bureau Internacional des Poids et
Measures”), o metro era definido como sendo 1.670.763,73 vezes o comprimento de onde de
uma luz emitida pela transição entre os níveis de energia 2p10 e 5d5 do átomo de Kriptônio (Kr86)
no vácuo.
Dessa forma conseguia-se uma reprodução do metro com um erro de ± 0,010 µm (10nm).
Assim, a fascinante história do metro se perde no tempo, acreditando-se que, por volta de ano
de 1790, teve início sua definição especificamente na França, onde procurava-se a definição de
um padrão de comprimento que não dependesse nem do corpo humano nem de
materializações deterioráveis pelo tempo.

3.3 Protótipo e Réplicas do Metro/A Cópia do Brasil


Cabe ainda acrescentar um fato interessante: em 1876 se deu início à fabricação de um
protótipo do metro e sua reprodução para as nações que participaram do tratado.
Foram feitas 30 barras com 90% de Platina e 10% de Irídio e, em 1889, determinou-se que a de
nº 6 seria o protótipo internacional, chamada também “Metro dos Arquivos”.
A barra de nº 22 correspondeu ao Japão e a de nº 26, ao Brasil.
Esta última encontra-se no I.P.T. (Instituto de Pesquisa Tecnológicas), localizado na Cidade
Universitária, em São Paulo.

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4. CRITÉRIO DE SELEÇÃO DO INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO

Ao selecionar o instrumento mais adequado, deve-se levar em conta fundamentalmente, o


campo de tolerância (IT) da medida a ser verificada, pois peças diferentes podem ter a mesma
medida nominal especificada em seu projeto, porém a importância de sua exatidão pode ser
diferente. Por exemplo, a medida Ø 25 mm tanto pode corresponder a um cabo de vassoura
fabricado em madeira, como ao pino de um pistão de motor. Para o primeiro caso, uma variação
de ± 1 mm não afetará sua finalidade, já no segundo caso essa variação tornaria a peça inútil.

O instrumento ideal para cada caso deve ter uma leitura ou resolução de acordo com a medida
a ser verificada e sua tolerância. Assim, recomenda-se que o instrumento possua uma leitura
no mínimo igual à décima parte do campo de tolerância da peça ou, no pior dos casos igual à
quinta parte:

 Leitura < IT/10 (como ideal)

 Leitura < IT/5 (como mínimo)

Se considerarmos como exemplo uma peça com tolerância de ± 0,25 mm (campo de tolerância
= 0,50 mm) podemos concluir que um instrumento com leitura de 0,05 mm seria satisfatório,
porém outro com leitura de 0,10 mm ainda poderia ser utilizado.

Este critério está fundamentado na existência de uma relação direta entre a exatidão de um
instrumento de medição e sua leitura ou resolução.

O passo seguinte é a definição do tipo de instrumento requerido, levando em conta o tamanho


da peça, sua forma, a pressão e a frequência com que deve ser feita a medição. Existe uma
variedade de tipos e capacidade de instrumentos, facilmente identificáveis nos catálogos de
cada fabricante.

5. CLASSIFICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS COM RELAÇÃO À SUA APLICAÇÃO, FAIXA NOMINAL


E EXATIDÃO

O resultado de uma medição depende em grande parte do instrumento selecionado. O


conhecimento de suas características e do grau de exatidão que lhe corresponde poderão
contribuir para escolher o instrumento mais adequado. A figura a seguir ilustra os diversos graus
de exatidão dos instrumentos de acordo com o seu tipo e faixa nominal.

À direita da figura, os instrumentos encontram-se agrupados de acordo com a sua aplicação,


no sentido vertical (medição externa, interna, profundidade, altura e outros) sendo que ao
mesmo tempo estão divididos horizontalmente em faias de exatidão, de tal forma que na parte
superior se localizam os menos exatos e nos níveis abaixo, aparecem progressivamente, os mais
exatos.

À esquerda da figura apresenta-se um gráfico cartesiano em cuja abscissa representa-se a faixa


nominal do instrumento, de 0 a 10 mm e em sua ordenada o grau de exatidão de 0 a mais de
50 µm.
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Assim, para cada faixa horizontal de exatidão (numeradas de 1 a 6) corresponde uma faixa
inclinada no gráfico cartesiano, de acordo com a faixa nominal do instrumento.

Por exemplo, podemos concluir que os instrumentos da faixa horizontal nº 1 e com faixa
nominal de 250 mm definem seu erro entre 12 e 30 µm e os de faixa nominal 1000 mm a
definem entre 30 e 60 µm, e assim pode-se fazer uma análise comparativa entre os diversos
sistemas de medição, o que ajudará a entender melhor porque alguns instrumentos podem
auxiliar na verificação de outros (ação que chamamos de calibração).

CLASSIFICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO,


SEGUNDO SUA APLICAÇÃO, FAIXA NOMINAL E EXATIDÃO

Faixa nominal (mm)


Faixa Instrumentos
1 paquímetros, traçadores, esquadros combinados
2 calibradores e instrumentos com relógios comparadores
3 micrômetros internos e externos em geral centesimais
4 micrômetros milesimais, microscópios, projetores, relógios apalpadores
5 banco micrométrico e aferidores em geral
6 padrões de altura, blocos padrão, etc.

Nota: Este gráfico não tem nenhum valor para selecionar instrumentos nem tomar decisões. Trata-se apenas de
uma orientação para entender a diferença.

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6. PRINCIPAIS FONTES DE ERRO NA MEDIÇÃO


6.1 Variação de Temperatura
A temperatura standard de referência é de 20oC para todos os países industrializados (normas
Mercosul NM-ISSO 1:96 e do Brasil NBR 06165 da ABNT). Se a temperatura muda, a peça se
expande ou contrai, afetando o resultado da medição. A deformação da peça por efeito de
aumento de temperatura é bastante comum nos processos de usinagem com retirada de
cavacos, o que implica um aumento do volume.
Quando não é possível trabalhar com a temperatura controlada a 20oC podem ser feitos
cálculos para compensar o erro e para tanto é necessário conhecer o coeficiente de expansão
térmica do material. O comprimento de uma peça varia de acordo com a seguinte fórmula:

∆ = x x ∆ ( )
Onde:
∆ = variação de comprimento
L = comprimento original da peça
α = coeficiente de expansão térmica do material
∆ = variação da temperatura

Exemplo: Calcular o incremento de medida de uma peça de aço que se encontra a uma
temperatura de 35oC, sendo que a 20oC sua medida é igual a 200 mm.

∆ = 200 x 0,000012 x 15
∆ = 0,036 mm

Nota: Como regra empírica se aceita que um corpo de aço de 100 mm de comprimento, ao
aumentar sua temperatura em 10oC, se dilata 0,012 mm.

Uma maneira prática de compensar o efeito da temperatura em processos de usinagem seria


consistente em medir uma peça com a temperatura que tem ao sair da máquina e utilizando o
instrumento do operador, para depois tomar uma segunda medida com a mesma peça a 20oC
no laboratório, usando um instrumento também a 20oC. A diferença das medidas é o valor a ser
utilizado para compensar a medida da peça ao sair da máquina (desde que a temperatura das
peças seja constante).

COEFICIENTE DE EXPANSÃO TÉRMICA DOS MATERIAIS (/ºC)

Material Coeficiente Material Coeficiente


Ferro Fundido 9,2 – 11,8 x 10-6 Aço 11,5 x 10-6
Aço ao Carbono 11,7 – (0,9 x %C) x 10-6 Lata 23,0 x 10-6
Aço ao Cromo 11 – 12 x 10-6 Zinco 26,7 x 10-6
Aço ao Ni-Cr 13 – 15 x 10-6 Duralumínio 22,6 x 10-6
Cobre 18,5 x 10-6 Platino 9,0 x 10-6
Bronze 17,5 x 10-6 Cerâmica 3,0 x 10-6
“Gunmetal” 18,0 x 10-6 Prata 19,5 x 10-6
Alumínio 23,8 x 10-6 Vidro Clown 8,9 x 10-6
Latão 18,5 x 10-6 Vidro Flint 7,9 x 10-6
Níquel 13,0 x 10-6 Quartzo 0,5 x 10-6
Ferro 12,2 x 10-6 Cloruto de Vinil 7 – 2,5 x 10-6
Aço ao Níquel (58%) 12,0 x 10-6 Fenol 3 – 4,5 x 10-6
14
Fundamentos da Metrologia Dimensional

Invar (36% Ni) 1,5 x 10-6 Polietileno 0,5 – 5,5 x 10-6


Ouro 14,2 x 10-6 Nylon 10 – 15 x 10-6

6.2 Força de Medição


Normalmente, os processos simples de medida envolvem o contato entre o instrumento e a
peça, sendo que a força que promove este contato deve ser tal que não cause deformações na
peça ou no instrumento. Como exemplo, pode-se citar o paquímetro e o goniômetro, que não
possuem controle de força e dependem da habilidade do operador para não introduzir na
leitura, a influência da deformação.
Os micrômetros possuem um sistema de catraca, que permite exercer a mesma pressão de
contato em todas as medições.

6.3 Forma da Peça


Imperfeições na superfície, retilineidade, cilindricidade e planeza exigem um posicionamento
correto do instrumento de medição.
No caso de peças cilíndricas, por exemplo, deve-se efetuar mais de uma medição do diâmetro
de uma secção, para verificar se é circular ou não e medir mais secções diferentes para verificar
se a peça é cilíndrica, cônica ou oval.

6.4 Forma de Contato


Deve-se sempre buscar um contato entre a peça e o instrumento que gere uma linha ou um
ponto.
Assim, por exemplo, em uma peça cilíndrica deve-se usar um contato esférico para ter-se um
ponto de contato, ou ainda, uma régua tipo fio para ter-se uma linha de contato (no caso de
verificação de retilineidade).

6.5 Erro de Paralaxe


Quando os traços de uma escala principal e outra secundária (nônio, por exemplo), estiverem
em planos diferentes, dependendo da direção de observação, pode-se obter valores de leitura
diferentes, que implicam em erro.
Assim, como regra geral, a observação da leitura de um instrumento deve ser feita sempre no
melhor posicionamento perpendicular da vista.

6.6 Estado de Conservação do Instrumento


Folgas provocadas por desgaste em qualquer parte do instrumento poderão acarretar erros de
medição.
Um programa de aferição e calibração periódica serão a garantia de uma medição confiável.

