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PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS

Grupo Parlamentar

Projecto de Lei n.º 250/XI/1.ª

Altera as regras do concurso para selecção e recrutamento do


pessoal docente da educação pré-escolar e dos ensinos básico e
secundário, bem como da educação especial, retirando a
consideração dos resultados da avaliação de desempenho para
efeitos de colocação de professores

[Primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 51/2009, de 27 de Fevereiro, que


«Procede à segunda alteração ao Decreto-Lei n.º 20/2006, de 31 de Janeiro,
que reviu o regime jurídico do concurso para selecção e recrutamento do
pessoal docente da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário,
bem como da educação especial, e que revogou o Decreto-Lei n.º 35/2003,
de 27 de Fevereiro]

Exposição de motivos

O Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português levou a cabo todos os


esforços para que tivesse sido possível fazer retroceder o Governo na sua
opção política de fazer valer os resultados da avaliação de desempenho
docente, consequência da imposição de um regime injusto e
comprovadamente discricionário, gerador de assimetrias e de um ambiente
humano incomportável nas escolas portuguesas.

É o próprio Governo que, fruto das lutas conduzidas pelos professores


portugueses e pelas suas estruturas sindicais acaba por reconhecer, através
de um processo negocial, as insuficiências e injustiças do modelo, bem
como a sua complexidade e o seu desajuste à situação real das escolas. A
confusão gerada nas escolas pela imposição deste regime, é também
amplificada pela constante alterações introduzidas no sistema, por
despacho ou até por circulares do Ministério. Seja a aplicação de um regime
de avaliação “simplex”, seja a não obrigatoriedade da entrega dos
objectivos individuais, todos são elementos que introduziram discrepâncias
significativas na forma como cada professor foi ou não avaliado,
particularmente considerando a diversidade das formas adoptadas em cada
escola ou agrupamento.

Independentemente dos erros técnicos grosseiros que resultam da


aplicação do regime de avaliação que ora será substituído, é importante
salvaguardar a transparência nos processos concursais para colocação de
professores, assim assegurando a transparência e a objectividade que
devem ser constantes presenças no sistema educativo, nomeadamente no
que toca à colocação de professores.

Para tal, é de extrema importância que os resultados desse regime de


avaliação não possam vir a produzir efeitos nas carreiras dos professores,
particularmente dos que lhe foram mais susceptíveis, ou seja, os
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professores contratados. Mas tão importante quanto os efeitos na


progressão de carreira são os efeitos nos processos de concurso de
colocação de professores. Por motivos que são absolutamente alheios aos
professores, um determinado professor pode ser substancialmente
prejudicado no concurso apenas por ter sido sujeito a um regime de
avaliação diverso. Ou seja, o Estado não pode, tal como não poderá o
Ministério da Educação, utilizar nos concursos de colocação de professores,
uma bitola igual para todos no que à avaliação de desempenho diz respeito,
pelo simples facto de esse mecanismo não ter sido igualmente aplicado a
todos. Claro que este é apenas o efeito mais evidente da aplicação do
normativo previsto no Decreto-Lei n.º 51/2009, de 27 de Fevereiro e que
qualquer consequência nos concursos que advenha dos resultados da
avaliação de desempenho será sempre, em si mesma, uma imposição
injusta que visa no essencial distorcer a forma como até hoje se utilizaram
apenas critérios objectivos para efeitos de graduação dos professores.

Da parte do Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português não


restarão dúvidas quanto à necessidade de proteger e valorizar a
transparência e a objectividade, aliás requisitos fundamentais para a própria
validade do concurso de colocação por oposição à introdução de critérios
cada vez mais subjectivos, influenciáveis e variáveis que fragilizarão os
concursos, na senda conhecida do Governo contra o concurso geral, rumo à
generalização da contratação por via de oferta de escola.

Nestes termos, ao abrigo das disposições legais e regimentais aplicáveis, os


Deputados abaixo assinados do Grupo Parlamentar do PCP, apresentam o
seguinte Projecto de Lei:

Artigo 1.º
Alteração ao Decreto-Lei n.º 51/2009, de 27 de Fevereiro

São alterados os artigos 14.º e 16.º do artigo 1.º do Decreto-Lei n.º


51/2009, de 27 de Fevereiro, que «Procede à segunda alteração ao
Decreto-Lei n.º 20/2006, de 31 de Janeiro, que reviu o regime jurídico do
concurso para selecção e recrutamento do pessoal docente da educação
pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, bem como da educação
especial, e que revogou o Decreto-Lei n.º 35/2003, de 27 de Fevereiro», que
passam a ter a seguinte redacção:

«Artigo 1.º
Objecto
[…]:
«(…)
Artigo 14.º
Graduação dos candidatos
1- A graduação dos candidatos detentores de qualificação profissional para
a docência é determinada pelo resultado da soma dos valores obtidos, nos
termos das alíneas seguintes:
a) (…);
b) (…);
c) Revogada.
d) (…);
e) (…).
2- […].
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3- […].

Artigo 16.º
Ordenação de candidatos
1- […].
2- […].
3- Em caso de igualdade na graduação, a ordenação dos candidatos
respeita a seguinte ordem:
a) Revogada.
b) (…);
c) (…);
d) (…);
e) (…);
f) (…).»

Artigo 2º
Entrada em vigor

A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

Assembleia da República, 29 de Abril de 2010

Os Deputados,

MIGUEL TIAGO; RITA RATO; ANTÓNIO FILIPE; BERNARDINO SOARES;


JERÓNIMO DE SOUSA; PAULA SANTOS; JOÃO OLIVEIRA; AGOSTINHO LOPES;
HONÓRIO NOVO; JOSÉ SOEIRO; JORGE MACHADO

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