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FUNÇÕES

PSIQUÍCAS
ELEMENTARES

Fenômenos e Processos Psicológicos


Prof Sara Böger - Unibave
ADVERTÊNCIAS
Em um ato psíquico, apenas pode ocorrer uma separação teórica,
não uma separação real, entre as distintas qualidades psíquicas
de que se trata. [...] Na observação e descrição do mundo das
manifestações psíquicas e psicopatológicas tendemos, de há
muito, à fragmentação: descrevemos funções psíquicas
singulares (como a sensação, a percepção, a atenção, a memória,
o pensamento, o juízo). [...] Se reunirmos estes fragmentos,
ficamos com a impressão de que a vida psíquica pode ser
compreendida como um mosaico, a partir de uma soma de
manifestações isoladas. Esta impressão, não obstante, não
corresponde à realidade. [...] Cada função parcial na vida psíquica
e cada aspecto da realidade psíquica só existem em vinculação
estreita com toda a vida e com a realidade psíquica total.
AICNÊICSNOC
Sumário:

Acepções e Definições;
Características;
Neuropsicologia da Consciência;
Bases Neuroanatômicas;
O Campo da Consciência;
O sono;
O sonho;
Alterações normais;
ACEPÇÕES
1. equiparar consciência ao conjunto de atividades
psíquicas conscientes do indivíduo (consciência aqui
equivale à mente humana consciente);

2. acepções restritas, como equiparar consciência ao nível


de consciência;
Definição neuropsicológica
Emprega o termo “consciência” no sentido de estado vígil (vigilância), o que, de certa
forma, iguala a consciência ao grau de clareza do sensório. Consciência, aqui, é
fundamentalmente o estado de estar desperto, acordado, vígil, lúcido. Trata-se
especificamente do nível de consciência.
SEÕÇINIFED

Definição psicológica
A soma total das experiências conscientes de um indivíduo em determinado momento.
Nesse sentido, consciência é o que se designa campo da consciência. É a dimensão
subjetiva daatividade psíquica do sujeito que se volta para a realidade. Na relação do Eu
com o meio ambiente, a consciência é a capacidade do indivíduo de entrar em contato
com a realidade, perceber e conhecer objetos.
Definição ético-filosófica
É utilizada mais frequentemente no campo da ética, da filosofia, do direito ou da
teologia. O termo “consciência” refere-se à capacidade de tomar ciência dos deveres
éticos e assumir as responsabilidades, os direitos e os deveres concernentes a essa
ética. Assim, a consciência ético-filosófica é atributo do homem desenvolvido e
responsável, engajado na dinâmica social de determinada cultura. Refere-se a
consciência moral, ética e política.
CARACTERÍSTICAS
Estudos diversos

- As pesquisas - Vivenciados com


neurocientíficas caráter prazeroso -A
- Estudos - Sem
devem buscar oudesprazível, experiência
clássicos da subjetividade não
correlatos entre como experiências da
Fenomenologia há experiência
suas descobertas totais e consciência é
necessariament consciente. Assim,
e os estados de globalizantes sempre
e a consciência, os estados de
consciência, (caráter gestáltico) realizada em
é consciência consciência são
entendendo que a e com um senso de um sujeito,
de algo, com experimentados
consciência é uma familiaridade que vivenciada na
intencionalidad como um campo
unidade impregna todas as primeira
e. de consciência
qualitativa experiências pessoa.
unificado.
subjetiva. conscientes.
RDOC
Research Domain Criteria
AIGOLOCISPORUEN
ACINÊICSNOC AD O nível de consciência é o continuum de sensibilidade e alerta do organismo
perante os estímulos, tanto internos como externos, que opera por sistemas
reguladores:

1. Facilita a interação da pessoa com o ambiente de forma adequada ao


contexto no qual o sujeito está inserido (p. ex. estado de alerta).
2. Pode ser evocado tanto por estímulos externos ambientais como por
estímulos internos, como pensamentos, emoções, recordações.
3. Pode ser modulado tanto pelas características dos estímulos externos
como pela motivação que o estímulo implica para o indivíduo em
questão.
4. Varia ao longo de um continuum que inclui desde o estado total de
alerta, passando por níveis de redução da consciência até os estados de
sono (variação normal) ou coma (variação patológica).
AS BASES NEUROANATÔMICAS E
NEUROFUNCIONAIS

- Sistema Reticular Ativador Ascendente - SRAA


- alterações do nível da consciência: as regiões do córtex parietal posterior direito
superficial, o córtex pré-frontal bilateral, o córtex fusiforme (ventromedial
temporoparietal), o giro lingual, o tálamo anterior direito e os núcleos da base. Também
têm sido reconhecidas as conexões talamofrontais e temporolímbicas frontais, em nível
subcortical, como importantes na gênese dos quadros de delirium. Assim, pode-se concluir
que, além do SRAA, também o tálamo e as regiões do córtex parietal direito e pré-frontal
direito têm importância estratégica para o funcionamento da consciência, sobretudo no
seu aspecto de nível de consciência.
- O tálamo é uma estrutura posicionada singularmente no centro do cérebro para filtrar,
integrar e regular as informações que chegam ao córtex cerebral, dados que partem da
periferia do organismo e meio externo e se dirigem ao córtex cerebral.
A MAIORIA DOS NEUROCIENTISTAS
CONCORDA QUE É EXTREMAMENTE
DIFÍCIL ENCONTRAR OS CORRELATOS
NEURONAIS DA EMERGÊNCIA DESSA
EXPERIÊNCIA HUMANA CHAMADA
ATIVIDADE MENTAL CONSCIENTE.
CAMPO DA
CONSCIÊNCIA
1. parte central mais iluminada da consciência;
2. uma margem que seria sua periferia menos iluminada, mais nebulosa, onde surgem os
chamados automatismos mentais e os estados ditos subliminares;

PSICANÁLISE
Pré Consciente: é composto por representações, ideias e sentimentos suscetíveis de
recuperação por meio de esforço voluntário: fatos, lembranças, ideias que esquecemos,
deixamos de lado, mas que podemos, a qualquer hora, evocar voluntariamente.
Inconsciente: é muito diferente, inacessível à evocação voluntária; só tem acesso à via
pré-consciente, e apenas por meio de uma técnica especial (hipnose, psicanálise, etc.)
pode tornar-se consciente. O inconsciente verdadeiro só se revela por meio de
subprodutos que surgem na consciência, as chamadas formações do inconsciente: os
sonhos, os atos falhos, os chistes e os sintomas neuróticos. Também tem características
dinâmicas por apresentar capacidade de resistência e pela produção renovada de
derivados do recalcado.
CARACTERISTÍCAS DO INCONSCIENTE
ATEMPORALIDADE
Os processos inconscientes não são ordenados temporalmente, não se alteram com a
passagem do tempo, não têm qualquer referência ao tempo. Não existe, aqui, passado, presente
ou futuro.
ISENÇÃO DE CONTRADIÇÃO
não há lugar para negação ou dúvida, nem graus diversos de certeza ou incerteza. Tudo é
absolutamente certo, afirmativo.
PINCÍPIO DO PRAZER
O funcionamento do inconsciente não segue as ordens da realidade; submete-se apenas ao
princípio do prazer. Toda a atividade inconsciente visa evitar o desprazer e proporcionar o
prazer, independentemente de exigências éticas ou realistas.