6.7 Habilidade do Operador


A falta de prática ou desconhecimento do sistema de medição pode ser uma fonte importante
de erros.
Recomenda-se efetuar práticas de medição utilizando peças precisas com valores conhecidos
(por exemplo, blocos padrão, pinos calibrados, anéis padrão e etc.) e “medi-los” repetidas vezes
com diversos instrumentos.

15
Fundamentos da Metrologia Dimensional

7. TIPOS DE INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO


Existe uma ampla gama de instrumentos de medição e de acordo com o seu princípio de
trabalho podem ser classificados em:

 Paquímetros
 Traçadores de altura
 Micrômetros
 Relógios comparadores
 Relógios apalpadores
 Comparadores de diâmetros internos com relógio
 Esquadros combinados

Uma característica importante dos instrumentos de medição é a sua maneira de apresentar o


resultado numérico de uma medição, na forma de uma leitura ou resolução.
Esta resolução é a resultante de um processo de ampliação da mínima grandeza apresentada,
pois o ser humano não consegue visualizá-las a olho nu.
O paquímetro e o traçador de alturas utilizam-se do nônio para ampliar a leitura, o micrômetro
utiliza-se do passo de uma rosca e um tambor graduado e os relógios utilizam-se de um
mecanismo de engrenagens e alavancas.
A seguir faremos uma descrição de cada tipo, suas características, aplicações e cuidados
necessários tanto para efetuar a medição como para conservá-los em boas condições de uso.

8. PAQUÍMETROS
Esse sistema de medição é constituído basicamente de dois corpos, um móvel e outro fixo, que
permitem geralmente quatro maneiras de acesso à peça para efetuar a medição e, por isso, são
chamados de paquímetros quadrimensionais.
Podem fornecer resultados de medição com leituras de 0,1 mm, 0,05mm ou 0,02 mm no
sistema métrico e de .001” ou 1/128” no sistema polegada.

8.1 Nomenclatura

8.2 Recursos de Acesso ao Lugar da Medida


Quatro recursos de acesso ao lugar da medida (quadrimensional).

16
Fundamentos da Metrologia Dimensional

Algumas aplicações especiais.

8.3 Sistemas de Graduação para Leitura


Os paquímetros são fabricados geralmente com dois sistemas de leitura: métrico e polegada,
porém, alguns são fabricados em um sistema somente.

A graduação que define o tipo de leitura é feita na parte móvel e fixa do instrumento e cada um
tem as particularidades que se indicam a seguir:

a) Régua Principal: Aqui geralmente os paquímetros têm dupla gravação de traços: sistema
métrico e polegada.

No sistema métrico são gravados traços com distância de 1 mm, e no sistema polegada
estes podem corresponder a 1 polegada dividida em 16 partes ou 40 partes.

17
Fundamentos da Metrologia Dimensional

b) Cursor: Nesta parte são gravados dois conjuntos de traços chamados “NÔNIO”, um para
trabalhar com a escala do sistema métrico e outro para a escala do sistema polegada.

A quantidade de traços gravados em cada conjunto define o valor da leitura em relação ao


valor do traço da escalada principal (ver leitura).

Para o sistema métrico, geralmente são compostos por 10, 20 ou 50 divisões e para o
sistema polegada, geralmente por 8 ou 25 divisões, que têm valor progressivo da mesma
forma que a escala principal.

8.4 Conceito de Resolução


A resolução de um paquímetro está definida pelo resultado obtido ao dividir o valor de uma
divisão da escala principal pelo número de divisões do nônio.

Assim temos:

a) Se o valor de uma divisão da escala é 1 mm e o nônio está composto por 20 divisões, a


leitura desse paquímetro será:

Leitura = 1/20 = 0,05 mm

Este valor corresponde à primeira divisão do nônio depois do “zero”; assim, a segunda
divisão vale 0,10 mm, a terceira vale 0,15 mm e assim por diante até a última que vale 1
mm.

b) Da mesma forma, se o nônio estiver composto por 50 divisões, a leitura deste paquímetro
será:

Leitura = 1/50 = 0,02 mm

Assim, este será o valor da primeira divisão do nônio depois do “zero”; a segunda divisão
vale 0,04 mm, a terceira vale 0,06 mm e assim por diante até a última que vale 1 mm.

c) Se o valor de uma divisão da escala for 1/16” (polegada dividida em 16 partes) e o nônio
tiver 8 divisões, a leitura será:

Leitura = 1/16” ÷ 8 = 1/128”

E da mesma forma que no exemplo anterior, esse valor corresponde à primeira divisão do
nônio depois do “zero”; assim, a segunda vale 1/64”, a terceira vale 3/128” e assim por
diante até a última que vale 1/16” (8/128”).

d) E por último, se o valor de uma divisão da escala for .025” (polegada dividida em 40 partes)
e o nônio tiver 25 divisões, a leitura será:

18
Fundamentos da Metrologia Dimensional

Leitura = .025” ÷ 25 = .001”

Por analogia com os exemplos anteriores, este valor corresponde à primeira divisão do
nônio depois do “zero”, a segunda vale .002”, a terceira vale .003” e assim por diante até a
última que vale .025” (o mesmo valor de uma divisão da escala, como em cada um dos
casos acima).

e) Qualquer outro tipo de graduação pode ser interpretado de maneira similar.

8.5 Resultado de uma Medida


Uma vez que o paquímetro está corretamente posicionado na peça a ser medida, procede-se a
tomar uma parte da leitura na escala principal e o seu complemento no nônio.

Esta operação é muito simples e se realiza da seguinte maneira:

a) Tomando como referência o primeiro traço do nônio (traço “zero”) conte todos os traços
da escala principal que ficam à esquerda.

b) Verifique qual dos traços do nônio coincide com outro da escala principal. Sempre haverá
um que fica melhor alinhado que os restantes.

c) Somente os valores obtidos na escala principal e o nônio. Este é o resultado da medida.

8.6 Exemplos de Leitura

a) Leitura do nônio 0,05 mm (1/20 mm) – Nônio com vinte divisões.

b) Leitura do nônio 0,02 mm (1/50 mm) – Nônio com cinquenta divisões.

19
Fundamentos da Metrologia Dimensional

c) Leitura do nônio 1/128” – Nônio com oito divisões.

d) Leitura do nônio .001” – Nônio com vinte e cinco divisões.

20
Fundamentos da Metrologia Dimensional

8.7 Recomendações Especiais para Uso do Paquímetro

8.7.1 Selecione o paquímetro mais adequado para atender plenamente a necessidade de


medição. Leve em conta os seguintes aspectos:

 Tipo (normal ou especial), para ter acesso ao lugar que será medido na peça.
 Leitura, de acordo com o campo de tolerância especificado na peça.
 Faixa nominal e etc.

8.7.2 Limpe cuidadosamente as partes móveis, eliminando poeira e sujeiras com um pano
macio. Apresentação de partículas abrasivas causam desgaste prematuro. Repita esta
operação antes e depois do uso.

8.7.3 Verifique se o movimento do cursor é suave e sem folgas em toda a faixa nominal
útil. Caso exista um jogo anormal, proceda o seu ajuste girando os parafusos até
encostar no fundo e a seguir retorne 1/8 de volta aproximadamente (45º) e verifique
novamente que o movimento do cursor seja suave, porém sem folga.

8.7.4 Posicione corretamente os bicos principais na medição externa aproximando o


máximo possível a peça da escala graduada. Isso evitará erros por folga do cursor e o
desgaste prematuro das pontas onde a área de contato é menor. Verifique também
o perfeito apoio das faces de medição como mostra a parte inferior da figura abaixo.

8.7.5 Posicione corretamente as faces para medição interna. Procure introduzir o máximo
possível as orelhas no furo ou ranhura, mantendo o paquímetro sempre paralelo à
peça que está sendo medida. Verifique que as superfícies de medição das orelhas
coincidam com a linha de centro do furo:
 Ao medir um diâmetro, tome a máxima leitura.
 Ao medir ranhuras tome a mínima leitura.

8.7.6 Posicione corretamente a vareta de profundidade. Antes de fazer a leitura, verifique


que o paquímetro esteja apoiado perpendicularmente ao furo em todo sentido.

8.7.7 Posicione corretamente as faces para medição de ressaltos. Apoie primeiramente a


face da escala principal e depois encoste suavemente a face do cursor. Faça a
leitura “sentindo” as faces encostadas. Sempre que possível, utilize este recurso em
lugar da vareta de profundidade.

8.7.8 Evite o erro de paralaxe ao fazer a leitura. Posicione sua vista em direção
perpendicular à escala e ao nônio, isso evitará erros de leitura que poderão ser
consideráveis.

8.7.9 Tome providências ao medir furos pequenos com as faces de medição interna.
Devido à construção do paquímetro, quando são feitas medições em furos pequenos
(menores que Ø 10 mm) o valor da leitura é sempre menor que o real. Isto devido à
folga existente entre as orelhas e as faces planas de medição.

21
Fundamentos da Metrologia Dimensional

A figura abaixo ilustra a situação onde:

c= folga entre orelhas


d = faces planas de medição
d1 = diâmetro real
d2 = diâmetro encontrado pelo paquímetro

Conhecendo os valores b e c do paquímetro (medidos com projetor de perfil ou


microscópio), pode-se calcular o diâmetro correto do furo que corresponde à
hipotenusa de um triângulo retângulo que tem por catetos as medidas d 2 e (2b + c),
assim:

A tabela a seguir foi elaborada para valores do cateto menor (2b + c) de 0,3 a 0,7 mm
e valores d2 (diâmetro encontrado pelo paquímetro) de 1,5 até 10 mm. Exemplo de
aplicação:

Suponhamos um paquímetro com medida 2b + c = 0,7 mm e ao realizar a medição de


um furo, a leitura foi de Ø 4,50 mm (d2). A seguir procuramos na tabela o valor de
compensação = 0,05 mm que somado ao valor anterior fornece o valor d1 = 4,55 mm.

