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EDUCAÇÃO SANITÁRIA COMO PRÁTICA DE PREVENÇÃO DE

PARASITOSES INTESTINAIS EM CRECHES

Viviane Aparecida Barbosa1


Francisco de Oliveira Vieira2
RESUMO

É sabido que as parasitoses intestinais são um problema de saúde pública, tendo


em vista as suas formas de contaminação, que muitas vezes estão ligadas à falta de
saneamento básico. As crianças são as principais atingidas por essas parasitoses e
as creches são lugares propícios para essas infecções - partindo do princípio de que
são lugares que possuem grande quantidade de crianças em ambientes fechados e
com alto contato inter-humano. Devido a esses aspectos,é necessário um trabalho
de conscientização da população a respeito das formas de contaminação,
tratamento e profilaxia dessas doenças. A Educação Sanitária tem como principal
diretriz levar a informação sobre formas de manter hábitos saudáveis de higiene na
população o que, consequentemente, ajuda na prevenção das parasitoses
intestinais. Portanto o presente trabalho visa relacionar a incidência de parasitoses
intestinais com a falta de informação da população a respeito dessas doenças e
enfatizar a grande necessidade de disseminação das informações a respeito de
formas de contágio, profilaxia, diagnóstico e tratamento dessas doenças, propondo
cartilhas, como uma simples, mas eficaz ajuda na solução do problema.Este
trabalho se apóia na grande necessidade de campanhas educativo-sanitárias com a
população para a diminuição dessas doenças, levando em consideração a falta de
informação sobre o assunto em determinadas áreas em que há grande carência de
recursos ligados à higiene e educação.

Palavras chave: Saneamento básico, Endoparasitoses, Parasitoses humanas,


Educação Sanitária.

INTRODUÇÃO

A expansão de saneamento básico, melhoria das condições de moradia e o


aumento da renda familiar, se associam, segundo vários autores ressaltam, ao

1
Graduanda em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix.
E-mail: viviane_a.barbosa@hotmail.com
2
Mestre em Biologia Celular e Molecular,professor no Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix.
E-mail: francisco.vieira@izabelahendrix.edu.br
decréscimo da prevalência de algumas parasitoses (FERREIRA et al, 2000), porém,
existem situações que não se encaixam nesse padrão. Foi revelado por meio de
cruzamento de dados feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)
com informações do IBGE que 34,5 milhões de brasileiros moradores de áreas
urbanas não têm acesso a coleta de esgoto (CARNEIRO, 2008), o que aumenta a
probabilidade de infecções por parasitos.
Segundo Andrade et al (2010), esses fatores associados ao aumento do
êxodo rural e o crescimento acelerado dos aglomerados urbanos, aumentam a
probabilidade de exposição a várias doenças, dentre elas, as parasitoses. São
insuficientes as referências sobre parasitoses intestinais na população em geral,
especialmente no Brasil. Embora essas doenças sejam relevantes na epidemiologia
e na saúde pública, os estudos existentes são muito pontuais. Tal situação, aliada à
dificuldade de realização de exames coproparasitológicos em maior escala, pouco
contribui para o conhecimento das consequências na população em geral.
Essas dificuldades persistem, apesar de existirem programas para auxílio no
controle dessas e outras doenças nas escolas. Um exemplo é o Programa Saúde na
Escola (PSE) que, desde 2007, aproveita o espaço das escolas para práticas de
promoção à saúde (PORTAL DA SAÚDE-SUS, 2007).
Andrade et al (2010), ainda afirma que Ascaridíase, tricuríase, infecções por
ancilostomídeos e outras helmintíases intestinais estão listadas entre as doenças
negligenciadas. São concentradas nas populações mais carentes de recursos
ligados à educação e saúde, e muitas delas não apresentam altas taxas de
mortalidade, embora apresentem alta taxa de morbidade.
Existem alguns fatores que favorecem a elevada prevalência dos parasitos
em ambientes fechados, entre os quais se destacam a facilidade de contato inter-
humano (criança-criança / criança-adulto), os hábitos higiênicos das crianças e dos
funcionários e a manipulação inadequada dos alimentos, (KEISTONE et al, 1984).
Partindo desse princípio, entende-se que as creches são lugares
extremamente propícios para esse tipo de contaminação, uma vez que acomodam
dezenas de crianças, e muitas vezes não são capazes de atender as necessidades
higiênicas para controlar a proliferação dessas parasitoses.
Diante da grande expansão da educação infantil nos últimos anos, Oliveira e
Oliveira (2005), ressaltam a consciência da sociedade em relação à importância das
experiências de seus filhos na primeira infância, o que vem motivando o aumento da
demanda por uma educação institucional para crianças de zero a seis anos. A
creche, como uma instituição social, tem como objetivo educar e formar a criança
que, na maior parte do tempo, está sob cuidados dos educadores, ou monitores
(OLIVEIRA E OLIVEIRA, 2005).
Hoje em dia, as mulheres têm a necessidade de substituírem parte do seu
tempo de dedicação com os cuidados da casa e dos filhos pelo trabalho. Nesse
ponto, a creche se torna uma opção viável para o desenvolvimento das crianças e,
consequentemente, um lugar onde essas mães podem deixar seus filhos durante
sua jornada de trabalho. O surgimento da creche está ligado às transformações na
sociedade, na organização da família, no papel social feminino e em suas
respectivas repercussões, principalmente, no que se refere aos cuidados das
crianças pequenas (PACHECO E DUPRET, 2004).
Percebe-se que o aumento da procura das creches pelos pais aumenta a
demanda de crianças nessas instituições, que muitas vezes não têm a estrutura
necessária para acolhê-las, o que pode ocasionar em transmissão de parasitoses.
Dessa forma, segundo Barros et al (1998) cabe aos profissionais engajados na área
de saúde coletiva garantir que as crianças tenham acesso a creches de boa
qualidade, de forma que os riscos à saúde das crianças sejam os menores
possíveis. Para isso, é preciso estar preparado para oferecer orientação e suporte
às creches existentes, assim como elaborar normas de funcionamento interno,
relacionadas à higiene, que atendam as necessidades e os interesses das crianças
usuárias.
Portanto o presente trabalho visa relacionar a transmissão de parasitoses
intestinais com a falta de informação da população a respeito dessas doenças.
Levando em consideração que a Educação Sanitária é um forte aliado para os
cuidados com a prevenção de doenças parasitárias intestinais, o trabalho visa
também apontar medidas de prevenção relacionadas à informação. Demonstrando
assim a inserção das creches nesse contexto.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foi realizada uma revisão bibliográfica usando os seguintes descritivos:


Educação Sanitária, parasitoses intestinais, creches e parasitoses intestinais em
creches; pesquisados na base de dados: Scielo, Google Acadêmico, PubMed e
DATASUS, no período de 1984 a 2012.
Analisou-se os documentos disponíveis na Creche Tia Lita e também
informações cedidas através de uma conversa formal com a coordenadora da
creche, Heloísa Aparecida Leite Santos, sobre a história da creche e o projeto
“Lavando as Mãos”.

EDUCAÇÃO SANITÁRIA

Segundo Renovato e Bagnato (2012), a primeira vez em que o termo


Educação Sanitária foi proposto, foi em uma conferência internacional sobre a
criança, nos Estados Unidos, em 1919, inserido nos princípios científicos da higiene,
que se fortalecia com os avanços da bacteriologia e da imunologia, sendo
empregado ao longo do século XX. Já a partir da década de 1980, percebeu-se
certa inflexão envolta por dimensões teóricas e políticas, em que o termo educação
em saúde passou a ser mais utilizado, trazendo consigo outras concepções
histórico-culturais e singulares.
A Educação Sanitária é a prática educativa que tem como objetivo ensinar a
população como adquirir hábitos higiênicos que promovam a saúde e evitam
doenças. Porém, deve-se destacar que, em uma visão holística e mais abrangente,
a Educação Sanitária se alicerça na concepção de um planejamento que visa
resultados positivos, benefícios e uma eficiente política de gestão pública dos
serviços de saneamento básico. A Educação Sanitária se faz fundamental em um
contexto escolar como também em casa, para promover hábitos higiênicos
necessários à manutenção da saúde e do bem estar (JÚNIOR, 2009 E ALVES,
2010).

