*Muito além da gramática: para um ensino de línguas sem
pedras no caminho, de Irandé Antunes, retoma um assunto muito comum entre os estudiosos da língua pátria, pois debate o ensinar ou não ensinar gramática nas aulas de português.
“o dever da escola é ensinar a gramática oferecendo
condições ao aluno de adquirir competência para usá-la de acordo com a situação vivenciada”. ANTUNES, Irandé (Muito Além da Gramática)
*defende incansavelmente uma prática de ensino de língua
materna que vá além das utilizadas no contexto escolar atual. Ainda sob essa perspectiva propõe um ensino transformador e inovador que mude os sujeitos, ou seja, usuários da língua, e os contextos onde essas novas práticas seriam aplicadas.
“[...] reiterar que o estudo escolar de línguas deve objetivar
a ampliação de todas as competências que a atividade verbal prevê. [...] (pg147)”. ANTUNES, Irandé (Muito Além da Gramática)
“[...] Pretendo, portanto, desfazer aqui alguns dos
equívocos que se criaram em torno da gramática, a fim de que se possa enxergar a língua com uma visão científica, livre de suposições infundadas, livre da ingenuidade dos “achismos” fáceis, que, embora sedimentados historicamente, não deixam de ser individualmente irrelevantes e redutores e, socialmente, discriminatórios, inconsistentes e excludentes”. ANTUNES, Irandé (Muito Além da Gramática)
A autora compreende a gramática como um dos
componentes de estudo da língua quando fala também doutro componente, o léxico, e que ambos se inter-relacionam de modo que o ensino de língua ordenam-se:
“[...] “1º) questões relativas a seu léxico; 2º) questões
relativas à sua realização em textos; 3º) questões relativas às condições sociais da produção e da circulação desses textos” (p. 44).”. ANTUNES, Irandé (Muito Além da Gramática)
No segundo capítulo são apresentadas cinco concepções
de gramática: 1ª) Gramática enquanto conjunto de regras que definem o funcionamento de uma língua. 2ª) Gramática enquanto conjunto de normas que regulam o uso da norma culta. 3ª) Gramática enquanto perspectiva dos fatos da linguagem. 4ª) Gramática enquanto disciplina de estudo. 5ª) Gramática enquanto compêndio descritivo-normativo sobre a língua: ANTUNES, Irandé (Muito Além da Gramática)
“[...] a língua, por ser atividade interativa, direcionada para a
comunicação social, supõe outros componentes além da gramática, todos, relevantes, cada um constitutivo à sua maneira e em interação com os outros. De maneira que uma língua é uma entidade complexa, um conjunto de subsistemas que integram e se interdependem irremediavelmente. (ANTUNES, 2007, p. 40)”.
“língua e gramática não se equivalem e, por isso, o ensino
de línguas não pode constituir-se apenas de lições de gramática” (p.44). ANTUNES, Irandé (Muito Além da Gramática)
CONCEITO DE NORMA CULTA: “um requisito
lingüístico-social próprio para as situações comunicativas formais, sobretudo para aquelas atividades ligadas à escrita” (p.88).
“o funcionamento das línguas é uma atividade interativa,
entres dois ou mais interlocutores, que se realiza sob a forma de textos orais ou escritos, veiculados em diferentes suportes, com diferentes propósitos comunicativos, e em conformidade com fatores socioculturais e contextuais” (p.146)