22
Fundamentos da Metrologia Dimensional

d2 Medida 2b + c do paquímetro
0,3 0,4 0,5 0,6 0,7
1,50 0,030 0,050 0,090 0,12 0,17
2,00 0,023 0,041 0,060 0,09 0,13
2,50 0,018 0,032 0,050 0,07 0,10
3,00 0,015 0,027 0,042 0,06 0,08
3,50 0,013 0,023 0,036 0,05 0,07
4,00 0,011 0,020 0,031 0,045 0,06
4,50 0,010 0,017 0,028 0,038 0,05
5,00 0,009 0,014 0,026 0,033 0,047
6,00 0,009 0,013 0,021 0,029 0,041
7,00 0,007 0,011 0,018 0,026 0,036
8,00 0,007 0,010 0,016 0,023 0,033
9,00 0,006 0,009 0,013 0,020 0,028
10,00 0,005 0,008 0,012 0,017 0,023

Como pode-se observar, o paquímetro não é um bom recurso para medir furos
pequenos de precisão. Deve ser usado apenas na falta de outros instrumentos mais
adequados, como micrômetros ou pinos calibrados.

8.8 Cuidados Especiais com o Paquímetro


8.8.1 Evite aplicar o paquímetro em esforços excessivos. Tome providências para que o
instrumento não sofra quedas ou seja usado no lugar do martelo.

8.8.2 Evite danos nas pontas de medição. Procure que as orelhas de medição nunca sejam
utilizadas como compasso de traçagem. Nem outras pontas.

8.8.3 Limpe cuidadosamente após o uso. Utilize um pano seco para retirar partículas de pó
e sujeira, bem como as marcas dos dedos deixadas pelo manuseio.

8.8.4 Proteja o paquímetro ao guardar por longo período. Usando um pano macio
embebido em óleo fino anti-ferrugem, aplique suavemente em todas as faces do
instrumento uma camada bem fina e uniforme.

8.8.5 Observe os seguintes itens ao guardar o paquímetro:

 Não exponha o paquímetro diretamente à luz do sol.


 Guarde em ambiente de baixa umidade, com boa ventilação e livre de poeira.
 Nunca deixe o paquímetro diretamente no chão.
 Deixe as faces de medição ligeiramente separadas de 0,2 a 2 mm.
 Não deixe o cursor travado.
 Guarde sempre o paquímetro em sua capa ou em estojo adequado.

8.9 Tolerância Admissível


No caso do paquímetro, este erro tem sua origem na soma total ou parcial de dois tipos de
erros: os objetivos e os subjetivos. Os erros objetivos são os inerentes ao instrumento (planeza
23
Fundamentos da Metrologia Dimensional

e paralelismo das superfícies de medição, divisão da escala principal e do nônio e ajuste do


zero). Os erros subjetivos têm relação com a utilização do instrumento (diferença na pressão
aplicada na medição e leitura afetada por acuidade visual e erro de paralaxe).

A tabela a seguir apresenta os valores tolerados de acordo às normas NBR-06393 da ABNT e B-


7507/1993 da JIS.

A primeira especifica valores para instrumentos com resolução de 0,05 mm e a segunda inclui
também valores para instrumentos com resolução de 0,02 mm.

Norma ABNT
Norma JIS B-7507/1993
Faixa nominal NBR-06393
(mm) Resolução 0,05 mm Resolução 0,05 Resolução 0,02 mm
± (µm) ± (µm) ± (µm)
0 - 100 60 60 30
100 - 200 70 70 30
200 - 300 80 80 40
300 - 400 90 90 40
400 - 500 100 100 50
500 - 600 110 110 50
600 - 700 120 120 60
700 - 800 130 130 60
800 - 900 140 140 70
900 - 1000 150 150 70

8.10 Calibração e Ajuste


Na calibração do paquímetro, para obtermos os erros de indicação, utilizam-se blocos padrão
de diversos tamanhos, de acordo com a sua faixa nominal ou sistemas especificamente
desenvolvidos para verificação periódica.

A correção do elemento gerador de erro está restrita ao ajuste do cursor e ao posicionamento


do nônio (nos paquímetros com nônio móvel). Outros serviços devem ser realizados por pessoal
qualificado.

24
Fundamentos da Metrologia Dimensional

8.11 Tipos de Paquímetros e suas Características Principais


Para atender as mais diversas necessidades da indústria da mecânica de precisão foram
desenvolvidos diversos tipos de paquímetros, sempre procurando tornar mais fácil tanto o
acesso ao lugar da medição, como seu manuseio e leitura. A seguir, indicam-se os principais:

 Paquímetros Universais – Modelo convencional com as quatro possibilidades de acesso ao


lugar da medição já descrito.
 Com superfícies de Medição de Metal Duro – Este modelo possui pastilhas de metal duro
nos bicos de medição principais. Especialmente desenvolvidos para medição de eixos em
grande quantidade.
 Com Ajuste Fino – Um pequeno dispositivo com parafuso e porca recartilhada permite a
movimentação lenta de cursor para ajuste de medidas.
 Prismáticos – Tanto a escala principal como o cursor, possuem guias prismáticas (em “V”),
o que permite deixar a escala principal e o nônio no mesmo plano, eliminando o erro de
paralaxe e dando maior rigidez ao conjunto.
 Com Relógio de Leitura – O cursor movimenta-se através de uma cremalheira na escala
principal, o que permite a incorporação do sistema de leitura com o ponteiro giratório, uma
leitura mais simples e livre de erros.
 Com Leitura por Relógio e Contador Mecânico – A leitura é feita no contador mecânico e
seu complemento no relógio.
 Para Serviços Pesados – Geralmente fabricados para capacidades acima de 300 mm, estes
instrumentos possuem um corpo mais robusto. A medição interna é feita com bicos
reforçados no lugar das orelhas convencionais.
 Para Medição de Profundidade – Consiste de uma escala principal sem bico de medição e
um cursor especial com duas partes para apoiar na peça.
 Para Medição de Materiais Moles - Possui um dispositivo que permite ajustar a pressão
de medição do cursor (geralmente entre 50 e 100 gramas-força).
 Tipo Passa-não-passa para Medição Seriada – O cursor possui um sistema de
movimentação rápida por alavanca e um relógio para indicação do campo de tolerância.
 Com Bico de Medição Articulado – O bico de medição do cursor possui movimento tipo
“dobradiça” que permite ± 90º de movimentação. Para medição entre faces de diâmetros
diferentes.
 Com Bicos de Formas Especiais – Uma grande variedade de formas e tamanhos de bicos
de medição, permite a realização de medições de difícil acesso, especialmente internas,
como diâmetros de fundo de canais, distâncias entre canais, espessura de paredes, etc.
 Com Leitura Digital Eletrônica – Possui leitura através de visor LCD (de cristal líquido), que
elimina os erros do operador, de paralaxe e os originários da graduação por traços,
tornando possível uma leitura de maior exatidão (0,01 mm e .0005”).

25
Fundamentos da Metrologia Dimensional

26
Fundamentos da Metrologia Dimensional

9. TRAÇADOR DE ALTURAS

Muito parecido com o paquímetro, porém realizando seu trabalho sobre uma base de apoio
horizontal, este instrumento é amplamente utilizado tanto em laboratório de metrologia como
nos setores de fabricação, para medir, traçar, como auxiliar na verificação de nivelamento,
paralelismo e etc.

Consiste fundamentalmente de uma base plana com uma coluna perpendicular graduada
(escala principal) sobre a qual desliza um cursor para traçagem ou medição.

9.1 Nomenclatura

9.2 Conceito de Resolução


Utiliza-se do mesmo princípio de leitura do paquímetro. Veja as instruções e exemplos nos
capítulos correspondentes.

9.3 Recomendações Especiais para o Uso do Traçador

9.3.1 Selecione o traçador mais adequado ao serviço pretendido. Para isso leve em
consideração a faixa nominal necessária, o tipo de leitura, a ponta necessária ou o
dispositivo mais apropriado.

9.3.2 Limpe cuidadosamente o desempenho, a base do traçador e as outras partes móveis


antes de iniciar o trabalho. Use um pano embebido com benzina, xilol ou outro
produto similar.
27
Fundamentos da Metrologia Dimensional

9.3.3 Verifique se o movimento do cursor é suave e sem folgas em toda a faixa nominal do
instrumento. Caso exista um jogo anormal, proceda a seu ajuste de maneira similar
ao item 8.7.3 (do paquímetro). Isso poderá evitar acidentes lamentáveis.

9.3.4 Posicione a ponta de traçar (ou o relógio apalpador) procurando o mínimo


afastamento possível da coluna.
Esta operação dependerá apenas da forma da peça a ser traçada ou medida.

9.3.5 Ajuste o zero da escala de referência com a ponta encostando suavemente no


desempeno de referência.

9.3.6 Evite o erro de paralaxe ao fazer a leitura. Posicione sua vista em direção
perpendicular à escala e ao nônio, isso evitará erros consideráveis de leitura.

9.3.7 Ao utilizar o ajuste fino, tome providência para evitar que uma pressão excessiva da
ponta na peça possa levantar a base do traçador prejudicando a medida.

9.3.8 Evite deixar o traçador nas bordas do desempeno, bem como aplicar excessiva força
ao movimentar o instrumento sobre o desempeno, isso poderá provocar queda
acidental.

9.4 Cuidados Especiais com o Traçador

9.4.1 Projeta a ponta de traçar de eventuais danos. Após sua utilização, retire-a do traçador
e guarde-a em lugar apropriado.

9.4.2 Proteja o traçador ao guardar por longo tempo. Usando um pano macio embebido
em óleo anti-ferrugem, aplique suavemente uma fina camada em todas as faces do
instrumento.

9.4.3 Observe os seguintes itens ao guardar o traçador:

 Não exponha o instrumento diretamente à luz do sol.


 Guarde em ambiente de baixa umidade, com boa ventilação e livre de poeira.
 Guarde sempre sem a ponta. Se for necessário manter o traçador com a ponta
montada, deixe-a separada do desempeno de 2 a 20 mm. Isso evitará danos e
acidentes.

9.5 Erro Máximo Admissível


Muito similar ao paquímetro, veja o item 8.9 correspondente.

9.6 Calibração do Traçador


A perpendicularidade é fundamental neste tipo de instrumento, por realizar o seu trabalho na
posição vertical sobre um desempeno. Para verificar este item, pode-se utilizar um esquadro
padrão e um relógio tipo apalpador fixado no cursor ou qualquer outro meio de verificação de
perpendicularidade adequado.
28
Fundamentos da Metrologia Dimensional

Na calibração do traçador de alturas, para obtermos os erros de indicação, utilizam-se blocos


padrão de diversas medidas, de acordo com sua faixa nominal ou outros sistemas
especificamente desenvolvidos para sua verificação periódica. A calibração ou correção do
elemento gerador de erro está restrita ao ajuste do cursor e ao posicionamento do nônio em
relação à base de referência. Outros serviços devem ser realizados por pessoal qualificado.