PARASITOSES INTESTINAIS

Segundo Finger (2012) a definição de parasitismo é uma relação íntima e


prolongada na qual o hospedeiro é prejudicado em certo grau pelas atividades do
parasita.
A ausência ou insuficientes condições mínimas de saneamento básico e
inadequadas práticas de higiene pessoal e doméstica são os principais mecanismos
de transmissão dos parasitas intestinais. Aproximadamente, um terço da população
das cidades dos países subdesenvolvidos vive em condições ambientais propícias à
disseminação das infecções parasitárias. Embora apresentem baixas taxas de
mortalidade, as parasitoses intestinais ainda continuam representando um
significativo problema de saúde pública, haja vista o grande número de indivíduos
afetados e as várias alterações orgânicas que podem provocar, inclusive sobre o
estado nutricional (PRADO, 2001).
As doenças parasitárias, historicamente se caracterizaram como agravo
relacionado às camadas sociais de baixa renda seja em virtude das precárias
condições de vida de grande parte da população brasileira, no que se refere às
moradias inadequadas, inexistência de saneamento básico e exclusão dos serviços
essenciais de saúde e educação, ou na relação direta entre condições sanitárias e
informações acerca do modo de contaminação de determinadas doenças (SOUZA,
2010).
Estimativas indicam que mais de um terço da população mundial esteja
infectado por um ou mais parasito intestinal e as crianças constituem o grupo de
maior risco (FERREIRA et al, 2000).
Os parasitas mais freqüentes são os helmintos Ascaris lumbricoides e
Trichuris trichiura e os ancilostomídeos, dentre eles o Necator americanus. Dentre os
protozoários destacam-se Entamoeba histolytica e Giardia lamblia. A Organização
Mundial de Saúde estima que existam, em todo o mundo, cerca de um milhão de
indivíduos infectados por A. lumbricoides, sendo apenas pouco menor o contingente
infestado por T. trichiura e pelos ancilostomídeos. Estima-se, também, que 200 e
500 milhões de indivíduos, respectivamente, alberguem G. lamblia e E. histolytica
(SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2005).
As parasitoses humanas (endo e ectoparasitas) constituem-se atualmente um
importante problema de saúde publica, especialmente em regiões tropicais do
mundo onde se concentra a maior parte dos países subdesenvolvidos, aonde os
índices de prevalência de protozoonoses e helmintoses vêm crescendo a cada ano,
apesar dos avanços científicos no conhecimento das relações parasito-hospedeiro e
das descobertas de drogas bastante eficazes no tratamento (NEVES, 2005).
Esses agentes etiológicos apresentam ciclos evolutivos que contam com
períodos de parasitose humana, períodos de vida livre no ambiente e períodos de
parasitose em outros animais. A infecção humana é mais comum em crianças, por
meio da via fecal-oral, sendo águas e alimentos contaminados os principais veículos
de transmissão (TOSCANI, 2007). Portanto a prevenção das mesmas está ligada à
implantação de sistemas de saneamento básico, e medidas de Educação Sanitária.
Segundo GURGEL et al, 2005, a maior prevalência de parasitoses intestinais
pode levar a déficit nutricional e do crescimento pôndero-estatural. Direcionados por
dados como esses, diferentes pesquisadores têm voltado sua atenção para as
creches no que diz respeito às condições favoráveis para a transmissão dos
diversos parasitos intestinais (MASCARINI E CORDEIRO, 2007).

A EDUCAÇÃO SANITÁRIA NA PREVENÇÃO DE PARASITOSES INTESTINAIS

Segundo LUDWIG et al (1999), vários programas em Educação Sanitária têm


sido dirigidos para o controle das parasitoses intestinais em diferentes países, mas,
infelizmente, constata-se um descompasso entre o êxito alcançado nos países mais
desenvolvidos e aquele verificado nas economias mais pobres, em que vários
fatores contribuem para a permanência deste quadro.
As parasitoses intestinais refletem as condições de saneamento básico
(tratamento de água, esgoto e lixo), habitação, higiene alimentar e inclusive
educação sanitária de uma população (CHIEFFI E AMATO-NETO, 2003). Ou seja,
para esses autores, a educação é comprovadamente uma medida profilática efetiva
e tem sido utilizada em vários trabalhos de prevenção de parasitoses (SOUZA,
2010).
A grande incidência de parasitos intestinais em populações humanas
desassistidas é um fato bastante conhecido. Estas doenças determinam um grave
problema de saúde coletiva, principalmente nas regiões pobres, onde as condições
socioeconômicas e sanitárias são precárias. Este quadro representa danos
expressivos na qualidade de vida da população, acentuadamente entre as crianças
e os adolescentes (VARGAS E STANGE, 2010).
Nesse caso, a implantação de infra-estrutura sanitária torna-se fundamental
para a redução da prevalência de doenças parasitárias, mas ainda é importante aliar
às mudanças de infra-estrutura, as mudanças comportamentais, sendo que estas
podem ser adquiridas a partir do acesso às informações de caráter preventivo e de
políticas de promoção da saúde (SOUZA, 2010).

