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Livro Completo - G6
Livro Completo - G6
TRABALHOS CIENTÍFICOS
DO GRUPO G6
COLETÂNEA DE TRABALHOS CIENTÍFICOS DO GRUPO G6
Editoras
Angélica de Cássia Oliveira Carneiro
Paula Gabriella Surdi
Equipe Técnica
Ana Márcia Macedo Ladeira Carvalho
Angélica de Cássia Oliveira Carneiro
Benedito Rocha Vital
Marcio Arêdes Martins
Paulo Fernando Trugilho
Empresas do Grupo G6
Aperam
ArcelorMittal BioFlorestas
Gerdau
Plantar Siderúrgica S.A.
Saint-Gobain
Vallourec
Executores
Sociedade de Investigações Florestais - SIF
Laboratório de Painéis e Energia da Madeira - LAPEM/UFV
Universidade Federal de Viçosa - UFV
Parceiros
Departamento de Engenharia Florestal - DEF/UFV
Universidade Federal de Lavras - UFLA
Carneiro, Angélica de Cássia Oliveira; Surdi, Paula Gabriella.
Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6. Viçosa,
2018.
182p.: il.
ISBN: 978.85.8179.158-6
SUMÁRIO
26| Efeito da combustão dos gases da carbonização no rendimento gravimétrico da madeira de Eucalyptus
sp ................................................................................................................................................................. 104
27| Construção de um sistema de queima de gases da carbonização para redução da emissão de
poluentes...................................................................................................................................................... 106
28| Análise de risco econômico de dois sistemas produtivos de carvão vegetal ........................................ 109
29| Viabilidade econômica de diferentes sistemas de produção de carvão vegetal em escala industrial .. 114
30| Efeito do teor de umidade da madeira na emissão de gases de efeito estufa no processo de
carbonização ................................................................................................................................................ 117
31| Temperatura final de carbonização e queima dos gases na redução de metano, como base à geração
de créditos de carbono ................................................................................................................................ 120
TECNOLOGIA E COPRODUTOS .................................................................................................................. 125
32| Discriminação entre carvões provenientes de madeira de Eucalyptus sp. e de espécies nativas por
análise de imagens digitais .......................................................................................................................... 127
33| Resfriamento artificial em fornos retangulares para a produção de carvão vegetal ............................. 130
34| Perfil térmico e controle da carbonização em forno circular por meio da temperatura interna ............. 134
35| Balanço de massa e energia na pirólise da madeira de Eucalyptus em escala macro ........................ 137
36| Forno macro ATG: estudo do fluxo gasoso no processo da pirólise da madeira de Eucalyptus .......... 140
37| Secagem da madeira de eucalipto em toras a altas temperaturas ....................................................... 143
38| Teor de umidade da madeira em tora ................................................................................................... 147
39| Propriedades de briquetes obtidos de finos de carvão vegetal ............................................................. 150
40| Secagem de madeira em toras utilizando os gases combustos do queimador .................................... 152
41| Resfriamento artificial de carvão vegetal em fornos de alvenaria ......................................................... 156
42| Análise energética dos coprodutos da carbonização de madeira visando o aproveitamento energético
para a secagem da madeira e geração de energia elétrica ........................................................................ 158
43| Limites de inflamabilidade do gás da carbonização em tubo de combustão ........................................ 162
44| Quantificação de resíduos da colheita florestal e resíduos da carbonização ....................................... 165
45| Potencial dos resíduos da colheita florestal e resíduos da carbonização para geração de energia .... 168
46| Equações alométricas para estimar estoque de energia em árvores de eucalipto ............................... 172
47| Cogeração de energia a partir dos gases da carbonização e biomassa florestal usando microturbina
..................................................................................................................................................................... 175
48| Secadores de madeira: uma alternativa sustentável para o aumento da produção do carvão vegetal
..................................................................................................................................................................... 179
QUALIDADE DA MADEIRA E DO
CARVÃO VEGETAL
Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6 5
Bárbara L. Corradi Pereira, Angélica de C. O. Carneiro, Ana Márcia M. L. Carvalho, Jorge L. Colodette,
Aylson Costa Oliveira e Maurício P. F. Fontes
médios do índice de cristalinidade da madeira de carvão vegetal. Observa-se que o maior índice de
Eucalyptus.
cristalinidade e a menor relação S/G promoveram
incrementos no rendimento em carvão vegetal,
Apesar das interferências das regiões
visto que as estruturas cristalinas da celulose e as
amorfas da celulose, pode-se observar a presença
maiores proporções de unidades guaiacila, que
dos picos referentes aos planos cristalográficos nos
contribuem para a maior condensação da lignina,
seguintes ângulos de Bragg (2θ): 18,2 (plano 101);
aumentaram, possivelmente, a resistência da
26,1 (plano 002) e 40,9 (plano 040). Os resultados
madeira à degradação térmica.
de raios X apresentam os picos referentes aos
O PCS do carvão vegetal é superior ao da
planos cristalinos característicos dos materiais
madeira porque a maior parte dos componentes
lignocelulósicos, onde se pode observar que a
que possuem ligações menos estáveis na madeira
reflexão (002) foi a mais intensa para todos os
é degradada durante a pirólise, prevalecendo os
clones.
compostos que possuem ligações mais resistentes
Os clones 1 e 6 apresentaram os maiores
à ação do calor, como os anéis aromáticos
índices de cristalinidade, 70,6 e 70,3%,
presentes na estrutura da lignina. Ressalta-se que
respectivamente. Pressupõe-se que madeiras com
o poder calorífico superior do carvão vegetal
maiores índices de cristalinidade são mais
proveniente dos clones avaliados apresentaram um
resistentes à degradação térmica, o que contribuiria
incremento energético médio de 61,3%.
para o maior rendimento em carvão vegetal.
O teor de lignina total influenciou
Os rendimentos gravimétricos médios em
positivamente o PCS do carvão. O PCS do carvão
carvão vegetal obtidos para os diferentes clones
vegetal apresentou correlação positiva com os
são considerados satisfatórios (Tabela 3).
teores de carbono e hidrogênio e correlação
negativa com o teor de oxigênio.
Tabela 3. Rendimento gravimétrico em carvão
vegetal e suas correlações com as propriedades da O carvão dos diferentes clones avaliados
madeira, independentemente do clone
neste estudo, em geral, apresentou teores de
Rendimento Gravimétrico em Carvão Vegetal
Clones 1 2 3 4 5 6 carbono fixo e materiais voláteis ligeiramente
34,96 34,71 34,93 34,33 35,40 35,76
RGCV (%)
ab ab ab b ab a
distintos daqueles desejáveis para a siderurgia,
Correlações Significativas citados por Santos (2008), 75 a 80% de carbono
Lig.
Variáveis C H O Extrat. Cel. IC S/G
Tot. fixo e 20 a 25% de materiais voláteis. O teor de
RGCV 0,50* 0,61* -0,51* -0,51* 0,31 -0,32 0,50* -0,58*
Bárbara Luísa Corradi Pereira, Aylson Costa Oliveira, Ana Márcia Macedo Ladeira Carvalho, Angélica de
Cássia Oliveira Carneiro, Benedito Rocha Vital e Larissa Carvalho Santos
Bárbara Luísa Corradi Pereira, Ana Márcia Macedo Ladeira Carvalho, Aylson Costa Oliveira, Larissa
Carvalho Santos, Angélica de Cássia Oliveira Carneiro, Mateus Alves de Magalhães
do carvão vegetal, destacando-se, neste estudo, a Acesse o trabalho completo pelo QR Code
fração parede das fibras.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bárbara Luísa Corradi Pereira, Angélica de Cássia Oliveira Carneiro, Ana Márcia Macedo Ladeira Carvalho,
Paulo Fernando Trugilho, Isabel Cristina Nogueira Alves Melo e Aylson Costa Oliveira
degradação térmica da madeira dos diferentes residual, quando considerada a massa seca de
Na Figura 2 estão representadas as curvas entre os clones, sendo possível distinguir duas
DSC da madeira para os seis clones avaliados, a etapas de degradação, das hemiceluloses e
partir da curva intermediária obtida para cada celulose, além da secagem da madeira.
clone. A termogravimetria e a calorimetria podem
auxiliar na escolha de faixas de temperaturas
utilizadas no processo de carbonização em fornos
para a produção de carvão vegetal buscando a
maior eficiência do sistema. Além disso, através
das técnicas estudadas é possível identificar as
principais fases das reações de liberação ou
absorção de energia, e perda de massa, que estão
diretamente ligadas à qualidade do carvão vegetal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A DSC fornece a informação se a reação é YANG, H.; YAN, R.; CHEN, H.; LEE, D. H. ;
caracterizada por liberação de calor (exotérmica) ZHENG, C. Characteristics of hemicellulose,
cellulose and lignin pyrolysis. Fuel, v. 86, p. 1781-
ou absorção de calor (endotérmica), além de 1788, 2007.
fornecer a quantidade de calor envolvido na reação.
De acordo com Oliveira (2009), os dados Acesse o trabalho completo pelo QR Code
de DSC devem ser analisados sempre com cautela,
já que eles mostram o efeito total das reações que
incidem diretamente sobre a madeira,
denominadas reações primárias, e aquelas que
incidem na decomposição dos produtos
intermediários, tais como vapores orgânicos e
levoglucosana, denominadas reações secundárias,
sendo essas reações complexas, consecutivas
e/ou simultâneas.
CONCLUSÃO
finos e atiços para ambas as classes de diâmetro (CF) dos carvões produzidos com madeira de
Não houve efeito dos tratamentos na ao longo das posições do forno. No entanto, o
densidade a granel e aparente do carvão vegetal, mesmo não foi observado para as toras de maior
sendo os valores médios iguais a 156,41 e 355 diâmetro em relação as posições meio e fundo.
*Médias seguidas das mesmas letras não diferem entre si pelo O carvão vegetal produzido com toras de
teste Tukey, a 95% de probabilidade. Letras minúsculas
referem-se ao mesmo diâmetro nas diferentes posições; e letras menor classe de diâmetro teve uma maior
maiúsculas aos diferentes diâmetros para uma mesma posição
no forno. resistência a friabilidade.
Angélica de Cássia Oliveira Carneiro, Ana Flávia Neves Mendes Castro, Renato Vinícius Oliveira Castro,
Rosimeire Cavalcante dos Santos, Lumma Papaspyrou Ferreira, Renato Augusto Pereira Damásio e
Benedito Rocha Vital
Quando se utiliza biomassa para energia, a 100. Entre os clones, não houve diferença
composição elementar é uma propriedade do significativa, exceto aos 3 anos.
combustível muito importante e constitui a base Ainda na Figura 2, letra d, verifica-se que
para análise do processo de combustão. Na Figura não houve influência da idade no teor de oxigênio,
2 estão apresentados os valores médios para independentemente do clone. Entre os clones não
análise elementar da madeira dos três clones em ocorreu diferença significativa nas idades de 3 e 4
estudo, nas diferentes idades avaliadas. anos, sendo a diferença aos 5 e 7 anos
significativa.
De maneira geral, pela Figura 2e, verifica-
se que houve efeito da idade no teor de enxofre dos
clones GG 157 e GG 680. Houve também diferença
significativa entre os clones, exceto na idade de 5
anos. No clone GG 680, nas idades de 5 e 7 anos,
o teor de enxofre foi zero.
Na Figura 3 são apresentados os valores
médios da quantidade de energia por m 3 em função
dos tratamentos, da idade e do clone.
Coeficiente 1,44 1,33 1,29 1,23 1,21 cerne/alburno. Em relação às amostras da região
anisotrópico a b bc cd d
Médias na mesma linha seguidas da mesma letra não diferem do alburno, observou-se uma permeabilidade
entre si, a 95% de probabilidade, pelo teste Tukey.
gasosa média de 216,97 cm³/cm.atm.s.
vegetal (RGCV) a análise de variância indicou que consequentemente, maior será a massa restante
probabilidade. O valor médio foi de 28,49 %. No A friabilidade do carvão vegetal foi afetada
entanto, observou-se uma tendência de aumento pelo diâmetro da madeira. Madeiras de maiores
do rendimento gravimétrico em função do aumento diâmetros possuem maiores área de cerne, essa
da classe diamétrica. O aumento do rendimento região está mais propícia à formação de trincas e
fibras são variáveis, e apresentam-se crescentes Acesse o trabalho completo pelo QR Code
quanto a posição radial, no sentido medula-casca,
exceto para frequência de vasos e diâmetro do
lume das fibras.
A separação da madeira por classe de
diâmetro para secagem é uma prática que torna a
este processo mais rápido e eficiente.
Madeiras de menor diâmetro, associadas a
menor comprimento e a ausência de casca atingem
a umidade de 30% mais rapidamente que as
demais.
Madeiras de maior diâmetro necessitam de
uma carbonização mais lenta, pois a velocidade de
saída dos gases que geram pressão interna na
madeira produzem carvão com maior friabilidade.
Em madeiras de menores diâmetros é necessário
um maior controle da carbonização.
Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6 31
também de que possa vir a exigir este controle dos termogravimétricas (TGA e DTG) dos cavacos
Assim sendo, este trabalho teve como degradação térmica dos cavacos de madeira foram
diferencial exploratória (DSC) dos materiais. temperaturas de 218 e 224 ºC, respectivamente,
para a testemunha e os cavacos torrificados a 180
portanto, seu transporte não deve estar Spontaneous Ignition in Fire Investigation.
2012.
condicionado às normas da NBR 7500.
UNITED NATIONS, Recommendations on the
Transport of Dangerous Goods. Manual of tests
CONCLUSÃO
and criteria. Fifth revised edition. New York and
Geneva, 2009.
Quanto maior a temperatura do tratamento
YANG, H.; YAN, R.; CHEN, H.; LEE, D. H.;
térmico maior a massa residual dos cavacos ZHENG, C. Characteristics of hemicellulose,
quando submetidos ao teste termogravimétrico, cellulose and lignin pyrolysis. Fuel, v. 86, n. 12, p.
1781-1788, 2007.
sendo considerados os cavacos tratados à 260 ºC
e o carvão vegetal os materiais mais estáveis
Acesse o trabalho completo pelo QR Code
termicamente.
As fases exotérmicas dos cavacos de
madeira iniciaram em temperaturas superiores a
291 ºC e do carvão vegetal em temperaturas
superiores a 443 ºC.
Tanto os cavacos de madeira in natura e
torrificados quanto o carvão vegetal não sofreram
combustão espontânea, portanto, não devem ser
enquadrados na classe de risco 4.2 da Resolução
da ANTT (2004).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
Foram utilizados seis clones comerciais de
Os índices de qualidade presentes na Eucalyptus sp., aos nove anos de idade,
madeira podem variar consideravelmente com a provenientes de um teste clonal localizado na
espécie, idade, além de fatores genéticos e Fazenda Guaxupé Florestal, no município de Ubá-
ambientais e, afetarão diretamente seu uso final. MG.