9.7 Tipos de Traçadores e suas Características Principais

Utilizados tanto para traçar como para medir, estes instrumentos foram desenvolvidos em
diversos tipos, sempre procurando tornar mais simples e rápida sua leitura e a forma de acesso
ao lugar de trabalho.

A seguir indicam-se os principais:

 Com Escala Móvel para Serviços de Traçagem – Trata-se de um sistema muito econômico,
que permite zerar a leitura em qualquer ponto da sua faixa nominal pela movimentação de
escalas móveis. A ponta de traçagem é giratória e retrátil. Sua movimentação é feita por
cremalheira e engrenagem.
 Com Escala Principal Fixa – Sistema que possui ajuste fino e regulagem do zero de
referência pela movimentação do nônio, o que o torna um instrumento econômico.

29
Fundamentos da Metrologia Dimensional

 Com Escala Principal Ajustável – Este tipo apresenta um dispositivo especial para deslocar
a escala principal, o que permite ajustar o zero de referência toda vez que for necessário
trocar a ponta.
São sistemas precisos que geralmente incorporam uma lupa para facilitar a leitura. A base
pode ser de ferro fundido ou aço.
 Com Leitura por Escala e Relógio – Possui uma escala de graduação por traços para
aproximação e um relógio para complementar a leitura final. Movimenta-se por
cremalheira e engrenagem.
 Com Leitura por Relógio e Contador Mecânico – Sua movimentação é feita por cremalheira
e engrenagem de ajuste fino. A leitura é feita através de um contador mecânico e
complementada pela indicação do ponteiro do relógio. Sua característica principal é a
zeragem em qualquer ponto, o que facilita tanto os trabalhos de medição como os de
traçagem.
 Com Leitura Digital Eletrônica – Possui leitura através de visor LCD (de cristal líquido), que
elimina os erros de operador, de paralaxe e da graduação por traços, tornando possível
uma leitura de maior exatidão (0,001 mm ou .0005”).

9.8 Acessório para Traçadores


Com o objetivo de aumentar a versatilidade desse tipo de instrumento, foram desenhados
dispositivos especiais para montagem no lugar da ponta de traçar ou dos sensores de contato.

 Dispositivo para Medição de Profundidade – Consiste de uma haste com uma barra
cilíndrica regulável para introduzir em furos ou canais. Na extremidade de contato,
incorpora uma ponta de relógio comparador que pode ser trocada.
 Dispositivo para Medição da Distância entre Centros de Furos – Possui uma ponta móvel
com um ângulo agudo, que ao ser introduzida no furo, pode ser nivelada pelo movimento
do cursor. A leitura é feita quando um ponteiro indica que o dispositivo está na posição
horizontal.

30
Fundamentos da Metrologia Dimensional

 Sensor Luminoso de Contato – Sua finalidade é indicar o momento exato do contato da


ponta do traçador sobre a peça em operações de medição. Usado em peças metálicas sobre
o desempeno de granito, pois trabalha por fechamento de circuito elétrico.

31
Fundamentos da Metrologia Dimensional

10 MICRÔMETRO
Devido a sua forma construtiva, este instrumento permite leituras da ordem de 0,01 mm nos
modelos comuns e de 0,001 mm (1 µm) nos que incorporam um nônio. Os modelos para
medição de furos permitem leituras diretas de até 0,005 mm. Uma característica importante
dos micrômetros é a incorporação de um dispositivo que assegura uma pressão de medição
constante, chamado catraca ou fricção, dependendo do seu mecanismo.

10.1 Nomenclatura

10.2 Princípio de Funcionamento e Resolução (valor de uma divisão)


O princípio de funcionamento do micrômetro baseia-se no deslocamento axial de uma parafuso
micrométrico com passo de alta exatidão dentro de uma porca ajustável. Girando-se o parafuso
micrométrico, este avança proporcionalmente ao passo que, normalmente, é de 0,5 mm (ou
.025”) a circunferência da rosca (que corresponde ao tambor, pois este é fixado firmemente ao
parafuso por encaixe cônico), é dividida em 50 partes iguais (ou 25 partes nos instrumentos em
polegada), possibilitando leituras de 0,01 mm ou .001”.

Assim, uma volta completa do tambor corresponde ao passo da rosca, meia volta corresponde
à metade do passo da rosca, e assim por diante.

Dessa forma conclui-se que:

Valor de uma divisão = Passo da rosca


nº de divisões do tambor

Se o micrômetro apresentar ainda um nônio com 10 divisões na bainha será possível a leitura
de 0,001 mm (ou .0001”) pois, da mesma forma que no paquímetro.

Valor de uma divisão = Valor de uma divisão do tambor


nº de divisões do nônio

32
Fundamentos da Metrologia Dimensional

Para ambos os casos, o referencial para fazer a leitura encontra-se na bainha como sendo sua
própria face lateral. Assim, para tomar a leitura deve-se considerar primeiramente o valor do
traço do tambor que coincide com a linha de referência da bainha. No caso de micrômetro com
nônio, deve-se acrescentar ainda o valor do traço do nônio que coincide com o traço do tambor.

10.3 Leitura do Micrômetro sem Nônio


Rosca com passo de 0,5 mm e tambor com 50 divisões

Rosca com passo de .025” e tambor com 25 divisões

10.4 Leitura dos Micrômetros com Nônio

Rosca com passo de 0,5 mm, tambor com 50 divisões e nônio com 10 divisões

33
Fundamentos da Metrologia Dimensional

Rosca com passo de .025”, tambor com 25 divisões e nônio com 10 divisões

10.5 Recomendações Especiais para Uso do Micrômetro

10.5.1 Selecione o micrômetro mais adequado para atender plenamente a necessidade de


medição. Leve em conta os seguintes aspectos:

 Tipo (normal ou especial) para ter acesso ao lugar que será medido na peça.
 Leitura de acordo com o campo de tolerância especificado na peça (ver item 4).
 Faixa nominal e etc.

10.5.2 Limpe cuidadosamente as partes móveis, eliminado poeira e sujeiras com um pano
macio e limpo. A presença de partículas abrasivas causam desgaste prematuro.
Repita esta operação antes e depois do uso.

10.5.3 Deixe estabilizar a temperatura da peça e do micrômetro numa sala com ambiente
controlado, especialmente nas medições de alta exatidão. Em temperaturas fora da
referência (20oC) faça compensação do efeito térmico. Lembre-se que uma barra de
aço de 100 mm modifica seu comprimento em 0,012 mm para cada 10oC de variação.

10.5.4 Antes do uso, limpe as faces de medição. Use somente uma folha de papel macio
(do tipo usado para limpar lentes é ideal). Prenda a folha usando a catraca e
movimente-a, sem retirá-la totalmente e a seguir solte o micrômetro para retirar o
papel (isso evitará fiapos nas faces).

10.5.5 Tome cuidados para ajustar o zero do micrômetro:

 Encoste suavemente as faces de medição usando somente a catraca ou fricção


(2 ou 3 voltas é sempre suficiente).
 Verifique a coincidência das linhas de referência da bainha e do zero do tambor,
olhando bem de frente o instrumento.

34
Fundamentos da Metrologia Dimensional

 Se estas não coincidirem, proceda ao seu ajuste movimentando a bainha com a


chave apropriada.
 A faixa nominal que excede 300 mm, ajuste o zero do micrômetro na mesma
posição em que será usado para efetuar as medições. Este procedimento evitará
erros devidos à deflexão do arco.

10.5.6 Sempre utilize a catraca ou fricção ao efetuar medições. Duas ou três voltas, após o
encosto das faces de medição na peça são suficientes. Assim, a pressão de medição
será sempre constante.

10.5.7 Quando utilizar um suporte para fixar o micrômetro, assegure-se de prender


completamente a parte central do arco, bem como não limitar a área de medição da
peça no rebaixo.

10.6 Cuidados Especiais com o Micrômetro

10.6.1 Projeta o micrômetro de impactos ou forças excessivas.

 Não deixa o instrumento na beira da mesa ou em lugares onde por descuido


possa ser derrubado. Isso poderá danificá-lo seriamente.
 Nunca faça girar violentamente o micrômetro. Essa prática poderá provocar
tanto o desgaste prematuro como acidentes.

10.6.2 Após o uso, limpe cuidadosamente, retirando sujeiras e marcas deixadas pelos dedos
no manuseio. Use um pano macio e seco.

10.6.3 Proteja o micrômetro ao guardar por longos períodos. Usando um pano macio
embebido em óleo fino anti-ferrugem, aplique suavemente uma camada bem fina e
uniforme em todas as faces do instrumento.

10.6.4 Observe os seguintes itens ao guardar o micrômetro:

 Não exponha o micrômetro diretamente à luz do sol.


 Guarde-o em ambiente de baixa umidade, com boa ventilação e livre de poeira.
 Nunca deixe o micrômetro diretamente no chão.
 Deixe as faces de medição ligeiramente separadas de 0,1 a 1 mm.
 Não deixe o fuso travado.
 Guarde-o sempre em seu estojo.

10.7 Erros Máximo Admissível


Corresponde ao desvio máximo entre a medição real e aquela fornecida pelo instrumento com
suas características técnicas, independentemente de qualquer fator externo.

Referindo-se ao micrômetro, a sua estrutura e funcionalidade, podemos afirmar que suas


principais fontes de erro são as seguintes:
35
Fundamentos da Metrologia Dimensional

 Planeza das superfícies de medição.


 Paralelismo das superfícies de medição.
 Passo da rosca micrométrica.
 Leitura do ajuste do zero.
 Flexão do arco.
 Pressão de medição.

A norma ISSO 3611 (1978) e a NBR 66701 estabelecem os seguintes valores admissíveis para
os micrômetros de acordo à sua faixa nomial:

VALORES DE ERRO ADMISSÍVEIS PARA MICRÔMETRO CONFORME NORMA

Faixa Nominal Erro Máximo Flexão de Arco Erro de Leitura do Ajuste Paralelismo da Superfícies de
(mm) "Fmax" (µm) Admissível (µm) Zero ± (µm) Medição ± (µm)

0 -25 4 2 2 2
25 - 50 4 2 2 2
50 - 75 5 3 3 3
75 - 100 5 3 3 3
100 - 125 6 4 4 4
125 - 150 6 5 4 4
150 - 175 7 6 5 5
175 - 200 7 6 5 5
200 - 225 8 7 6 6
225 - 250 8 8 6 6
250 - 275 9 8 7 7
275 - 300 9 9 7 7
300 - 325 10 10 8 8
325 - 350 10 10 8 8
350 - 375 11 11 9 9
375 - 400 11 12 9 9
400 - 425 12 12 10 10
425 - 450 12 13 10 10
450 - 475 13 14 11 11
475 - 500 13 15 11 11

Estas normas consideram uma cabeça micrométrica de 25 mm e define também os seguintes


valores:
 Batimento axial da haste móvel: máximo 0,003 mm.
 Planeza das superfícies de medição dentro de 0,001 mm.