CENTRO EDUCACIONAL TIA LITA, RELATO DE CASO

Em 1986, uma Irmã chamada Diva, da congregação das Escolápias, oriundas


da Espanha idealizou uma creche comunitária em uma área de risco, na cidade de
Santa Luzia, bairro Palmital. Esta idéia partiu do momento em que a Irmã, fazendo
um trabalho de cunho social, viu que as mulheres do Palmital não tinham como
trabalhar, pois não tinham com quem deixar as crianças, que não eram poucas.
Iniciou-se então uma movimentação da comunidade para a concretização de um
ideal. Uma casa da Companhia de Habitação (COHAB) foi cedida pelos órgãos
responsáveis, mas não tinham como mobiliar e estruturar a creche. Foi neste
momento que uma parenta da Irmã faleceu e sua família doou um anel de grande
valor financeiro, e com este dinheiro iniciou-se então o atendimento as crianças
carentes da região. A dona da jóia doada era chamada de tia Lita, daí surgiu o
nome: CRECHE TIA LITA. Porém não bastava atender somente as crianças, então a
creche tornou-se também uma escola de padeiros, com uma mini padaria, com
produção de picolés, que os adolescentes vendiam e assim conseguiam ganhar
algum dinheiro, ficando livre do tráfico, que predominava e ainda predomina na
região. Tinha também a capina das ruas, que a Irmã conseguiu um convênio com a
prefeitura, que pagava meio salário aos adolescentes. Neste momento a creche era
somente assistencialista e atendia crianças a partir de um ano até seis anos, em
horário integral.
Todas as crianças tomavam banho na creche (usavam uma toalha para os
meninos e uma toalha para as meninas de cada turma, observando-se que cada
turma tinha em média 30 crianças).As tomadoras de conta eram pessoas da
comunidade, sem formação e sem conhecimento educacional. Raramente as
crianças lavavam as mãos antes das refeições e quase nunca após usarem o
banheiro. No banheiro havia uma toalha de rosto para secar as mãos de várias
crianças, ao final do dia, a mesma ficava encharcada e mau cheirosa e as crianças,
frequentemente apresentavam quadros de diarréia, vômito, febre e verminoses.
Foi contratada uma pedagoga (Heloísa Aparecida Leite Santos) para tornar
possível a transformação de creche assistencialista em escola de educação infantil
de horário integral. Por ser um ambiente de alto nível de pobreza, foi necessário
priorizar primeiramente a higiene. Essa pedagoga logo após sua contratação,
percebendo o grande problema de higiene da creche, elaborou um projeto chamado
“Lavando as mãos”, que foi iniciado com uma palestra explicativa onde todos os
funcionários da creche foram informados da importância de lavar as mãos antes das
refeições e após o uso do banheiro. Depois disso os alunos passaram pelo mesmo
processo explicativo. Após esse primeiro passo, foram trocados os sabonetes em
barra dos banheiros por sabonete líquido, e as toalhas de mão de pano, por toalhas
de papel – Também foram individualizadas as toalhas de banho dos alunos. Foram
contratadas monitoras, a fim de acompanhar as crianças ao banheiro, ensinando a
usar o sabonete liquido e secar as mãos com o papel. As profissionais que cuidam
dos bebês foram ensinadas a lavar as mãos a cada troca de fraldas, evitando assim
a contaminação de outros bebês. Além de lavar as mãos, todos também foram
orientados a passar álcool em gel nas mãos (informação verbal3).

DISCUSSÃO

Nota-se que o trabalho da pedagoga proporcionou melhor conhecimento dos


funcionários e alunos sobre a importância da higiene como meio de prevenção de
parasitoses e outras doenças.
A Educação Sanitária tem como um de seus principais objetivos informar a
população sobre os problemas de saúde e enfermidades. Portanto, seus alicerces
estão diretamente ligados à prevenção das parasitoses intestinais (ALVES, 2010).
A implantação de infra-estrutura sanitária torna-se fundamental para a
redução da prevalência de doenças parasitárias, mas ainda é importante aliar às
mudanças de infra-estrutura, as mudanças comportamentais, sendo que estas
podem ser adquiridas a partir do acesso às informações de caráter preventivo e de
políticas de promoção da saúde (SOUZA, 2010).