A secagem da madeira é fator O experimento de secagem da madeira foi
determinante na maioria dos usos, a exemplo da instalado segundo um Delineamento Inteiramente
produção de carvão vegetal, pois influencia Casualizado utilizando-se três classes de diâmetro,
diretamente o rendimento gravimétrico, a geração com e sem casca, com duas repetições cada.
de finos, aumenta o tempo de carbonização, entre Os toretes de madeira foram colocados em
outros. Vale salientar que, hoje, no Brasil, existem uma estrutura a 60 cm do piso para evitar contato
aproximadamente 7,74 milhões de hectares de direto com o mesmo. Determinou-se a umidade
florestas plantadas, dos quais 38,7% são inicial dos toretes de madeira e o monitoramento da
destinados à produção de carvão vegetal e lenha secagem foi realizado quinzenalmente por meio de
(IBA, 2015), evidenciando a importância deste setor pesagens de cada torete até o 154º dia de
para a cadeia florestal. observação.
Sabe-se que a madeira depende de um Para a determinação da permeabilidade
longo período de tempo no campo, após o corte, longitudinal da madeira ao fluxo gasoso, foi
para que se possa perder o máximo de água livre montado um experimento em DIC, para os seis
possível, de modo a viabilizar o transporte, clones e três classes de diâmetro. Foram
reduzindo os custos com logística. Contudo, clones determinadas as permeabilidades do alburno para
de alta produtividade, de modo geral, apresentam as 3 classes de diâmetro e do cerne para 2 classes
fustes com diâmetros maiores, demandando de diâmetro.
maiores tempos de secagem. Determinou-se, também, a relação
Além do efeito direto do diâmetro das toras, cerne/alburno, a densidade básica da madeira no
a secagem também pode ser influenciada pelas sentido base-topo e medula-casca, a morfologia
características químicas, anatômicas e físicas da dos poros e fibras no sentido base-topo e a
madeira, dentre as quais destaca-se a composição química estrutural.
permeabilidade da madeira. De modo geral, Para os dados de secagem, foram
madeiras de maiores diâmetros e menos ajustados modelos exponenciais para explicar o
permeáveis necessitam de maiores tempos de comportamento da perda de umidade; e a
secagem. comparação entre os tratamentos foi realizada pelo
Neste contexto, esse trabalho buscou teste de identidade de modelos.
correlacionar as propriedades da madeira e a Os demais dados foram submetidos à
produtividade de diferentes clones de eucalipto análise de variância, e quando estabelecidas
com a velocidade de secagem de madeira em tora. diferenças entre eles, aplicou-se o teste Tukey em
nível de 5% de significância.
MATERIAL E MÉTODOS
Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6 35
analisa a diferença na relação cerne/alburno de do cerne variou de 3,98 a 5,04 cm³/cm.atm.s e que
uma altura para a seguinte, independente do clone, não houve diferenças significativas entre os
de modo geral, houve uma redução significativa. diferentes clones. Quando se observa o efeito
todos os clones a madeira de alburno apresentou- longitudinal de 4,35 pra 5,54 cm³/cm.atm.s, e
se mais densa que a madeira de cerne. A apesar desta pequena diferença, ela pode
densidade básica, em média, para os materiais contribuir diretamente para a secagem da madeira,
genéticos, foi de 0,44 para cerne, 0,49 para o cerne principalmente para clones que possuem alta
periférico e 0,53 g/cm³ para o alburno. Não houve relação cerne/alburno e classes de diâmetros
efeito significativo da interação clone e altura na maiores, onde a maior parte da madeira é de cerne.
De modo geral, observa-se que a diferença superior de cada classe o que, estabeleceu uma
na velocidade de secagem entre os clones é mais considerável diferença de diâmetros entre clones
significativa quando se avaliou as toras com casca, para mesma classe, fato este, mais expressivo na
ou seja, quando se retirou a casca da madeira as classe 1, a de maior diâmetro.
curvas de secagem dos diferentes clones avaliados
se mostraram mais próximas umas das outras e
quando se observa as curvas de secagem dos
clones com madeira sem casca, nota-se que as
mesmas estão mais distantes entre si, o que indica
que a diferença entre elas é altamente significativa,
segundo o teste de identidade de modelos. Isso
evidencia um efeito direto da espessura da casca,
bem como da sua composição química e
anatômica.
Na Figura 2 são apresentados os valores
médios de umidade das toras, observados e
estimados, durante o período de secagem para os
6 clones, com e sem casca, observando o efeito da
classe diamétrica.
De acordo com a Figura 2, observa-se que
houve diferenças significativas entre as curvas de
secagem, de acordo com o teste de identidade de
Figura 2. Valores médios estimados, da umidade
modelos, entre todas as classes, independente do da madeira dos 6 clones de Eucalyptus sp., com e
clone e presença e ausência de casca, exceto o sem casca em função do tempo de secagem,
observando o efeito da classe diamétrica.
clone 1213 com casca, o qual apresentou curvas
de secagem significativamente iguais para as CONCLUSÃO
classes de diâmetro 2 e 3, de acordo com o teste
de identidade de modelos, indicando que apenas Não houve diferenças significativas entre
um modelo pode ser ajustado para representar as as permeabilidades gasosas da madeira entre os
duas classes de diâmetro. Indica, também, que as clones. Porém, houve uma grande variação desta
clone 1213, com casca, têm o mesmo principalmente entre madeiras do cerne e madeiras
necessária a separação destas toras neste O clone mais permeável, no geral, foi o GG100,
possui um IMA (Incremento Médio Anual em diretamente a secagem. Clones mais permeáveis
m³/ha.ano) diferente, o que influenciou diretamente secaram mais rapidamente que clones menos
no diâmetro das toras. Logo, clones de menores permeáveis quando em diâmetros semelhantes,
prevaleceram com valores próximos ao limite porém, com menos intensidade nos clone 1213 e
38 Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6
Larissa Carvalho Santos, Ana Márcia Macedo Ladeira Carvalho, Bárbara Luísa Corradi Pereira, Aylson Costa
Oliveira, Angélica de Cássia Oliveira Carneiro e Paulo Fernando Trugilho
Artur Queiroz Lana, Thiago Taglialegna Salles, Angélica de Cássia Oliveira Carneiro, Marco Túlio Cardoso e
Ramon Ubirajara Teixeira
mufla dentro de um cadinho maior, de 30 ml. No Temperatura do TGA Massa da amostra % de perda de massa
915,5 20,0
ensaio TGA (ABNT), o equipamento foi ligado com
(%)
853,5 17,0
a contagem do tempo de queima. 838,0 16,3
822,5 15,5
Nos procedimentos para determinação de
807,0 14,8
cinzas, o tempo de queima foi prolongado nos 791,5 14,0
28,2 30,5 32,7 35,0 37,2 39,5 41,7 44,0 46,2
casos em que este não foi suficiente para que a Tempo (min)
amostra tivesse todo seu carbono fixo e materiais Figura 1. Curvas médias de temperatura no TGA,
tempo de queima e perda de massa da amostra
voláteis totalmente queimados.
durante a execução do procedimento TGA (ABNT).
CONCLUSÃO
Rosimeire Cavalcante dos Santos, Angélica de Cássia Oliveira Carneiro, Ana Flávia Mendes Castro, Renato
Vinícius Oliveira Castro, Juliana Jerasio Bianche, Marina Moura de Souza e Marco Túlio Cardoso
Médias seguidas da mesma letra, na mesma variável, não mesma produtividade. Provavelmente, o maior
diferem entre si, a 5% de significância, pelo teste Tukey.
Figura 4. Análise química imediata do carvão poder calorífico superior do carvão, observado
vegetal obtido de diferentes clones de eucalipto. neste estudo, se deve aos altos teores de carbono
fixo obtidos para os carvões dos diferentes
A partir da análise química imediata do
materiais genéticos.
carvão (Figura 4), observou-se valores médios para
Na Tabela 1 são apresentadas as
o teor de materiais voláteis variando entre 11,74%
correlações observadas entre as propriedades da
e 14,27%, teor de cinzas entre 0,39% e 0,76%,
madeira e do carvão dos materiais genéticos 1, 2,
sem, no entanto, esse último, apresentar efeito de
3 e 4, os quais representam os tratamentos
clone. O teor de carbono fixo variou entre 85,33% e
adotados na pesquisa.
87,52%. Segundo Santos (2008), a faixa desejada
de carbono fixo no carvão para uso siderúrgico está
Tabela 1. Correlações entre as propriedades da
compreendida entre 75% e 80%, no entanto, madeira e do carvão vegetal dos materiais
maiores teores de carbono fixo contribuem para o genéticos 1, 2, 3 e 4.
aumento na produtividade dos altos-fornos para o
mesmo consumo redutor. Observa-se, portanto,
que as faixas de valores encontradas no presente
trabalho para o teor de carbono fixo no carvão,
oriundo dos diferentes clones, atendem às
condições citadas como ideais para uso
siderúrgico.
Os valores médios encontrados para
densidade relativa aparente do carvão variaram
entre 0,266 e 0,345g/cm³.
Os valores médios do poder calorífico do
carvão dos clones de eucalipto estão apresentados
Correlações significativas a 10%*e 5%** de significância.
na Figura 5.
CONCLUSÃO
8.210 e 8.515 kcal/kg (Figura 5). Carvão vegetal modo geral, apresentou baixa frequência nas
especialmente para o emprego siderúrgico, menor rendimento e qualidade do carvão vegetal para
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Rosimeire Cavalcante dos Santos, Angélica de Cássia Oliveira Carneiro, Paulo Fernando Trugilho, Lourival
Marin Mendes, Ana Márcia Macedo Ladeira Carvalho
RESULTADOS E DISCUSSÃO
MATERIAL E MÉTODOS
Na Figuras 1A, 1B, 1C e 1D apresentam-
Foram utilizados, no presente trabalho, se, respectivamente, os termogramas referentes às
quatro materiais genéticos híbridos de Eucalyptus, análises termogravimétrica (TG) e térmica
sendo três de E. urophylla x E. grandis e um E. diferencial (DTA) dos materiais genéticos um, dois,
camaldulensis x E. grandis. Os materiais genéticos três e quatro.
foram denominados um, dois, três e quatro. O
Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6 51
1, que os referidos materiais genéticos também o material genético um diferiu estatisticamente dos
térmica durante o processo de pirólise, com valores médios estatisticamente superiores aos
destaque para o material genético um. Por outro mesmos. Além do maior rendimento em carvão
lado, o material genético três apresentou menores vegetal observado para esse material genético, a
gases condensáveis foram observados para as presente na madeira tem relação positiva com os
madeiras dos materiais genéticos um, dois e três, rendimentos gravimétricos em carvão vegetal e em
material genético quatro. Já, para os rendimentos variou entre 11,74 e 14,27%, o teor de cinzas entre
gravimétricos em gases não condensáveis, 0,39 e 0,76% e o teor de carbono fixo variou entre
maiores valores foram observados a partir das 85,33 e 87,52%. Maiores valores médios
quatro e não apresenta diferença estatística do foram observados no carvão oriundo do material
das hemiceluloses as quais, juntamente com a influenciadas, para uma mesma condição de
celulose, são degradadas dentro da faixa de processo, pelo teor de lignina na madeira.
e, assim, formam os gases condensáveis e não- densidade relativa aparente do carvão variaram
De acordo com a Figura 3, pode-se mostrou que o efeito de material genético foi não
carbono fixo, variando entre 24,20 e 26,44%. aparente do carvão vegetal. Dessa forma, para
essa variável, não há diferença estatística entre os
mesmos.
Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6 53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Rosimeire Cavalcante dos Santos, Angélica de Cássia Oliveira Carneiro, Benedito Rocha Vital, Renato
Vinícius Oliveira Castro, Graziela Baptista Vidaurre, Paulo Fernando Trugilho, Ana Flávia Neves Mendes
Castro
RESULTADOS E DISCUSSÃO
MATERIAL E MÉTODOS
As análises de variância indicaram
diferenças significativas ao nível de 5% de
Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6 55
Figura 3. Rendimentos gravimétricos em carvão voláteis, ricos em hidrogênio (H) e que tem poder
vegetal (RGCV), gases condensáveis (RGGC) e
calorífico superior ao da madeira. Os valores
gases não condensáveis (RGGNC) obtidos de
diferentes clones de eucalipto. médios observados para essa propriedade
variaram entre 8.210 e 8.515 kcal kg-1.
Conforme a Figura 3, observa-se diferença
O carvão vegetal com maior poder
significativa entre os materiais genéticos para os
calorífico proporciona, especialmente para o
rendimentos gravimétricos, apresentando valores
emprego siderúrgico, menor consumo de insumo
médios que variam entre 28,27% e 30,21%,
redutor, considerando uma mesma produtividade.
36,76% e 41,29%, 29,66% e 36,76%, para os
Provavelmente, o maior poder calorífico superior
rendimentos em carvão vegetal, gases
observado neste estudo se deve aos altos teores
condensáveis e gases não condensáveis,
de carbono fixo obtidos para os carvões dos
respectivamente.
diferentes materiais genéticos.
De modo geral, a partir da análise química
Verificou-se correlação negativa e
imediata do carvão oriundo dos diferentes materiais
significativa entre a relação S/G da madeira e o teor
genéticos, os teores de materiais voláteis
de materiais voláteis do carvão (-0,57), e positiva
observados variaram entre 11,74% e 14,27%, os
(0,53), entre a relação S/G e o teor de carbono fixo
teores de cinzas entre 0,39% e 0,76% e o teor de
do carvão. Esse resultado se deve à maior
carbono fixo variou entre 85,33% e 87,52%.
degradação da madeira que, durante o processo de
Os valores médios encontrados para a
pirólise, tem grande perda de massa e eliminação
densidade relativa aparente do carvão variaram
de compostos voláteis ricos em oxigênio e
entre 0,266 e 0,345g cm -3.
hidrogênio e, com isso, concentra-se carbono,
Na Figura 4 são apresentados os valores
derivado principalmente da lignina.
médios do poder calorífico superior do carvão
A análise de correlação indicou, também,
vegetal obtido a partir da madeira de diferentes
que o teor de lignina presente na composição
materiais genéticos de eucalipto.
química dos clones de eucalipto apresentou
correlação negativa com a densidade relativa
aparente do carvão (-0,67).
Correlações negativas foram observadas,
ainda, entre o teor de lignina da madeira e os
rendimentos gravimétricos em carvão vegetal (-
0,54) e gases não condensáveis (-0,46).
De acordo com Martins (1980), a lignina é
Médias seguidas da mesma letra, na mesma variável, não
diferem entre si, a 5% de significância, pelo teste Tukey. o componente químico da madeira mais estável
Figura 4. Poder calorífico do carvão vegetal obtido
termicamente, quando comparada com a
de diferentes clones de eucalipto.
holocelulose e com a própria madeira. Esse fato
Na Figura 4 verifica-se que os maiores está relacionado, segundo o autor, com a
valores significativos para o poder calorífico complexidade de sua estrutura química. Esperava-
superior do carvão foram observados para o carvão se, dessa forma, que esse composto contribuísse
oriundo da madeira do clone 4, que diferiu positivamente para o rendimento em carvão
estatisticamente dos demais. Isso se deve, vegetal, e, consequentemente, a correlação entre
provavelmente, ao menor teor de carbono fixo os referidos parâmetros fosse positiva.
presente no carvão oriundo desse clone que O teor de lignina da madeira, contudo,
apresenta também os maiores teores de materiais influenciou, positivamente, o poder calorífico
Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6 57
individualmente, além dos testes de Shapiro-Wilk propriedades do carvão vegetal por capacidade do
para normalidade e Levene para homogeneidade forno.
de variância.