Os valores da tabela foram calculados usando-se as seguintes fórmulas:


 Erro máximo Fmax = (4 + L/50) µm
 Erro de leitura do ajuste de zero = ± (2 + L/50) µm

36
Fundamentos da Metrologia Dimensional

Os valores da flexão permissível no arco foram definidos considerando a força exercida pela
catraca ou fricção do micrômetro que deve ser de 5 a 10N (500 a 1000gf).

10.8 Calibração e Ajuste


A metodologia para verificar se o micrômetro está em condições de realizar medições
satisfatórias é bastante simples e consiste fundamentalmente na inspeção periódica dos itens
que influenciam diretamente a medição e são explicadas a seguir.

 Planeza das Superfícies de Medição, que pode ser controlada por meio de um plano ótico
padrão que apoiado sobre a superfície, apresenta franjas de interferência. A forma e o
número destas franjas indicam o grau de planeza da superfície. Com a luz comum
(policromática) contam-se as de cor vermelha que não devem ser mais de quatro (o valor
atribuído a cada franja é de 0,32 µm). Utilizando uma lâmpada de vapor de mercúrio (luz
monocromática), as franjas são visualizadas muito mais claramente.

 Paralelismo das superfícies de medição. Nos micrômetros com faixa de medição de 0 a 25


mm pode ser controlado por meio de um jogo de quatro paralelos óticos de espessuras
diferentes entre si (diferenciados aproximadamente de um quarto de passo da rosca).
Assim, o controle é efetuado em quatro posições com uma rotação completa da superfície
de medição. Cada paralelo ótico deve ser colocado entre as superfícies de medição com a
pressão da catraca ou fricção do micrômetro.

A soma do número de franjas não deve exceder a oito. Para faixas nominal maiores, dois
paralelos óticos devem ser colocados nos extremos de combinações de blocos padrão.

37
Fundamentos da Metrologia Dimensional

 Erro máximo. Chamado também de erro instrumental, é, geralmente, controlado com uma
sequência de blocos padrão escolhidos para cada volta completa do fuso e também para
posições intermediárias.
Para micrômetros com rosca de 0,5 mm de passo, a série de blocos padrão ideal e: 2,5 –
5,1 – 7,7 – 10,3 – 12,9 – 15,0 – 17,6 – 20,2 – 22,8 e 25 mm.
Desta forma, ao suar o bloco padrão de 2,5 mm, a linha de referência da bainha coincidirá
com o zero do tambor depois de dar 5 voltas completas.
Ao usar o bloco padrão de 5,1 mm a linha de referência da bainha coincidirá com a marca
de 0,1 mm do tambor depois de dar outras 5 voltas completas.
Ao usar o bloco padrão de 7,7 mm a linha de referência da bainha coincidirá com a marca
0,2 mm do tambor, depois de dar outras 5 voltas completas e assim sucessivamente, até
chegar a usar o bloco de 25 mm, o que permitirá controlar 2 vezes cada posição angular do
fuso.
Estojo de madeira contendo o jogo de blocos padrão e um paralelo óptico para inspeção
do erro máximo e o grau de planeza dos batentes de medição do instrumento.
Feitas as verificações acima e conhecendo o estado mecânico do micrômetro, pode-se
fazer um diagnóstico de falhas ou defeitos para consertar ou substituir o instrumento.

38
Fundamentos da Metrologia Dimensional

DIAGNÓSTICO DE FALHAS E DEFEITOS

Nº Item Defeito Conserto Orientação


1 Movimento do fuso Rotação pesada e irregular Sim Desmontar e lavar
2 Catraca Rotação pesada e irregular Sim Desmontar e lavar. Se
não solucionar, trocar
3 Trava Seu acionamento não consegue Sim Enviar ao serviço técnico
travar o fuso autorizado
4 Face de medição com Bordas apresentam rebarba por Sim Remova a rebarba com
rebarba impacto pedra Arkansas
5 Planeza Face apresenta-se opaca ou com Sim Enviar ao serviço técnico
planeza superior a 1um autorizado
6 Paralelismo Paralelismo for de especificação Sim Enviar ao serviço técnico
autorizado
7 Erro máximo de Passo de rosca com erro superior Sim Enviar ao serviço técnico
indicação a 2um autorizado
8 Fuso micrométrico Rosca travada por partículas Não Substituir o micrômetro
emperrado abrasivas, pó ou sujeiras
9 Arco empenado Arco deformado por uso Não Substituir o micrômetro
inadequado ou acidente
10 Fuso com folga Folga excessiva entre o fuso e a Não Substituir o micrômetro
excessiva bucha guia
11 Rosca com desgaste Acionamento da porca de ajuste Não Substituir o micrômetro
parcial excessivo ocasiona folga em uma parte e
travamento em outra
12 Tambor graduado Leitura prejudicada por arranhuras Não Pode trocar a peça
ou desgaste no tambor ou na danificada (consulte o
bainha fabricante)

10.9 Tipos de Micrômetros e suas Características Principais

Para atender a grande variedade de requerimentos de medição da indústria, em especial da


mecânica de precisão, foram desenvolvidos diversos tipos de micrômetros, sempre aplicando
o princípio da rosca micrométrica (chamada assim por ter passo de elevada exatidão) para
efetuar a leitura.

As variáveis de cada tipo têm relação principalmente com o tipo de medição a ser realizada,
assim, temos micrômetros para medição externa, interna, de profundidade e especiais. A seguir
é feita uma descrição genérica para maior compreensão:

39
Fundamentos da Metrologia Dimensional

10.9.1 Micrômetros para Medição Externa.

Nesta classificação existem diversos modelos, que por sua vez, podem ser
reagrupados de acordo com o componente que está sendo diversificado. Por
exemplo:
 Arco, que pode ser de aço forjado com placas termo-isolantes para segurá-lo com
a mão, sem placas para fixa-lo em suportes, e de ferro fundido para torna-lo
econômico.
 Pontas de medição, que podem ser planas, esféricas, cônicas, finas, tipo lâmina,
tipo disco e etc. Podendo as duas faces de medição serem diferentes (ex.: ponta
plana e esférica).
 Somente o batente. Com a mesma ponta móvel, o batente pode ser esférico
móvel, o batente pode ser esférico, retangular, cilíndrico, em forma de “V”, do
tipo intercambiável, etc.

10.9.2 Micrômetros para Medição Interna.

Basicamente podem ser reagrupados em três tipos:


 Para medição de furos, com duas partes móveis no caso de furos pequenos (até
Ø 6 mm) e com três pontas auto-centrantes para furos maiores.
 Com pontas tipo paquímetro, como seu nome indica, possuem dois bicos tipo
paquímetro, sendo que o movimento da parte móvel é retilíneo por um sistema
especial.

40
Fundamentos da Metrologia Dimensional

 Tipo cilíndrico ou tubular, trata-se de uma cabeça micrométrica com duas pontas
de contato. Para dimensões maiores são utilizadas hastes prolongadoras.

10.9.3 Micrômetros para Medição de Profundidade.

Trata-se de uma cabeça micrométrica acoplada a uma base plana com superfície de
apoio lapidada. Existem basicamente dois tipos: com haste única e com haste
intercambiável para capacidade maiores.

41
Fundamentos da Metrologia Dimensional

10.9.4 Micrômetros Especiais.

Aqui são agrupados os micrômetros projetados para fins mais específicos. Entre eles,
podem-se destacar os seguintes:

 Para Medição de Roscas – Tanto o fuso quanto o batente possuem um furo de


precisão para encaixe de pontas especiais para medição do diâmetro de flanco da
rosca.
Uma ponta com formato “V” é montada no batente e a outra de forma cônica é
montada no fuso. A leitura do micrômetro corresponde ao diâmetro de flanco da
rosca.
 Para Medição de Rebordo de Latas – Especialmente desenvolvido para medição
de rebordo de vasilhames especiais.
 Para Medição de Entalhes Internos – Utilizados para medir distâncias entre as
faces de canais internos com a utilização de pontas tipo disco. Sua forma cilíndrica
de pequeno diâmetro permite a entrada em furos profundos.
 Para Trabalho Seriado – Este tipo incorpora um relógio comparador e dispositivo
de acionamento rápido que permite um controle por campo de tolerância.
 Para Medir Materiais Moles – O batente é montado em um dispositivo especial
que permite o controle de uma força de medição baixa (100gf) e o fuso possui
movimento não rotativo.

42
Fundamentos da Metrologia Dimensional

 Com Arco Raso – Para medição de espessuras em lugares de difícil acesso, como
furos de flanges e outros.
 Medição de Dentes de Engrenagem – Utilizado para medir as espessuras dos
dentes de uma engrenagem reta, pelo método de Wildhaber.
Cabe ainda acrescentar que muitos dos modelos apresentados podem ser
fabricados com leitura digital, mecânica ou eletrônica.

43
Fundamentos da Metrologia Dimensional

11. RELÓGIO COMPARADOR

Este instrumento foi desenvolvido para detectar pequenas variações dimensionais através de
uma ponta de contato e por um sistema de ampliação mecânica apresentar seu valor com uma
leitura clara e suficientemente precisa. O relógio comparador tradicional transforma (e amplia)
o movimento retilíneo de um fuso (cremalheira) em movimento circular de um ponteiro
montado em um mostrador graduado.

Trata-se de um instrumento de múltiplas aplicações, porém, sempre acoplado a algum meio de


fixação e posicionamento, como mesas de medição, dispositivos especiais, outros instrumentos
e etc.

11.1 Nomenclatura

11.2 Princípio de Funcionamento e Resolução


Basicamente, o fuso que entra em contato com a peça possui uma cremalheira que aciona um
pequeno pinhão solidário com a engrenagem principal, que por sua vez aciona outro pequeno
pinhão, chamado pinhão central, onde e montado o ponteiro de leitura. Outra engrenagem
entra em contato com o pinhão central com a finalidade de eliminar folgas de engrenamento
pela ação de uma mola espiral chamada cabelo. Outros mecanismos utilizam sistema de
ampliação por alavancas ou fitas de torção, entre outros.