3
Texto cedido por Heloísa Aparecida Leite Santos, coordenadora e responsável pelo projeto, numa
conversa formal no Centro Educacional Tia Lita em 14 de Fevereiro de 2012.
Como já mencionado, Vargas e Stange, ressaltam a grande incidência de
parasitoses intestinais nas populações mais pobres, onde as condições
socioeconômicas e sanitárias são precárias. Portanto, iniciativas que tem como meta
desenvolver a prática da Educação Sanitária na população, são de grande
importância para a valorização da saúde do cidadão.
A alta taxa de contaminação por parasitoses intestinais está ligada à falta de
informação da população sobre as formas de contágio e profilaxia das mesmas,
tendo em vista que, segundo Renovato e Bagnato (2009), a população mais carente
geralmente não possui grande conhecimento sobre o assunto.
Uma vez que a contaminação da maioria das parasitoses intestinais se dá por
meio das más condições higiênicas, pode-se direcionar também as condições
precárias de moradia e falta de saneamento básico como fatores importantes a
serem discutidos na prática de Educação Sanitária.
A partir do desenvolvimento do projeto “Lavando as mãos”, as doenças que
eram freqüentes na creche, começaram a diminuir até quase desaparecerem. Isso
evidencia que bons hábitos de higiene podem prevenir a proliferação de doenças
como parasitoses em ambientes tão propícios a essa contaminação. Deve-se
considerar que algumas crianças tenham sido contaminadas em suas casas e
transmitido a doença para os demais em razão de maus hábitos de higiene. As
crianças contaminadas foram encaminhadas a postos de saúde, onde foram
tratadas. Com os procedimentos tomados nos postos de saúde e na creche, as
parasitoses diminuíram consideravelmente sua ocorrência neste ambiente.
Como é possível observar, o conhecimento é um fator essencial para a ajuda
na prevenção das parasitoses intestinais, embora haja informações que não são
passadas à população sobre formas de contágio, tratamento e prevenção.
Portanto, cartilhas educativo-sanitárias, contendo diversas informações sobre
parasitoses intestinais, são importantes para a disseminação de informações a
respeito das mesmas, sobre modo de contágio, prevenção, formas de diagnóstico,
tratamento e ciclo biológico dessas doenças. Isso aumenta os conhecimentos da
comunidade e melhora a qualidade de vida da população, tendo em vista a
prevenção, diagnóstico precoce e tratamento antecipado das mesmas,
consequentemente, diminuindo sua incidência, pela quebra do ciclo de vida desses
parasitos.
Júnior (2009), trás como idéia central da Educação Sanitária, promover
hábitos saudáveis na população. E Andrade et al (2010) cita as populações mais
carentes de recursos ligados a saúde e educação, como as que possuem maior
nível de incidência dessas parasitoses.
Partindo dessas premissas, pode-se relacionar a falta de conhecimento e a
carência de recursos educacionais e higiênicos, à incidência de doenças parasitárias
intestinais. Sendo assim, o conhecimento de certa comunidade a respeito dessas
doenças se torna essencial para um maior cuidado com a profilaxia das mesmas.
A cartilha educativa se torna uma proposta de propagação de informações
ligadas a essas doenças, porém, não se trata da única solução para o problema.
Há a maior urgência em implantar sistemas de saneamento básico, tendo em
vista a grande quantidade da população que ainda não possui esses serviços.
Segundo Carneiro (2008) essa condição atinge cerca de 34,5 milhões de brasileiros
moradores de áreas urbanas.
Existe também uma grande necessidade de campanhas educativo-sanitárias
em creches e com a população em geral, principalmente a mais carente, que
busquem levar informação sobre parasitoses e orientação dessa população a obter
hábitos de higiene saudáveis, visando a profilaxia dessas doenças, tendo como
objetivo diminuir a incidência das mesmas para melhoria da qualidade de vida,
principalmente das crianças.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Educação Sanitária aliada às creches determina novas formas de manuseio


e limpeza de alimentos servidos às crianças, hábitos saudáveis de higiene como
lavar as mãos após ir ao banheiro, após a troca de fraldas de bebês e antes das
refeições. Esses hábitos passados também aos pais de alunos podem diminuir
consideravelmente a incidência de parasitos intestinais em certa comunidade.
Portanto, as cartilhas educativas são uma maneira de levar conhecimento a
respeito da importância de manter hábitos saudáveis de higiene, visando maior
prevenção dessas doenças. Tentando, a partir dessa iniciativa, suprir parte da
grande necessidade de campanhas educativo-sanitárias com a população e, aliado
a outras formas de prevenção, trazer a diminuição dessas doenças e, com isso,
melhoria de vida à comunidade.

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