A determinação da relação entre as Tabela 2. Teste Shapiro-Wilk para verificação da
normalidade dos dados e teste de Levenes para
propriedades no estoque, foi realizada por meio da
análise da homogeneidade de variância
combinação das técnicas de análise geoespacial GM TF DG CF MV CZ
Forno Teste (mm) (%) (kg/cm3) (%) (%) (%)
(IDW) e análise de componentes principais. O RAC SW * * * ns ns *
efeito da posição (comprimento, altura e largura) do 700 L ns ns * * * *
RAC SW ns * * * * ns
estoque nas propriedades do carvão vegetal foi 220 L ns ns * * * *
avaliado por meio da análise espacial (IDW) em * = p-valor<0,05; ns = não significativo
Legenda: SW = Teste Shapiro-Wilk; L = Leste de Levene; GM =
conjunto a técnica de aprendizagem de máquina Granulometria média; TF = Teor de finos; DG = Densidade a
granel = CF: Carbono fixo = MV = Materiais voláteis; CZ =
(random forest). Cinzas.
RAC 700, evidencia a necessidade de uma BOKEN, V. K.; HOOGENBOOM, G.; HOOK, J. E.;
amostragem que contemple todas as posições do THOMAS, D. L.; GUERRA, L. C.; HARRISON, K.
A. Agricultural water use estimation using
estoque. geospatial modeling and a geographic information
A utilização da interpolação IDW em conjunto system. Agricultural Water Management, v.67,
n.3, 2004, p.185-189.
com a análise de componentes principais e
aprendizagem de máquina, possibilita, por meio DESAVATHU, R.N.; NADIPENA, A.R.; PEDDADA,
J.R. Assessment of soil fertility status in Paderu
das avaliações dos mapas temáticos, a realização Mandal, Visakhapatnam district of Andhra Pradesh
de inferências a respeito da qualidade do carvão through Geospatial techniques. The Egyptian
Journal of Remote Sensing and Space Science,
vegetal em diferentes estoques industriais. Além v.21, n.1 2018, p.73-81.
disto, propicia a observação de possíveis
SOOHOO, W.M. Geospatial modeling and
problemas durante o processo de produção, como assessment of the environmentally sensitive
por exemplo, a possível existência de lands in the midwestern U.S. 2016. 45p.
Master's thesis - University of South Carolina,
contaminantes no carvão de alguns estoques. 2016.
62 Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6
MATERIAL E MÉTODOS
*Coeficiente de variação médio segundo Warrick e Nielsen
(1980).
Utilizou-se 25 materiais genéticos de
Eucalyptus spp., aos 87 meses de idade, cultivados A análise de Scott-Knott (Quadro 1) indicou
em espaçamento 3 x 3 metros, provenientes de um a formação de diferentes números de grupos para
teste clonal pertencente a empresa Aperam cada propriedade da madeira e do carvão vegetal.
BioEnergia no município de Itamarandiba, Minas Os grupos foram organizados em ordem
Gerais. decrescente de médias, sendo que o Grupo I
Foram determinadas as propriedades da contém as maiores médias para cada propriedade.
madeira e do carvão vegetal para todos os De modo geral, as propriedades da
materiais genéticos, além do rendimento madeira e do carvão vegetal, cujo coeficiente de
gravimétrico. variação foi classificado como médio,
Os dados foram submetidos ao algoritmo apresentaram a formação de um maior número de
de agrupamento hierárquico Scott-Knott, como
Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6 63
grupos quando comparado as propriedades que análise de componentes principais (PCA) pode ser
apresentaram coeficiente de variação baixo. uma alternativa para o estudo conjunto das
variáveis, de forma a permitir a visualização da
Quadro 1a. Materiais genéticos separados em estrutura dos dados, encontrar similaridade entre
grupos dissemelhantes entre si, para as
amostras, detectar amostras anômalas (outliers) e
propriedades da madeira, pelo teste Scott-Knott a
5% de probabilidade reduzir a dimensionalidade do conjunto de dados
(SOUZA; POPPI, 2012).
Para uma melhor compreensão das CPs
geradas em uma análise de componentes utilizou-
se a representação gráfica do tipo biplot (Figuras 1
e 2), na qual os materiais genéticos estão
representados por pontos, identificados com seus
respectivos números, e as variáveis são
Quadro 1b. Materiais genéticos separados em representadas por seus respectivos vetores.
grupos dissemelhantes entre si, para as
propriedades do carvão vegetal, pelo teste Scott-
Knott a 5% de probabilidade
Legenda: IMA = Incremento médio anual (m 3.ha-1.ano-1); CA = Observando-se os resultados das análises
Relação cerne/alburno; DB = Densidade básica (g.cm -3); FREP
= Frequência de poros (poros.mm-2); EXT = Extrativos totais (%); multivariadas foi possível constatar que os
REND = Rendimento gravimétrico em carvão vegetal (%); DA =
Densidade relativa aparente do carvão vegetal (g.cm -3); FRIA = materiais genéticos mais indicados para a
Friabilidade do carvão vegetal (%).
Figura 2. Vetores das propriedades da madeira e produção de carvão vegetal são 21, 10 e 9 (Grupos
do carvão vegetal e dispersão dos escores dos 25 VII e VIII). Observa-se que este grupo apresentou
materiais genéticos em relação aos componentes
principais 1 e 3. altos valores de incremento médio anual,
densidade básica da madeira, frequência de poros
Na Figura 3 é apresentado o dendrograma e extrativos totais. Além disso, apresentou altos
dos agrupamentos dos materiais genéticos em valores de rendimento gravimétrico e densidade
função das propriedades da madeira e do carvão relativa aparente, e um baixo valor de friabilidade
vegetal, selecionadas por meio da análise de do carvão vegetal.
componentes principais. Na Tabela 2 são
apresentados os valores médios das propriedades CONCLUSÃO
da madeira e do carvão vegetal para cada grupo
formado por meio da análise de agrupamentos De modo geral, as propriedades da
hierárquico. madeira e do carvão vegetal, dos diversos
materiais genéticos avaliados, apresentaram-se
satisfatórias para a produção de carvão vegetal
para uso siderúrgico. Sendo que, a maior parte das
propriedades apresentaram baixo coeficiente de
variação.
A análise termogravimétrica da madeira
permitiu a identificação de possíveis materiais
genéticos superiores para a produção de carvão
vegetal, com destaque para os materiais 9 (Híbrido
de E. urophylla e E. maidenii), 10 (Híbrido de E.
urophylla e Eucalyptus sp.) e 21 (Híbrido de E.
Figura 3. Dendrograma obtido pelo método urophylla, E. camaldulensis, E. grandis e
“Complete linkage”, utilizando a distância Eucalyptus sp.).
euclidiana obtida por meio de médias padronizadas
de características da madeira e do carvão vegetal O teste de Scott-Knott mostrou-se eficiente
para os 25 materiais genéticos. para a seleção de materiais genéticos para a
produção de carvão vegetal, sendo selecionado por
Tabela 2. Valores médios das propriedades da
madeira e do carvão vegetal para os grupos meio desta ferramenta estatística o material
formados pela análise de agrupamento. genético 9 (Híbrido de E. urophylla e E. maidenii) e
21 (Híbrido de E. urophylla, E. camaldulensis, E.
grandis e Eucalyptus sp.).
As análises multivariadas de componentes
principais e de agrupamentos mostraram-se
Legenda: IMA = Incremento médio anual (m 3.ha-1.ano-1); CA = eficazes para a seleção de materiais genéticos para
Relação cerne/alburno; DB = Densidade básica (g.cm -3); FREP
= Frequência de poros (poros.mm-2); EXT = Extrativos totais (%); a produção de carvão vegetal, sendo os materiais
REND = Rendimento gravimétrico em carvão vegetal (%); DA =
Densidade relativa aparente do carvão vegetal (g.cm -3); FRIA = 9 (Híbrido de E. urophylla e E. maidenii), 10
Friabilidade do carvão vegetal (%).
(Híbrido de E. urophylla e Eucalyptus sp.) e 21
(Híbrido de E. urophylla, E. camaldulensis, E.
Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6 65
grandis e Eucalyptus sp.) mais indicados por meio cerne/alburno, densidade básica, frequência de
destas ferramentas estatísticas. poros e teor de extrativos da madeira. As
Apesar de ambas as análises se propriedades do carvão vegetal que mais
mostrarem eficientes na solução do problema contribuíram foram rendimento gravimétrico,
proposto pelo estudo, existem algumas densidade relativa aparente e friabilidade.
peculiaridades que devem ser ressaltadas: o teste
de Scott-Knott permite a visualização dos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
resultados de cada propriedade de forma
independente, permitindo ao pesquisador/executor BOOS, D.B.; STEFANSKI, L.A. P-Value Precision
and Reproducibility. The American Statistician,
atribuir um peso maior a determinada propriedade v.65, 2011, p.213-221.
em detrimento as outras; em contrapartida, a
COLQUHOUN D. An investigation of the false
análise multivariada possibilitou a observação das discovery rate, and the misinterpretation of p-
relações entre as propriedades. Essa peculiaridade values. Royal Society Open Science, 2014.
permite ao pesquisador saber qual ou quais SOUZA, A.M.; POPPI, R.J. Experimento didático
propriedades estão contribuindo mais para a de quimiometria para análise exploratória de óleos
vegetais comestíveis por espectroscopia no
variância conjunta dos dados. infravermelho médio e análise de componentes
Neste estudo as propriedades que mais principais: um tutorial, parte I. Química Nova,
v.35, n.1, 2012, 223-229.
contribuíram para a variância conjunta dos dados
foram o incremento médio anual, relação
66 Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre Os teores de materiais voláteis e de
si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey
carbono fixo sofreram influência da interação entre
Pelo desdobramento e avaliação do efeito os clones e os locais de plantio. O desdobramento
de clone dentro de espaçamento de plantio e avaliação do efeito de clone dentro de local de
observou-se que o clone 1 plantado no plantio mostra que na localidade de Itacambira os
espaçamento de 12 m 2 apresentou o menor clones não apresentaram diferenças significativas
rendimento em carvão (34,80%), enquanto os entre si para as variáveis analisadas. O clone 2,
outros materiais obtiveram rendimentos superiores quando plantado em Curvelo, destacou-se do
a 36%. No espaçamento de 9 m 2 não foi observada demais pois apresentou menor teor de materiais
influência do material genético no rendimento de voláteis (24,25%) acompanhado de um maior teor
carvão vegetal. de carbono fixo (75,27%).
A densidade relativa aparente do carvão O teor de materiais voláteis dos clones
vegetal foi estatisticamente diferente entre os variou entre 24,15 e 26,85%. Apesar das diferenças
materiais genéticos estudados, sendo que o clone significativas entre os clones, os teores de cinzas
3 apresentou os menores valores médios (0,326 foram baixos, apresentando valores médios de
g.cm-3). Os clones 1 e 2 apresentaram valores 0,61%.
68 Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6
Figura 4. Perfil de degradação térmica dos clones exploratória diferencial, mostraram que não
nas localidades de Itacambira (A) e Curvelo (B), existem diferenças significativas entre as madeiras
sob taxa de aquecimento de 10 °Cmin-1.
dos diferentes tratamentos estudados, o que é
energia de ativação obtidos pelos diferentes da composição química estrutural e elementar dos
influenciadas tanto pelos locais de plantio quanto temperatura obtidas através das análises
favoravelmente para características importantes da diferentes métodos foram coerentes aos valores
madeira, como densidade básica, teor de lignina e encontrados na literatura para estudos com
Os três métodos utilizados, Kissinger, FWO Acesse o trabalho completo pelo QR Code
e KAS, foram satisfatórios para obtenção dos
parâmetros cinéticos, sendo que o método de
Kissinger apresentou-se menos consistente para
estimar a Ea, mas ainda assim demonstrou ser
eficiente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
2850 Ab
2100
todas as idades, não houve diferença significativa 3 4 5 7
Idade (anos)
na relação cerne/alburno entre os clones. Os GG100 GG157 GG680
4650 Ba Ab Ba Ba
Aa
4600
4550
Cb melhor desempenho desse clone. Os valores
4500 Bb Bb
4450
médios para o clone GG 157 variaram de 2408
4400
4350 kW.h.m-³ a 2916 kW.h.m-³.
3 4 5 7
Idade (anos) Não houve influência da idade no teor de
GG100 GG157 GG680
Médias seguidas da mesma letra maiúscula entre as idades e nitrogênio, exceto para o clone GG 680, que
minúscula entre os clones, não diferem entre si. Todos a 5% de
significância, pelo teste Kruskall-Wallis. apresentou menores teores desse elemento nas
Figura 1. Poder Calorífico Superior (Kcal/Kg) da
idades de cinco e sete anos. Entre os clones
madeira em função da idade e clone.
ocorreu diferença significativa para todas as
Analisando a Figura 1, observa-se que idades, exceto aos quatro anos. Os valores médios
houve efeito da idade no poder calorífico superior para o teor de nitrogênio variaram de 0,14 a 0,18;
da madeira, e diferença significativa entre os 0,13 a 0,18; 0,09 a 0,19, para os clones GG 100,
clones, em todas as idades. Os valores médios de GG 157 e GG 680, respectivamente.
poder calorífico superior da madeira obtidos no Não houve influência da idade no teor de
presente trabalho foram de 4633 Kcal/Kg (GG 100), carbono, exceto para o clone GG 680, que
4660 Kcal/Kg (GG 157) e 4542 Kcal/Kg (GG 680). apresentou aumento do teor de carbono com o
Na Figura 2 estão apresentados os valores aumento da idade. Observa-se que houve efeito
médios para quantidade de energia por m 3 em significativo do clone nas diferentes idades
função dos tratamentos idade e clone. avaliadas, exceto na idade quatro anos. O maior
valor encontrado para o teor de carbono foi de
48,42% para o clone GG 680 aos sete anos, e o
menor valor foi de 45,84% para o clone GG 157 aos
sete anos.
Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6 73
Não houve influência da idade no teor de médios para a relação S/G variaram de 2,7 a 2,3;
hidrogênio, exceto para o clone GG 100. Entre os de 3,2 a 2,8; de 2,5 a 2,4 para os clones GG 100,
clones não houve diferença significativa, exceto GG 157 e GG 680, respectivamente.
aos três anos. O maior valor médio obtido para o Houve efeito da idade para os três clones
teor de hidrogênio foi de 6,41% para o clone GG avaliados para o teor de holocelulose. Observou-
100 aos três anos de idade, e o menor foi de 6,13% se, também, que existe diferença significativa entre
encontrados para o clone GG 100 aos sete anos e os clones em todas as idades, exceto aos quatro e
para o clone GG 680 aos cinco anos cinco anos. Os valores para o teor de holocelulose
Não houve influência da idade no teor de da madeira variaram de 62,46% a 65,41%; 63,95%
oxigênio, independente do clone. Entre os clones a 66,24%; 61,88% a 65,24% para os clones
não ocorreu diferença significativa para as idades GG100, GG 157, GG 680, respectivamente.
de três e quatro anos, sendo que aos cinco e sete Na Figura 3 estão apresentados os
anos a diferença foi significativa. O maior valor termogramas referentes às análises de TGA em
encontrado para o teor de oxigênio foi de 47,85% função da idade e dos materiais genéticos.
para o clone GG 157 aos sete anos de idade, e o
(A)
menor foi de 45,28% obtido para o clone GG 680,
100% 3 anos 100% 4 anos
GG100 GG100
TGA (%)
60%
20% 20%
TGA (%)
60%
TGA (%)
60%
40% 40%
0% 0%
(B)
médios obtidos para teor de extrativos foram de 100% Clone GG100 100% Clone GG157
3 anos 3 anos
60% 7 anos
TGA (%)
60%
20% 20%
60%
40%
0%
0 100 200 300 400 500
73,0
vegetal em função da idade e clone. 71,0
69,0
67,0
65,0
7600 Aa Aa 3 4 5 7
Poder Calorífico Superior
Aa Aab Aa
Ab Ab Ab Ab Aa
7400 Ab Aa Idade (anos)
7200 GG100 GG157 GG680
(Kcal/Kg)
7000
Médias seguidas da mesma letra maiúscula entre as idades e
6800
6600
minúscula entre clones, não diferem entre si a 5% de
6400 significância, pelo teste Tukey.
6200 Figura 5. Teor de carbono fixo do carvão vegetal
6000
3 4 5 7
em função da idade e clone.
Idade (anos)
GG100 GG157 GG680
Médias seguidas da mesma letra maiúscula entre as idades e O teor de carbono fixo do carvão para a
minúscula entre clones, não diferem entre si a 5% de
significância, pelo teste Tukey. siderurgia deve estar em torno de 70% a 80%
Figura 4. Poder calorífico do carvão vegetal em
(SANTOS, 2008). Observa-se que os valores
função da idade e clone.
obtidos no presente estudo estão de acordo com as
Pela Figura 4 observa-se que não houve exigências para uso em siderurgia.
influência da idade para os três clones avaliados. Analisando a Figura 5 verifica-se que não
Entretanto, houve diferença significativa entres os houve efeito da idade no teor de carbono fixo do
clones em todas as idades, exceto aos sete anos. carvão vegetal, exceto para o clone GG 157 que
Os valores para o poder calorífico superior do apresentou um menor valor para essa variável aos
carvão variaram de 7332 kcal/kg a 7478 kcal/kg; sete anos. Observa-se que houve diferença
7279 kcal/kg a 7383 kcal/kg; 7282 kcal/kg a 7363 significativa entre os materiais genéticos, exceto na
kcal/kg para os clones GG 100, GG 157 e GG 680, idade de cinco anos. De modo geral, o clone GG
respectivamente. 100 apresentou os maiores teores de carbono fixo.
Verificou-se um aumento no teor de Os valores médios para teor de carbono fixo no
voláteis do carvão em função da idade, exceto para carvão variaram de 75,75% a 77,55%; 74,25% a
o clone GG 680 que não apresentou diferença 76,63%; 74,71% a 76,36% para os clones GG 100,
significativa entre as idades. Observou-se, ainda, GG 157 e GG 680, respectivamente.
que o teor de matérias voláteis foi influenciado pelo Na Figura 6 são apresentados os valores
material genético utilizado para a produção de médios para o rendimento gravimétrico em carvão,
carvão vegetal, exceto para idade de sete anos. o rendimento gravimétrico em gases condensáveis
Avaliando o efeito da idade no teor de e o rendimento gravimétrico em gases não
cinzas dos carvões, independente do clone verifica- condensáveis, em função da idade e clone.
se, de modo geral, uma redução desta variável a
medida que se aumentou a idade da árvore. Os
valores médios de teor de cinzas no carvão
variaram de 0,48% a 1,24%; 0,35% a 1,44%; 0,17%
a 0,65% para os clones GG 100, GG 157 e GG 680,
respectivamente.
Na Figura 5 são apresentados os valores
médios para o teor de carbono fixo do carvão
vegetal em função da idade e clone.
Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6 75
40
680 apresentou o maior potencial para a produção
Rendimento Gravimétrico em
37
Aa Aa
31
de carvão.
28
25 Entretanto, deve-se avaliar também, a
22
3 4 5 7 produtividade das florestas, com o objetivo de
Idade (anos)
50 GG100 GG157 GG680
determinar se o ganho em qualidade da madeira é
Rendimento Gravimétrico em
Aa Aa Aa Aa Aa Aa Aa
Gases Condensáveis (%)
Aa Aa Aa
45 Ba Bb
40
35
superior ao ganho pela produtividade.
30
25
E por fim, conclui-se que os três materiais
20
3 4 5 7 genéticos estudados, independentemente da
Idade (anos)
25 GG100 GG157 GG680
idade, atendem as especificações para uso
Gases Não Condensáveis (%)
Rendimento Gravimétrico em
Aa Aa Aa
Aa Aa
Aa Aa Aab Ab
20 Aa Bb Bb
5
satisfatório.
0
3 4 5 7
Idade (anos)
GG100 GG157 GG680
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Médias seguidas da mesma letra maiúscula entre as idades e
minúscula entre clones, para uma mesma variável, não diferem
entre si a 5% de significância, pelo teste Tukey.
BRITO, J. O.; BARRICHELO, L. E. G.; SEIXAS,
Figura 6. Rendimento gravimétrico em carvão, F.; MIGLIORINI, A. J.; MURAMOTO, M. C. Análise
rendimento gravimétrico em gases condensáveis e da produção energética e de carvão vegetal de
rendimento gravimétrico em gases não espécies de eucalipto. IPEF, Piracicaba, n. 23, p.
condensáveis em função da idade e clone. 53-56, 1983.
Aylson Costa Oliveira, Angélica de Cássia Oliveira Carneiro, Bárbara Luísa Corradi Pereira, Benedito Rocha
Vital, Ana Márcia Macedo Ladeira Carvalho, Paulo Fernando Trugilho e Renato Augusto Pereira Damásio
INTRODUÇÃO
25% e segundo Minette et al. (2007), neste tipo de carbonização durante um terço do tempo total de
forno, o trabalhador fica exposto a altas carbonização, sem a necessidade de
temperaturas e aos gases originários da abastecimento com resíduos lignocelulósicos, além
carbonização da madeira. de reduzir quase que a totalidade das emissões de
O valor médio de 8,85% de atiço para esse fumaça para o ambiente.
sistema forno-fornalha foi considerado elevado,
com possibilidade de redução do seu valor, o que REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
reflete no aumento do rendimento gravimétrico em
carvão vegetal, como foi verificado na quarta CARDOSO, M. T.; DAMÁSIO, R. A. P.;
CARNEIRO, A. C. O.; JACOVINE, L. A. G.;
carbonização deste trabalho. Para tal, devem-se VITAL, B. R.; BARCELLOS, D. C. Construção de
manter os controladores de ar mais tempo abertos um sistema de queima de gases da carbonização
para redução da emissão de poluentes. 2010.
após a chegada da frente de carbonização e Cerne, Lavras-MG, v. 16, Suplemento, p. 115-124,
cumprir os tempos e as temperaturas 2010.
MATERIAL E MÉTODOS
Figura 2. Processo de tratamento e análise dos
O forno utilizado neste experimento gases.
desmontada com facilidade, e deslocada para outra construtivas do sistema de combustão devem ser
praça de carbonização. conduzidos para melhorar o controle da
A baixa inércia térmica da manta cerâmica carbonização e aproveitamento da energia gerada
faz com que ocorram variações abruptas de no processo.
temperatura demando uma quantidade
considerável de combustível auxiliar para manter a REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
base aquecida. Logo, o uso de tijolos refratários
para a construção da base é uma alternativa mais BRITO, J. O. Princípios de produção e
utilização de carvão vegetal de madeira.
adequada. Documentos Florestais. 1990, Vol. 9, pp. 1-19.
A câmara de combustão funcionou
CARDOSO, M. T.; DAMÁSIO, R. A. P.;
adequadamente como queimador de gases, CARNEIRO, A. C. O.; JACOVINE, L. A. G.;
promovendo a queima dos gases durante 32% do VITAL, B. R.; BARCELOS, D. C. Construção de
um sistema de queima de gases da carbonização
tempo total de carbonização. No entanto houve para redução da emissão de poluentes. Revista
interrupção da chama devido a variação de vazão Cerne. 2010, Vol. 16, pp.115-124.
dos gases.
Acesse o trabalho completo pelo QR Code
O gasto de combustível auxiliar para
abastecimento da câmara de combustão na fase de
baixa vazão de gases foi considerada pequena.
Houve redução da concentração de
metano e monóxido de carbono emitidos durante a
carbonização com queima dos gases.
A queima dos gases não afetou o
rendimento e a qualidade do carvão vegetal.
As temperaturas médias medidas durante
o funcionamento da câmara de combustão
evidenciam o grande potencial energético que pode
ser aproveitado.
Outros estudos para verificar as dimensões
corretas, bem como as melhores características
84 Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6
combustão que maximize a temperatura e minimize multi-objetivo. No qual se deseja minimizar a fração
média de CO na saída, que significa oxidá-lo quase
Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6 89
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
algumas fornalhas pelas empresas, ainda são sp., na Unidade Experimental de Carvão Vegetal da
necessárias pesquisas para obter a melhor relação Universidade Federal de Viçosa - MG.
Tabela 4. Redução das concentrações na chaminé A fornalha metálica para combustão dos
em relação ao duto
gases da carbonização pode ser considerada uma
alternativa às fornalhas convencionais de
alvenaria, pois realiza eficientemente a combustão
dos gases da carbonização e tem potencial de ser
Observa-se que a fornalha, quando
produzida em escala comercial, adaptando-se a
operante, conseguiu reduzir grande parte da
novas e a UPCs já existentes e atendendo a
emissão dos gases nocivos para atmosfera. No
pequenos, médios e grandes produtores de carvão
entanto, melhores resultados poderiam ser obtidos
vegetal.
com a utilização de materiais construtivos
refratários para promover o amortecimento térmico
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
e o isolamento do sistema.
300
250
200
Observa-se na Tabela 1 que nas Fases I e
150
100 II do processo de carbonização, os valores médios
50
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75
dos parâmetros da fornalha para ambas as classes
Tempo (horas)
Tabela 1. Valores médios dos parâmetros da diâmetro tiveram menor ciclo de carbonização,
fornalha. fazendo com que na Fase III ocorresse maior
Fase I Fase II
Parâmetros 13-18
liberação de gases combustíveis, devido a maior
7-12 cm 13-18 cm 7-12 cm
cm
Tempo total de queima dos
área superficial das toras de menor diâmetro, o que
0a 0a 0a 0a
gases (%)
Temperatura dos gases no
promoveu maior transferência de calor por unidade
56,93 a 50,13 a 92,18 a 65,58 b
duto (°C)
Temperatura Câmara de de tempo e também pelo maior teor de umidade
48,87 a 50,06 a 65,55 a 53,75 a
combustão (°C)
Temperatura da Chaminé das toras de maior diâmetro.
52,80 a 54,50 a 69,83 a 60,08 a
Ponto 1 (°C)
98 Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
As concentrações médias dos principais carbonização e essas por sua vez quando
gases não condensáveis do processo de acontecem, ocasionam uma maior degradação da
carbonização, como o metano (CH4), dióxido de madeira e, consequentemente, gerou maior volume
carbono (CO2), monóxido de carbono (CO) e de gases, elevando os níveis CO.
oxigênio (O2), foram apresentadas a partir das Verifica-se que a concentração de CO
emissões médias em intervalos de 6 em 6 horas até diminui consideravelmente, ao final do processo de
o término do processo. carbonização, devido a redução dos produtos
Foi avaliado o efeito da temperatura na voláteis presentes na massa de carvão resultante.
concentração e poder calorífico dos gases não Na Figura 3 é apresentada a concentração
condensáveis da carbonização ao longo do média do gás dióxido de carbono (CO2).
processo.
16 450
14 400
combustão, fazendo com que ocorresse uma inflamáveis advindos do forno, ou até mesmo pelo
diluição do CO2 pelo ar atmosférico. seu limite de inflamabilidade.
Na Figura 4 é apresentada a concentração Na Figura 5 é apresentado o poder
média do gás metano (CH4) ao longo do processo calorífico dos gases ao longo do processo de
de carbonização. carbonização.
350 350
0,5 300
300 300
250
0,4 250 250
200
0,3 200 200
150 150
0,2 150
100 100 100
0,1 50 50 50
0 0 0 0
0 6 12 18 24 30 36 42 48 54 60 66 72 78 0 6 12 18 24 30 36 42 48 54 60 66 72 78
Tempo (horas) Tempo (horas)
Duto Chaminé Temperatura (°C) Duto Chaminé Temperatura (°C)
Figura 4. Concentração média de metano em Figura 5. Poder calorífico médio dos gases em
função do tempo de carbonização. função do tempo de carbonização.
CONCLUSÃO
Marco Túlio Cardoso, Angélica de Cássia Oliveira Carneiro, Renato Augusto Pereira
Damásio, Laércio Antônio Gonçalves Jacovine, Benedito Rocha Vital,
Maria Cristina Martins, Rosimeire Cavalcante dos Santos
MATERIAL E MÉTODOS
Era esperado um rendimento gravimétrico de 30% do tempo total de carbonização com chama
em carvão vegetal médio de pelo menos 30%. constante na câmara de combustão, reduzindo em
Sendo assim os valores obtidos foram quase totalidade os gases de efeito estufa.
considerados baixos, evidenciando a necessidade A utilização da fornalha não influenciou o
de maiores ajustes no controle do processo de rendimento gravimétrico em carvão vegetal e
carbonização. reduziu a quantidade de tiços, porém aumentou a
A formação de “tiço” foi superior para proporção de finos gerados; evidenciando a
carbonização sem queima de gases, 12,5%, contra necessidade de um maior controle da
3,5% observados na carbonização com queima de carbonização, visto que a queima dos gases
gases. Esses valores estão relacionados com a aumenta a sua velocidade.
geração de finos, pois se obteve maior
percentagem de finos na carbonização com queima REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
de gases, 4,35%, contra 3,25% da carbonização
sem queima de gases. Isso ocorreu porque na CARVALHO JR., J. A.; MCQUAY, M. Q.
Princípios de combustão aplicada.
carbonização com queima de gases há, desde o Florianópolis, 2007. 176p.
princípio do processo, o acendimento da fornalha,
VALE, A. T.; GENTIL, L. V. Produção e uso
o que causa um gradiente um gradiente de energético de biomassa e resíduos agroflorestais.
temperatura entre ela e o forno, fazendo com que a In: OLIVEIRA, J. T. S; FIEDLER, N. C.;
NOGUEIRA, M. (Ed.). Tecnologias aplicadas ao
sucção dos gases seja maior, acelerando o setor madeireiro III. Jerônimo Monteiro-ES: 2008.
processo de carbonização. p. 196-246.