Conceito de Resolução:
A resolução está ligada ao grau de ampliação do deslocamento que experimenta a ponta de
contato no processo de medição. Assim, uma volta completa do ponteiro (360oC) corresponde
a um certo valor de movimento do fuso. Esta volta é subdividida angularmente em frações
iguais e o valor entre cada uma delas é o valor de uma divisão do relógio.

44
Fundamentos da Metrologia Dimensional

Como exemplo, temos o relógio com o valor de uma divisão centesimal (0,01 mm) que é o mais
amplamente utilizado e onde para 1 mm de deslocamento do fuso corresponde 1 volta de
ponteiro, sendo que esta é subdividida em 100 partes iguais, daí o valor de uma divisão de 0,01
mm. Por outro lado, se o curso do fuso for maior do que uma volta do ponteiro, incorpora-se
um ponteiro menor com a finalidade de indicar o número de voltas do ponteiro maior.

Procedimento para Efetuar a Leitura:


Os relógios mais comuns apresentam uma dupla graduação, isto é, possuem contagem com
incremento no sentido horário e anti-horário, dependendo da definição do ponto inicial de
trabalho da ponta de contato. Definido o ponto inicial, a leitura é feita primeiramente no
contador de voltas e, a seguir, no ponteiro principal. Por isso é importante conhecer
previamente o valor de cada divisão.

11.3 Recomendações Especiais para Uso dos Relógios Comparadores


11.3.1 Selecione o relógio comparador mais adequado para atender plenamente os
requerimentos da medição pretendida. Leve em conta os seguintes aspectos:
 Tamanho – Existem relógios com dimensões diferentes (geralmente 4 tamanhos),
o que poderá facilitar na adaptação em dispositivos, máquinas ou instrumentos
de medição.
 Curso – Verifique qual será o campo de variação da medida a ser realizada e
selecione um relógio com um curso um pouco maior. Isso poderá evitar inclusive
acidentes.
 Leitura – Em relação ao campo de tolerância especificado na peça que se
pretende medir (ver item 4).
 Tipo – Verifique qual será o ambiente de trabalho, a frequência das medições,
etc. e selecione o tipo de construção mais adequado.

11.3.2 Selecione a ponta de contato que melhor se adapte ao lugar da medição. Se houver
necessidade de atrito constante, verifique também o material e a dureza da ponta
mais adequada.
45
Fundamentos da Metrologia Dimensional

11.3.3 Substitua oportunamente a ponta gasta. Estabeleça períodos adequados de


verificação do desgaste, especialmente em trabalhos altamente seriados.

11.3.4 Limpe o relógio com um pano limpo e macio antes do uso. Tanto a peça a ser medida
como a base onde será apoiada deverão estar também livres de pó e sujeiras.

11.3.5 Não levante o fuso com a mão, use a alavanca apropriada. Isso evitará sujeiras e a
possibilidade de alterar a posição do relógio.

11.3.6 Para fixar o relógio pelo canhão, introduza-o tanto quanto for possível. O furo, por
sua vez, deve ser preciso e bem acabado, de preferência com alargador de tolerância
H7. Assim, a fixação por parafuso é mais eficiente e não deforma o canhão.

11.3.7 Tome providências para montar o relógio sempre em posição perpendicular à base
de referência, isso evitará erros de leitura. Teoricamente, deveria aplicar-se um fator
de compensação do erro, ou seja, deveria multiplicar-se a leitura do relógio pelo
coseno do ângulo Ɵ formado.
Exemplo: Se a leitura do relógio for 0.050 mm, calcular a medida real com Ɵ = 10o e
Ɵ = 30o (para se ter uma ideia do problema).

Cos 10o = 0,98


Medida real = 0,050 x 0,98 = 0,049 mm
Diferença de 0,001 mm (pequena)

Cos 30o = 0,866


Medida real = 0,050 x 0,866 = 0,043 mm
Diferença de 0,007 mm (já é mais considerável)

11.3.8 Use base rígida para montar o relógio e procure sempre deixa-lo o mais próximo
possível da coluna e da base. Isso evitará erros devido à flexão do suporte.

11.3.9 Evite o erro da paralaxe olhando o mostrador do relógio na posição frontal. Lembre-
se que deve olhar primeiramente o ponteiro menor (contador de voltas) e a seguir,
o maior.

11.4 Cuidados Especiais com o Relógio Comparador


11.4.1 Proteja o relógio de impactos ou forças excessivas. Não deixe o instrumento na beira
da mesa ou em lugares onde por descuido possa ser derrubado. Isso poderá danificá-
lo seriamente.

11.4.2 Após o uso, limpe sujeiras e marcas deixadas pelos dedos no manuseio. Use um pano
macio e seco.

11.4.3 Proteja o relógio ao guardar por longos períodos. Usando um pano macio embebido
em óleo fino anti-ferrugem, aplique suavemente uma camada bem fina e uniforme
em todas as faces, exceto no visor, fuso e pontas de metal duro.

46
Fundamentos da Metrologia Dimensional

11.4.4 Observe os seguintes itens ao guardar o relógio comparador:

 Não o exponha diretamente à luz do sol.


 Guarde-o em ambiente de baia umidade, com boa ventilação e livre de poeira.
 Nunca deixe o relógio diretamente no chão.
 Guarde-o sempre em seu estojo (ou em saco plástico).

11.5 Erro Máximo Admissível

De acordo com suas características construtivas, a principal fonte de erro de um relógio


comparador é o desgaste de seus componentes. Sujeiras ou componentes danificados por
acidente ou maus tratos poderão também alterar a exatidão final.

A norma JIS B 7503 (1977 – Edição 1998) estabelece os valores máximos admissíveis para os
diferentes parâmetros de calibração, conforme a resolução e o curso máximo de medição.

Para relógios comparadores com valor de uma divisão de 0,01 mm e curso máximo de 10 mm.

 Repetitividade = 5 µm
 Erro de retorno = 5 µm
 Qualquer 0,1 volta = 8 µm
 Qualquer 0,5 volta = ± 9 µm
 Qualquer 1 volta = ± 10 µm
 Qualquer 2.0 volta = ± 15 µm
 Qualquer intervalo maior = ± 15 µm
 Força máxima de medição = 1,5N (155 gf)
 Força mínima de medição = 0,4N (40 gf)
 Máxima variação de força = 0,6N (62 gf)

Para relógios comparadores com valor de uma divisão de 0,002 mm e 0,001 mm, dependendo
do curso de medição, a norma apresenta os seguintes valores em µm.

Valor de uma divisão


0,002 mm Valor de uma divisão 0,001 mm
Curso de Medição 2 mm mais de 2 mm 1 mm mais de 1 mm mais de 2 mm
máx. até 10 mm máx. até 2 mm até 5 mm
Representatividade 0,5 1 0,5 0,5 1
Erro de retorno 3 4 3 3 4
Qualquer 0,1 volta 4 5 2,5 4 5
Qualquer 0,5 volta ±5 ±6 ±3 ±5 ±6
Qualquer 1 volta ±6 ±7 ±4 ±6 ±7
Qualquer 2 volta ±6 ±8 ±4 ±6 ±8
Qualquer intervalo maior ±7 ± 12 ±5 ±7 ± 10
Força máxima de medição 2N (200 gf)
Força mínima de medição 0,4N (40 gf)
Máxima variação 0,9N (90 gf)

47
Fundamentos da Metrologia Dimensional

11.6 Calibração e Ajuste


A metodologia para verificar se o relógio comparador está em condições de realizar medições
satisfatórias consiste fundamentalmente na utilização de dispositivos robustos para fixação de
relógio e blocos padrão de dispositivos especiais com cabeças micrométricas de leitura
geralmente igual a 0,001 mm para relógios centesimais e 0,0002 mm para relógios milesimais.
É recomendável a elaboração de um gráfico para análise com os dados obtidos, no qual os
desvios observados são traçados em ordenadas e as posições da haste ao longo do seu curso
útil em abscissas.

11.7 Tipos de Relógio Comparador e suas Características Principais


Sendo um instrumento fundamentalmente projetado para ser acoplado a toda sorte de
dispositivos, máquinas ou outros instrumentos, a variedade de tipos é muito ampla.
Basicamente, podem agrupar-se em famílias de acordo com o seguinte critério:
 Tamanho do mostrador – Existem principalmente 4 tamanhos de mostrador (diâmetros
40-60-75 e 90 mm, aproximadamente) e em casa série suas características são diversas.
 Posição do fuso – Em relação ao mostrador existem 2 tipos: o convencional, onde o eixo
do fuso é paralelo ao plano do mostrador e o tipo vertical, com o eixo do fuso perpendicular
ao plano do mostrador (na parte traseira do mostrador).
 Mecanismo e estrutura – De acordo com sua leitura e exatidão, o princípio de ampliação
pode ser diferente, bem como a estrutura que pode ser reforçada, com mancais de rubi, à
prova d’água e poeira e etc.
 Leitura e curso do fuso – Os tipos mais comuns são:

Valor de uma divisão (mm) Curso Possíveis do Fuso (mm)


0,01 1 – 5 – 10 – 20 – 30 – 50
0,005 1,25 – 3,5 – 5
0,002 0,2 – 0,5 – 1
0,001 0,1 – 0,16 – 1 – 2 – 5
0,0005 0,06

48
Fundamentos da Metrologia Dimensional

Nota: Sistemas digitais eletrônicos são fabricados com resolução de 1 µm e curso de 100
mm e até podem ser encontrados com resolução de 0,1 µm com curso de 50 mm.

 Com curso morto – Características deste tipo é uma zona do mostrador sem graduação. O
ponteiro não ultrapassa esta zona, evitando assim erros de interpretação da tolerância ao
selecionar peças em série.
 Especiais – Existem relógios projetados para atender finalidades específicas e por isso são
dotados de recursos especiais como zeragem do ponteiro contador de voltas em qualquer
ponto, trava de leitura no ponto máximo, dupla face de leitura (dois mostradores, um na
frente e outro no verso), leitura invertida e etc.