PROCESSO PRIMÁRIO
As cargas energéticas (catexias) acopladas às representações psíquicas, às ideias, são
totalmente móveis. Uma ideia pode ceder a outra toda sua cota de energia (processo de
deslocamento) ou apropriar-se de toda a energia de várias outras (processo de condensação).
Alterações Normais
da Consciência

Ritmos circadianos:
- oscilações
endógenas;autossustentadas
do ritmo biológico no período
de um dia de 24 horas;
- organizam a temporalidade
dos sistemas biológicos do
organismo e otimizam a
fisiologia, o comportamento
e a saúde.
1. são sincronizados por pistas ambientais recorrentes
(como o nível de luminosidade);
SONAIDACRIC
2. permitem respostas eficientes perante os desafios e
oportunidades no ambiente físico e social;
3. modulam a homeostase interna do cérebro, assim
como de outros sistemas, como demais órgãos e
tecidos;
SOMTIR

4. se expressam em vários níveis do funcionamento do


organismo, desde o molecular, celular, órgãos e
circuitos orgânicos até sistemas sociais aos quais o
indivíduo pertence.
O SONO

1. ser um estado reversível, tipicamente expresso pela postura de repouso,


comportamento quieto e redução da responsividade;
2. ter uma arquitetura neurofisiológica complexa, com estados cíclicos de sono não REM
e de sono REM, tendo tais estados substratos neuronais distintos (neurotransmissores,
moduladores, circuitos específicos) e propriedades oscilatórias do eletrencefalograma
(EEG);
3. ter duração e intensidade dos seus vários períodos afetadas por mecanismos de
regulação homeostáticos;
4. ser afetado por experiências ocorridas durante a vigília;
5. ter efeitos restauradores e transformadores que otimizam funções
neurocomportamentais da vigília.
6. dividi-se em: o sono sincronizado, sem movimentos oculares rápidos (sono não REM), e
o sono dessincronizado, com movimentos oculares rápidos – rapid eye movements
(sono REM).
SONO REM
ESTÁGIO 1
mais leve e superficial, com atividade regular do EEG de baixa voltagem, de 4 a 6 ciclos por
segundo (2-5% do tempo total de sono);
ESTÁGIO 2
um pouco menos superficial, com traçado do EEG revelando aspecto fusiforme de 13 a 15 ciclos
por segundo (fusos do sono) e algumas espículas de alta voltagem, denominadas complexos K
(45-55% do tempo total de sono);

ESTÁGIO 3
sono mais profundo, com traçado do EEG mais lentificado, com ondas delta, atividade de 0,5 a
2,5 ciclos por segundo, ondas de alta voltagem (3-8% do tempo total de sono);

ESTÁGIO 4
estágio de sono mais profundo, com predomínio de ondas delta e traçado bem lentificado. É
mais difícil de despertar alguém nos estágios 3 e 4, podendo o indivíduo apresentar-se confuso
ao ser despertado (10-15% do tempo total de sono).
O SONHO

- Fenômeno associado ao sono, pode ser considerado uma alteração normal da consciência.
É, sem dúvida, uma experiência humana fascinante e enigmática. Nas mais diversas
sociedades, ao longo da história, ele tem exercido grande curiosidade, sendo interpretado
das mais diversas formas.
- Os modernos laboratórios de sono, com a polissonografia do sono, têm demonstrado que
sonhar não é algo raro. A maioria das pessoas sonha várias vezes durante uma noite, apenas
não se lembra da maior parte, pois, se acordarem (ou forem despertadas) após mais de oito
minutos de um sono REM (durante o qual sonharam), não se lembrarão mais do conteúdo do
sonho.
- Os sonhos são vivências predominantemente visuais, sendo rara a ocorrência de
percepções auditivas, olfativas ou táteis. Isso se relaciona às ondas ponto-genículo-
occipitais que ativam as áreas corticais visuais do lobo occipital durante sua ocorrência. Em
sonhos eróticos, podem ocorrer sensações de orgasmo. Pessoas cegas de nascença
geralmente relatam sonhos com sensações corporais e de movimento, mas obviamente sem
o caráter visual das pessoas que enxergam.
A INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS
PSICANÁLISE
- O “trabalho do sonho” transforma os conteúdos latentes (inconscientes) do
sonho original em conteúdos manifestos (conscientes) do sonho lembrado.
- Acontece por meio da condensação (fusão de duas ou mais representações), do
deslocamento (passagem da energia de uma representação a outra
representação) e da figurabilidade (desejos transformam-se em imagens visuais).
- Esses três mecanismos servem para disfarçar o desejo reprimido (inconsciente),
possibilitando seu acesso à consciência, ainda que com deformações e restrições,
pois existe a censura entre as duas instâncias: inconsciente e consciente/pré-
consciente.
- O sonho é uma solução de compromisso, o resultado de uma intensa negociação
entre o inconsciente (que visa expulsar, forçar os desejos para a consciência) e o
consciente (que visa impedir que tais desejos inconscientes surjam).
ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS

SACIGÓLOTAPOCISP
REBAIXAMENTO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA

1º grau - obnubilação: turvação da consciência ou sonolência patológica


leve. Trata-se do rebaixamento da consciência em grau leve a moderado.
2º grau - torpor: é um grau mais acentuado de rebaixamento da
consciência. O paciente está evidentemente sonolento; responde ao ser
chamado apenas de forma enérgica e, depois, volta ao estado de sonolência
SEÕÇARETLA

evidente.
3º grau - sopor: é um estado de marcante e profunda turvação da
consciência, de sonolência intensa, da qual o indivíduo pode ser despertado
apenas por um tempo muito curto, por estímulos muito enérgicos, do nível
de uma dor intensa. Nesse momento, o paciente pode revelar fácies de dor e
ter alguma gesticulação de defesa. Retorna, então, muito rapidamente, em
segundos, à quase ausência de atividade consciente.
4º grau - coma: é a perda completa da consciência, o grau mais profundo
de rebaixamento de seu nível. No estado de coma, não é possível qualquer
atividade voluntária consciente.
VER PERDAS ABRUPTAS
DELIRIUM DA CONSCIÊNCIA:
LIPOTIMIA, SÍNCOPE E
DESMAIO. QUADRO 12.1

- O delirium diz respeito a vários quadros com rebaixamento leve a moderado do nível de
consciência, acompanhados de desorientação temporoespacial, dificuldade de
concentração, perplexidade, ansiedade em graus variáveis, agitação ou lentificação
psicomotora, discurso ilógico e confuso e ilusões e/ou alucinações, quase sempre visuais.
Trata-se de um quadro que oscila muito ao longo do dia.
- Geralmente, o paciente está com o sensório claro pela manhã, e, no início da tarde, o nível de
consciência “afunda”, piorando no fim da tarde e à noite. Podem surgir, então, ilusões e
alucinações visuais, bem como intensificar-se a desorientação e a confusão do pensamento
e do discurso, com a possibilidade de haver também agitação psicomotora e sudorese.
- Não confundir delirium (quadro sindrômico causado por alteração do nível de consciência,
em pacientes com distúrbios cerebrais agudos) com o termo “delírio” (ideia delirante;
alteração do juízo de realidade encontrada principalmente em psicóticos esquizofrênicos ou
em outras psicoses).
SACIGÓLOTAPOCISP
ALTERAÇÕES QUALITATIVAS DO NÍVEL DE
CONSCIÊNCIA

1. Estados crepusculares;
SEÕÇARETLA

2. Estado segundo;
3. Dissociação da consciência;
4. Transe;
5. Estado Hipnótico;
REFERÊNCIAS:

CAPÍTULO 11 - INTRODUÇÃO AS FUNÇÕES


PSIQUÍCAS ELEMENTARES IN: DALGALARRONDO,
PAULO. PSICOPATOLOGIA E SEMIOLOGIA DOS
TRASNTORNOS MENTAIS. 3ED. 2018.

CAPÍTULO 12 - A CONSCIÊNCIA E SUAS


ALTERAÇÕES IN: DALGALARRONDO, PAULO.
PSICOPATOLOGIA E SEMIOLOGIA DOS
TRASNTORNOS MENTAIS. 3ED. 2018.

Profª Sara Böger - Unibave

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