CONCLUSÃO
Marco Túlio Cardoso, Renato Augusto Pereira Damásio, Angélica de Cássia Oliveira Carneiro, Laércio
Antônio Gonçalves Jacovine, Benedito Rocha Vital, Daniel Câmara Barcelos
INTRODUÇÃO
período de carbonização, com e sem a fornalha em da energia do forno para sua posterior utilização
funcionamento.
com fonte de calor, para secagem da madeira, por
Pelo que se observa no gráfico da Figura 5,
exemplo.
houve redução significativa nas concentrações de
monóxido de carbono quando se procedeu a
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
queima dos gases, evidenciando, com isso, que a
maior parte desse gás foi oxidada e liberada na
AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND
forma de CO2. MATERIALS. ASTM D 1945: standard test method
for analysis of natural gas by gas chromatography.
Philaldelphia, 1996.
CONCLUSÃO
ELK, A. G. P. Van. Mudanças climáticas, lixo,
energia. São Paulo, 2010. Disponível em:
A estrutura do forno é adequada, uma vez
<http://www.ecosdasardenha.com.br/palestras/pal
que suportou as carbonizações. Porém, é estrantes/05_Ana_Ghislane_Van_ Elk.pdf>.
Acesso em: 31 jun. 2010.
necessário um estudo de materiais, com objetivo de
reduzir o custo de construção. U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY.
Measurement of gaseous organic compound
A fornalha funcionou adequadamente
emission by Gas Chromatography- Method 18;
como queimador de gases da carbonização, tendo Code of Federal Regulations, Part 60, Subpart
TTT. Washington, 1997.
33% do tempo total de carbonização com chama
constante na câmara de combustão, reduzindo em
Acesse o trabalho completo pelo QR Code
quase totalidade os gases de efeito estufa.
O gasto de combustível para manter a
fornalha funcionando é desprezado a partir do
momento em que se utiliza uma fornalha central
para quatro fornos, carbonizando de modo
sincronizado, com o objetivo de manter a fornalha
constantemente acesa, apenas queimando os
gases combustos da carbonização.
Os gases de efeito estufa, principalmente
metano e monóxido de carbono, foram reduzidos
eficientemente pela utilização da fornalha, tendo a
quantidade liberada diminuído em 96% e 93%,
respectivamente.
Recomendam-se outros estudos para
redimensionar, principalmente, a chaminé e a
câmara de combustão da fornalha para se ter um
melhor controle da carbonização e aproveitamento
Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6 109
Aylson Costa Oliveira, Bárbara Luísa Corradi Pereira, Thiago Taglialegna Salles, Angélica de Cássia Oliveira
Carneiro, Artur Queiroz Lana
Nos anos em que não houve construção carvão vegetal, no sistema fornos-fornalha e nos
Ano
Sistema forno-fornalha Tabela 3. Indicadores econômicos e financeiro da
Custo Receita Saldo produção de carvão vegetal
1 65.180,94 86.400,00 21.219,06 Sistema forno- Fornos rabo-
2 61.010,54 86.400,00 25.389,47 Indicador
fornalha quente
3 61.010,54 86.400,00 25.389,47 VPL (R$) 190.001,40 68.581,13
4 61.010,54 86.400,00 25.389,47 VAE (R$/ano) 24.562,97 8.866,02
5 61.010,54 86.400,00 25.389,47 B/C 1,40 1,11
6 61.010,54 86.400,00 25.389,47 Lucratividade (%) 28,43 10,26
7 65.180,94 86.400,00 21.219,06
8 61.010,54 86.400,00 25.389,47
9 61.010,54 86.400,00 25.389,47 O Valor Presente Líquido (VPL) foi positivo,
10 61.010,54 86.400,00 25.389,47
11 61.010,54 86.400,00 25.389,47 indicando a viabilidade de ambos os projetos.
12 61.010,54 86.400,00 25.389,47
Total 740.467,23 1.036.800,00 296.332,77 Porém, o VPL obtido para o sistema fornos-fornalha
Fornos rabo-quente
Ano foi igual a R$ 190.001,40 e para os fornos rabo-
Custo Receita Saldo
1 78.838,80 86.400,00 7.561,20
2 76.131,30 86.400,00 10.268,70 quente de R$ 68.581,13. Assim, o lucro obtido
3 78.838,80 86.400,00 7.561,20
4 76.131,30 86.400,00 10.268,70
devido à produção e comercialização no projeto do
5 78.838,80 86.400,00 7.561,20 sistema fornos-fornalha é três vezes maior que o
6 76.131,30 86.400,00 10.268,70
7 78.838,80 86.400,00 7.561,20 lucro dos fornos rabo-quente.
8 76.131,30 86.400,00 10.268,70
9 78.838,80 86.400,00 7.561,20 O Valor Anual Equivalente (VAE)
10 76.131,30 86.400,00 10.268,70
11 78.838,80 86.400,00 7.561,20 representa o lucro anual e foi positivo para os dois
12 76.131,30 86.400,00 10.268,70
Total 929.820,60 1.036.800,00 106.979,40 projetos analisados, indicando a viabilidade de
ambos.
Observando os fluxos de caixa (Tabela 2), Ambas as razões Benefício-Custo (B/C)
verifica-se que ambas as tecnologias de conversão foram superiores a 1. Para o sistema fornos-
da madeira em carvão apresentam saldo positivo a fornalha a razão B/C foi de 1,40 e para os fornos
partir do primeiro ano. Além disso, observa-se que rabo-quente esta razão foi igual a 1,11. Dessa
os fornos rabo-quente apresentam maior custo forma, para o sistema fornos-fornalha as receitas
anual provocado pelo maior consumo de madeira superam os custos em 40%, para os fornos rabo-
para produzir uma mesma quantidade de carvão quente as receitas superaram em apenas 11% os
vegetal que o sistema fornos-fornalha. custos envolvidos na produção de carvão vegetal.
Conforme apresentado na Tabela 2, o A lucratividade do sistema fornos-fornalha
sistema fornos-fornalha apresenta maiores custos foi de 28,43% ao ano, ou seja, para cada R$ 100,00
nos anos 1 e 7 (R$ 65.180,94) em relação aos comercializados de carvão vegetal, o produtor terá
demais anos (R$ 61.010,54) do horizonte de como lucro R$ 28,43. Para os fornos rabo-quente a
planejamento devido a necessidade de reforma de lucratividade foi igual a 10,26%, aproximadamente
toda a estrutura de produção de carvão, ou seja, três vezes menor que o encontrado para o sistema
devido a vida útil de seis anos, nestes anos deve- fornos-fornalha.
se realizar a construção dos fornos, dutos, fornalha Pelos resultados encontrados, o sistema
e chaminé. Nos demais anos, os custos do projeto fornos-fornalha apresentou maior viabilidade
são referentes aos custos com madeira e econômica, ou seja, gera maior lucro para uma
manutenção anual do sistema. produção anual média de 785,4 mdc nas condições
Na Tabela 3 são apresentados os apresentadas. Além disso, há também o ganho
indicadores econômicos, Valor Presente Líquido ambiental obtido pela mínima emissão de gases
(VPL), Valor Anual Equivalente (VAE), Razão poluentes para a atmosfera devido o acoplamento
Benefício-Custo (B/C) e o indicador financeiro, dos fornos a uma fornalha.
Lucratividade para a produção de carvão vegetal no Mediante as simulações realizadas no
sistema fornos-fornalha e nos fornos rabo-quente. software @Risk para o sistema fornos-fornalha e
112 Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6
fornos rabo-quente, elaborou-se a distribuição das Figura 3. (A) Análise de sensibilidade das variáveis
de entrada com a variável de saída (VPL) para o
probabilidades do indicador financeiro Valor
sistema fornos-fornalha; (B) Análise de
Presente Líquido (VPL), conforme apresentado na sensibilidade das variáveis de entrada com a
variável de saída (VPL) para os fornos rabo-quente.
Figura 2.
Pela análise de sensibilidade, as variáveis vegetal e Eucalipto para carvão. Disponível em:
<http://www.ciflorestas.com.br>. Acesso em: 20
com maior influência sobre o VPL foram, de forma
set. 2015.
positiva, o preço do carvão vegetal e o rendimento
Coelho Júnior LM; Rezende JLP; Oliveira AD;
gravimétrico e, de forma negativa, o custo da
Coimbra LAB; Souza AN. Análise de investimento
madeira. de um sistema agroflorestal sob situação de risco.
Cerne 2008; 14 (4): 368-378.
Pela simulação de Monte Carlo existe a
probabilidade de os projetos apresentarem valores Oliveira AC. Sistema forno-fornalha para
produção de carvão vegetal [Dissertação].
negativos para o VPL, inviabilizando
Viçosa-MG: Universidade Federal de Viçosa;
economicamente ambos os projetos. Porém a 2012.
produção em fornos rabo-quente apresenta maior
Palisade Corporation. 2012. Maker of risk and
risco de tornar-se inviável, o que ocorre quando se decisions analysis. Disponível em:
<http://www.palisade.com>. Acesso em: 17 ago.
considera na análise o transporte do carvão.
2015.
Conclui-se que a inclusão da análise de
risco na análise econômica de projetos para a Acesse o trabalho completo pelo QR Code
produção de carvão vegetal resulta em maior
segurança para inferir sobre os indicadores
econômicos e sua viabilidade econômica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Danilo Barros Donato, Mateus Alves Magalhães, Angélica de Cássia Oliveira Carneiro,
Carlos Miguel Simões da Silva, Wagner Davel Canal, Márcio Lopes da Silva
Na Tabela 2 são apresentados os custos Sendo assim, com base nos aspectos
envolvidos nos diferentes sistemas de técnicos e nos custos de produção envolvidos em
carbonização analisados. Observa-se que os cada sistema carbonização, obtiveram-se os
custos de construção e manutenção dos fornos indicadores econômicos, conforme apresentado na
retangulares de alvenaria foram superiores aos dos Tabela 3. O forno metálico 1 apresentou os
fornos metálicos. Já os maiores custos mensais menores custos de produção e os melhores
com mão-de-obra foram apresentados pelo forno indicadores econômico de viabilidade.
metálico 2 (32 st), em contrapartida os custos com Os indicadores VPL e o VAE para todos os
equipamentos foram os menores. Os custos projetos avaliados foram positivos, indicando a
mensais com madeira foram maiores para o forno viabilidade econômica dos projetos.
retangular 2 (380 st) e o forno metálico 2 (32 st). Os cálculos referentes à razão Benefício-
Custo (B/C) foram superiores a 1 para todos os
Tabela 2. Custos envolvidos nos diferentes projetos analisados, sendo o sistema de
sistemas de carbonização.
carbonização metálico 1 o que obteve o maior valor
para uma produção mensal de 10.000 mdc com a
razão de 1,41; indicando que para esse projeto as
receitas superam os custos em 41%.
Em relação à lucratividade, assim como
nos demais índices econômicos o projeto do
sistema de carbonização metálico 1 para uma
produção de mensal de 10.000 mdc obteve uma
Os fornos retangulares 1 apresentam maior maior lucratividade, com valor de 32,36%. Isso
custo de construção por seu maior porte e por significa que para cada R$100,00 de carvão vegetal
necessitarem de uma estrutura segura que suporte comercializado, R$32,36 é contabilizado como
as carbonizações e também pelo fato de que as lucro.
operações de carga e descarga serem
mecanizadas. Tabela 3. Indicadores econômicos e financeiros de
O sistema metálico 1 por ser totalmente diferentes sistemas de carbonização.
mecanizado e automatizado necessita de menos
mão de obra em relação ao demais. Por outro lado,
o metálico 2 apresenta alto custo com mão-de-obra
por ter parte de suas operações manuais e pelo
significativo número de fornos demandados para
atingir as produções estabelecidas. Entretanto,
esse sistema de carbonização demanda poucos
equipamentos, reduzindo assim este tipo de custo. CONCLUSÃO
Já em relação ao custo com madeira, esse
é maior para os fornos retangular 2 e metálico 2, Todos os sistemas de produção de carvão
em função destes apresentarem menor rendimento vegetal (fornos retangulares de alvenaria e fornos
gravimétrico em carvão vegetal, necessitando de metálicos) em todos os cenários avaliados para
uma maior quantidade de madeira para a mesma escala produtiva foram economicamente viáveis de
produção que os demais.
116 Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6
acordo com os indicadores de VPL, VAE, Acesse o trabalho completo pelo QR Code
Benefício/Custo e Lucratividade.
Os melhores indicadores foram
apresentados pelo forno metálico com volume
interno de 100 st, no cenário de maior produção
(10.000 mdc/mês), evidenciando a maior
rentabilidade do projeto com relação aos demais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Wagner Davel Canal, Ana Márcia Macedo Ladeira Carvalho, Angélica de Cássia Oliveira Carneiro, Benedito
Rocha Vital, Bárbara Luísa Corradi Pereira e Danilo Barros Donato
Júlia Melo Franco Neves Costa e Ana Márcia Macedo Ladeira Carvalho
conexão entre o forno e a fornalha foi feita por um notadamente os principais produtos gasosos da
duto metálico com 0,30 m de diâmetro interno. As carbonização, se tornou significativa a partir dos
características mencionadas podem ser 200 °C, atingindo picos próximos a 22% e 12%
sendo uma sem a queima dos gases na fornalha e madeira) tem alta correlação com a temperatura
Tabela 1. Fator de emissão de CH4 (Kg/t madeira) emissão de linhas de base, como preconiza a
para carbonizações com e sem a queima de gases metodologia AMSIIIK.
pela fornalha.
A utilização de faixas teóricas de
degradação da madeira na condução da
carbonização pode contribuir para redução da
emissão de metano, por promover o controle da
Comparando os valores de carbonização temperatura em patamares e buscar o aumento do
sem queima e com queima percebe-se uma rendimento gravimétrico em carvão vegetal.
combustão eficiente dos gases, pois em relação ao A redução da emissão de metano
metano houve uma redução equivalente a 99,8% representa a eficiência de queima do gás com a
de emissão em massa. utilização de fornalha, havendo, portanto uma
A redução de emissões durante um ano contribuição efetiva desse instrumento na
para o projeto em questão foi estimada pela mitigação dos gases do efeito-estufa, além de
subtração entre as emissões do cenário linha de melhorar consideravelmente os aspectos de saúde
base e as emissões do projeto atividade em e segurança do trabalho.
conjunto com as emissões de fuga, as quais foram A geração de receita com a
desconsideradas, conforme a equação a seguir: comercialização dos créditos de carbono é
RE = EB – (EP + Fuga) pequena, principalmente quando comparada aos
As emissões da linha base durante um ano custos de elaboração do projeto, necessitando
foram estimadas em 18,02 tCO2e. As emissões do existir outros mecanismos para viabilizar ou
projeto somaram pouco mais de 2 kg ou 0,00238 t incentivar a queima de metano na produção de
de CO2e, valor ínfimo que reflete a eliminação de carvão vegetal em pequena escala.
quase a totalidade do metano com a queima dos
gases da carbonização. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A redução de emissões durante um ano foi
de 21,448 tCO2e, que corresponde praticamente ao INSTITUTO CARBONO BRASIL. O mercado de
carbono entre 27 de novembro e 04 de dezembro
valor das emissões da linha base, já que as 2012. Disponível em:
emissões do projeto foram quase nulas. <http://www.institutocarbonobrasil.org.br/analise_fi
nanceira/noticia=732572>. Acesso em: 03 dez
As 21,448 tCO2e reduzidas durante um ano 2012.
com a implementação do projeto equivalem ao
UNITED NATIONS FRAMEWORK CONVENTION
mesmo valor em Certificados de Emissões ON CLIMATE CHANGE. Approved baseline and
Reduzidas (CERs). Considerando um preço de monitoring methodology AM0041 “Mitigation of
methane emissions in the wood carbonization
€1,50 por tonelada de tCO2e (INSTITUTO activity for charcoal production”: version 01. 2006.