11.8 Acessórios para Relógio Comparador

Para facilitar o acesso ao lugar da medição, facilitar a fixação do relógio ou manusear


adequadamente o fuso, existe uma variedade de acessórios que podem ser classificados assim:

 Pontas de Contato – São montadas na extremidade do fuso através de rosca. São


fabricadas em aço, metal duro, nylon, safira, rubi ou diamante. Quanto à forma, existem
planas, esféricas, cônicas, tipo faca, tipo rolete e etc.
 Tampas traseiras – Para fixação do relógio especialmente em dispositivos e máquinas.
Existem diversos tipos. As mais usadas são: com orelha, com pino, com encaixe, com imã,
etc.
 Alavancas ou cabos – Para levantamento do fuso à distância.

49
Fundamentos da Metrologia Dimensional

50
Fundamentos da Metrologia Dimensional

12. RELÓGIO APALPADOR


Trata-se de um instrumento de pequeno curso de trabalho e baixa pressão de contato. Foi
especialmente desenvolvido para trabalhos de verificação geométrica (planeza, paralelismo,
conicidade, excentricidade e etc.), controle dimensional por transferência de medidas e etc. O
relógio apalpador transforma (e amplia) o movimento angular de uma ponta de medição em
circular de um ponteiro montado em um mostrador graduado.

Este instrumento permite múltiplas aplicações, porém, sempre acoplado a algum meio de
fixação e posicionamento como suportes de transferência, traçadores de altura, bases
magnéticas, eixos e mandris de máquinas e etc.

12.1 Nomenclatura

12.2 Princípio de Funcionamento e Resolução


Basicamente, o movimento da ponta de contato origina um movimento angular do braço, que
em sua extremidade possui um setor dentado que aciona um pequeno pinhão solidário com
uma engrenagem que por sua vez aciona outro pequeno pinhão, chamado pinhão central, onde
é montado o ponteiro de leitura. Outra engrenagem entra em contato com o pinhão central
com a finalidade de eliminar folgas de engrenamento pela ação de uma mola espiral chamada
cabelo.

Conceito de Resolução:
Similar ao relógio comparador, guardadas as proporções quanto ao curso de medição.

12.3 Recomendações Especiais para Uso do Relógio Apalpador


12.3.1 Selecione o relógio apalpador mais adequado para atender plenamente os
requerimentos da medição pretendida. Leve em conta os seguintes aspectos:

 Tipo – De acordo com a posição do mostrador em relação ao corpo, existem os


tipos normal, paralelo, vertical, universal, redondo e etc.

51
Fundamentos da Metrologia Dimensional

 Comprimento da ponta – Existem diversos comprimentos para facilitar o acesso


ao lugar da medição.
 Leitura – Em relação ao campo de tolerância especificado na peça que se
pretende medir (ver item 4).
 Curso – Verifique qual será o campo de variação da medida a ser realizada e
selecione um relógio com curso um pouco maior. Isso poderá evitar inclusive
acidentes.

12.3.2 Limpe o relógio com um pano limpo e macio antes do uso. Tanto a peça a ser medida
como a base onde será apoiada deverão estar também livres de pó e sujeiras.

12.3.3 Tome providência para montar o relógio na posição mais paralela possível com a
superfície a ser verificada. Isso evitará erros de leitura. Teoricamente, deveria
aplicar-se um fator de compensação do erro, ou seja, deveria multiplicar-se a leitura
do relógio pelo coseno do ângulo Ɵ formado.

Exemplo: Se a leitura do relógio for 0,050 mm, calcular a medida real com:

Ɵ = 10º; Ɵ = 30º e Ɵ = 50º (para se ter uma ideia do problema)

Ɵ = 10º  Coseno 10º = 0,98


Medida real = 0,050 x 0,98 = 0,049 mm

Ɵ = 30º  Coseno 30º = 0,866


Medida real = 0,050 x 0,866 = 0,043 mm

Ɵ = 50º  Coseno 50º = 0,64


Medida real = 0,050 x 0,64 = 0,032 mm

Como se pode observar, para ângulos de 10º ou menos, a diferença de medida é


mínima, mas para ângulos maiores esta diferença pode ser considerável.

12.3.4 Use uma base rígida para montar o relógio e procure sempre deixa-lo o mais próximo
possível da coluna e da base. Isso evitará erros devido à flexão do suporte.

12.3.5 Ao medir um objeto em rotação, evite que a peça gire em direção à ponta de
contato. Isso evitará vibrações e acidentes.

12.3.6 Ao medir um objeto plano, evite movimentar o relógio para frente ou a peça em
direção à ponta de contato, pela mesma razão anterior.

12.3.7 Evite o erro de paralaxe olhando o mostrador do relógio na posição frontal. Preste
atenção à relação entre a direção de deslocamento da ponta e o sentido de
movimento do mostrador.

12.4 Cuidados Especiais com o Relógio Apalpador

52
Fundamentos da Metrologia Dimensional

12.4.1 Proteja o relógio de impactos ou forças excessivas. Não deixe o instrumento na beira
da mesa ou em lugares onde, por descuido, possa ser derrubado. Nunca tente
aproximar ou retirar o relógio pelo movimento motorizado de uma máquina. Assim,
evitará acidentes lamentáveis.

12.4.2 Substitua a ponta de contato gasta somente por outra do mesmo comprimento, pois
a distância do centro da esfera de contato ao centro de articulação é fundamental
para manter a relação de ampliação do relógio apalpador.

12.4.3 Proteja o relógio ao guardar por longos períodos. Usando um pano macio embebido
em óleo anti-ferrugem, aplique suavemente uma camada bem fina e uniforme em
todas as faces, exceto no visor, nos mancais e na ponta de metal duro.

12.4.4 Observe os seguintes itens ao guardar o relógio:

 Não exponha o relógio diretamente à luz do sol.


 Guarde-o em ambiente de baixa umidade, com boa ventilação e livre de poeira.
 Nunca deixe o relógio diretamente no chão.
 Guarde-o sempre em seu estojo (ou saco plástico).

12.5 Máximo Admissível


Os conceitos a este respeito são similares ao relógio comparador tratado anteriormente. Os
desvios totais permissíveis são os seguintes:

Sentido Crescente Sentido Crescente


Valor de uma Amplitude de ou Decrescente ou Decrescente Repetitividade
divisão (mm) medição (mm) (percurso total) µm (percurso total) µm (µm)
0,5* 5
0,7 8
0,01 0,8* 8 0,001 0,001
1,0* 10
1,5 10
0,2* 3 1
0,002 0,28* 3 1
0,4 4 3 0,001
0,6 4 3
0,001 0,14 3 2
Os valores das linhas marcadas com (*) são definidos pela norma JIB B 7533/1990.
Os demais valores foram definidos pela Mitutoyo devido não existir normalização.

Força de Medição: 0,5N (50 gf)

12.6 Calibração e Ajuste

A metodologia para verificar se o relógio apalpador está em condições de realizar medições


satisfatórias é idêntica à definida para o relógio comparador.

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Fundamentos da Metrologia Dimensional

12.7 Tipos de Relógio Apalpador e suas Características Principais

Para atender diversas necessidades, tanto dos setores de metrologia como de fabricação na
indústria de mecânica de precisão, foram desenvolvidos diversos tipos de relógios apalpadores.
As principais variáveis de criação de novos modelos são as seguintes:

 Posição do mostrador – Em relação ao corpo do relógio e à posição da ponta de medição,


existem basicamente 3 tipos: horizontal (o mais comum), vertical (com mostrador no
extremo oposto ao da ponta) e o paralelo (mostrador na parte lateral do corpo). Existe
ainda um tipo chamado de “universal”, pois a ponta está montada numa cabeça giratória.
 Forma do corpo principal – Pode ser uma caixa de lados retos chamada “monobloco” ou
um corpo cilíndrico que facilita o acesso a lugares internos nas peças a medir. O tipo
monobloco possui sistema de reversão automática do sentido de apalpamento.
 Comprimento da ponta de medição – A distância entre o centro da esfera de contato e o
centro de articulação da ponta (L) é característica de cada modelo e pode varia de 12,1 a
44,5 mm para facilitar o acesso ao lugar de medição.
 Marcação do mostrador – Sempre com o zero de referência na parte superior, o mostrador
pode ter diferente graduação. As graduações mais comuns são: 0-40-0 e 0-25 para
comparadores de valor de uma divisão de 0,001 mm. No caso de polegada, as graduações
mais comuns são: 0-20-0 para valor de uma divisão de .0005” e 0-40-0 para valor de uma
divisão de .0001”.

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Fundamentos da Metrologia Dimensional

12.8 Acessórios para Relógio Apalpador

Consistem, basicamente, de uma série de pontas especiais com esferas de diâmetros de 1,2 e
3 mm e hastes de fixação do tipo rígidas ou articuláveis, para fixar o relógio apalpador nas suas
diversas formas de trabalho.

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Fundamentos da Metrologia Dimensional

13. COMPARADOR DE DIÂMETROS INTERNOS


13.1 Nomenclatura

13.2 Princípios de Funcionamento e Resolução


Uma vez selecionado o batente fixo, o relógio é zerado com a utilização de um padrão com a
medida nominal a ser controlada. Ao ser introduzido o instrumento no furo, os roletes
posicionam os batentes na linha de diâmetro. Assim, o batente móvel ao se deslocar, ocasiona
a movimentação de um came que, por sua vez, transmite o movimento a 90º, ocasionando a
movimentação de uma barra interna que está em contato com a ponta do relógio. Dessa forma,
uma pequena variação de posição do batente móvel em relação ao padrão é observado no
relógio. Cabe ainda acrescentar que no relógio o movimento do ponteiro no sentido horário
indica medida menor que o padrão.

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Fundamentos da Metrologia Dimensional

13.3 Recomendações Especiais para Uso do Comparador de Diâmetros Internos


13.3.1 Selecione o comparador de diâmetros internos mais adequado para atender
plenamente os requerimentos da medição pretendida. Leve em conta os seguintes
aspectos:
 Tipo – Existem medidores para furos passantes e furos cegos, bem como hastes
para pequenas profundidades.
 Faixa nominal – Verifique o instrumento que melhor cubra a faixa de medidas a
ser realizada. Existem diferentes.
 Leitura – Em relação ao campo de tolerância especificado na peça que se
pretende medir (ver item 4). Existem medidores com relógio centesimal ou
milesimal e inclusive com leitura digital eletrônica.
 Profundidade de medição – Dependendo da profundidade, pode ser necessário
incorporar extensões. Veja se o modelo selecionado possui esse recurso.

13.3.2 Limpe o comparador de diâmetros internos com um pano limpo e macio antes do
uso. Tanto a peça a ser medida como o lugar onde será deixado o instrumento,
devem estar livres de pó e sujeira.

13.3.3 Selecione os componentes necessários para montar o comparador de diâmetros


internos com incremento de 0,5 mm para aproximar da medida média do furo.
Exemplo:
Faixa nominal do medidor: 35 – 60 mm
Valor de uma divisão do relógio comparador: 0,01 mm
Medida nominal com batentes fixos: 40 mm
Espessura dos espaçadores: 2 + 0,5 mm

13.3.4 Ajuste a profundidade de montagem do relógio. Solte o parafuso de fixação e


posicione o relógio manualmente. Depois, fixe-o adequadamente, porém, sem
apertar demais.

13.3.5 Coloque o comparador de diâmetros internos no ponto zero de referência, usando


um dos métodos abaixo mencionados:
 Usando anéis padrão: Introduza os instrumentos de maneira bem perpendicular
e verifique repetidas vezes a medida zero.
 Usando um micrômetro com bloco padrão: Prepare o micrômetro usando uma
composição de blocos padrão ou uma peça usinada com alto nível de planeza e
paralelismo.
 Usando um micrômetro: Abra o micrômetro de 0,1 a 0,2 mm a mais da medida
requerida. Com o instrumento colocado entre as faces de medição do micrômetro,
ajuste-o e trave-o quando a leitura for igual à medida requerida. A seguir, mova
lentamente o comparador observando o movimento do ponteiro. Quando a
leitura for mínima, gire a escala móvel do mostrador de maneira que o ponteiro
fique no zero.

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Fundamentos da Metrologia Dimensional

 Usando blocos padrão montados com acessórios especiais: Proceda de maneira


similar para ajustar o zero de referência no relógio.
Note a relação existente entre a direção de movimento da ponta do instrumento e
13.3.6 o sentido de rotação do ponteiro do relógio a partir do ponto zero:
 Movimento no sentido horário indica que o diâmetro interno está menor.
 Movimento no sentido anti-horário indica diâmetro maior.

13.3.7 Evite o erro de paralaxe olhando o mostrador do relógio na posição frontal.

13.4 Cuidados Especiais com o Comparador de Diâmetros Internos


13.4.1 Projeta o comparador de impactos ou forças excessivas. Não deixe o instrumento na
beira da mesa ou em lugares onde, por descuido, possa ser derrubado. Isso poderá
danificá-lo seriamente.

13.4.2 Substitua oportunamente a ponta gasta. Estabeleça períodos adequados de


verificação do desgaste, especialmente em trabalhos altamente seriados.

13.4.3 Após o uso, limpe sujeiras e marcas deixadas pelos dedos no manuseio. Use um pano
macio e seco.

13.4.4 Guarde sempre o comparador e seus acessórios colocando-os no lugar que lhes
corresponde, no estojo próprio ou similar. Esta prática lhe poupará tempo e
aborrecimentos.
Proteja o instrumento ao guardar por longos períodos. Usando um pano embebido
em óleo fino anti-ferrugem, aplique suavemente uma camada bem fina e uniforme
em todas as faces, exceto no visor do relógio, fuso e pontas de metal duro.

13.4.5 Observe os seguintes itens ao guardar o comparador de diâmetros internos:


 Não exponha o instrumento diretamente à luz solar.
 Guarde-o em ambiente de baixa umidade, com boa ventilação e livre de poeira.
 Nunca deixe o comparador diretamente no chão.
 Guarde-o com o relógio desmontado.
 Guarde-o sempre em seu estojo.

13.5 Erro Máximo Admissível


Os conceitos a este respeito são similares ao relógio comparador tratado anteriormente. A
norma JIS B 7515/1982 especifica os seguintes itens:

Faixa Nominal Profundidade


(mm) (mm)
18 – 35 50
35 – 60 100
50 – 100 150
100 – 160 150
160 – 250 250
250 – 400 400
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Fundamentos da Metrologia Dimensional

Desvios Permissíveis
Descrição com relógio 0,01 mm com relógio 0,001 mm
Repetitividade 3 µm máx. 2 µm máx.
Efeito da rotação da ponta móvel 4 µm máx. 2 µm máx.
Erro de medição na faixa 10 µm máx. 5 µm máx.
Erro de limite adjacente (passo a passo) 4 µm máx. 2 µm máx.
Efeito dos roletes guia 2 µm (18 – 160 mm) 1 µm (18 – 160 mm)
3 µm (160 – 400 mm) 2 µm (160 – 400 mm)
Força de medição 4N – 480gf (18 – 60 mm)
5N – 510gf (50 – 160 mm)
6N – 612gf (160 – 400 mm)

13.6 Calibração e Ajuste


A metrologia para verificar se o comparador de diâmetros internos está em condições de
realizar medições satisfatórias é idêntica à definida para o relógio comparador, apenas
incorporando o anel padrão de verificação de repetitividade, efeito de rotação da ponte móvel
e efeito dos roletes guias.

13.7 Tipos de Comparador de Diâmetros Internos e suas Características


Para atender diversas necessidades, tanto dos setores de metrologia como de fabricação na
indústria de mecânica de precisão, foram desenvolvidos diversos tipos de comparadores
internos. As principais variáveis de criação de novos modelos são as seguintes:

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Fundamentos da Metrologia Dimensional

 Pontas de Contato e Sistema Centralizador – De acordo com o tamanho do furo, o


mecanismo de apoio e as pontas de contato são projetados de forma diferente.
 Profundidade de Medição – Dependendo da capacidade de medição e do tipo de
instrumento, a profundidade pode varia de 50 a 400 mm, porém, podem ser usadas
extensões de até 1000 mm.
 Relógio Comparador – Existem instrumentos que incorporam relógio com leitura de 0,01
mm e seus equivalentes em polegadas.

13.8 Acessórios para Comparador de Diâmetros Internos


Consistem basicamente de barras de extensão para medições a maior profundidade, anéis
padrão para calibração e suporte especial para blocos padrão.

13.8.1 Barras de extensão para profundidade. Sua finalidade é aumentar o comprimento


de medição do instrumento.

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Fundamentos da Metrologia Dimensional

13.8.2 Barras de extensão para diâmetros. Similar à anterior, porém, aplicadas para
medição de diâmetros maiores. Seu uso deve ser restringindo, pois o apoio dos
roletes fica menor em relação ao diâmetro.

13.8.3 Anéis padrão para calibração. São fabricados em aço temperado com acabamento
de retífica fina e apresentam o valor nominal gravado.

13.8.4 Suporte especial para blocos padrão. Trata-se de uma estrutura robusta onde
podem-se acondicionar blocos padrão e peças terminais para apoiar as pontas de
contato do instrumento.

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Fundamentos da Metrologia Dimensional

14. ESQUADROS COMBINADOS


Trata-se de um instrumento muito utilizado nas áreas de mecânica, ferramentaria, estamparia,
preparação de materiais, traçagem e etc. Isso devido a sua fácil utilização e versatilidade.

Este instrumento é composto de uma régua metálica e três corpos para medição e traçagem,
que podem descrever-se da seguinte maneira:

 Régua Metálica – Consiste de uma régua fabricada em aço inoxidável com duplo sistema
de graduação. Um lado da régua apresenta graduação com valor de uma dimensão de 0,5
mm e 1/32”, e outro lado com 1 mm e 1/64”.
 Transferidor – Consiste de um corpo giratório com valor de uma dimensão de 1o e abertura
de 15o até 165o para medir diretamente sobre a peça ou com apoio em um desempeno de
medição. Geralmente incorpora também um nível de bolha com referência na régua
metálica.
 Esquadro Duplo – Possui dois ângulos fixos, de 90o e 45o com referência na régua metálica.
Geralmente apresenta também um nível de bolha com referência em seu lado maior.
Alguns modelos incorporam uma ponta de traçar que poder ser guardada no corpo do
esquadro.
 Esquadro para Centragem – Possui uma abertura com ângulo de 90o posicionado de tal
maneira que uma lado da régua metálica passa exatamente pelo vértice do ângulo,
permitindo assim traçar o centro de peças redondas. Posicionando adequadamente a
régua metálica permite medir diâmetros internos ou externos com a mesma.

14.1 Nomenclatura

14.2 Exemplos de Aplicação


14.2.1 Medição de alturas ou verificação de perpendicularidade de peças com superfícies
planas ou cilíndricas. Esta parte está equipada com um nível de bolha para verificar
o nivelamento da base de referência.

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Fundamentos da Metrologia Dimensional

14.2.2 Medição de profundidade. Se a base de apoio do esquadro for pequena, o operador


deve aplicar força na direção perpendicular à base para evitar a inclinação do
instrumento.

14.2.3 Exemplo de medição angular usando o transferidor. Apoie firmemente o


transferidor e gire a régua metálica até tocar suavemente a outra superfície da peça,
fixe a régua com o parafuso menor e faça a leitura do ângulo.

O nível de bolha pode ser utilizado, por exemplo, na montagem ou instalação de


ferramentas, máquinas, moldes e etc.

14.2.4 a) Medição aproximada de diâmetros externos ou internos, em eixos maciços ou


tubos.
b) Este corpo também pode ser utilizado para encontrar o centro de peças redondas
através do traçado de linhas retas que se possam cruzar.

14.2.5 Outras alternativas de trabalho utilizando o esquadro com ângulos fixos de 90o e
45o:
a) Traçado de ângulo retos com a régua metálica na posição vertical.
b) Medição angular em relação a uma superfície de referência.
c) Verificação de um ângulo de 45o com a régua metálica na posição horizontal.
d) Medição de profundidade de um canal reto.
e) Verificação de um ângulo de 90o com a régua metálica em posição horizontal.

14.3 Recomendações Especiais com o Esquadro Combinado


14.3.1 Certifique-se de que o esquadro combinado está limpo e isento de poeira e que
encontra-se apoiado em uma superfície plana isenta de rebarbas, pois compromete
o esquadrejamento.

14.3.2 Ao utilizar o esquadro combinado de centrar em uma peça que não esteja
completamente cilíndrica, é aconselhável traçar mais de duas linhas interseccionais.

14.3.3 Projeta o esquadro combinado ao guardar por longo período. Usar um pano macio
embebido em óleo fino anti-ferrugem, aplicar suavemente uma camada bem fina em
todas as faces do instrumento.

14.3.4 Observe os seguintes itens ao guardar o esquadro combinado:


 Não expor o esquadro combinado diretamente à luz do sol.
 Nunca deixá-lo diretamente no chão.
 Guarde sempre o esquadro combinado em estojo adequado.

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