CARBONO BRASIL, 2012), a receita em créditos 63 p. Disponível em:
<http://www.mct.gov.br/upd_blob/0014/14282.pdf>
. Acesso em: 10 mar. 2011.
de espécies dos agentes fiscalizadores. Tais imagens da seção transversal do carvão de cada
128 Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Aylson Costa Oliveira, Angélica de Cássia Oliveira Carneiro, Daniel Camara Barcellos, Augusto Valencia
Rodriguez, Bartholomeu Machado Nogueira Amaral e Bárbara Luísa Corradi Pereira
retornando, a uma temperatura mais baixa, na Figura 2. Trocador de calor em forno retangular,
Modelo 3.
extremidade contrária do forno retangular.
Buscando maior redução do tempo de RESULTADOS E DISCUSSÃO
resfriamento dos fornos retangulares, a partir dos
resultados obtidos pelo Modelo 1, observou-se a Na Figura 3 são apresentadas a evolução
Modelo 2, conforme apresentado na Figura 1B, o ar resfriamento dos fornos retangulares com trocador
quente do interior do forno troca calor com o tubo de calor, Modelo 1, e a testemunha nos 4 ciclos de
(Figura 1A) apresentava baixo índice de incêndio, Durante a abertura dos fornos retangulares
enquanto que a região onde o ar era aspirado utilizando o Modelo 2 para aceleração do
(Figura 1A) apresentava elevada frequência de resfriamento verificou-se focos de incêndio na parte
incêndios, indicando que apenas um dos lados do central do forno, onde ocorre a sucção dos gases
forno estava sendo resfriado efetivamente. aquecidos (Figura 1B). A ocorrência destes
O Modelo 1 de trocador de calor adaptado incêndios pode ser a má distribuição de ar no
a fornos retangulares apresentou diminuição de 24 interior do forno, promovendo a reação do oxigênio
horas no tempo de resfriamento, passando para com a massa aquecida de carvão ou mesmo pela
168 horas (7 dias) em relação ao tempo verificado má vedação dos fornos.
no resfriamento natural dos fornos retangulares que Através da utilização do Modelo 2 de
era de 192 horas ou 8 dias. Ou seja, o ganho real trocador de calor para fornos retangulares, obteve-
no tempo de resfriamento foi de 12,5% com a se um ganho real de 38% do tempo de resfriamento
utilização do trocador de calor, Modelo 1. em relação ao resfriamento natural. Dessa forma, a
Na Figura 4 são apresentadas a média da unidade de produção de carvão vegetal pode
temperatura dos fornos durante o período de através do aumento da produtividade dos fornos
resfriamento dos fornos retangulares com trocador proporcionada pela diminuição do ciclo de
de calor Modelo 2 e a testemunha. carbonização, aumentar sua produção mensal.
Na Tabela 1 são apresentados os valores
encontrados para tempo de resfriamento e
temperatura verificada da porta dos fornos no
momento de abertura de descarga dos fornos
retangulares sem uso do trocador de calor
(testemunha), com o uso do trocador de calor
Modelo 3 com sentido de fluxo de gás convencional
e com sentido do fluxo de gás invertido.
Figura 4. Temperatura média dos fornos durante o
período de resfriamento, utilizando o trocador de
calor Modelo 2 e a testemunha. Tabela 1. Tempo de resfriamento e temperatura da
porta do forno para a testemunha, trocador de calor
Verificou-se em alguns carbonizações, que Modelo 3, com fluxo de gases convencional e fluxo
de gás invertido
no momento em que o exaustor era desligado, seja Testemunha
Tempo (dias) Temp. (ºC)
por manutenção ou outros motivos, ocorria o Média 10,2 52,2
Máx 16,6 80,0
incremento na temperatura média do forno em
Mín 6,8 40,0
10ºC, diminuindo a eficiência deste trocador de Desvio 2,5 10,7
CV (%) 24,0 20,5
calor. Fluxo de Gás Convencional
Tempo (dias) Temp. (ºC)
Para o Modelo 2, em termos percentuais, Média 6,9 55,2
Máx 9,8 70,0
os gases do interior do forno de carbonização Mín 3,6 40,0
Desvio 1,4 9,3
sofreram uma redução na sua temperatura em CV (%) 20,8 16,8
Fluxo de Gás Invertido
média de 36%, nas primeiras 30 horas de
Tempo (dias) Temp. (ºC)
resfriamento e no restante do período, a redução foi Média 8,9 50,0
Máx 13,1 60,0
em média de 22%. Estes valores indicam que se Mín 5,8 40,0
Desvio 2,6 7,1
pode buscar a melhoria da eficiência deste trocador CV (%) 28,6 14,1
retangulares sem utilização de trocador de calor focos de incêndio durante a abertura do forno e
para redução do tempo de resfriamento. Os fornos descarregamento do carvão vegetal.
com trocador de calor Modelo 3, apresentaram O resfriamento artificial abre também novas
temperatura de 55,2 ºC e 50,0 ºC, para o fluxo de fronteiras e investigação, a exemplo do efeito na
gás convencional e fluxo de gás invertido, qualidade e rendimentos de carvão vegetal, uma
respectivamente. vez que o tempo reduzido pode estar contribuindo
Devido a maior área de troca de calor da para a melhoria desses fatores.
tubulação com o ambiente externo, o Modelo 3 em
ambos os fluxos avaliados, mostrou-se mais REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
eficiente que os trocadores de calor Modelos 1 e 2.
E o Modelo 3 com fluxo invertido mostrou-se mais FRANÇA, G. A. C.; CAMPOS, M. B. Análise
teórica e experimental do resfriamento de carvão
recomendado para utilização em fornos vegetal em forno retangular. In: ENCONTRO DE
retangulares de alvenaria para produção de carvão ENERGIA NO MEIO RURAL, 4., 2002,
Campinas. Proceedings online... Disponível em:
vegetal ao apresentar menor número de focos de <http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?scrip
incêndio durante a abertura do forno e seu combate t=sci_arttext&pid=MSC0000000022002000100017
&lng=en&nrm=abn>. Acesso em: 05 Nov. 2012.
ser facilitado devido sua ocorrência próximo às
portas. Acesse o trabalho completo pelo QR Code
CONCLUSÃO
Renato Augusto Pereira Damásio, Aylson Costa Oliveira, Angélica de Cássia Oliveira Carneiro, Daniel
Camara Barcelos, Barbára Luísa Corradi Pereira, Mateus Alves de Magalhães, Carlos Miguel Simões da
Silva
De acordo com Raad (2001), a produção para medição da temperatura por meio de um
Diante do exposto, os objetivos deste quatro pontos de medição da cúpula e dos quatro
trabalho foram verificar o efeito do controle da pontos instalados nas paredes do forno, realizou-
carvão vegetal e nas propriedades do mesmo e carvão vegetal mais próximo ao valor médio das
RESULTADOS E DISCUSSÃO
temperatura da parte superior (cúpula) maior que a O resfriamento foi homogêneo, evidenciando a boa
temperatura da parte inferior (parede). vedação do forno ao fim da carbonização.
Para as propriedades do carvão vegetal, O controle da temperatura interna do forno
não foram observadas diferenças expressivas permitiu o incremento do monitoramento do ciclo de
absolutas entre a carbonização sem controle de carbonização, resultando em aumento da
temperatura e a médias das carbonizações em que produtividade do carvão vegetal.
o controle de temperatura foi efetuado.
O carvão apresentou densidade média a REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
granel de 181 kg.m-³ e densidade aparente média
de 312 kg.m-³. A umidade de equilíbrio CARNEIRO, A. C. O.; VITAL, B. R.; OLIVEIRA,
A.C.; PEREIRA, B. L. C. Pirólise lenta da madeira
higroscópico do carvão teve valor médio igual a para produção de carvão vegetal. In: SANTOS, F.;
4,60%. O poder calorífico superior (PCS) médio do COLLODETTE, J.; QUEIROZ, J.H. Bioenergia &
Biorrefinaria – Cana-de-Açúcar & Espécies
carvão foi de 8.114 kcal.kg-1. O elevado poder Florestais. 1. ed. Viçosa, MG: Os Autores, 2013.
calorífico do carvão vegetal obtido nas
MENDES, M. G.; GOMES, P. A.; OLIVEIRA, J. B.
carbonizações no forno circular de superfície pode Propriedades e controle de qualidade do carvão
ser explicado pelo teor de carbono fixo superior a vegetal. In: Produção e utilização do carvão
vegetal. 1982. Belo Horizonte: Fundação Centro
80%. O porcentual de cinzas do carvão foi igual a Tecnológico de Minas Gerais - CETEC, p. 75-89,
1%. O teor de materiais voláteis foi de 17,07%. O 1982.
de maior diâmetro, na Figura 3 (3). Isso pode ser A umidade regula o gradiente térmico
explicado seguindo a lógica da transferência formado no material sólido, a produção de gases e,
térmica, pela formação de gradientes de consequentemente, a distribuição de energia dos
temperaturas muito mais evidentes nos toretes de compostos gasosos com o tempo.
maiores diâmetros e maior umidade. Assim, a A energia dos gases produzidos na
umidade regula o gradiente térmico formado no carbonização da madeira com 13% de umidade
material sólido, a produção de gases e, será mantida por um maior período, o que pode
consequentemente, a distribuição de energia dos favorecer a queima.
compostos gasosos com o tempo. O pico em produção de gases é o mesmo
que o da máxima produção energética inicia 120
CONCLUSÃO minutos após a pirólise e tem duração máxima de
30 minutos, possivelmente o melhor momento de
As umidades (0,58; 0,83 e 13%) e diâmetro queima. Nesse intervalo, a temperatura na madeira
(7 e 12 cm) não influenciaram o balanço de massa está acima de 300 ºC.
e energia do processo. Maior será a energia liberada quanto menor
A produção e qualidade dos gases foram a umidade e maior quantidade em massa da
influenciadas pela umidade e diâmetro. Os gases matéria-prima.
mais energéticos foram produzidos a partir da
matéria- prima seca e os diâmetros influenciam o
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
gradiente térmico, ditando a sequência e
velocidade das reações. ANDRADE, F. W. C. Teste em equipamento
Macro ATG: rendimento gravimétrico sólido e
Há um aproveitamento em 32,8% a mais
transferência térmica na pirólise da madeira de
em energia, a partir do processo em que se utiliza Eucalyptus. 2014. 81 p. Dissertação (Mestrado em
Ciência e Tecnologia da Madeira) – Universidade
matéria prima seca.
Federal de Lavras, Lavras, 2014.
O fluxo e massa dos gases podem ser
afetados pela umidade, a partir do efeito da Acesse o trabalho completo pelo QR Code
diluição, comprometendo o potencial energético
dos compostos gasosos.
Há uma grande variação de temperatura na
madeira, durante a carbonização, em decorrência
da transferência térmica, a diferença entre a
superfície-centro pode atingir até 120 ºC.
Quanto mais úmida a madeira, maior a
diferença de temperatura entre a superfície e o
centro, favorecendo a produção de tiços.
Madeira com 13% de umidade gasta 10
minutos de secagem, até o interior do sólido.
A taxa de transferência térmica é afetada
pela umidade.
A velocidade de aquecimento decresce
com o aumento da temperatura.
140 Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6
Márcia Silva de Jesus, Alfredo Napoli, Fernando Wallace Carvalho Andrade, Paulo Fernando Trugilho, Maria
Fernanda Vieira Rocha, Philippe Gallet, Nabila Boutahar
pirolenhoso, equipado com um filtro eletrostatic que Já o Gráfico 3 representa o fluxo gasoso
permite a recuperação eficiente dos compostos acumulado e sua variação em função do tempo
condensáveis. Assim, a produção de gases durante o processo de pirólise dos toretes de
gerados é quantificada por meio de um medidor de madeira para a classe diamétrica 13 - 16 cm.
fluxo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
sendo que apenas a superfície externa segue o picos observados nas temperaturas superiores a
padrão de temperatura do forno. Esses diferentes 250 ºC, estão relacionados à degradação da fração
perfis ocorrem devido a transferência térmica ser mais reativa da composição química da madeira, as
de gases atinge o maior pico entre os 900 e 1000 gasoso e, consequentemente, o maior pico,
segundos, aproximadamente 2 horas e 35 minutos liberando gases como monóxido de carbono, ácido
após o início da pirólise, nesse intervalo o perfil metanóico, ácido acético entre outros, que também
Devido à transferência térmica ser um 1986; ROWELL, 1991; BRANCA; DI BLASI, 2003).
processo lento na madeira, não há uniformidade na O volume total de gases produzidos foi da
sua degradação, dessa forma, próximo à medula, a ordem de 543 cm3, na pirólise da classe 8 - 10 cm,
temperatura é aproximadamente 33% menor que a e 697 cm3, na pirólise da classe 13 - 16 cm.
O forno Macro ATG apresentou resultados madeiras. 1986. 159 p. Tese – Escola Politécnica,
Universidade de São Paulo, Piracicaba.
satisfatórios durante o processo de pirólise de
toretes de madeira. ROWELL, R. M. Chemical Modification of Wood.
In: Wood and cellulosic chemistry. New York,
O forno pode ser considerado inovação
1991, p. 703-756.
tecnológica no estudo de fluxo gasoso da pirólise.
A partir do forno Macro ATG é possível Acesse o trabalho completo pelo QR Code
acompanhar, em escala macro, a variação do
volume gasoso e o comportamento da
transferência térmica no interior do torete de
madeira.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
𝐲 = 𝐚𝐱 + 𝐛
Em que:
y = valor estimado de umidade para toras
de eucalipto (%);
x = tempo de secagem (dias);
𝐚, 𝐛 = parâmetros do modelo.
Provavelmente, o modelo linear para a
secagem à 150ºC para as Classes 1 e 2 deve-se a
maior velocidade de evaporação da água e
secagem das toras em razão da elevada
temperatura.
As equações ajustadas para a estimativa
do teor de umidade médio da madeira em tora de
eucalipto ao longo do tempo apresentaram
coeficientes de determinação (R²) superiores a Figura 2. Valores médios estimados de umidade
das toras de eucalipto sem casca em função da
99%, demonstrando assim, que o modelo foi
temperatura de secagem. (A) Classe 1 (Ø 8-12 cm);
satisfatório na modelagem da secagem da madeira (B) Classe 2 (Ø 12,1-16 cm); (C) Classe 3 (Ø 16,1-
20 cm).
em tora.
Nas Figuras 1 e 2 são apresentados os
Na Tabela 1 são apresentadas as taxas de
valores médios estimados de umidade das toras de
secagem, redução do teor de umidade por hora,
eucalipto ao longo do tempo, nas diferentes
para as toras de eucalipto nas diferentes
temperaturas de secagem na estufa para cada
temperaturas de secagem na estufa para cada
classe diamétrica, na presença e ausência de
classe diamétrica, na presença ou ausência de
casca.
casca.
50% superior ao verificado para a Classe 1. Para quando a madeira estiver com baixo teor de
as toras de maior diâmetro da Classe 3, o tempo de umidade.
secagem foi 2 e 3 vezes maior, respectivamente,
em relação às Classes 1 e 2. CONCLUSÃO
As diferenças nos tempos de secagem
(Figuras 1 e 2) são decorrentes das diferenças A secagem de toras de madeira em estufa à
verificadas entre as classes diamétricas nas taxas altas temperaturas promoveu a redução da
de secagem, que diminui com o aumento do umidade a valores próximos a 20% para todas as
diâmetro das toras (Tabela 1). De maneira geral, classes diamétricas, com presença ou ausência de
observou-se as maiores taxas de secagem para as casca, em tempos inferiores a 30 dias.
toras pertencentes à Classe 1, por isso, os menores O aumento da temperatura promoveu o
tempos de secagem. Para a Classe 2, houve uma aumento da taxa de secagem e consequente
redução média de 40% na taxa de secagem, redução do tempo de secagem, não havendo
resultando nos tempos intermediários de secagem, alteração a partir de 125ºC. A presença de casca
enquanto que as toras pertencentes a Classe 3, na madeira de Eucalyptus urophylla em toras foi
apresentaram os maiores tempos de secagem insignificante na secagem em temperaturas
devido as menores taxas de secagem, em média, superiores a 100ºC, não sendo recomendado o
20% menor em relação à Classe 2 e 50% em descascamento das toras.
relação à Classe 1. A taxa de secagem das toras de menor
Em projetos de secadores artificiais que diâmetro foram superiores ao verificado para as
visam à utilização dos gases combustos da toras de maior diâmetro nas mesmas condições de
carbonização como fonte de calor, é necessário a temperatura, resultando em diferença no tempo de
mistura dos gases com o ar ambiente para secagem, sendo recomendada a separação das
adequação da temperatura do fluido às condições toras em classes diamétricas anteriormente à
mais seguras de secagem, visto que segundo secagem em estufa.
Oliveira et al., (2013), os gases liberados pela A melhor condição de operação de
fornalha alcançam temperaturas que variam de 200 secadores artificiais para a madeira de eucalipto
a 500ºC. Logo, visando à secagem da madeira em em tora seria com presença de casca, separadas
tora, as temperaturas mais elevadas seriam as em classes diamétricas e em temperatura de
mais indicadas para operação do secador pela 125ºC.
necessidade de menor redução da temperatura dos
gases da fornalha e pela maior velocidade de REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
secagem resultando no menor tempo de ocupação
GALVÃO, A. P. M.; JANKOWSKY, I. P. Secagem
da câmara de secagem, possibilitando a secagem
racional da madeira. São Paulo, Nobel, 1985.
da madeira para diversos ciclos de carbonização. 111 p.
No entanto, como as diferenças entre o
OLIVEIRA, A. C.; CARNEIRO, A. C. O.; PEREIRA,
tempo e as taxas de secagem entre as B. L. C.; VITAL, B. R.; CARVALHO, A. M. M. L.;
TRUGILHO, P. F.; DAMÁSIO, R. A. P. Otimização
temperaturas de 125 e 150ºC (Tabela 1) não foram
da produção do carvão vegetal por meio do controle
expressivas, recomenda-se que a operação de de temperaturas de carbonização. 2013. Revista
Árvore, Viçosa-MG, v.37, n.3, p.557-566, 2013.
secagem de madeira em toras em secadores
industriais metálicos seja realizada a 125ºC, ZANUNCIO, A. J. V.; MONTEIRO, T. C.; LIMA, J.
T.; ANDRADE, H. B.; CARVALHO, A. G. Drying
visando menores danos à estrutura do secador e
biomass for energy use of Eucalyptus urophylla
risco de ocorrência de incêndios, principalmente
146 Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6
determinação do teor de umidade utilizados nesse No caso dos medidores elétricos, tanto o
trabalho foram significativamente diferentes. No capacitivo como o resistivo, observa-se uma baixa
entanto, constata-se que o método em que a correlação entre eles e o método da ABNT,
balança analisadora de umidade foi utilizada, cuja principalmente pela faixa de umidade da madeira
amostra foi retirada com a furadeira elétrica, foi o em tora utilizada nesse trabalho, reproduzindo
que mais se aproximou do valor de umidade obtido valores normalmente obtidos em campo.
pelo método da ABNT. Por outro lado, o valor Na Figura 2 pode-se constatar, de modo
médio obtido pelo medidor elétrico resistivo foi o geral, que os métodos alternativos de determinação
mais distante, em relação ao obtido pelo método do teor de umidade da madeira para as classes de
determinação do teor de umidade da madeira em medidores elétricos, essa tendência se deve ao fato
tora e o método da ABNT por classe de diâmetro de as classes de menor diâmetro terem menor
da madeira, mas sim da média do teor de umidade Assim, desde que se utilize um fator de
abrangido pelo seu campo elétrico, que varia em correção ou um modelo de regressão, os métodos
função do aparelho. de determinação do teor de umidade da madeira
Na Tabela 2 estão os valores do fator de testados nesse estudo são adequados para
correção para cada método alternativo utilizado determinação da umidade da madeira de maneira
neste estudo. rápida, barata e eficiente, quando comparados ao
método da ABNT.
Tabela 2. Fatores de correção do teor de umidade
da madeira em tora em função do Método.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
carvão vegetal e diferentes materiais aglutinantes. maior teor de cinzas que os demais (Tabela 1), por
causa da presença da sílica, um dos constituintes
de trigo, o adesivo de silicato e o melaço de soja Quanto ao poder calorífico superior dos
como aglutinantes. A mistura entre os finos de briquetes analisados nesse estudo, observou-se
carvão, água e aglutinante foi realizada com o que os resultados obtidos para os três tipos de
auxílio de uma betoneira. Ao final da
Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6 151
A resistência à compressão dos briquetes PEREIRA, F.A.; CARNEIRO, A.C.O.; VITAL, B.R.;
produzidos com o aglutinante de melaço de soja e DELLA LÚCIA, R.M.; PATRÍCIO JÚNIOR, W.;
BIANCHE, J.J. Propriedades físico-químicas de
de farinha de trigo não diferiram entre si. Contudo, briquetes aglutinados com adesivo de silicato de
os briquetes produzidos com o silicato sódio. Floresta e Ambiente. v.16, n.1, p. 23
– 29. 2009.
apresentaram um menor valor de resistência à
compressão que os briquetes produzidos com os Acesse o trabalho completo pelo QR Code
demais aglutinantes avaliados.
O valor médio obtido para a densidade dos
briquetes que utilizaram o aglutinante de silicato
não teve uma relação direta entre a densidade e a
sua resistência mecânica.
CONCLUSÃO
carbonização é uma tecnologia muito difundida classe de diâmetro das toras, a saber: Classe 1 (8
entre as grandes empresas, por meio da qual a 14 cm); Classe 2 (14 a 22 cm) e Classe 3 (8 a 22
secagem das toras em secadores torna-se uma metros de comprimento, para se obter o perfil de
foi secar madeira em toras com a utilização da (colunas) ao longo da pilha de madeira, sendo cada
energia térmica liberada na queima dos gases da amostra pesada antes e depois da secagem.
madeira, de modo geral, observa-se que houve em comparação a parte inferior, mostrando que a
variação na temperatura dos gases na saída da frente de carbonização avança de cima para baixo.
fornalha, contudo essa variação não teve efeito na
temperatura dos gases na entrada secador,
mantendo-se os valores pré-estabelecidos.
De modo geral, tem-se observado que
acima de 110°C ocorre a combustão dos gases
sem a necessidade de combustível auxiliar para
manter a combustão, pois nesta temperatura os
gases da carbonização têm na sua composição
menor quantidade de água e maior percentual de
Figura 2. Imagem termográfica no infravermelho do
gases combustíveis. forno e tubulação de transporte de gases.
A temperatura da câmara de combustão
Na Figura 3 são apresentados os perfis de
variou ao longo do tempo, porque a combustão dos
temperaturas do secador, para cada classe de
gases não foi constante, principalmente no início da
diâmetro das toras em função do tempo de
carbonização, quando foi necessário adição de
secagem.
combustível auxiliar (resíduos de biomassa) para
manter a chama, devido ao baixo poder calorífico
dos gases. Observa-se que a temperatura dos
gases combustos na tubulação de saída da
fornalha até a abertura de controle de temperatura
do secador, também seguiu a mesma tendência de
variação verificada na câmara de combustão, no
entanto, essa variação não afetou a temperatura de
entrada do secador, uma vez que essa é controlada
pela admissão de ar atmsférico.
Verifica-se que a temperatura dos gases
na entrada do secador variou de 140 a 160°C,
independente da classe de diâmetro da madeira.
Isso evidenciou a funcionalidade da abertura de
controle manual da temperatura do gás de entrada.
Verificou-se, também, uma tendência de
aumento de temperatura dos gases úmidos de
saída do secador ao longo do tempo. Figura 3. Perfil térmico do secador para secagens
de toras de madeira ao longo do tempo, sendo (a)
Na Figura 2 é apresentada uma imagem Classe 1, (b) Classe 2 e (c) Classe 3. Legenda: L.E.
termográfica no infravermelho do forno e da – lado esquerdo (entrada do distribuidor dos gases
combustos); L.D. – lado direito; Tras. – parede
tubulação de transporte de gases até o secador. oposta à porta.
Observa-se uma redução de temperatura ao longo
da tubulação que transporta os gases combustos De modo geral, observa-se que a
até a entrada do secador. Além disso, a imagem temperatura dentro do secador ao final da secagem
permite visualizar a condução da carbonização, foi maior que a inicial, indicando o aquecimento de
evidenciando maior temperatura na copa do forno todo o sistema, incluido parede, piso, dutos e
principalmente a madeira. Se a secagem ocorresse
154 Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6
Observa-se maior eficiência térmica para carga de madeira mais homogênea quando
as secagens realizadas com as toras de menor comparado com a carga de madeira de diâmetros
diâmetro, ou seja, a energia na forma de calor misturados.
fornecida para a secagem foi melhor aproveitada A redução relativa, independente da classe
para esta classe. A menor eficiência foi obtida para de diâmetro, foi maior nas toras posicionadas nas
a Classe 2, toras com diâmetros maiores, partes mais altas da pilha.
evidenciando maiores perdas térmicas neste De modo geral, a redução relativa do teor
processo, o que representa também a maior de umidade, nas condições e parâmetros em que
dificuldade de secagem dessas toras. foram realizadas as secagens, foi de 36,45%.
Os parâmetros obtidos de energia térmica O consumo de energia elétrica, por cada
intensiva e energia elétrica intensiva são tonelada de madeira (massa seca), foi de 49,4 kW.
importantes, pois servirão de suporte para A maior eficiência térmica, sendo 0,61, foi
dimensionamento de secadores industriais. obtida para as secagens da Classe 1.
A demanda de energia para retirada da Estimou-se um ganho médio de 4,85% no
água da madeira foi diretamente proporcional à rendimento gravimétrico em carvão vegetal ao se
quantidade de água eliminada na secagem, logo utilizar madeira com baixa umidade na
teve influência não só da classe de diâmetro das carbonização.
toras mais também da umidade inicial e final, a qual
determinou a proporção de água de adesão REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
eliminada, uma vez que é necessária maior
quantidade de energia para retirada desse tipo de PINHEIRO, M. A. Influência das dimensões da
madeira na secagem e nas propriedades do
água da madeira. carvão vegetal. 2013. 77 fls. Dissertação
Comparando-se as estimativas de (Mestrado em Ciência Florestal) – Universidade
Federal de Viçosa, Viçosa.
rendimentos gravimétricos das carbonizações,
obteve rendimento variando de 28,3% a 36,9%, REZENDE, R. N. Secagem de toras de clones
de Eucalyptus empregados na produção de
sendo o valor médio de 32,4%, ou seja, haveria um carvão. 2009. 178 p. Dissertação (Mestrado em
ganho de 1,5 pontos percentuais, ou 4,85% a mais Ciência e Tecnologia da Madeira) – Universidade
Federal da Lavras, Lavras.
de carvão ao se utilizar a madeira previamente
seca. Além do ganho em rendimento gravimétrico Acesse o trabalho completo pelo QR Code
em carvão vegetal, a utilização de madeira com
baixa umidade reduz o ciclo de carbonização em
função de haver menor quantidade de água nas
toras para ser eliminada na fase inicial.
CONCLUSÃO
Onde: RGCV-rendimento gravimétrico do carvão vegetal, Cf- Acesse o trabalho completo pelo QR Code
teor de carbono fixo, Cz-teor de cinzas, F-teor de friabilidade,
Pcs-Poder calorífico superior, MV-teor de materiais voláteis,
Dap-densidade aparente, Dag-densidade a granel. Valores
médios de friabilidade, seguidos de mesma letra na coluna, não
diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 95% de
probabilidade.
CONCLUSÃO
Emanuele Graciosa Pereira, Marcio Arêdes Martins, Luis Felipe S. dos Santos e Angélica de Cássia Oliveira
Carneiro
para ser utilizada na própria unidade produtora de poder calorífico médio dessa fração foi de 10,78 MJ
carvão ou até mesmo distribuída na rede elétrica. kg-1, indicando que esta pode ser utilizada para
também os resíduos florestais e os finos de carvão sua maior parte por água de constituição. Tal fato é
para o aproveitamento da energia para a secagem confirmado pelo ponto de ebulição da água que é
MATERIAL E MÉTODOS que não foi possível obter leituras de PCS nos
testes com essas frações.
Os dados experimentais foram coletados O resíduo da destilação fracionada do
na planta de carbonização da unidade de produção líquido pirolenhoso é o alcatrão solúvel e insolúvel,
Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6 159
apresentando alto poder calorífico devido aos fato, fornecendo uma análise comparativa do
componentes químicos presentes no alcatrão que potencial dos gases não condensáveis com e sem
possuem grande energia de ligação, liberando o potencial dos gases condensáveis.
assim mais energia, 25,96 MJ kg -1, quando essas
ligações são rompidas.
Na Figura 2 é apresentada a variação
temporal da concentração de cada gás analisado
na saída do forno 11.
Observa-se na Figura 5 que a maior parte considerada se refere apenas àquela contida no
da energia total dos coprodutos corresponde a gás não condensável.
energia do carvão vegetal, sendo 71 % o valor
encontrado neste trabalho. A porcentagem de
energia referente aos gases não condensáveis (10
%) corresponde à metade da energia contida no
alcatrão solúvel e insolúvel (20 %). Essa evidência
experimental permite concluir que o alcatrão é um
importante coproduto para a geração de energia
térmica e elétrica na planta. 9
O balanço de energia total do forno 11 está
representado em um fluxograma apresentado na Figura 7. Potencial térmico da fornalha em função
do número de fornos e do estágio de
Figura 6. carbonização.
potencial térmico da fornalha para cada ponto de valores de potencial térmico do queimador foi de 5
medição da concentração dos gases, sendo que MW no cenário 2. Assim, diferentes combinações
cada ponto está associado com uma quantidade de de fases dos fornos culminam em diferentes
fornos em carbonização. Ressalta-se que a energia potenciais energéticos, uma vez que o gás da
carbonização possui uma composição variável ao
longo do processo.
Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6 161
Na Figura 9, os dois cenários de carvão, 10% dos gases não condensáveis e 1,8%
sincronismo dos fornos foram modificados é perdida para o meio-ambiente.
adicionando a energia dos gases condensáveis. A concentração dos gases ao longo do
Foram calculadas as quantidades de resíduos processo de carbonização é muito variável, o que
necessária para que o potencial energético do representa um grande obstáculo para o seu
queimador seja constante. aproveitamento energético.
A análise comparativa da composição do
gás de carbonização antes e depois da queima na
fornalha mostrou que a queima é eficiente no
controle de emissões, sendo que foi obtido
reduções de CO e CH4 na faixa de 97 a 99 % e 68
a 91 %, respectivamente.
Os dois cenários de sincronismo dos fornos
CONCLUSÃO
ar na mistura até que os percentuais do GNC linhas contínuas representam o intervalo entre os
fossem tais que não provocaram a formação, limites inferior e superior, determinado em cada
propagação e sustentação da chama. Os testes temperatura e é a região onde ocorre a formação
foram repetidos em triplicata e a mistura foi definida da chama estável. Neste sentido, qualquer mistura
como inflamável somente se a combustão fosse de GNC e oxidante cuja composição esteja externa
observada em cada uma das três vezes em que a a esta zona indica uma mistura que não
fonte de ignição fosse acionada, sem alterar as apresentará combustão sustentada (chama).
vazões de GNC e ar. Observa-se que o valor mínimo de
Foram feitos testes utilizando líquido concentração do GNC em que ocorre a combustão
pirolenhoso com o objetivo de analisar a influência dos gases em todos os casos foi de 54% v/v (b.s.).
da adição deste nos limites inferior de No entanto, observou-se que para valores de 60%
inflamabilidade do GNC. Foi utilizado o mesmo v/v (b.s.), a chama se mostrava mais forte e o GNC
aparato reportado na Figura 1, porém usando uma queimava de maneira mais intensa. Em aplicações
seringa de cromatografia gasosa para injeção do industriais, tais como na queima de emissões dos
líquido no início da tubulação da serpentina. fornos de carbonização, uma vez que o GNC
possui composição variável, pode-se considerar
RESULTADOS E DISCUSSÃO que uma porcentagem de 60% de GNC na fornalha
seja um valor adequado que garantirá a combustão
Na Figura 2, as barras verticais delimitadas dos gases durante todas as etapas da
por pontos representam os intervalos de carbonização.
inflamabilidade das misturas de GNC para quatro Na Tabela 2 estão apresentados os valores
temperaturas empregadas. da relação entre o ar atmosférico e o gás não
condensável da carbonização. A razão de
equivalência para cada cenário estudado também
está apresentada na Tabela 2.
por árvore. Os discos também foram pesados logo das árvores (folhas, galhos, casca, ponteira,
madeira)
após o corte das árvores, para evitar a perda de
umidade.
As amostras de cascas, galhos, folhas e os
*Madeira total excluindo a ponteira
discos de madeira de cada uma das 60 árvores
foram separadas em sacos plásticos, para posterior Na Tabela 1, observa-se que a estimativa
envio ao laboratório para obtenção da massa seca da biomassa total acima do solo foi de 145,99 t.ha-
e também densidade básica da madeira e da 1, sendo que 6,34 t.ha-1 (4,34%) é composta de
casca. folhas, galhos e ponteira, que são considerados
A biomassa foi determinada e a perda de resíduo de colheita, e em geral deixados no campo.
casca no processo foi quantificada. Já a estimativa da biomassa potencial para ser
A madeira e parte da casca de todo o enfornada para a carbonização foi de 136,89 t.ha-1,
povoamento monitorado foram carbonizadas considerando-se que toda a madeira e toda a casca
conforme os procedimentos da empresa, em fornos podem ser utilizadas.
retangulares de aproximadamente 150 m3 (240 st), Na Tabela 2 estão apresentados os valores
sendo realizadas carbonizações completas com o para o teor de umidade e perda de casca em cada
material rastreado, em três repetições. uma das etapas avaliadas nesse estudo.
Após o término da carbonização foram
determinados os rendimentos gravimétricos em Tabela 2. Perda de casca durante a secagem,
carvão vegetal e a massa de atiços e finos (0-2 mm transporte e enfornamento da madeira
dificulta a coleta desse material. Portanto esses ocasião da colheita, e podem ser aproveitados para
25,7% são realmente considerados resíduos. a geração de energia térmica e elétrica.
Na Tabela 3 é apresentada a estimativa de Dentre os resíduos da colheita, a casca
biomassa convertida em carvão, atiços, finos (0-2 apresenta maior contribuição (7,32%), e após o
mm) e finos (2-9 mm) a partir de um hectare de período de secagem da madeira em campo essa
floresta de Eucalyptus. porcentagem aumenta, chegando a 10,59%. A
perda de casca total foi de 25,7%, o seja 2,74 t.ha -
Tabela 3. Estimativa de biomassa por hectare para 1.
CONCLUSÃO
A madeira foi carbonizada em fornos Verifica-se ainda que o maior valor para o poder
retangulares de aproximadamente 150 m 3, sendo calorífico superior foi obtido para as folhas (5082
realizadas três repetições (três carbonizações kcal.kg-1), uma vez que apresentou o maior teor de
completas com o material rastreado). Após o carbono fixo (18,83%) e menor teor de voláteis
término da carbonização foram determinados os (76,86%), apesar de ter apresentado o maior teor
rendimentos gravimétricos em carvão vegetal, de cinzas (4,31%).
atiços e finos. Foi realizada uma amostragem de Com relação à composição química
cada um destes materiais, em cada um dos três imediata da madeira, da casca e dos resíduos da
fornos para posterior realização das análises físicas colheita, apresentada na Tabela 1, verifica-se que,
e químicas. de modo geral, os valores obtidos nesse trabalho
Foram determinadas as propriedades estão de acordo com o que se observa na literatura.
físicas e químicas da madeira, casca, galhos, Na Tabela 2 estão apresentados os valores
folhas, carvão vegetal, atiços e finos: poder médios, ponderados pela classe de DAP, da
calorífico superior (PCS); análise química imediata composição química elementar da madeira, casca,
(cinzas, voláteis, carbono fixo); análise elementar e galhos e folhas.
análise de minerais. Foram determinadas as
densidades básicas da madeira e da casca, e a Tabela 2. Valores médios, ponderados pela classe
de DAP, da composição química elementar para
densidade relativa aparente do carvão e dos atiços.
madeira, casca, galhos e folhas
Além disso, foram determinadas as densidades à
granel do carvão vegetal, atiços, finos, folhas,
galhos e ponteira.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De maneira geral a composição elementar
A distribuição de diâmetros apresentou o da madeira não varia muito, e os valores médios
comportamento esperado de distribuição são: 50% de carbono; 6% de hidrogênio; 43%
diamétrica, com tendência a normalidade, sendo oxigênio, 0,15% de nitrogênio e 1% de cinzas
que a classe com maior frequência foi a de 15 cm. (RAAD, 2004). Analisando a Tabela 2 verifica-se
Na Tabela 1 estão apresentados os valores que os valores obtidos para a composição química
médios, ponderados por classe de diâmetro, elementar da madeira são semelhantes aos
obtidos para densidade, poder calorífico superior e apresentados por Raad (2004).
análise química imediata da madeira, da casca, das Na Tabela 3 estão apresentados os valores
folhas e dos galhos. médios, ponderados pela classe de diâmetro, bem
como os valores estimados por quilo (kg) de
Tabela 1. Valores médios, ponderados por classe material, por árvore e por hectare, do teor de
de DAP, observados para densidade, poder
calorífico superior e análise química imediata da minerais para a madeira, a casca, os galhos e as
madeira, da casca, dos galhos e das folhas folhas.
As amostras de cascas, galhos, folhas e os galhos, folhas, parte da casca (25,7% da casca é
discos de madeira de cada uma das 60 árvores perdida durante o processo) e as ponteiras (0,35%
foram separadas em sacos plásticos, para da biomassa) são deixados no campo ou se
posteriormente serem enviadas ao laboratório para perdem durante o transporte. Isso pode representar
obtenção da massa seca e também densidade 134 MJ.árvore-1, e quando se pensa para um
básica da madeira e da casca. povoamento esse valor se torna bastante
Para a estimativa da energia estocada nas expressivo, ou seja, 179.210 MJ.ha-1. Dessa forma,
árvores foram determinados os valores de percebe-se que o material considerado como
biomassa e poder calorífico superior, em cada parte resíduo apresenta potencial para produção de
da árvore. energia.
A seleção dos modelos foi baseada nos De maneira geral, os cinco modelos
gráficos de dispersão onde as variáveis utilizados apresentaram ajuste adequado, com
apresentaram relação com os estoques de energia, estatísticas de precisão satisfatórias e distribuição
com comportamento exponencial. de resíduos adequados.
Para o ajuste dos modelos foram utilizadas, O erro apresentou comportamento
aleatoriamente, 40 árvores, das 60 árvores homocedástico para todas as equações estimadas,
amostradas, e as 20 árvores restantes (4 por classe e para a energia na madeira e energia total os
de diâmetro) foram utilizadas para validação das resíduos estão mais uniformemente distribuídos e
equações. com menor amplitude (±10) do que para a energia
na casca, galhos e folhas (amplitude de ±40)
RESULTADOS E DISCUSSÃO (Figuras 2 e 3).
estatísticas de precisão bem semelhantes aos Modelos que estimam o estoque de energia
encontrados, todos os modelos foram capazes de utilizando como variáveis independentes o DAP e
estimar o estoque de energia nas árvores com Ht das árvores e para a estimativa da energia
serem obtidas, e podem ocasionar em erros na sua SOUZA, M. M., SILVA, D. A., ROCHADELLI, R.,
SANTOS, R. C. Estimativa de poder calorífico e
obtenção.
caracterização para uso energético de resíduo da
A variável largura de copa é uma colheita e do processamento de Pinus taeda.
Floresta, v. 42, n. 2, p. 325 - 334, 2012.
informação muito importante para a determinação
de galhos e folhas, pois está diretamente Acesse o trabalho completo pelo QR Code
relacionada com a quantidade desses
componentes. A importância dessa variável foi
comprovada com a sua significância no modelo 4,
sendo portanto ajustado o modelo 5, com as
variáveis DAP e Lc para galhos e folhas.
Dessa forma, para a energia na madeira,
na casca e a energia total foram selecionadas as
equações com as variáveis independentes DAP e
Ht, uma vez que apresentaram um bom ajuste e
utilizam somente duas variáveis. Para a energia
estocada nos galhos e nas folhas foram
Coletânea de Trabalhos Científicos do Grupo G6 175
homogenia durante todo o tempo e, portanto sistema de injeção de combustível auxiliar, situação
ocorrem alterações na quantidade e qualidade dos que ocorre no início do processo, verificou-se que
gases que chegam ao queimador, influenciando a o consumo de energia foi de 85 kWh. Quando o
temperatura atingida após a queima dos gases. sistema de injeção de biomassa é desligado e a
Observou-se que a temperatura média de entrada queima dos gases da carbonização consegue
na turbina foi de 683°C, variando de 572°C a manter a chama, o gasto de energia cai para 58,5
728°C. A temperatura do ar na entrada da turbina kWh. Considerando-se que a produção máxima de
apresentou variação de acordo com a temperatura energia pelo sistema é de 55 kWh observa-se que
dentro do queimador dos gases da carbonização. mesmo quando o sistema está gerando energia
Quanto maior a temperatura obtida no queimador, sem necessidade de injeção de biomassa, o
maior a temperatura que o ar entra na turbina. consumo de energia ainda é maior, o que gera um
Além disso, ao analisar a Tabela 2, déficit de aproximadamente 4 kWh. A turbina
observa-se que houve correlação positiva entre a Turbec 100 foi desenvolvida para trabalhar em
temperatura de entrada na turbina e a potência condições próximas aos padrões ISO (15°C, 1.013
gerada. bar e 60% de umidade) (PANTALEO et al., 2013).
O princípio de funcionamento dessa turbina é a
Tabela 2. Correlação entre as diferentes expansão do ar ao ser aquecido. Ou seja, o ar
temperaturas obtidas no sistema de cogeração e a
ambiente entra nas serpentinas do trocador de
potência gerada pela turbina
calor, é aquecido pelo gás combusto que passa por
fora dessa estrutura, e expande. Quanto maior a
diferença de temperatura entre o gás combusto e o
*Indicam correlações significativas pelo teste t, a 95% de ar ambiente, maior será a expansão do ar na
probabilidade.
turbina. Portanto, em regiões com temperaturas
mais baixas, consegue-se maior expansão do ar, e
Na Tabela 3 estão apresentados os valores
consequentemente, maior geração de energia na
obtidos para o consumo e a produção de energia
turbina, o sistema é mais eficiente. Entretanto em
pelo sistema de cogeração.
regiões mais quentes, como no caso de Martinho
Campos, que apresenta temperatura média anual
Tabela 3. Produção e consumo de energia do
sistema de cogeração de energia e do sistema de de 19,8ºC e 25,3ºC, acima da condição ISO, a
injeção de biomassa como combustível auxiliar
potência alcançada pela turbina é menor. Para que
a planta de cogeração estudada consiga produzir
energia capaz de suprir a demanda da planta e
possivelmente da UPE Buritis, seria necessário a
utilização de uma turbina com maior capacidade de
O consumo de energia elétrica do sistema geração de energia (300kW- 400kW), para
de cogeração de energia, apresentado na Tabela 3 compensar as temperaturas mais elevadas da
foi determinado com a intenção de verificar se a região.
produção de energia pelo sistema de cogeração Quanto ao consumo de biomassa,
seria capaz de suprir a demanda de energia da verificou-se que existe a necessidade de utilização
planta, que precisa manter ligados diversos desse combustível auxiliar somente no início do
equipamentos (exaustores, computadores, picador, processo, em geral durante as cinco primeiras
esteiras, rosca sem fim). Sendo assim, quando toda horas. Nesse período, 10,4m 3 de cavacos são
a planta se encontra em funcionamento, incluindo o consumidos.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Clarissa Gusmão Figueiró, Angélica de Cássia Oliveira Carneiro, Lucas de Freitas Fialho, Mateus Alves
Magalhães, Gabriel Browne de Deus Ribeiro, Fernanda Barbosa Ferreira, Lívia Martins Alves
carbonização para remoção da mesma quantidade aquecimento do sistema, incluindo parede, piso,
de água, sendo essa madeira convertida em massa dutos e principalmente a madeira.
de carvão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
entre os gases combustos e a madeira ocorre na tecnicamente, reduzindo em 8%, em média, o teor
porção superior da pilha, onde parte da energia dos de umidade da madeira e proporcionando um
produtividade de carvão vegetal. Elevados teores pontos de tiragem dos gases úmidos.
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